Vigésimo Nono Capítulo.
[Capítulo 29]
1922.
Verão.
22:00pm.
– Obrigada, por ter vindo até aqui comigo. – Disse Bethany, assim que Benjamin parou o carro, em frente a casa de Alice, que também era a casa da loira mais nova. – Não havia necessidade.
– Claro que havia. Por que não quis ir junto da Alice, e de suas irmãs, para aquele jantar que a Eva tinha chamado?
– Sinceramente, depois de ver aqueles cães devorando a Beatrice viva, digamos que eu perdi o apetite, por um bom tempo. – Brincou, rindo baixo. Enquanto Benjamin apenas abriu um sorriso de canto, já que não era acostumado a sorrir.
– Eu compreendo. Mas, a senhorita está bem, mesmo?
Depois de sua pergunta, Benjamin, gentilmente, encostou sua mão sobre a de Bethany. Naquele instante, a loira gelou, não esperava aquele movimento do rapaz, principalmente por ele ser sempre tão sério o tempo todo. E, mesmo com ele estando de luvas pretas, conseguiu sentir o calor vindo da mão dele, e não poderia negar, que gostou. Ela não disse nada, mas muitas coisas começaram a passar pela sua cabeça. Abaixou a cabeça e fechou os olhos, abrindo um pequeno sorriso.
– E pensar que eu passei por tudo isso, e... Sobrevivi. – Abriu os olhos e olhou para Benjamin. – Eu sobrevivi, Benjamin. – Seus olhos ficaram marejados, sinalizando lágrimas vindo a qualquer instante.
Porém, mais que isso, refletiu sobre toda sua jornada, as pessoas que passaram pela sua vida, e principalmente, sobre aquelas que continuaram. Se ela chegou até ali, não foi sozinha, óbvio que não. Talvez, ela nunca parasse para pensar sobre isso. Mas, mais que a Alice, tinha alguém que nunca saiu de perto de si, pelo contrário, estava sempre ali, independente de qualquer coisa.
– Naquele dia... Se não fosse você, Benjamin...
Anteriormente...
Bethany só queria achar alguém, um carro, uma pessoa, qualquer coisa, que pudesse lhe ajudar. Então a primeira coisa que veio em seu pensamento era encontrar uma estrada. A primeira que fosse, não importa. Correu na estrada mais perto que tinha e ao chegar, tentou avistar um carro. Mas pela hora da noite, não passava um. Conforme mais ela ficou esperando, mais preocupada ia ficando. Ela olhou para trás e viu alguns dos homens de Beatrice ao longe, vindo em sua direção. Seu coração gelou. Tinha que fazer alguma coisa, não poderia ser pega agora. Não depois de tudo.
Eis que surge um carro, vindo por aquela estrada. Emocionada, Bethany abriu um sorriso esperançoso, chorando ainda mais. Não tinha tempo ou condições de fazer sinal, então tinha que ser do modo mais grotesco.
– Mas o que...? – Sussurrou para si mesmo, o homem dentro do carro, assim que viu aquela mulher parando no meio da rua e abrindo os braços. Ela ficou balançando os braços e gritando por socorro. A julgar pela aparência dela, estava em maus bocados. Além dos ferimentos pelo corpo, sua roupa estava rasgada também. Ele foi freando devagar e parou bem na frente dela, olhando-a fixamente para ela.
– Me ajuda moço, por favor! Eles estão vindo atrás de mim! – Gritou parada na frente do carro dele.
– Lá estão ela! – Um grito veio de longe. – Ela vai fugir, atirem!
O tal sujeito misterioso dentro do carro olhou para o lado e conseguiu ver aqueles homens correndo em sua direção, soltando uns disparos com aquelas armas de fogo. Então, ele se decidiu. Afinal, não podia deixá-la sozinha, naquele estado...
Atualmente...
– Você me salvou. Eu acho que nunca parei para refletir sobre isso, e o mais importante, para te agradecer. Obrigada, por sempre estar comigo, sendo o meu anjo da guarda. – Com lágrimas escorrendo de seus olhos e um sorriso no rosto, ela colocou sua outra mão sobre a mão dele.
Benjamin, pela primeira vez na vida, corou e arregalou um pouco os olhos. Nunca teve um momento desse com alguém, ainda mais com... Ela. Afinal, mesmo não sabendo o que era, o homem sentia algo por Bethany, só não sabia explicar. Mas, a vontade de estar sempre por perto, protegê-la de tudo e todos, essa vontade sempre existiu. Mas, nunca falaram sobre essas coisas, nunca rolou momentos, oportunidades, para falarem outros assuntos, e principalmente, os que poderia envolver sentimentos. Porém, ali, o coração de Benjamin permanecia agitado, batendo forte. O que ele iria fazer a seguir?
Sem saber como agir, ou o que falar, só uma coisa passou pela sua cabeça. Bethany poderia odiá-lo para sempre depois disso, mas, sabia que se não fizesse aquilo agora, não iria fazer mais. Então, rapidamente, aproximou seu rosto do dela, juntando os lábios em um selinho.
Bethany arregalou os olhos, mas logo Benjamin separou os lábios.
– E-Eu... Hum... – Coçou a garganta. – Sinto muito. – Desviou o olhar, ajeitando sua graveta. – Eu n-...
Porém, sendo pego de volta, Bethany logo envolveu os braços sobre o pescoço dele e virou o rosto dele, juntando os lábios outra vez. Mas agora, não foi só um selinho, mas sim um beijo. Um beijo diferente, pois foi como se tivesse confirmando sensações e sentimentos que já vinham sentindo, apenas nunca refletiram ou falaram sobre. O beijo começou lento, pois mesmo querendo muito, a loira tinha traumas passados, envolvendo toda a relação de Beatrice. Porém, foi como se com ele, beijando ele, essas coisas foram diminuindo, desaparecendo...
– Ninguém, nunca mais, vai lhe fazer algum mal. – Disse baixo, conforme foram separando os lábios. Olhou fundo nos olhos dela. – Eu prometo.
Ela apenas sorriu mais confiante e alegre, e sem dizer nada, voltou a beijá-lo. Para a loira, ele nem precisava dizer isso, pois ela já sabia, ou melhor, tinha a certeza. Benjamin sempre foi, e sempre será, o seu anjo da guarda, ela só demorou para enxergar a verdade. Mas, agora que abriu seus olhos, e depois de viver todo aquele pesadelo, sabia que era a hora de viver uma vida de verdade, ao lado da pessoa que quer.
Bethany também tem o direito de um final feliz, e ela iria ter.
– Pode entrar, está aberta. – Disse Lilith, em tom alto para que a pessoa que bateu na porta pudesse ouvir. – Mas que droga, aqueles dois somem e me deixaram aqui sozinha, com todos esses papéis... – Bufou, sentada de frente para aquela mesa com uma grande quantia de papeis.
– Com licença. – Phillipe disse, abrindo devagar a porta do quarto dela. – Perdoe senhorita Gonzales, mas, recebemos uma visita um pouco inesperada... – Falou, ainda na porta.
– Não importa quem seja, Phillipe, o papai sumiu e o Noah também não deu mais as caras, eu estou atolada de serviço agora, manda a pessoa embora. – Concluiu fria, um tanto irritada, sem sequer olhar em direção a porta.
Antes que o braço direito de Noah pudesse dizer algo mais para convencer a loira, o outro homem entrou bruscamente naquele quarto, passando por Phillipe e empurrando a porta do quarto. No susto, Lilith rapidamente olhou para trás, e quando o fez, levantou-se da cadeira. Não teve outra reação a não ser ficar surpresa, jamais poderia imaginar vê-lo ali, em Shelter, dentro do seu próprio quarto.
– Eu preciso da sua ajuda, senhorita Lilith.
Em um tom sério, porém educado, Evan falou, com a respiração ofegante devido a ter corrido para chegar até ali. Manteve os punhos fechados, ao lado do corpo e a postura ereta, deixando com que aquele contato visual com a loira permanecesse. Ela, depois que ouviu a voz do policial, ficou ainda mais sem entender, mas logo botou um sorriso de canto entre os lábios. Olhou para Phillipe, ainda na porta, e apenas concordou com a cabeça, o suficiente para que ele entendesse que era para sair. A loira caminhou até sua cama, sentando-se.
– Devo admitir, nunca achei que nosso reencontro seria assim, depois de tanto tempo... Faz quanto tempo, desde aquele dia na delegacia? Digo, sei que faz bas-...
– O Noah, ele sequestrou a senhorita Luna. Eu não sei o que ele pretende fazer, mas eu estou assustado com o que ele pode fazer com ela... E eu... Eu... – Abaixou a olhar e trincou os dentes. – Não posso deixar que nada aconteça com ela.
– O Noah... O QUE? – Surpresa, ela levantou-se da cama. – Isso não estava nos nossos planos... – Sussurrou, desviando o olhar.
– Perdão? – Evan levantou a cabeça para fitá-la. – Isso tudo é... Um plano? Para que, o que vocês querem? E por que envolver a senhorita Luna? – Percebendo um silêncio da loira, insistiu. – Por favor... Me ajude.
Lilith virou o rosto, olhando na direção dele. Conseguia reconhecer aquela expressão, muito parecida com o de Noah. Os olhos claros, os lábios tremendo quando fica nervoso... Era nítido como ela conseguia ver o mafioso através de Evan. Mas além do que só a aparência, aquela força de vontade, de lutar por algo, também era de Noah. Lilith conseguia ver que o policial tinha um sentimento... Diferente por aquela Luna. Mas, de qualquer forma, tinha prometido a Noah que estaria ao seu lado, para o que fosse preciso. Então, agora não seria diferente, mesmo que o mafioso tenha mudado um pouco do plano, sem consultá-la antes.
Evan apenas engoliu a seco, para enfim retirar um pedaço de papel do bolso e mostrar a loira na sua frente. Tal papel continha a mensagem de Noah, com o endereço escrito também. Depois que Lilith leu a mensagem ali contida, pode perceber que ao menos o local ele manteve o mesmo. Então, sem demorar muito, caminhou até a porta do quarto, abrindo-a para poder sair.
– Você vem, ou vai ficar parado feito estátua ai? – Riu, fazendo Evan chacoalhar a cabeça, voltando a si. – Phillipe irá levar a gente. – Piscou para ele, saindo do quarto. Não demorou para que o policial saísse atrás.
– Mãe, a senhora está bem? – Perguntou ele, ofegante, ajudando a mais velha a se encostar em uma daquelas árvores. – Não se preocupe, nós os despistamos, por hora, estamos seguros. – Falou, olhando em volta.
– C-Chris... As minhas filhas... – Sussurrou, com os olhos marejados. – Foi minha culpa, eu cai direitinho na armadilha dela... – Não conseguiu segurar as lágrimas escorrer de seus olhos, enquanto se sentou naquela grama, com as costas encostadas na árvore.
– Não, mãe, aquela maluca da Eva é a única culpada! – Se ajoelhou na frente dela, botando as mãos sobre os ombros dela. Mas ao fazer isso, sentiu sua mão ficar molhada. – O que é isso?
Quando Chris levantou a mão de um dos ombros da loira, viu ali... Sangue. Alice recebeu um tiro no ombro, não demorou para que o sangue começasse a escorrer pelo corpo dela. Sem pensar muito, o homem rasgou um pedaço de sua blusa branca e amarrou em volta do ombro dela, na tentativa de parar o sangramento. Depois, botou a mão na testa dela, vendo que a mesma estava suando bastante.
– Mãe, precisamos ir para o hospital, agora! A senhora não está bem...
– I-Isso pode esperar... – Tossiu um pouco, colocando a mão na frente da boca. – Os gêmeos, Chris... Estão em perigo... Você mesmo disse que viu o Noah saindo com a Luna daqui.
– Sim, mas não deve ser nada. Afinal, aquele escrotinho está do nosso lado, não é? Ele nos ajudou a emboscar o Charles e a Beatrice.
– Heh... – A loira sorriu baixo, mas com dificuldade, devido a dor do tiro. Começou a fazer força para se levantar, o homem logo tratou de ajudá-la. – O Noah só pertence a um lado – deu um breve silêncio, conseguindo ficar de pé – o dele mesmo. E só tem um lugar que ele poderia estar, na espera de encontrar o Evan... Eu preciso da sua ajuda, Chris, que você me leve até aquele lugar.
O homem, claramente preocupado com o estado da mais velha, ficou relutante em aceitar. Pois Alice, além do tiro no ombro, estava queimando de febre. O que ela, naquele estado, poderia fazer para ajudar se precisasse, na relação dos gêmeos? Porém, ele sabia que quando ela colocava algo na cabeça, ninguém mais conseguiria tirar. Chris, então, apenas engoliu a seco e concordou com a cabeça. Até porque, não poderiam ficar mais tempo ali, pois tinha certeza de que os homens de Eva ainda estariam perseguindo ambos. Ajudou Alice a se afastar dali, até onde havia deixado o seu carro. Mas sempre olhando em volta, para que não fossem pegos em outra emboscada.
Alice, por sua vez, pouco se importou com o seu estado atual. Sua única preocupação era com os gêmeos, mais principalmente, com Noah. O que ele poderia querer, sequestrando Luna daquele jeito? Ela entendeu que isso foi apenas para atrair Evan, mas a que propósito? Se fosse só uma conversa que ele queria ter, entre irmãos, tinha outras formas de fazer isso, não sequestrando a mulher, ou o homem, que o irmão ama. Nada aquela situação parecia bem para Alice, e ela tinha um instinto enorme, de mãe, em relação aos seus filhos. Ela e Chris tinham que chegar naquele lugar, o mais rápido possível, antes que fosse tarde demais. Pois, ela sabia que Noah estaria prestes a fazer algo que o deixaria arrependido pelo resto de sua vida.
E, se todo o seu instinto estivesse certo, como iria conseguir parar Noah? No diálogo? Não, Alice sabe que diálogos nunca funcionaram com ele, afinal, foi criado com Morgan, a última coisa que tinham era diálogo.
"Ah, meu filho, o que você vai fazer?" Pensou Alice, com o coração na mão de tanta preocupação.
Que horas eram, naquela altura do campeonato? Tanta coisa aconteceu... Que ninguém nem se deu conta de reparar nas horas, e nós aqui não somos diferentes. Porém, Evan permaneceu ansioso naquele carro, olhando pela janela o céu do lado de fora, parecia que em algumas horas já estaria amanhecendo. E errado ele não estava.
Mais precisamente, 04:00am.
Por mais que Phillipe dirigisse em alta velocidade, para chegarem logo no local, para Evan não era o suficiente. Só de pensar em Noah fazendo algum mal a Luna... Era o suficiente para deixar o policial ansioso, nervoso, assustado. Pois, ele não estaria tão preocupado se aquela situação envolvesse apenas ele, mas, envolver Luna, logo Luna... Não, aquilo não poderia aceitar. Até porque, não é como se confiasse em Noah, pois tinha tantas coisas mal explicadas em toda aquela história, que até para confiar era difícil para o policial. Ele só queria chegar logo, e resolver logo essa situação, mas não conseguia controlar sua ansiedade. Sua respiração começou a ficar mais ofegante, começou a balançar as pernas, começou a ranger os dentes. O coração batia tão forte que parecia saltar pela boca... Uma típica crise de ansiedade.
Lilith permaneceu sentada no banco da frente, ao lado de Phillipe que dirigia, mas ficou olhando para Evan pelo retrovisor superior do carro. Não é como se não conseguisse sentir... Empatia por ele. Afinal, ela sabia de toda a história, que ele e Noah eram irmãos. Na verdade, todo mundo sabia, menos o próprio Evan. Naquele instante, ela pensou em como poderia ajudá-lo, mas mantendo o plano de Noah.
Então, ela apenas moveu sua mão para trás, pegando na perna dele, pousou sua mão ali. O susto foi grande que o policial olhou em sua direção. Ela apenas levou a cabeça para trás, fitando-o.
– Ela está bem. – Não disse mais nada, apenas isso, com um sorriso mínimo entre os lábios, fitando-o nos olhos.
Evan não disse nada, mas, por alguma razão, foi se sentindo mais calmo, depois de ouvir ela falando. Não tinha proximidade nenhuma com Lilith, a encontrou apenas uma vez na delegacia, há muito tempo, mas... Sentiu que aquele conforto, por parte dela, foi sincero. E por isso, funcionou. Com a respiração voltando ao normal, ele sorriu de volta e concordou com a cabeça, ela então tirou a mão da perna dele.
Nenhuma outra palavra foi dita durante aquele caminho, apenas as vezes Lilith olhava outra vez para Evan, mas o mesmo permanecia olhando a paisagem afora pela janela. Foi questão de mais alguns minutos, para enfim chegarem no local desejado. Mais do que o habitual, as ruas permaneciam completamente desertas, com a iluminação ainda precária. Phillipe estacionou o carro, saindo em seguida, para poder abrir a porta para Lilith. Assim que Evan saiu do carro, olhou aquele cenário... Lembrando daquele dia, quando teve que enfrentar Noah ali mesmo. Alguns anos se passaram e aquela parte da cidade conseguiu ficar ainda pior, mais largada, abandonada. Principalmente, o local em questão, o píer. Os três andaram na direção de tal lugar, reparando em um morador de rua ou outro vagando pelos cantos da cidade.
– Para quem é sempre pontual, está atrasado, policial Evan. – Disse Noah, friamente, quando viu aqueles três se aproximando. Em meio aquele píer abandonado, o mafioso permaneceu sentado naquela cadeira, que claramente era de marca e foi retirada de Shelter.
– Noah... – Evan exclamou, correndo mais a frente. Mas logo avistou o que mais importa. – SENHORITA LUNA? – Berrou, ao vê-la naquele estado. Luna permanecia dentro de um aquário gigante, mas que permanecia sem água dentro.
– Gostou? – O mafioso deu de ombros. Mas logo se levantou. – Não se preocupe, veja aqui... – Se aproximou do aquário que Luna permanecia presa, botando suas mãos encostadas naquele vidro. – Eu providenciei de ter alguns furos, para que ela consiga respirar.
– O que você quer? Seja o que for, é comigo, deixe ela ir, Noah! – Gritou, com os punhos fechados. – Eu não quero ter que usar a violência contra você.
– Isso é uma pena. Sabe por quê?
Com o riso irônico entre os lábios, o mafioso retirou do bolso de seu paletó uma espécie de controle. Assim que apertou o botão grande vermelho no pequeno controle em mãos, uma espécie de visor apareceu na frente do aquário que mantinha Luna presa. Não era um visor qualquer, era uma espécie de cronômetro. Não demorou para que Evan, com mais calma, fizesse uma análise do cenário em volta. Dessa forma, pôde reparar que havia uma âncora presa no aquário, e o final daquela âncora estava já dentro do mar.
– Vou resumir, já que aparentemente a inteligência da família veio para mim. – Apontou para o visor com um número marcado, trinta minutos. – Em questão de alguns segundos, o cronômetro vai começar e você vai ter essa quantia de tempo para concluir o objetivo final, e assim, conseguir salvar ela... Ele, enfim, salvar essa pessoa.
– Se não...? – Ele perguntou, com medo da resposta.
– Eu preparei um dispositivo, que já está no fundo do mar, que vai ativar assim que esse cronômetro chegar a zero. Assim, esse dispositivo vai puxar essa âncora para o mar, e como pode ver, está ligado a esse aquário... Ou seja... Isso vai junto, até o fundo deste oceano. – Botou as mãos na cintura. – E nem pense em tentar quebrar o vidro, é perda de tempo, é inquebrável. A sua única forma de salvar... Essa pessoa, é pegando de mim – retirou uma chave dourada de seu bolso – esta chave, que irá abrir o cadeado do aquário.
– Noah... – Lilith tomou a frente. – Essa parte não estava no plano, você sabe diss-...
– Não importa! – Gritou, assustando a meia irmã. – Eu vou ter a minha vingança, Lilith, de um jeito ou de outro, e se você não conseguir ficar comigo até o final... Então pode ir embora. – Aquelas palavras foram como facas, penetrando o coração da loira.
Lilith já viu Noah falar assim com os outros, era até normal, mas ele nunca falou daquela forma consigo. Nunca, em todos esses anos. Ela não soube o que responder, apenas recuou, fixando seu olhar naquela expressão dele... Estava diferente, nunca o viu daquela forma, daquele jeito. Pela primeira vez, sentiu medo de Noah, e do que ele poderia fazer.
Evan, por sua vez, já era o contrário, não fazia ideia do plano de Noah, mas se para salvar Luna teria que pegar aquela chave dele, mesmo que a força, iria fazê-lo. Naquela situação, apenas Luna importa, em primeiro lugar tinha que mantê-la a salvo, em segurança, depois cuidaria de Noah e de qualquer problema que ele poderia ter consigo.
– E... Começamos. – Disse em tom sarcástico, vendo aquele cronômetro enfim começar, olhando para aquele visor. Mas depois voltou a fitar o irmão na sua frente, tomando um pequeno susto ao vê-lo apontar aquela arma em sua direção. – Ah, esqueci de mencionar. Armas de fogo não são válidas, eu posicionei gente minha pelas proximidades, que a esta altura, já estão com a mira do rifle bem na sua testa. E eu te garanto que eles vão puxar o gatilho antes que você consiga puxar o seu.
Evan não disse nada, apenas ficou trêmulo por um momento. Principalmente quando voltou a fitar Luna, de início sendo um pouco diferente, vendo-a sem peruca, e sim aqueles cabelos cacheadinhos castanhos claro. Mas, aquele olhar... Os olhos... Eram os mesmos, na verdade, conforme mais mantinha sua atenção naquele... Garoto, só conseguia enxergar Luna ali, e isso era estranho. Evan não conseguia entender. Pois, claramente, ele era um menino, um homem, então, como pode enxergar a Luna ali, mesmo depois de saber toda a verdade?
Mas, para ele, aquilo não importava, seja Luna, seja Lucas, Evan iria salvar aquela pessoa, de qualquer jeito, pois é a pessoa que ele ama.
– Me responda ao menos, Noah, por que está fazendo isso tudo? O que você quer de mim? – Jogou a arma para o lado, andando em frente, na direção dele. – O que eu fiz para você? – Abriu os braços.
– Você realmente não sabe de nada dessa história, não é – cruzou os braços e fechou os olhos – irmãozinho? – Abriu os olhos, reparando que Evan parou de andar devido ao choque. – Idiota.
Noah aproveitou o momento e correu na direção dele, mas durante o caminho retirou uma faca de suas botas, com ela em mão na intenção de ferir o outro gêmeo. Porém, o policial não era tão fraco assim e conseguiu voltar a si a tempo de segurar a mão de Noah, que permanecia com a faca. Em um contra golpe, Evan tentou socá-lo com a outra mão, porém o mafioso segurou o soco com a mão livre. Dessa forma, ambos ficaram se encarando, frente a frente, enquanto permaneciam segurando aqueles golpes.
– Por que você continua me chamando assim? – O policial cerrou os olhos, tentando encontrar alguma resposta através dos olhos do outro. – Eu quero a verdade, me diga, Noah!
Em um breve segundo, Noah subiu com a mão esquerda, fazendo com que a manga de seu paletó escorresse para baixo, revelando assim aquele objeto dourado e brilhoso. O que chamou a atenção do policial, ele enfim reparou... Na pulseira no pulso de Noah, que era a mesma que ele também tinha em seu próprio pulso. Naquele instante é como se um monte de coisa, um filme, passasse pela sua cabeça. Como... Como pode Noah ter uma pulseira igual? Não era uma pulseira dourada qualquer, eram idênticas, não havia outras daquele tipo em qualquer lugar para vender. Aquilo não poderia ser uma coincidência...
Aproveitando a brecha do outro, o mafioso conseguiu dar uma forte cabeçada no outro, que o fez ser empurrado para trás, caindo direto ao chão. Cambaleado pelo ataque e no chão, tentou se levantar, mas não conseguiu pois logo Noah subiu sobre seu corpo, botando os joelhos sobre os braços do policial, impedindo que ele se mexesse.
– Noah, você e... eu... – Com os olhos arregalados, Evan começou a sussurrar, com o seu irmão gêmeo sobre si, o fitou nos olhos. – Esse tempo todo... Nós...
– Surpresa, policial Evan. Mesmo que você tenha sido o último a saber disso, mas como eu disse, parece que a inteligência da família ficou para mim.
– O último? Então quer dizer que... A senhorita Alice, o Sebastian...?
Noah não disse nada, apenas deu de ombros. Mas, algo começou a mudar dentro de Evan, como se uma raiva começasse a subir pelo seu corpo. Todo esse tempo, as pessoas que ele mais admirava... Mentindo para si... Com que direito eles tinham de fazer isso? Sebastian não era apenas o seu chefe, mas o via como pai, e a Alice como uma mãe. Como puderam esconder seu passado dessa forma? Evan sempre fez tudo que pode por ambos, para ser recompensado dessa forma? O policial nunca foi de sentir raiva de ninguém, nem de guardar mágoa ou rancor... Mas aquilo... Aquilo já era demais... Foi como se Evan estivesse, naquele momento, lutando contra si próprio, contra todos aqueles sentimentos ruins percorrendo o seu corpo. Queria enfrentá-los, vencê-los, pois não era do seu feitio, mas, era tão difícil vencer aquela batalha.
– E você nem sabe a pior parte... Nosso papai é ninguém menos que – abaixou a cabeça, aproximando seus lábios até o ouvido do irmão – o seu chefe, Sebastian Miller, que inclusive matou a nossa mãe.
Aquele foi o estopim... Ouvir aquelas palavras, aquelas afirmações, logo de Sebastian? Sua maior inspiração de ser humano, de figura masculina? Seu chefe, era seu pai, esse tempo todo? E o que Noah disse no final, que foi ele quem matou sua mãe? E durante todo esse tempo, Sebastian nunca contou nada? Foram muitas informações jogadas no colo de Evan, que não conseguia pensar em mais nada, e quanto aquela batalha interna que permanecia enfrentando segundos atrás... Havia perdido. Todos os sentimentos ruins iam controlando todo o seu corpo por dentro, envenenando o seu doce e puro coração.
Num surto de raiva, Evan conseguiu concentrar toda sua força nos braços, o suficiente para conseguir empurrar Noah para longe. Em uma situação normal, o policial não sabia que teria aquela força, e muito menos Noah que cambaleou para trás. Evan, agora solto do irmão, começou a se levantar devagar do chão, permanecendo com a cabeça baixa. Aquele não era o policial de sempre, parecia estar emanando uma energia, uma aura diferente, uma... Ruim, pesada, melancólica.
– Isso, irmãozinho, deixe as emoções falarem mais alto. – Noah abriu os braços, com um sorriso perverso nos lábios. – Você está com raiva, não é? E tem razão, todo esse tempo, todo mundo mentindo pra você... Te fazendo de palhaço, escondendo o seu passado, de você mesmo.
– Cala a boca... – Agora de pé, mas de cabeça abaixada, sussurrou, mas Noah não parou.
– Trataram você como um nada, como você sempre foi para eles, nem nosso próprio pai, um assassino, quer assumir-...
– EU MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA!
Numa velocidade que Noah não sabia que Evan tinha, chegou até o mafioso, já depositando um forte soco em seu rosto, fazendo com que rolasse para trás. Mas não parou por ai, pegou Noah pela gola da camisa e o levantou do chão, agora pegando a faca da mão dele e jogou tal objeto cortante para longe. Não deu tempo para o irmão sequer respirar, e segurando ele pela gola da camisa, deu outro soco no rosto dele, depois outro, outro e outro. Porém nenhum daqueles socos fazia Noah tirar o sorriso do rosto, pelo contrário, tal sorriso ia apenas aumentando.
– É MENTIRA, É MENTIRA! TUDO O QUE VOCÊ FALOU É MENTIRA! – Em gritos, continuou dando outros socos no rosto de Noah, que ia cuspindo cada vez mais gritos. Por fim, deu um último soco que fez com que Noah voasse longe. Por fim, deu uma pausa e suspirou, respirando fundo para recuperar o folego. – Não pode ser... Eles não fariam isso comigo... O Sebastian não faria isso comigo... – Agora, em sussurros, levantou o punho que socou Noah, vendo sua mão coberta de sangue do seu irmão. – Você é o mentiroso aqui... É... Você que é o vilão por trás de tudo isso, sempre foi. Você quer... Confundir minha cabeça...
Noah não disse nada, apenas foi se levantando do chão, com bastante dificuldade, devido aos socos de Evan. Durante tal ato, foi cuspindo mais sangue, mas estava feliz. Conseguiu liberar o Evan que queria, aquele sim era o seu irmão, não aquele policial abobalhado. E era daquele irmão que Noah precisava, se quisesse alcançar o final do plano.
– E-Eu...? O v-vilão? – Indagou, ainda debochado. – N-Não, irmãozinho... Eles são os v-vilões, todos eles... Alice, Sebastian, e até o... M-Morgan... T-Todos eles mentiram para nós, todo esse tempo...
– N-Noah... Já chega, por favor! – Outra vez, Lilith tentou se intrometer.
– EU MANDEI VOCÊ FICAR NA SUA, LILITH! – Mais do que antes, Noah gritou, agora olhando para a loira mais ao fundo do píer. – Não ouse estragar tudo agora, eu nunca te perdoaria!
Aquele olhar mortífero que lançou contra a loira, foi o suficiente para que ela ficasse com as pernas bambas. Por quê? Por que ele estaria lhe tratando dessa forma? Ele era assim com os outros, mas nunca foi com ela desse jeito. Então, por que agora? Naquele momento, Lilith não sabia mais qual era realmente o objetivo de Noah com aquele tudo, ou até mais, se ainda conhece o seu meio irmão ali... Aquele Noah de sempre. Ela sabia que ele ainda estava ali, mas por alguma razão havia se perdido. Então, e agora, o que ela poderia fazer? Iria mesmo se meter no plano dele, quando antes disse que iria com ele até o fim? Ou, iria ajudar Evan, para que Noah parasse com aquele absurdo? Lilith não sabia o que fazer naquele momento, mas sabia que se aquilo continuasse assim... Um ia acabar matando o outro.
– Não... Isso tudo está errado... É mentira... – Disse Evan, agora colocando as mãos na cabeça, sentindo ela doer de tanto pensar em tudo aquilo que Noah estava falando.
– H-Heh... Você ainda não acredita? – Ainda dentro do bolso do seu paletó, Noah retirou uma fotografia. E em seguida, arremessou em direção de Evan, tal foto caiu bem na frente dele, no chão. – Olhe a foto e olhe o que tem atrás, irmãozinho.
Evan não disse nada, apenas se ajoelhou no chão e pegou aquele pedaço de papel. Quando o colocou na frente de seus olhos... Os mesmos se arregalaram, enquanto lágrimas iam escorrendo de seus olhos. Era uma moça, de cabelos negros e olhos verdes, segurando dois bebês, parecia que a foto foi tirada logo após a mesma ter efetuado o parto dentro de um hospital. Ele já tinha visto essa moça em algum lugar... Sim... Ela já tinha aparecido em seus sonhos algumas vezes, mas ele nunca soube quem de fato era ela. Mas, sabia que que ela lhe transmita muita paz quando aparecia em seus sonhos. Então, não foi diferente naquele momento, vendo aquela foto, Evan sabia que conhecia aquela mulher...
Mas, não demorou para ir para parte de trás da foto, onde tinha escrito:
"Evan e Noah, eu amo vocês.
Com amor, Lauren
Bellevue Hospital, Manhattan, New York, 1900."
– A-Antes – deu uma pausa na hora de falar, para tossir mais um pouco de sangue – que ache que a foto é falsa, olha o carimbo do hospital, tanto na parte da frente quanto na parte de trás. Mas... – Deu uma pausa, observando a forma como Evan permanecia olhando para aquela foto. – Algo que me diz que você já percebeu que essa foto é verdadeira.
– Somos... Nós e a... mamãe? – Indagou, ainda derrubando inúmeras lágrimas, não conseguindo tirar os olhos daquela foto.
Como Noah disse, Evan já sabia que aquela foto era verídica, conseguia enxergar si mesmo em um daqueles bebês, e mesmo que não quisesse, o Noah também. Sem contar aquela mulher, que sempre aparecia em seus sonhos, como se conhecesse ela há muito, muito tempo. Ele ficou pensando em tanta coisa, pois é a primeira vez que vê algo de sua mãe na sua frente, algo do seu passado. Naquele instante, os sentimentos ruins em relação a Alice e Sebastian sumiram, pois só conseguia focar na paz que sentia em ficar olhando para aquela foto, para o rosto alegre e sorridente de sua mãe, enquanto segurava os gêmeos nos braços.
Mas, aquele momento durou pouco, pois antes que o policial percebesse o mafioso conseguiu se aproximar, ficando bem na sua frente. Em um momento rápido, ele já estava com a faca outra vez em mãos, mas desta vez, a utilizou para cortar ao meio a foto que Evan tinha em mãos.
– Nada disso importa mais, irmãozinho. E sabe por quê? Porque nossa mãe está morta, tiraram ela de nós. E continuaram tirando ela, e todo nosso passado, da gente, até hoje. Então, que vá para o inferno o passado. – Depois de rasgar a foto, Noah cuspiu no chão, em descaso.
O que poderia ser a salvação dos sentimentos ruins, se tornou a sua ruína. Como se um filme estivesse passando em sua cabeça, de todos esses anos convivendo com Sebastian, quando esse tempo todo... Ele era o seu pai. E não só isso, o chefe da delegacia de Sheerground sabia de todo o seu passado, sua história, e o principal, sobre sua mãe. Evan sempre foi um homem feliz, apesar de ter crescido sem saber nada de seus pais, mas, tinha um sonho de desvendar o seu mistério. Além de claro, saber mais dessa mulher misteriosa que sempre rondeou os seus sonhos. Pois, mesmo sendo só sonhos, conseguia sentir o zelo que ela lhe passava, além de toda a tranquilidade. Era ninguém mais... Que sua mãe. Então, com todas essas informações sendo jogadas bem contra o seu rosto, de maneira tão brusca, era esse o seu passado...?
Apesar de ser conhecido como um homem de coração bom, ou melhor, único, deixou de ser naquele momento. Evan sempre viu o melhor de tudo e de todos, dificilmente algo era capaz de lhe abalar ou desviar de sua índole, seu caráter, sua bondade. Mas, ali... Todas as mentiras, após tantos anos, nenhum anjo seria capaz de aguentar quieto. Talvez, podia mesmo ser considerado um anjo, das mais belas asas brancas, porém agora... Esse anjo caiu, e tamanha queda deixou seu par de asas escuros, negros, como a escuridão. Seu coração, que sempre pulsou com um vermelho vívido, se escureceu, ficou escuro, como uma noite escura e sem qualquer estrela no céu.
Seu corpo permaneceu trémulo, seus punhos fechados, mas num movimento rápido se levantou e partiu para cima de seu irmão, querendo lhe socar outra vez no rosto. Mas Noah não deixou dessa vez, conseguiu ir esquivando dos ataques do irmão, sem tirar, claro, o sorriso sarcástico de seus lábios; o que ia deixando Evan cada vez mais furioso.
– Você está descontando essa raiva na pessoa errada, irmãozinho. Quem mentiu para você esse tempo, quem escondeu de você o seu passado, não fui eu. Foram eles, eles são os vilões.
– Não, você é um bandido, um criminoso, cresceu ao lado daquele Morgan, foi ele quem colocou isso na sua cabeça! – Ainda tentando socar o irmão, continuou falando, mas seu tom de voz permanecia levemente alterado, o que continuou não sendo o seu feitio.
– Ainda está nessa, não é? Hum, se você continua cego, não vai me interessar em nada, então – segurou o pulso dele com firmeza, cessando seus movimentos – sinto muito, irmãozinho. Se não é útil para mim, estando vivo, não tenho outra escolha – rapidamente, segurando aquela faca, conseguiu fincar no estômago do irmão. – a não ser matá-lo.
Naquele instante, Evan cuspiu uma grande quantidade de sangue, o que acabou indo na direção do rosto do mafioso; que não se importou. Noah permaneceu malicioso o tempo todo, apenas fincou mais fundo a faca dentro da barriga do irmão, fazendo ele despejar mais sangue pelo local, além da própria boca. Mas, algo lhe surpreendeu, quando viu Evan abrir um sorriso de canto. Ali, Noah ficou sem entender, mas logo sentiu o outro apertando, segurando com força, suas mãos. Ele não entendeu, então tentou se soltar, mas não conseguiu. A força de Evan, sem explicação, parecia pior, ele conseguiu prender Noah ali, bem na sua frente, apenas segurando as mãos dele, mesmo com uma faca enfiada sobre sua barriga. Antes que o mafioso pudesse indagar algo...
– M-Mas-... – Evan interrompeu o outro, dando outra forte cabeçada. Mas dessa vez, por estar segurando os braços dele, seu corpo não foi para trás. – Heh, o que pla-...
Outra vez, Noah não conseguiu falar, pois Evan lhe deu outra cabeçada. Mas não foi apenas aquela, o policial deu outra, outra e mais outra. O suficiente para deixar a cabeça de ambos sangrando, a de Noah mais, obviamente. O movimento de Evan pegou Noah de surpresa, a cada vez que recebia outra cabeçada, era como se sua visão começasse a ficar meio embaçada. Sem perceber, acabou perdendo a força nas mãos, ou seja, foi largando a faca devagar. E, depois de mais alguns golpes, Evan cansou de segurar Noah, derrubando-o na cabeçada seguinte.
– MENTIROSO! – Gritou, mal deixando o irmão cair no chão, tratou logo de pular em cima dele, mas agora utilizando os punhos, para socá-lo no rosto. Uma vez, atrás da outra. – MENTIROSO, MENTIROSO!
Noah não dizia uma palavra, apenas manteve aquele sorriso nos seus lábios. Seu rosto já estava inchado, com sangue escorrendo por todo canto, sua visão já não era mais a mesma. Mas, nada fazia Evan parar, no caso... Até aquele momento, quando ouviu aquela voz lhe chamar.
– EVAN! – Soou a voz angelical. Naquele instante, Evan conseguiu parar. E, devagar, foi subindo a cabeça, tentando olhar na direção que vinha tal voz, e ao fazer isso, seus olhos se arregalavam... Ao ver aquela pessoa ali, lhe olhando daquela forma. – P-Pare, por favor...
– S-Senhorita... L-Luna...
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