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Trigésimo Capítulo.


[Capítulo 30]

1922.

Verão.

Evan congelou, ao ver Luna, ou melhor, Lucas, lhe olhando daquela forma, ainda preso dentro daquele aquário. Lucas tampou a boca com as mãos, enquanto ficou com os olhos arregalados, deixando lágrimas cair deles. Apavorado, assustado, com medo, eram algumas sensações daquele garoto, que era conhecido como Luna. Mas, para Evan, ter a pessoa que ama, lhe olhando daquela forma... Era o mesmo que tomar um tiro no meio do peito. Lucas estava com medo de Evan? Logo, de Evan? Naquele olhar ficou nítido, Lucas olhou para o policial como se não estivesse o conhecendo, como se fosse uma outra pessoa.

Ali, Evan parou os movimentos, e devagar, saiu de cima do Noah, ficando em pé ao lado do corpo do irmão. Olhou para seus punhos, cobertos de sangue, depois voltou a olhar Lucas mais a frente. Eis que lágrimas começaram a escorrer dos olhos do policial, pois a última coisa que ele queria, aconteceu: fez Luna chorar. É como se jamais pudesse se perdoar por isso, quando jurou protegê-la de tudo e todos. Quando, no final, tinha que protegê-la do próprio policial, a verdadeira ameaça.

Não foi necessário que os dois dissessem mais uma palavra sequer, aquela troca contínua de olhar já dizia tudo. Entretanto, aquele silêncio foi quebrado quando Evan ouviu um barulho. Ele olhou para Noah no chão, sem forças para se levantar, viu que o barulho veio dele, mais exatamente, dele soltando uma risada.


– E-Está... C-Cof... – Tossiu, pela dificuldade de respirar e de falar também. – No n-nosso sangue... Somos... A-Assassinos... E você... – Com um pouco de força, conseguiu pegar no pé do irmão, chamando mais a atenção dele. – I-Irmãozinho, não é... D-Diferente...


Ali, outra vez Evan olhou para os próprios punhos, começando a refletir sobre as palavras de Noah. Será que... Era mesmo um assassino, igual seu irmão, o seu pai? Mas, Evan sempre foi diferente, ou, foi tudo uma ilusão que ele mesmo criou dentro das fantasias de sua própria mente? Noah, por sua vez, apertou o pé dele, trazendo o olhar dele outra vez para si.


– V-Você vai matá-la também... – Olhou para Lucas, preso no aquário. – Igual o p-papai... Fez com a n-nossa... M-...– Antes que terminasse de falar, sentiu outro soco bem no seu rosto, mas dessa vez não foi de Evan, o que surpreendeu o mafioso. Assim que ele olhou para frente, viu aquela mulher sobre si, lhe olhando nos olhos. – L-Lilith...?

– N-Noah, por favor... P-Para... – Derramando inúmeras lágrimas, disse soluçando. – Você não é assim... Eu sei disso... Por favor... – Ela agarrou com força a gola da camisa dele e abaixou a cabeça. – Eu sei que você nunca vai me perdoar, por ter me colocado no meio do seu plano, mas, eu não posso continuar vendo isso e não fazer nada... Eu sinto muito, Noah, mas eu não consigo... – Falou, deixando as lágrimas escorrerem.

– H-Hm... – Noah apenas fechou os olhos e suspirou, com dificuldade. – N-Não faz mais diferença...


E com apenas um gesto, ele apontou na direção do aquário, mais exatamente para o visor com o cronômetro. Eis que, após uns segundos, o visor apitou, sinalizando a contagem que chegou a zero. Outra vez, Lucas e Evan se olharam, mas agora de pânico, pois começaram a ver aquela âncora ser puxada para o fundo do mar. Não demorou mais que poucos segundos até que aquele aquário enorme caísse para trás, para continuar a ser puxado. Evan logo tratou de correr atrás dele, mas antes...


– Você vai precisar disso... – Ainda com a voz trémula, por conta do choro, Lilith disse, jogando algo na direção do policial.


Ouviu um barulho de algo bater no chão bem atrás de si, então ao olhar viu que era uma espécie de chave, uma dourada. Evan se abaixou e pegou, em seguida, olhou para Lilith com um sorriso e agradeceu com a cabeça. A loira, por sua vez, apenas sorriu de volta, feliz por ao menos ter conseguido fazer isso; pegar a chave de Noah. Ela então voltou a apoiar sua cabeça sobre o peito do mafioso, soluçando.

Enquanto Evan, com a chave em mãos, correu em direção aquele aquário. Porém logo o mesmo foi puxado para dentro do mar, devido a estar ligado aquela âncora. O policial, claramente, não pensou duas vezes e pulou dentro daquele mar, seguindo o aquário que prendia Lucas. Mas, a força da âncora era demais, ia puxando o aquário cada vez mais para baixo e mais rápido. Evan colocou todas as forças em suas pernas e braços, para nadar o mais rápido que conseguia. Lucas apenas ficou socando o vidro, enquanto prendia a respiração, pois a água já tinha enchido aquele aquário. Porém, a todo momento, permaneciam se olhando, e apesar de tudo... Confiantes.

Com dificuldade, Evan alcançou o aquário e começou a procurar o cadeado, mas para sua infelicidade, Noah colocou vários. Evan sabia que dentre aqueles diversos cadeados, apenas um era o que a chave iria abrir. Tudo estava tão difícil, principalmente por não poder respirar, mas ele logo começou a testar aquela chave em cada um daqueles cadeados. Tentou em um, em dois, em três, em nenhum funcionou...

Logo, Lucas deu umas batidas no vidro para chamar a atenção dele e, ao conseguir, o coração de Evan bateu diferente. Pois Lucas, dessa vez, o olhou com tristeza e apenas... Negou com a cabeça, como se já estivesse em suas últimas forças, não ia conseguir prender mais a respiração debaixo d'água. Aquele olhar... Evan entendeu... Imediatamente, seus olhos se arregalaram mais e ele começou a negar com a cabeça, como se não estivesse aceitando a decisão de Lucas de se render perante aquele momento.

Mas, a todo momento, continuou a testar a chave naqueles cadeados, negando com a cabeça cada vez mais ferozmente, enquanto Lucas abriu um pequeno sorriso e começou, lentamente, a fechar os olhos. Ali, Evan sabia, Lucas começou a inalar água, seu tempo agora encurtou mais que noventa por cento. Ele sabia que, mesmo com o outro inalando a água, se fosse rápido, conseguiria tirar ele com vida dali. Tinha por volta de sessenta segundas, quiçá menos. Porém, ele deu uma última olhada na chave e olhou os cadeados restantes, ainda restou vários. Ele não tinha tempo para testar em todos, ele só teria mais uma tentativa. Era o tempo certo, de abrir o cadeado correto, pegar Lucas e nadar rapidamente até a superfície, na esperança de que ele ainda estivesse vivo.

Mas, se errasse outra vez o cadeado, não teria tempo para testar em mais um... Sua última chance...

– P-Por quê...? – De olhos fechados, não conseguindo mexer direito o corpo, permaneceu no chão com a meia irmã sobre ele. – Eu mandei você ficar de fora disso...

– Eu não... Consegui... – Ela, devagar, foi deitando ao lado dele ali no chão mesmo, apoiando sua cabeça sobre o peito dele. – Esse não é você, Noah... – Os olhos estavam vermelhos, de tanto chorar.

– Como v-você sabe? O Morgan nos criou para isso, sermos assassinos, bandidos, meu próprio pai assassinou minha mãe. Esse sangue ruim já nasceu comigo, Lilith. Não tem para onde eu fugir. – Noah suspirou, ficando de olhos fechados, sentindo seu corpo latejar devido as dores.

– N-Não! – Apertou a camisa dele, aumentando o tom de voz. – Você sempre teve a sua essência, independente de qualquer coisa. Ou, você se esqueceu dele?

– D-Dele...?


Não demorou muito para que uma pessoa invadisse os seus pensamentos. Uma criança, de pouca idade e estatura pequena, com seus cabelos dourados. Erick, o filho daquele alemão que Noah assassinou há uns anos, junto de seus comparsas que tramaram contra o mafioso. Naquele instante memórias foram passando pela mente do homem, desde o dia que o conheceu....


Anteriormente...

Noah deu uma olhada rápida no local, vendo o canto mais apropriado para descansar. Viu o canto mais longe de todos, para não incomodar ninguém, e decidiu aonde iria ficar. Então, com uma pequena mochila nas costas, que trouxe de casa, foi até o local escolhido. Sentou-se no chão e abriu a mochila, retirando apenas um travesseiro. Era o suficiente. Botou-o no chão e fechou a mochila, deixando-a do seu lado. Por fim, se deitou, virado de costas para todos os outros. Ficou na mesma posição por muito tempo que sequer percebeu o tempo passar, nem os outros já terem ido dormir também. A madrugada foi vindo e com ela, alguns ventos frios que entravam por aqueles esgotos. Noah não podia negar que naquele momento começou a sentir frio.

Mas não tinha o que pudesse fazer, não trouxe nada para aquela ocasião. Então restou aceitar e tentar dormir do mesmo jeito. Porém, eis que algo fino cai sobre si, assim que abriu os olhos viu que era um lençol, lhe cobrindo. Cerrou os olhos e levou a cabeça para trás, vendo que era uma das crianças, com no máximo dez anos de idade, vindo lhe cobrir. E após isso, a mesma criança deitou ao lado de Noah, também de costas para ele, mas deixando ambos debaixo da coberta, para se protegerem do frio.

Sem qualquer reação, o mafioso não conseguiu tomar uma atitude. Por que aquela criança foi lhe cobrir? Ou além, porque resolveu dormir ao seu lado? Noah não se via como a pessoa mais apropriada para lidar com crianças, tão pouco pensou que elas poderiam gostar dele. Era um sentimento muito diferente que corria pelo seu corpo, além de sentir aquecer seu próprio coração, coisa que não acontecia muitas vezes.

Mas, não conseguiu fazer nada. Apenas sentiu as costas daquela criança colidindo com as suas, como se a outra estivesse se afofando mais ao lado dele. Antes que percebesse, o frio que sentia foi passando e seus olhos foram se fechando.

Atualmente...


Aquela cena, de Erick deitando ao seu lado. Por que ele faria isso? Ou, não só isso, foi essa criança que o ajudou no seu primeiro confronto com Evan, ali no píer mesmo. Sempre carinhoso, sempre com tentativas de se aproximar do mafioso, mas o mais velho permanecia relutante. Noah era um bandido, criminoso, assassino, as crianças, e todos, deveriam ter medo dele e não vontade de se aproximar. Mas Erick sempre foi diferente... Como se conseguisse enxergar um Noah que nem o próprio conseguia enxergar. Porém, esse Noah... Realmente existe? Um Noah... Bom? Depois de tudo que fez, e continua fazendo? Pode ser considerado bom? Ao mesmo tempo, que só de pensar em se afastar de Erick... Já era motivo para lhe deixar nervoso, ansioso.


– Está falando do Erick, não é?

– Você não vê, Noah? Ele te am-...

– Não fala essa palavra! – Exclamou, batendo com o punho no chão, interrompendo a loira. – Isso é impossível, Lilith. Olhe para mim, não sou digno desse sentimento. Eu sou um... – Abriu os olhos, olhando para aquele céu que já estava começando a amanhecer. Soltou um suspiro e continuou. – Monstro.


Lilith sentiu algo de diferente vindo dele, então levantou a cabeça para poder fitá-lo, mas quando o fez... Arregalou os olhos, nunca imaginou que veria aquela cena. Eram... Lágrimas escorrendo dos olhos do mafioso? Em todos esses anos, nunca viu Noah chorar, por absolutamente nada. Mas lá estava ele, com um olhar perdido, enquanto lágrimas iam escorrendo de seus olhos. Lilith pensou muito no que iria fazer a seguinte, afinal, jamais imaginou que estaria naquela situação.


– Noah... – Tentou começar a falar.


Ao ouvir ela lhe chamando, ele abaixou um pouco o olhar, para fazer contato visual com ela. Ali, ela viu um Noah que realmente nunca viu. Sem pensar nas consequências, ela prontamente tentou aproximar seus lábios dos dele, mas antes que conseguisse... Ouviu um barulho mais ao longe, vindo do mar. Assim que ela olhou em tal direção, abriu um sorriso grande no rosto, ao ver aqueles dois saindo d'água.


– P-Por favor, fala comigo! – Gritou Evan, assim que colocou o corpo de Lucas sobre aquele chão. Mas o garoto permaneceu desacordado. – N-Não faz isso, por favor... – O policial logo tratou de colocar as mãos sobre o peitoral dele, para tentar fazer os primeiros socorros. – N-Não me deixa... – Sussurrou, apertando o peito dele, para que a água dentro dos pulmões dele pudesse sair. Mas também, tentou fazer respiração boca a boca. – P-Por favor, por favor...


Evan continuou incessante naqueles movimentos de primeiros socorros, já que perder Lucas não era sequer uma opção. Mas, isso não impediu que seus olhos continuassem a derramar inúmeras lágrimas, enquanto seu coração batia forte, que doía o peito. Afinal, depois de tanto nadar e ficar embaixo daquela água, não quis nem se dar ao luxo de tentar se recompor, já que a prioridade ali era outra. Mas, Lucas simplesmente não respondia. E a cada tentativa frustrada de Evan, mais fazia o policial chorar.


– Evan... – Já de pé, Lilith tentou se aproximar do outro casal, mas sem jeito, não sabia como poderia ajudar ali. Enquanto Noah, permaneceu no chão, de olhos fechados, sequer olhou para eles.

– N-Não... Não... Não... – Continuou apertando o peito dele e com a respiração boca a boca, mas... Sua força ia cessando. Ele foi deixando suas mãos parando, enquanto ia abaixando a cabeça. – Eu preciso de você... – Sussurrou, fechando os olhos. – L-Lucas...


Como um milagre, o garoto acordou de forma repentina, jogando rapidamente a cabeça para o lado contrário, botando uma grande quantidade de água para fora, pela boca. Depois, com a respiração ofegante, olhou em direção a Evan, que permanecia lhe olhando com os olhos arregalados. Lucas apenas levantou uma das mãos e levou até o rosto dele, fazendo carinho naquele local. Um enorme sorriso se fez presente, em ambos os rostos, enquanto o choro continuou incessante, vindo das duas partes.


– É a primeira vez... Que você me chama assim. – Disse o garoto.

– Seja Luna, seja Lucas, seja quem você quiser – pegou na mão dele, beijando o local – eu te amo, em todas as suas versões.


Com o pouco de força que recuperou, Lucas levantou o seu tronco para poder abraçar Evan. Um abraço que eles tanto esperaram... Para ambos foi como se o mundo tivesse parado e restou apenas eles ali, porque somente isso importou naquele momento. Devagar, o abraço foi sendo cessado, para que pudessem fazer o contato visual. Evan, delicadamente, pegou no queixo do garoto, enquanto o mesmo envolveu seus braços no pescoço do policial. Estavam tão próximos que conseguiam ouvir e sentir a respiração um do outro.


– Eu... Nunca tive tanta vontade de te beijar, quanto agora – Depois que falou isso, Evan ficou com as bochechas coradas, abrindo um sorriso de canto. Mas arrancando uma risada do garoto. – E-Eu... Posso?

– Já passamos dessa fase, policial Evan. – Respondeu Lucas, com aquele seu sorriso angelical que apenas ele tinha. Mas não esperou um retorno do mais alto, a iniciativa dessa vez foi do menor. Prontamente juntou os lábios, já em um beijo intenso.


Mas aquele não foi um beijo normal, foi diferente de tudo que poderiam imaginar. Aquela sensação de ter a língua dentro da boca da pessoa que ama, trocar aquela energia, a emoção, o sentimento. Era algo único, que Evan jamais pensou que poderia vivenciar. Além disso, realmente, para ele não importava mais se era Luna ou Lucas, mas sim a essência daquela pessoa que estava na sua frente. Pois, é essa pessoa que ganhou seu coração, é essa pessoa que Evan ama.

Tais sentimentos eram recíprocos por parte de Lucas, sempre foi na verdade. Mas, como ele poderia contar toda a verdade para Evan? Ainda era o ano de 1922, não poderiam julgar Lucas por achar que iriam aceitar quem ele é de verdade, por debaixo daquela enorme peruca vermelha. Tanto que, por conta de todo medo e receio, que nunca se abriu para ninguém, nunca sequer beijou alguém nos lábios. Mas, tendo sua primeira vez agora, e sendo com Evan, toda a espera valeu a pena.


– S-Sinto muito... Irmãozinho...


Aquela voz... Era Noah. O casal cessou o beijo e olharam em direção do mafioso, junto de Lilith que olhou para trás também. Foram capazes de vê-lo ali, parado, agora em pé, mesmo com dificuldade. Todo aquele sangue que ainda ia escorrendo de seu corpo, já o deixou completamente manchado daquela cor vermelha. Mas além disso, não repararam apenas no estado que Noah se encontra, que era péssimo, porém sim o que ele tinha em mãos. Era uma arma, apontada na direção do casal. Depois de uns segundos, o mafioso tirou a trava da arma.


– Noah?! – Prontamente Lilith foi até ele, tentando fazer ele abaixar a arma. Mas, foi recebida com um empurrão por parte dele, derrubando a meia irmã ali mesmo. – Eu pensei que...

– Chega, Noah! – Agora, Evan exclamou. Logo ficou de pé e se botou na frente de Lucas, abrindo os braços. – Se é me matar que você quer, me mate, mas deixe de fora as pessoas que eu amo.

– Hm... Então essa... – Olhou para Lucas, que ia se levantando para ficar atrás do policial. – Pessoa aí, vale mais de todo o nosso passado, de tudo que eu te contei, de toda a verdade que esconderam de nós?

– O que é passado, já passou, Noah. Essa pessoa – olhou para trás, olhando nos olhos de Lucas – é o meu presente e futuro, e apenas isso importa para mim. – Voltou a fitar o irmão mais a frente. – Nos matarmos aqui não vai mudar o que aconteceu, ou... Trazer a mamãe de volta.

– Talvez, mas, essa história não vai terminar com um final feliz, não depois de tudo que fizeram conosco, comigo. Você tem que morrer, irmãozinho. Dê meu oi para a mamãe, quando encontrá-la no além.


Ele posicionou mais a arma, mirando bem no rosto do policial, a arma já não tinha mais trava. Seu dedo estava no gatilho, prestes a puxá-lo e tirar a vida do seu irmão. Lucas não aceitou aquilo, então tentou passar a frente de Evan, para que fosse ele o alvo do tiro, porém o policial não permitiu. Enquanto Lilith, apenas continuou no chão e fechou os olhos, desviando o olhar, para não ver aquela cena.


– Vamos, Noah, atira... – Disse baixo. Mas percebendo um silêncio do irmão, aumentou o tom da voz. – ATIRA, ATIRA, NOAH! – O mafioso fechou os olhos e se preparou para apertar o gatilho.

– Já chega disso, meninos...


Outra voz feminina ecoou ali, enquanto Noah sentiu alguém tocando sua mão com a arma, abaixando-a. Todos ali presente ficaram completamente surpresos por vê-la ali, mas Evan e Lucas foram os únicos que abriram grandes sorrisos. Já Noah e Lilith permaneceram sem reações. A mulher mais velha e de madeixas douradas apenas passou por Noah, indo mais para o meio daqueles dois irmãos.


– Eu sinto muito, por toda a minha demora.

– Alice? – Os gêmeos a chamaram, ao mesmo tempo, enquanto olharam para o ferimento do braço dela.

– Não se preocupem com isso aqui. – Disse, sobre o tiro que tomou no ombro. E felizmente, o Chris me trouxe até aqui a tempo. – Deu uma pausa, mas logo continuou. – Eu entendi o que você quis fazer, Noah. – Ela olhou para ele. – Você nunca quis matar o Evan, não é? – Ao fazer a pergunta, Evan arqueou as sobrancelhas, sem entender. – Isso só fazia parte do seu jogo. Afinal... Você sabia que eu ia aparecer, antes de um de vocês morressem.

– E pelo visto, eu tinha razão. – Disse friamente, enquanto jogou para o chão a arma no chão. – Você só demorou...

– O... Q-Que? Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Agora era um Evan mais irritado. – Eu não vou ser enganado outra vez, por mais ninguém! Eu exijo a verdade, de vocês dois!

– O Noah sabia que tanto eu, quanto o Sebastian e o Morgan, não íamos contar toda a verdade para vocês, assim facilmente. Infelizmente, nós três somos três velhos mentirosos. Eis que o seu irmão teve uma ajuda, Evan... O que mais importa para esses três velhos, do que sustentar toda essa mentira envolvendo o passado de vocês?

– Nós. – Concluiu Noah, ainda de olhos fechados. Mas Evan ainda não entendia o que aquilo queria dizer.

– Se nós mentimos, escondemos e ocultamos tudo até aqui, foi para proteger vocês dois, mesmo que tenhamos feito de maneira errada. Em outras palavras, manter vocês vivos era a maior prioridade, acima de tudo.

– Ou seja, irmãozinho, se um de nós estivesse prestes a morrer, principalmente em prol dessas mentiras...? – Questinou o mafioso, abrindo os olhos outra vez.

– Eles seriam obrigados a contar toda a verdade... – Por fim, Evan finalizou. – Mas... Como você teve tanta certeza de que isso daria certo, Noah? Você não só quase matou a gente, mas... Envolveu o Lucas nisso também. Todos aqueles cadeados, tudo isso...

– Eu nunca tive certeza, irmãozinho.

– Ainda sim, não posso perdoá-lo! – Evan deu uns passos em frente, ainda revoltado. – Como que você jogou dessa forma com as nossas vidas? Isso aqui não é um jogo, Noah! Poderíamos morrer de verdade!

– Se eu te contasse a verdade, você nunca ficaria do meu lado. Você é todo... "Certinho", não combina com os meus planos. E eu sabia que você e – olhou para Lucas – ele... Não iam morrer.

– Então por isso você ficou me testando, querendo me deixar furioso?

– Óbvio, você não ia lutar comigo, sério a sério, se fosse diferente. E eu também queria ver o outro lado desse "anjo Evan", o lado caído. – Abriu um sorriso sarcástico. Mas logo, seu corpo não aguentou em pé, devido a todos os ferimentos, acabou por cair no chão outra vez. – D-Droga... Você r-realmente me deixou fudido, irmãozinho... – Sussurrou enquanto tossiu, outra vez, sangue.

– Noah! – Lilith se levantou do chão e foi até ele, se ajoelhando ao lado do mesmo. – Eu sinto muito, eu deveria ter confiado em você.

– Não, eu quem sinto muito, Lilith. Por ter te tratado daquela forma e por ter mentido para você. Eu só... Não queria envolvê-la tanto nisso.

– E como você sabia desse plano todo do Noah, Alice? Ou melhor, como sabia que estávamos aqui? – O policial olhou para ela.

– Intuição materna, querido. – Sorriu de volta.

– Então você vai, finalmente, contar tudo para nós? Sobre o Sebastian ser nosso pai, sobre ele ter assassinado nossa mãe, e sobre nossa mãe principalmente. Nós temos que saber de tudo, Alice!

– Ele tem razão, mãe. Você tem que contar a eles! – Lucas tomou a frente junto de Evan, ficando ao lado dele.

– Sim, vocês tem razão. E eu irei. Mas antes, eu preciso de uma ajuda de vocês, uma última vez. Depois disso, eu juro que conto tudo, desde o início. Só preciso que confiem em mim, mais uma vez.

– Ajuda, hein? Lá vem... – Ironizou o mafioso.

– O que houve?

– É sobre a irmã de vocês. Ela está em perigo, e só vocês podem ajudá-la. – Quando Alice falou, os dois não entenderam, nem sabiam que tinham uma irmã, e viva ainda. – O nome dela é Cristal, mas talvez vocês a reconheçam com outro nome, mais precisamente você, Evan. – A loira olhou na direção dele. – Ela adotou o nome de... Melissa. Ela, na verdade, é quem colocou vocês nisso. Mas agora, ela precisa da ajuda de vocês, e apenas vocês podem ajudá-la.


Se o mundo de Evan não acabou antes, acabou agora. Simplesmente desabou, caindo de joelhos no chão. Melissa? Evan só conhecia uma Melissa, era dessa que Alice falou? Da sua amiga de trabalho, de tanto tempo? Que sempre esteve ao seu lado, em tudo? Ela era na verdade... Sua irmã? E o pior, uma irmã que viveu tramando contra Evan? Aquilo era demais para Evan, ainda mais que logo depois ele lembrou que Melissa tinha um caso romântico com Sebastian, seu pai. E se Melissa era sua irmã... Sebastian também era pai dela?


– Nossa irmã fez sexo... Com o nosso pai? – Perguntou Noah.

– Não, Sebastian não é o pai dela, só de vocês. A Lauren teve a Cristal no outro relacionamento, antes de conhecer o Sebastian. Ele é o padrasto dela.

– O que continua sendo nojento... – O mafioso sussurrou.


Evan não dizia mais uma palavra. Estava completamente... Em choque. Não importa se Sebastian era padrasto de Melissa, mas sim todos esses anos em que ela mentiu. Será que, na verdade, Melissa nunca foi sua amiga? Só fingiu esses anos, por interesse? Por vingança? Evan daria sua vida por Melissa, se fosse necessário. Era sua melhor amiga, dentro e fora do trabalho, sempre esteve ao seu lado, para tudo. Como... Como sua própria irmã poderia fazer isso consigo, logo consigo?

Mas as surpresas não poderiam acabar por ali... Logo um outro carro se aproximou do píer, porém dessa vez fazendo mais barulho com a buzina. Quando aquele veículo parou, a porta se abriu, relevando aquele homem alto, que há tempos não víamos. Todos olharam na direção dele, menos Evan que só conseguia olhar para o chão, ainda sem reação.


– E ai, docinhos. – Gritou Morgan, depois que saiu do carro. – Estavam com saudades do papai gostosão aqui? – Indagou aos berros.

– Morgan? O que faz aqui? – Perguntou Alice.

– O mesmo que você, velhota. Mas eu vim com um brinde. – Ele foi até o porta malas do seu carro e o abriu, e com força pegou o corpo do outro homem, dali de dentro, que permanecia envolvido por inúmeras cordas para ficar bem amarrado, preso, botando nos ombros. – Lembram dele?


Morgan se aproximou daquele grupo e jogou o corpo que carregou ali no chão, próximo deles. Tal pessoa permanecia desacordada, e a julgar visualmente, estava com vários ferimentos pelo corpo, principalmente no rosto. Talvez, foi o método que Morgan usou para trazê-lo até ali. O pessoal ali olhou para aquela pessoa amarrada, reconheciam ele. Mas logo Lucas botou a mão no ombro de Evan, pois sabia que Evan reconhecia melhor aquele homem. O policial olhou em tal direção...


– É o chefe Carl?

– Mais exatamente, ele era o amante da Cristal, por todo esse tempo. E foi ele quem ajudou a Cristal por todos esses anos dentro da delegacia. Mas, por ele ser uma pessoa... "Importante", eu não poderia simplesmente ir até a casa dele para lhe chutar a bunda. Eu tive que ir atrás do passado dele, das merdas que ele fez, junto da Cristal, mas os desgraçados não ficaram só aqui em Sheerground...

– Como assim? – Perguntou Alice.

– Eles cometeram crimes em outros estados do país... Mas sempre conseguiam achar um laranja para colocarem a culpa no final. Demorou um pouco, mas esse viado foi me contando muitas coisas, foi só eu pedir com jeitinho, que todo mundo gosta. – Zombou.

– Isso explica os ferimentos nele... – Sussurrou Lilith.

– E no que isso nos ajuda? A Cristal está em perigo!

– Eu sei. E você não precisa me dizer, é em relação aquela garota psicopata, não é? O Carl falou algo dela, que eles estavam planejando dar cabo dela depois de um tempo, após a eleição pra prefeito.

– Espera... Vocês querem que a gente ajude a nossa "irmã", que foi a vilã esse tempo todo? Por que faríamos isso, se ela só quis ferrar a gente? – Indagou Noah.

– A Eva... Ela vai matá-la, e eu sei que ela errou com vocês, mas, por favor, se não querem fazer por ela, façam por mim. Eu sei que não fui a melhor pessoa para vocês, mas eu juro que tudo que eu fiz foi para protegê-los, buscando seguir com as vontades de Lauren.


Eis que um impasse criou-se ali. Tanto Noah quanto Evan não queriam ceder ao pedido de Alice, ajudar Cristal, depois de tudo que ela fez? Por que teriam que fazer isso? Mas ao mesmo tempo, é como se ambos não conseguissem proferir a palavra "não". Suas únicas reações foram olhar para a pessoa que estivesse ao lado. Evan olhou para Lucas, na esperança de que o outro pudesse lhe aconselhar sobre o que fazer. Não sendo diferente, Lucas abriu um sorriso e concordou com a cabeça, sinalizando que era para Evan ajudar Alice, ajudar Cristal. Afinal, remorso e mágoa nunca estiveram dentro do coração do garoto.

Enquanto Noah olhou para Lilith... Mas ela, diferente de Lucas, já não tinha esse mesmo coração puro. Porém, surpreendentemente, a loira só suspirou e concordou com a cabeça. Dando a entender de que era para Noah ajudar também, o que até chocou o mafioso. Porém ao mesmo tempo, validou mais por ter vindo dela. Pois, se até Lilith, que não era a pessoa que exercia o perdão com mais facilidade, concordou em ajudar Cristal, talvez fosse essa a melhor saída mesmo.


– Então... – Alice deu passos para frente e abriu os braços, esticando cada braço para cada gêmeo. – Posso contar com vocês, para me ajudarem a resgatar a Cristal? – Ela abriu um sorriso e olhou para os gêmeos, esperando que eles viessem para perto.

– Eu juro que se você não contar tudo pra gente, depois de te ajudarmos, eu mesmo mato você, Alice. – Sarcástico, Noah tentou se levantar, com dificuldade. Mas Lilith o ajudou.

– Evan? – Alice olhou para o policial. – Eu sei que para você pode ser mais difícil, porque você era próximo da... Melissa. Mas, por favor...

– Eu não consigo... – Sussurrou Evan, ainda ajoelhado no chão.

– Você é capaz, policial Evan. – Lucas disse, no pé do ouvido dele. – Eu confio em você, e seguirei atrás, na retaguarda, se for preciso. Não justifique um erro, com o outro.


Aquela voz no seu ouvido, era como se fosse um anjo vindo a terra lhe dar conselhos pessoalmente. Era impressionante o poder, a potência e o feito que a voz de Lucas, por si só, tinha em Evan. Ali, ele ficou mais confiante sobre o que era para fazer. Então só concordou com a cabeça e se levantou, com a ajuda do outro garoto.

Dessa forma, Evan e Noah, já de pé, foram em direção a Alice, ao mesmo tempo. A loira ficou olhando para eles, feliz, esperando eles pegarem em suas mãos. O que não demorou, logo sentiu a mão mais quente de Evan encostar na sua, ao mesmo tempo em que a mão mais gelada de Noah também encostou.


– Obrigada, meninos. – Alice fechou os olhos, apertando com carinho a mão de cada um também. – Agora – abriu os olhos e olhou para o mar mais a frente, enquanto o sol já ia se colocando no céu. – vamos resgatar a Cristal, juntos, como uma família.


Evan e Noah fizeram o mesmo, olharam adiante, o nascer do céu. Mesmo que seus corpos não estivessem no melhor estado, devido a toda briga que teve entre os gêmeos. Mas... Dessa vez, um sorriso genuíno apareceu, ao mesmo tempo, no rosto dos dois. Foi como se, pela primeira vez, eles estivessem sentindo o laço fraternal que existe ali. Principalmente Evan, que nunca sequer teve uma família.

Morgan apenas se aproximou de Lilith, recebendo o abraço dela depois. Pois ela percebeu que toda aquela viagem de Morgan tinha uma explicação, um motivo, uma razão. No final, ele sempre esteve preocupado com os filhos. O mais velho apenas afagou uma das mãos nas madeixas loiras da filha, fazendo um carinho ali.

Enquanto Luna, ficou apenas observando Evan, tendo cada vez mais certeza de que escolheu a pessoa certa para amar.

No fim, apesar de todos os obstáculos, tudo deu certo.

Podemos dizer que houve um final feliz?

Ou, espera, estamos esquecendo de alguma coisa?

Mesmo que ela não conseguisse ver nada ao seu redor, sabia que aquele lugar era tenebroso, as pessoas ao seu redor que vestiam robes vermelhos como sangue fresco e que possuíam capuzes que cobriam totalmente seu rosto, não estavam ali com as melhores intenções. O salão decorado com ossos humanos, de pessoas que provavelmente passaram pela mesma situação da mulher ali acorrentada, e de imagens de santos pregados em cada parede, ao qual era pra tentar trazer uma sensação de arrependimento por seus atos, só deixavam o lugar mais mórbido. O cheiro das velas queimando misturado ao ar gélido do local faziam seu nariz doer, e por mais que a área aonde a mulher estava presa estivesse cheio de velas o lugar ainda parecia encoberto pela total escuridão. Talvez apenas refletindo o que estava dentro de cada pessoa ali.


– EI, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AÍ! – Gritou a mulher algemada. Mas ninguém respondeu. – EVA, SUA MALDITA! – Tentou se debater, mas de nada adiantou. Afinal, permanecia presa.

– Parece que está tudo pronto para iniciarmos... – Sussurrou a mulher loira de madeixas douradas se aproximando das escadas, descendo lentamente, deixando com que a cauda do seu robe vermelho escorresse pelos degraus. – Obrigada, pela presença de todos.


Ela desceu o último degrau, enquanto os outros deram espaço para ela passar. Um deles deu um passo a frente e lhe estendeu uma faca, Eva apenas esticou a mão para pegar e continuou seguindo em direção aquela mulher algemada. Permaneceu vendo a outra se debater, se contorcer, enquanto praguejava pela boca diversos insultos e xingamentos, porém nada aquilo lhe afetou. Muito pelo contrário, aquilo só lhe enchia de mais motivação para continuar com aquele trabalho, o seu propósito com aquilo.


– Olá, Cristal. – Eva tirou o gorro, jogando para trás. Devagar, se ajoelhou na frente dela. A outra não lhe via, por estar vendada. Mas não era necessário ver, apenas ouvir. – Nos encontramos, de novo.

– Que merda você está tramando agora? – Indagou Melissa, mas logo continuou com as perguntas. – O Charles, o Ethan, onde estão? Você os matou, não é, sua maluca esquisita?

– Bom... Quanto aquele médico, ele fugiu a tempo, infelizmente. Agora, quanto ao Charles, é mais fácil você se perguntar em como – deu uma pausa – eu te achei. Dessa forma, deve fazer mais sentido para você.

– O Q-QUE? ELE... ME TRAIU?

– Ah, Cristal... Tem tanta coisa que você ainda não entende deste jogo. – Eva apenas negou com a cabeça. – É por isso que eu lhe trouxe até aqui.

– O que, vai me matar? FODA-SE, SUA PUTA! – Completamente fora de si, Melissa tentou adivinhar da onde vinha tal voz e cuspiu na direção que achou que Eva estava. E dessa vez, acertando o cuspe no rosto da loira. – Você acha que em algum momento eu realmente confiei em você? Eu e o Carl já estávamos planejando te matar, era só questão de tempo.


Eva não disse mais nenhuma palavra, o que deixou Melissa meio receosa. Dessa forma, a morena chamou por Eva algumas vezes, disparando outras ofensas verbais, mas a loira ignorou, apenas limpou a saliva da outra de seu rosto. Para enfim, se colocar de pé novamente. Lentamente, Eva estendeu a mão direita e livre para frente, posicionando sobre a cabeça de Cristal, enquanto com a outra mão, que permanecia segurando a faca, a levou até a mão estendida. Abriu a palma direita para cima e, devagar, passou a lâmina da faca naquele local.

Não demorou para que algumas gotas de sangue começassem a escorrer da mão de Eva, indo em direção a cabeça de Cristal; que prontamente sentiu aquele líquido e já retornou com os xingamentos. Mas, Eva não parou, logo, não demorou para que um dos seus aliados tomasse um passo a frente, se posicionando ao lado da loira, estendendo a mão também. Dessa forma, Eva pegou na mão do tal aliado e fez outro corte, virando o sangue da mão dele sobre a cabeça de Melissa, também.


– Salve, Rainha, mãe da misericórdia – em uníssono, todos os que estavam presentes naquele local, trajando aquele robe vermelho enquanto permaneciam com os gorros para frente, escondendo suas identidades, começaram a proferir alto tais palavras. – vida, doçura, esperança nossa, salve!


Conforme iam proferindo tais palavras, um de cada vez ia tomando um lugar ao lado de Eva, para ela repetir o mesmo processo, de fazer um corte na palma de mão, de cada um, para posteriormente virar o sangue sobre a cabeça da mulher algemada ali.


– A Vós brandamos, os degredados filhos de Eva – aquilo na verdade era uma oração, de origem católica, escrita originalmente em no ano de 1050. – A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. – Todos seguiam perfeitamente com aquela coração, menos Eva que não dizia uma palavra. Já que eles estavam ali por ela, ela era a Eva deles, a Rainha. – Ela, pois, advogada nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós Volvei.


Naquela situação, o corpo de Cristal já estava com bastante sangue, de todos aqueles seguidores de Eva. A morena ficou ouvindo aquelas palavras, aquela oração, não entendeu ainda mais o que poderia estar acontecendo. E o pior, todos ali simplesmente permaneceram lhe ignorando, e todos as contínuas agressões verbais que saíam de sua boca. Pois, aquelas pessoas de robe estavam ali realmente por outro motivo, outro propósito, Cristal era apenas mais uma ali para um verdadeiro objetivo maior, então, não fazia diferença para eles.


– E, depois deste desterro, nos mostrai Jesus, bendito fruto do Vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus – finalmente, Eva estava no último para realizar aquele processo. – para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


Depois que o último súdito se afastou e a oração acabou, Eva se posicionou atrás de Cristal e a pegou pelos cabelos, para levantar a cabeça dela. Um outro súdito se aproximou e posicionou as mãos sobre a venda que tinha sobre os olhos da morena, e devagar, ele foi tirando, possibilitando que Cristal retornasse a enxergar. Mas, a primeira coisa que ela começou a ver foi o rosto de Eva acima do seu. Ali... Seus olhos se arregalaram, pois nunca viu algo parecido. Os olhos, a expressão facial... Sequer acreditou que algo daquele tipo era possível existir.

Era como se Cristal estivesse vendo algo... Que não fosse humano ali.


– Purificação. – Sussurrou Eva, olhando fundo nos olhos da outra.


E foi a última coisa que Cristal presenciou.  

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