Décimo Sexto Capítulo.
(Alerta: Pode conter cenas de abuso sexual nesta postagem. Será marcada com um (*) no início e final da cena.)
[CAPÍTULO DEZESSEIS]
1922.
Verão. [03/??]
22:30pm.
Enfim, sexta feira. Mais ainda, a primeira desde quando o verão começou neste ano. Não era novidade para ninguém ao falar que as ruas de Sheerground estavam mais cheias do que nunca. Restaurantes, bares, festas, tudo estava em seu auge. Faziam-se anos desde que as casas não enchiam tanto deste jeito. O motivo era simples, o tal capitalismo. Ora, vocês sabem, eles tinham com o que gastar, para que guardar? Não tinha o que temer, visto que a economia do país vinha numa crescente avassaladora. E do mesmo jeito e rapidez que todo aquele dinheiro vinha para a maioria da população, ele ia embora. Tudo aos olhos daqueles cidadãos parecia ser tão instigante, tão... Atrativo, sabe? Como resistir a um vestido novo em folha para se usar em uma festa de gala? Ou, ir naquele restaurante e experimentar o cardápio novo do chefe, que custa quase que um rim no mercado ilegal? Ou, por quê não ir em uma casa noturna e experimentar todas aquelas garotas disponíveis?
Seguindo esta lógica, entra um outro pensamento: por quê se saciar com apenas um, ou uma vez? Veja, nos dias de hoje está tão fácil arrumar um emprego, ter sua renda no final do mês. O que fazer quando vemos aquela quantia aumentando em nosso bolso, cada vez mais? Não iriam fugir do luxo, da qualidade de vida, não, não mais. Então, se acostumem, pois as ruas de Sheerground não serão mais as mesmas, principalmente a vida noturna.
– Tinha mesmo necessidade de gastar todo aquele dinheiro alugando essas roupas, Melissa? – Indagou Evan passando as mãos em sua roupa, andando na calçada ao lado da sua colega de trabalho. – Metade do meu salário já foi, só de estar alugando essa roupa...
– Aí, como você é exagerado! – Ela exclamou, soltando algumas risadas. – Eu não sei como você ainda não ficou milionário. Pois você ganha bem lá na delegacia que eu sei, mas você quase não sai, está sempre com as mesmas roupas, você usa seu dinheiro em que afinal de contas, meu amigo? – Perguntou entre mais risadas.
– Me desculpe se eu sou um cara que gosta de guardar dinheiro, afinal, nunca sabemos o dia de amanhã. E olha – levantou a cabeça, olhando-a com um sorriso no rosto – você pare de me tratar mal hein, se não vou embora. – Brincou.
– Own, seu dramático. – Pegou no braço dele e o envolveu com o seu. – Vai coisa nenhuma, sabe que eu gosto de implicar com você. Mas olha, você está um gato, e falo muito sério. – Disse, olhando-o de lado. – Possivelmente, o mais bonito da noite.
– P-Para... – Ficou com as maçãs do rosto levemente avermelhadas. – Sabe que eu não sei reagir direito a esses tipos de elogios.
– Mas deveria, pois você ainda vai ouvir muito, e principalmente hoje. – Eles riram juntos mais uma vez e enfim chegaram ao destino. – Chegamos, amigo.
E lá estavam eles, de frente para o The Queen. Evan se sentiu muito nostálgico, afinal fazia-se anos – dois para ser mais especifico, desde a última vez em que colocou seu pé dentro daquele estabelecimento. De fato, ele não queria ir, quando Melissa lhe contou aonde iriam. Devido a toda situação envolvendo a artista Luna Strike. Porém, a senhorita Collins tinha um dom, o de persuasão. Não que Evan tenha sido sua única vítima, como já devem saber. Se ainda não saibam, é questão de tempo.
Em todo caso, não podiam voltar atrás. Tempo foi gasto, dinheiro e paciência também para sair de casa. Então, muitos fatores foram gastos para desistir agora. Mesmo que Evan continuasse com um medo escondido por toda sua elegância naquela noite.
Aliás, contra fatos não há argumentos, Evan veio com toda sua elegância, sofisticação e classe para aquela noite. Trajou um terno preto, com uma blusa branca social por debaixo, e uma calça da mesma cor do terno, finalizado com uma gravata borboleta de tonalidade azul bebê. Seus sapatos pretos brilhavam de longe, eram de classe também, igual o restante de sua roupa. Diferente das outras vezes, optou por não tirar toda a barba, mas deixando-a cerrada. Porém, mantendo seus cabelos castanhos penteados para trás. Talvez Melissa tivesse razão, era melhor ele se acostumar a receber elogios, pois isso é o que não vai faltar para o policial.
Enquanto falando da mesma, não ficou de fora. Foi tão bela quanto, porém com uma delicadeza a mais. Utilizou de um vestido bordado de tonalidade azul bebê, foi proposital combinar com a gravata de Evan, e sapatos brancos. Uma maquiagem leve, porém, apropriada para noite e um belíssimo batom rosa entre os lábios. Por fim, seus cabelos curtos jogados para o lado, bem brilhosos, sedosos e macios.
– Ela vai estar aí, não vai? – Sussurrou o policial, antes de entrar, com a mão na porta.
– Ela trabalha aí, Evan. Mas não estamos aqui por ela, estamos aqui por nós. Agora, dá para irmos logo? Estamos passando vergonha aqui parados feito postes na entrada. – Sussurrou de volta, olhando ao redor, vendo alguns olhares em sua direção.
– Ei, Lisa. – Uma terceira vez se fez presente, ao se aproximar deles.
– Oi, Chris. – Melissa olhou para o lado, vendo-o se aproximar.
– Pelo que eu te conheço, você não veio aqui para ficar parada na porta. – Disse, com as mãos na cintura, com um sorriso no rosto. Mas logo se deu conta de que Melissa estava acompanhada. – Opa, me perdoe a falta de educação. – De forma rápida, Chris deu uma olhada de cima abaixo em Evan. – Quem é este seu novo amigo, Lisa?
– Larga de ser safado, seu ridículo. – Brincou, arrancando uma risada entre os dois. Menos de Evan, que permanecia sem entender nada. – Evan, este é Chris, chefe da segurança aqui do The Queen. E Chris, este é meu amigo lá da delegacia, Evan.
– Prazer, meu querido. – O segurança chefe estendeu a mão para cumprimentá-lo. Meio receoso, Evan apertou a mão dele. O que fez Chris abrir um sorriso malicioso entre os lábios. – É um prazer receber vocês hoje. – Direcionou seu olhar a Evan.
– P-Prazer... – Disse, ainda confuso com aquela situação.
– Vamos entrar logo, Evan, antes que ele te devore só com os olhos. – Melissa brincou, pegando seu amigo pelo braço e entrando naquele estabelecimento. – Tchauzinho, Chris, até outra hora. – Gritou, se despedindo dele.
– Até mais, meus queridos. – Se despediu de volta, mas logo ouviu uns gritos mais ao lado do The Queen, vendo alguns pirralhos tentando invadir o local pela janela. – Ei, ei vocês aí! – Gritou na direção daquela confusão mais a frente. – Vocês querem tomar umas porradas, é? – Ainda aos berros, correu naquela direção.
Ora, Chris Caffrey não chegou aquele cargo atoa. Sempre atuou como segurança de casas noturnas, principalmente nas cidades vizinhas. Em Sheerground, ia completar um ano desde o dia que começou a trabalhar no The Queen. Talvez por isso Evan ainda não o conhecesse. Em todo caso, além de um profissional de mão cheia, literalmente, Chris conseguia resolver e apartar qualquer confusão dentro do estabelecimento. E por já ter um nome conhecido no meio, era respeitado. Dificilmente arrumavam uma briga feio lá dentro, com ele presente. Pois sabiam o que iria acontecer. Chris tinha um sorriso encantador, era comunicativo, extrovertido, doce, alegre, também sarcástico e debochado. Ora, também sabia ser bem violento, cruel e sanguinário caso precisasse.
Com sua altura de um metro e oitenta, cabelos negros e olhos azuis, Chris tinha um porte atlético, era bem definido em todas as partes do corpo. Dizem as más línguas que, além de sua fama de segurança cruel e violento, também era conhecido, por muitos como o oitavo pecado capital. Isso mesmo que você pensou e entendeu.
– O que tem naquele cara? – Uma vez dentro do estabelecimento, o policial perguntou. – Ele estava diferente, como se quisesse dizer ou mostrar algo. Ou eu estou ficando maluco?
– Ele ficou afim de você, foi isso que aconteceu. – Disse, andando de braço dado com ele por aquele salão principal.
– O Q-QUE??? – De imediato, Evan gelou, parando de andar e soltando do braço de Melissa.
– Ué? Ele é gay, você não percebeu? – Disse em tom baixo, se aproximando dele. – E fale baixo, quer chamar mais atenção pra gente?
– G-Gay? – Ainda completamente surpreso, perguntou. – Então ele... Outro homem... E ele... Eles... No caso... Ele e o-... – Fora interrompido.
– Eu até consigo entender que você não tenha conhecimento sobre essas coisas, visto que mal sai de casa e socializa com as pessoas. Mas eu te digo, meu bem, essas coisas são mais normais do que você pensa. A única questão é que as pessoas tem medo de dar cara a tapa e se escondem. Mas o Chris não, todo mundo sabe dele. Até porque sabem que se vierem de gracinha, ele quebra a pessoa inteirinha. – Riu.
– Mas isso não é... D-Diferente...?
– E que que tem? E diferente porque? Apenas porque VOCÊ não está acostumado? De uma chance a ele depois, digo, converse com ele. Vai ver que ele é super gente boa, e ele ser ou não gay, não faz a menor diferença. – Esboçou um sorriso, fazendo um carinho no braço dele, vendo-o o quão assustado estava com a "novidade".
– Certo... Acho que você tem razão, entende melhor dessas coisas do que eu. – Abriu um sorriso sem jeito, conseguindo entender o ponto de vista que a outra lhe colocou.
Evan tinha vinte e dois anos de idade, mas em certos assuntos ainda parecia uma criança. Mesmo que algo fosse novo perante aos seus olhos, ele sabia escutar a versão da pessoa. E gostava disso. Então, vendo que existem pessoas que gostam de outras coisas, de fato, foi uma surpresa. Nunca se deparou com uma situação dessa. Entretanto, as palavras de Melissa realmente fizeram sentido para seus ouvidos. Talvez, ela estivesse certa. Afinal, ela sempre foi mais da vida noturna do que se comparado ao policial. Sem contar, que Evan odiava qualquer tipo de injustiça, então se pegou pensando se seria certo julgar aquele rapaz, Chris, por algo daquele tipo.
Certo, era algo novo na sua vida. Mas, ele seria tão diferente de si mesmo, apenas por isso? Não estaria formando um pré-conceito, sem antes mesmo de conhecê-lo?
Não, Evan não era assim. Ia dar sim a chance de conhecê-lo melhor.
– Meu Deus, Evan? – Gritou Alice, passando por aquelas pessoas até chegar no policial. – Céus, quanto tempo eu não te vejo, meu garoto. – Encostou as mãos nas bochechas dele, fazendo um leve afago. – Você está ainda mais lindo, viu? – Sorriu, alegre e emocionada por vê-lo após tanto tempo.
– O-Oi, senhorita Alice. – Abriu um sorriso sem jeito, devido ao carinho dela.
– Eu entendo que você e a Luna não tenham dado certo, mas poxa, não precisava ter me abandonado. Sabe que eu tenho um carinho muito grande por você.
– Perdão, é que... As vezes ainda me dói pensar na Lu-...
– Vamos mudar de assunto, hein? – Melissa bruscamente o interrompeu. – Ninguém veio hoje pra ficar triste, vamos mandar isso embora. Será que alguma das garotas podem nos levar até a área vip, Alice? – Perguntou com um sorriso.
– Claro, minha pequenina. – Respondeu com os olhos brilhando, feliz de vê-los ali. – Mia, venha cá. – Chamou sua outra garota, para se aproximar. – Por favor, leve os dois até a sessão vip, de para eles os melhores lugares.
– Essa garota vem aqui quase toda noite, ela já não sabe o caminho de cabeça não? – Mia botou as mãos na cintura e indagou, olhando Melissa de cima abaixo.
E por uns segundos, criou-se um climão. A maioria das garotas do The Queen não iam com a cara de Melissa, não sabiam explicar o porquê, mas apenas não iam. Alice sempre pegou no pé delas, querendo tirar essa implicância para com Melissa da cabeça delas. Mas de nada adiantou. Para elas, Melissa era sonsa, dissimulada, falsa, interesseira e manipuladora. Não confiam naquela súbita aproximação entre ela e a dona da casa, Alice. Sabiam que tinha algo por trás. Porém, seguiam sempre o lema criado e imposto pela Edwards: não ver, não ouvir e nunca perguntar.
Em contra posto, Melissa. Era reciproco a indiferença, entretanto conseguia fingir bem. Em nenhum momento chegou a desrespeitar alguma delas, ou algo do gênero, muito pelo contrário. Sempre tratou todas muito bem e com muita educação. Mesmo que no fundo, tivesse morrendo de vontade de fazer com elas o mesmo que fez com Rose, há dois anos. Mas não, não era necessário fazer isso. Ao menos, não ainda. Nunca descartaria essa hipótese, uma vez que o caminho estava "limpo".
– Mia?! – Exclamou Alice, surpresa com aquilo. – Quantas vezes eu já não te falei pra tratar bem a Melissa? Ela não fez nada que justificasse esses comportamentos.
– Deixa, Alice. Está tudo bem. Ela tem razão, eu já decorei o caminho. – Com um sorriso delicado no rosto, ela pegou no braço de Evan e juntos saíram dali. Em direção a tal área vip, sem que ninguém lhe mostrasse o caminho.
– Viu? – Perguntou Mia, assim que Melissa se afastou. – Ela é dissimulada essa garota, mãe. Como que a senhora não vê isso? – Finalizou irritada.
– Isso já está me tirando do sério, Mia! – Exclamou, nervosa. – Parem já com essa implicância com ela, é uma ordem. Não me faça tomar medidas drásticas.
– Mãe, a senhora está me... Ameaçando?
– Claro que não! Eu nunca faria isso com vocês. Mas, também não posso tolerar essa falta de respeito em relação a Melissa. Ela é... Uma pessoa muito importante pra mim. – Disse ficando com os olhos lacrimejados, enquanto Mia apenas a abraçou.
Depois de tudo que aconteceu com Alice e o próprio The Queen, no passado, as garotas e a própria dona começaram a ver tudo com outros olhos. O quase infarto de Alice, a invasão de Beatrice que destruiu praticamente todo o lugar, a situação amorosa de Luna que a deixou devastada por meses, todas essas coisas abriram os olhos de cada uma. Percebendo o quão aquilo tudo era importante para cada uma delas. Desde então, todas as garotas, sem exceção, passaram a se referir a Alice como mãe. Pois sentiam isso vindo dela. Todo o carinho e afeto que a loira sempre teve para com todas as garotas, era de fato um sentimento materno. Eis que chegou um momento que suas filhas perceberam isso, uma vez que a própria Alice já as tinha como filhas há muito, muito tempo. Porém, ter elas a chamando de mãe realmente era uma sensação inexplicável. Sentia seu coração ficar quentinho e acolhido.
Enquanto Melissa... Bom... Já faz algum tempo...
Há dois anos...
– Há quanto tempo, minha pequenina...
– A-A... Alice...? – Olhos de Melissa arregalaram-se.
– Eu senti tanto, mas tanto a sua falta. – Continuou a dizer, se aproximando dela, com os olhos marejados. Não importando se a outra continuou com a arma apontada em sua direção. – Mas finalmente, eu lhe encontrei. E por favor, eu já sei de tudo. – Aquele momento, a outra gelou. – Jogaram este papel, pela janela da minha casa, com o nosso poema escrito nele. E no final, havia o nome "Melissa Collins". Eu não sei quem fez isso, mas essa pessoa fez o certo. Já era hora de nos reencontrarmos, tanta coisa para fal-...
Antes que terminasse de falar, Melissa largou a arma no chão e simplesmente correu em direção a Alice, envolvendo-a em um abraço apertado. O abraço mais forte e apertado que a Edwards já recebeu. Não demorou para ouvir os soluços da mais nova, era choro. Melissa estava chorando, muito. Beirando ao desespero. Com as pernas e mãos trémulas, a Collins, Cristal agora descoberta, não teve outra reação a não ser abraçá-la e chorar. Enquanto Alice, por sua vez, não entendeu nada daquilo. Por quê aqueles gritos, aquele choro e principalmente, aquele abraço?
– Ele me obrigou, desde aquele dia. – Ela começou a explicar, entre aquele choro sem fim. – Eu não queria, tia Alice, eu não queria! – A abraçou mais forte.
– Filha, ele quem? O que houve? Você precisa me contar. – Foi desfazendo aquele abraço, colocando-a de frente para seu rosto, conseguindo olhá-la nos olhos.
– Naquela noite, quando você entrou pra trabalhar, ele veio até mim. Começou a falar um monte de coisa, e me obrigando a seguir suas ordens, outra vez. Eu juro que não queria sumir com os meus irmãos, juro que eu não queria matar aquela garota que trabalhava com você, mas ele me obrigou, tia! Ele me ameaçou, ameaçou repetir o que fez quando eu era menor... – Melissa abaixou a cabeça.
– O que ele fez?
– Ele abusou de mim, a mamãe ainda viva. – Subiu a cabeça, tentando enxugar o excesso de lágrimas de seus olhos. – Ele dizia que se eu contasse, ele me mataria e depois mataria a mamãe. E começou a utilizar disso pra me ameaçar, fazer de novo aquilo comigo... Eu... Eu não sabia o que fazer... – E o choro voltou com mais intensidade. – Só de imaginar aquelas mãos dele em mim novamente, eu... Me desculpe, tia... – Voltou a afagar a cabeça no ombro dela, continuando com o choro, não parando por um minuto sequer.
– Mas me diga, quem é ele? Você precisa me dizer, pra eu conseguir te ajudar!
Cristal não disse nada, apenas levantou uma de suas mãos e apontou na direção do homem deitado naquele sofá. Sebastian Miller. Alice não teve reação a não ser arregalar os olhos. Sebastian, além de ter matado Lauren, abusava de Cristal? Além disso, então é ele, o culpado pelo sumiço dos bebês todo esse tempo? Ora, naquela conversa que teve com ele e Morgan, aonde contou tudo que sabia sobre a noite em que tudo começou, Sebastian se fez de sonso pois já sabia de tudo? Céus, era muita informação para cabeça da loira. Ele seria capaz de fazer tudo isso, arquitetar todo esse plano, mas para que? O que ele ganharia separando os gêmeos, que são filhos de sangue dele? E por quê abusar sexualmente de Cristal, ainda criança? Será que ele descobriu que...? Mas, não tinha como ele descobrir.
Enquanto a cabeça de Alice borbulhava em dúvidas e mais dúvidas, Cristal continuou chorando com a cabeça no ombro de sua madrinha. Mas, por um segundo, entre um soluço de choro e outro, ela abriu um sorriso diabólico entre seus lábios.
"Mais fácil do que tirar doce de criança", Cristal pensou.
Atualmente...
Além de não ter como desconfiar de sua afilhada, sabia de algo, Sebastian matou Lauren, sem contra argumentos. Ela viu, com os próprios olhos. Então, se ele foi capaz de matá-la, seria capaz de tudo. Diferente de Cristal, que nunca demonstrou ser uma pessoa ruim. Certo que quando Lauren anunciou a gravidez dos gêmeos e depois quando eles nasceram, ela era meio ciumenta em relação a mãe. Porém, Alice via isso como algo normal, eram apenas crianças. Como se ainda não bastasse de provas para que acreditasse fielmente em Cristal, a mesma ainda apresentou fotos e testemunhos de vizinhos sobre o que aconteceu naquela época. As fotos eram simplesmente horrores, Cristal totalmente machucada, havia outras com Sebastian sobre ela e por aí vai.
Em nenhuma das fotos dá para ver o rosto de Cristal e nem de Sebastian, mas Alice não se atentou a isso. Claro que eram os dois, quem mais poderia ser? E outra, ainda teve os testemunhos das pessoas que eram vizinhos, que confirmaram ouvir gritos de Cristal, até mesmo presenciarem algumas cenas. Porém, por ameaça de Sebastian, passaram todos estes anos calados, com medo de perderem a própria vida.
Uma vez que Alice acreditou em Cristal, foi quando a mais nova contou seu plano de se vingar de Sebastian, por tudo que fez. E mesmo que doesse muito o coração de Alice, concordou em ajudá-la a concluir sua vingança. Nunca pensou que poderia fazer algum tipo de mal a Sebastian, logo ele, mas, depois de tudo que ele fez... Ele precisava pagar. Cristal foi, é e sempre será sua querida afilhada, iria ajudá-la sim, no que fosse preciso. Até porque, confrontar Sebastian não era uma opção. Ele iria negar, arrumas provas de que era inocente, Alice o conhecia bem, sabia o quão ele podia ser dissimulado, além de ter contatos pelo país inteiro. Poderia muito bem comprar fotos falsas, compras testemunhos falsos, não iria acreditar em nada vindo dele.
Sendo assim, o plano agora não era só de Cristal, mas de Alice também.
00:00am.
– Muito, muito obrigada pessoal! – Luna exclamou, segurando o microfone. Muito feliz com todos aqueles aplausos e assobios de seu público. – O carinho de vocês me faz muito bem e me motiva a continuar melhorando, cada vez mais. Por isso, obrigada mais uma vez, de coração. – Ela fez uma pequena reverência, agradecendo.
De fato, os anos se passam, mas o sucesso de Luna vinha sempre numa crescente. Cada vez mais famosa e querida por toda aquela população. Conforme os meses iam se passando, mais cidades iam tendo conhecimento de sua belíssima voz. Surgindo até mesmo propostas para se apresentar em outros lugares, em outros lugares. Porém Luna recusou todos, pois via que seu lugar era ali, no The Queen. E em nenhum outro. O que fez com que pessoas de cidades vizinhas que queriam vê-la pessoalmente, viajassem para Sheerground apenas para presenciar seu show ao menos uma vez. Então, sim, Luna se tornou um dos maiores motivos para atrair turistas para aquela cidade.
No caso, não só turistas... Admiradores também...
– Hum? – Algo chamou a sua atenção. Mas logo reparou que uma rosa foi atirada no palco, acompanhada de um bilhete, caindo bem no seu pé. Ela abriu um sorriso e pegou a tal rosa, em seguida querendo ler o que tinha escrito ali. – "Você é a mulher mais linda do mundo, quer casar comigo? Tenho dinheiro o suficiente pra te fazer a esposa mais feliz que existe". – Terminou de ler, com a boca no microfone.
A plateia foi a loucura, continuando com os aplausos e assobios. Enquanto ela, a própria artista, apenas movimentou a cabeça negativamente, suspirando.
– Seja lá quem você seja, eu agradeço muito o seu carinho. – Ela falou com um sorriso, olhando todas aquelas pessoas assistindo ao seu show. – Mas, infelizmente não estou atrás de um romance. E olha – começou a rir baixo – dinheiro é a última coisa que vai me abrir os olhos sobre alguém. Então, sinto muito, não posso te corresponder da mesma forma. – Tentou ser amena e delicada, ao mesmo tempo decidida.
Conforme ia passando os olhos por todas aquelas pessoas na plateia, sem tirar seu sorriso do rosto, algo chamou sua atenção. Ou melhor, alguém. Assim que o avistou na plateia, na área vip, ela arregalou um pouco os olhos e tirou o sorriso do rosto. Era ele. Não tinha dúvidas. Evan estava ali, vendo o seu show, outra vez, depois de tanto tempo. O contato visual foi feito e ficaram se olhando por uns segundos. Até que juntos, ambos esboçaram um pequeno sorriso de canto e em seguida, acenaram um para o outro.
Não é como se todo o sentimento tivesse ido embora, lógico que não. Mas para Luna, era complicado tudo aquilo. Não sabia como resolver a situação, tão pouco poderia ser verdadeira com Evan, ele jamais iria entender. Não iria aceitá-la, nunca.
– É sério? – Indagou Melissa, sentado ao lado de Evan e vendo ele dando tchau para Luna. – Você sabe que é ela é um dos motivos de você estar na fossa durante tanto tempo, não é? Dai na primeira vez que a revê, fica de sorrisinho e acenando?
– Não começa, Melissa... – Ele bufou, bebendo mais um pouco do líquido que tinha em seu copo. – Você já me puxou pra cá, contra minha vontade, me convenceu de beber álcool em PLENA LEI SECA – falou mais alto, sem perceber – e agora quer ficar controlando meus sentimentos, droga?
– Ok, você já está bêbado, chega. – Ela tentou tirar o copo de whisky da mão dele, mas era em vão. Ele não deixou. – Evan, é sério. Eu queria que você bebesse pra você se soltar mais, sei lá, quem sabe conhecesse alguém, mas não pra ficar choramingando por causa de mulher. Anda, me dá esse copo! – Exclamou, séria.
– Para, Melissa! – Ele gritou de volta, batendo o pé no chão, se mantendo sentado naquelas poltronas da sessão vip. – Deixa eu fazer o que eu quero AO MENOS UMA VEZ NESSA PORCARIA DE NOITE? – Bateu o pé de novo no chão. Agora, irritado.
– Ok, você já está agindo feito uma criança. Eu vou dar uma volta, quem sabe quando eu voltar você esteja mais calmo, daí conversamos.
E sem dizer mais nada, ela se levantou, deixando Evan sozinho com aquele copo de bebida e uma garrafa de whisky na mesa ao lado. Ela sabia que o policial não era acostumado a beber, mas não imaginou que ele ficaria desse jeito. E como não queria brigar com ele, pois sabia do estado dele, optou por deixá-lo sozinho por algum tempo. Era necessário, para ambos. Enquanto Evan, assim que reparou que Melissa saiu, apenas mexeu os braços, como se dissesse que não estava se importando com isso.
– MAS QUE PORRA! – Gritou Arnold, extremamente bêbado, derrubando mais bebida no chão. – Ow, suas vagabundas do caralho – olhou para aquelas garotas que estavam servindo outras pessoas – vocês estão cegas? Tá sujo essa merda aqui, dá pra virem limp-... – soluçou, devido a bebida. – limpar não?
Prontamente, uma das garotas assumiu a tarefa. Enquanto uma outra, tratou de encher o copo do prefeito mais uma vez. Mesmo que ele fosse insuportável e tivesse todos os defeitos do mundo, o fato era o mesmo: o principal patrocinador de Luna Strike era ele, ou seja, a maior parte dos lucros daquele bordel vinha dele. E tanto Alice, quanto aquelas garotas, não podiam se dar ao luxo de tratá-lo mal, arriscando perder um cliente com tanto dinheiro assim, e de renome também. Afinal, era o prefeito.
Mas só elas sabiam a vontade que tinham de enfiar aquele copo e garrafa bem na goela do prefeito, porém ficavam só na vontade. Torcendo para que um dia isso se torne possível e não apenas mais um desejo. Até lá, teriam que continuar aturando.
Arnold, dessa vez, estava mais bêbado do que o normal. Estava triste, com raiva, furioso, confuso. Após sua briga com sua filha, Eva, que acabou expulsando-a de casa, Arnold não parou quieto. Não conseguia aceitar que sua própria filha se virou contra o próprio pai, depois de tudo. Completamente furioso não viu outra maneira a despachar sua raiva a não ser em bebidas, então desde o momento da briga Arnold não parou de beber. Por um minuto sequer e não iria parar tão cedo. Iria se vingar de sua filha, por todo desrespeito, mas ainda não era o momento. Queria extravasar de vez, ou seja...
(*)– E-Ei! – Gritou a garota limpando o chão na frente do prefeito ao sentir ele apertando sua bunda. Ela rapidamente se levantou, incrédula. – O que o senhor está fazendo?
– É mal de puta ser burra, é? – Soluçou outra vez, rindo debochado. – Continue limpando essa merda, e deixe de reclamar. Você está aqui pra isso mesmo, porra.
A garota por sua vez ficou com os olhos cheios d'água, não sabendo o que fazer. As garotas do The Queen sempre foram muito respeitadas, por todos os clientes, sem exceção. Ela então, confusa, olhou para Mary, a esposa do prefeito, a mesma apenas deu de ombros e continuou bebendo sua água. Após, olhou para suas outras colegas de trabalho, que a olharam de volta concordando com a cabeça. Sinalizando que ela deveria continuar com suas obrigações, sem reclamar. Alice era realmente uma mãe para as garotas, mas como dito, não podiam se dar o luxo de perder um cliente daquele.
– Anda, sua piranha de merda. – Bebeu mais do álcool em seu copo, soltando alguns soluços por conta da bebida, mantendo aquele riso malicioso entre os lábios.
Enquanto a mesma, só sabia chorar, terminando de limpar o chão. O pior momento foi quando ele se empolgou ainda mais, ele colocou as mãos por debaixo de suas roupas, inclusive as íntimas. Tocando-a diretamente na pele. Uns arrepios horríveis foram se passando pelo corpo da mulher, que não podia fazer literalmente nada, apenas aceitar.
A cena foi horrível, grotesca, todos em volta permaneciam assistindo aquilo, sem poder fazer nada para parar aquilo. Infelizmente, Evan estava em outro andar, pois caso contrário aquilo não estava acontecendo. Em todo caso, aquilo continuou por mais alguns minutos, até que enfim uma chegada inesperada cessou aquele horror.(*)
– Senhor prefeito, com licença. – Alice exclamou, coçando a garganta para chamar a atenção dele. O mesmo cessou seus movimentos e olhou em direção a loira. – Peço que todos desta sala se retirem e vão para outras salas, há vagas. O consumo é liberado. Vão! – Finalizou com um grito maior. E não demorou para que todos saíssem da sala, mas quando Arnold foi se levantar, ela o interrompeu. – Menos o senhor, por favor.
Dito e feito, após uns instantes a sala ficou apenas com duas pessoas dentro dela; Alice e Arnold. Nem mesmo Mary permaneceu naquele recinto. Em passos lentos, a loira foi até a arquibancada daquela sala e foi puxando as cortinas, para que ninguém visse o que fosse acontecer ali dentro. Agora, com a sala vazia e com as cortinas em volta fechadas, ela andou de forma elegante até o senhor prefeito, pegou uma cadeira e a botou na frente do outro, sentando-se na frente dele.
– Que palhaçada é essa, A-Alice? – Por conta da embriaguez, gaguejou e soltou outro soluço. – Você é velha demais pra mim, não faz o meu tipo porra!
– Eu serei clara e direta, senhor prefeito. – Utilizando de seu tom baixo e suave de voz, ela começou. Mas antes pegou um cigarro dele, que estava sobre a mesa a frente. Em seguida, o isqueiro do mesmo, acendendo o cigarro para fumá-lo.
– Ei, não deixei você pegar minhas coisas!
– Shhh! – Com a mão livre, ela colocou o dedo em sua própria boca, sinalizando para que ele se calasse. E aquilo o deixou furioso.
– Você tá fazendo "shh" pra mim, sua filh-...
Antes que ele terminasse de falar, rapidamente Alice levantou uma de suas elegantes pernas e deu um forte chute na barriga do prefeito, utilizando seus belos saltos vermelhos. Empurrando-o para trás, caindo com a cadeira e tudo. Por conta do álcool, ele não conseguiu se recompor a tempo, então ficou caído ali sem conseguir se levantar. Ora, Alice apenas aproveitou. Se levantou e foi em direção dele, e encostou seu salto direto bem sobre o meio das pernas dele. Após uns segundos, fez pressão com seu pé para baixo, para que causasse dor naquele homem.
– Na próxima vez que tocar em alguma das minhas garotas, sem o consentimento delas, eu corto seu pau fora e enfio a sua goela baixo. – Fez mais força com o pé, enquanto prefeito ia se contorcendo de dor no chão, tentando tirar o pé dela de cima de seu pênis. Mas não conseguia, estava bêbado demais para isso. – Dinheiro nenhum vai silenciar minhas meninas, e muito menos eu.
– V-Você me p-pag... – Outra vez, foi interrompido
– Outra coisa. – Deu mais um trago naquele cigarro, mas logo fez uma cara feia, não gostando daquilo. – Esse seu cigarro é uma merda, hein? – Jogou o cigarro sobre ele e simplesmente saiu de cima do mesmo, desfilando até a porta daquela sala.
Ao sair da sala, viu Mary encostada na parede, bebendo mais água...
– E você, senhorita – Alice apontou para ela – é uma vergonha para nós, mulheres, deveria se envergonhar a estar prestando este papel ridículo.
Mary, por sua vez, apenas abriu um pequeno sorriso e deu de ombros. Pouco se importando com as palavras da Edwards, que só revirou os olhos e saiu dali.
– Pensei que nunca fossem desgrudar de você, ao menos por um segundo.
– Hm? – Evan, com a cabeça abaixada, apenas sussurrou. – Não quero saber quem é, apenas me deixe sozinho, por favor.
– Já faz algum tempo desde o dia em que perdeu para mim, Evan... – O outro homem disse, em tom ríspido e seco. Mas logo se sentou ao lado do outro.
– Espera, essa voz... – Levantou rapidamente a cabeça e abriu os olhos, olhando para o seu lado. – N-Noah? – Ficou surpreso ao vê-lo ali.
Depois do embate que tiveram no porto, sobre as mercadorias ilegais, não haviam se encontrado outra vez. Iam ter se encontrado, para resolverem juntos o assunto dos alemães. Mas não foi assim que foi finalizado a história. Porém, mesmo sem vê-lo por todo esse tempo, Evan não o tirou da cabeça, pois ainda iria provar sua ligação com a morte dos alemães. Em todo caso, não podia imaginar o que ele estaria fazendo no The Queen, sem o Morgan, sua irmã Lilith, ou mais... Por quê sentou ao seu lado?
– Eu fiquei sabendo que você ainda está analisando a situação daqueles alemães, não é? – Noah perguntou, olhando em frente, sem fazer contato visual. Apenas ouviu um "sim" baixo de Evan. – Você tem razão, Evan. Todo esse tempo, você teve razão.
– O que? Como assim? O que está querendo dizer?
– Fui eu quem matou aqueles alemães. – Respondeu frígido, olhando para o lado, fazendo enfim contato com o policial. – Eu joguei fogo em todos eles, vi eles virarem cinzas, diante dos meus olhos. Eu trouxe para eles o inferno que eles mereciam. – Evan não conseguia ter reação, apenas ficou imóvel com aquelas confissões.
– Por que você está dizendo...
– E mais, lembra do caso da família Smith, no início do feriado Spring Break, dois anos atrás? Fui eu também. E caso queira, eu posso te dar outros nomes de pessoas que eu matei. E que saber? – Aproximou seu rosto até o ouvido de Evan, sussurrando. – Eu mataria todos eles de novo, um por um.
Aquilo foi o estopim para Evan, naquela altura do campeonato toda sua embriaguez já foi embora, ao menos boa parte dela. Ele não teve outra reação a não ser levar seu punho, fechado, em direção ao rosto do mafioso, querendo socá-lo. Mas os reflexos de Noah estavam em dias, conseguiu segurar o soco dele, com sua própria mão. Evan não desistiu, tentou chutá-lo, porém era em vão. Noah apenas deu um pulo para trás, chutando a cadeira que estava sentado em direção de Evan, que botou os braços na frente do corpo para se defender, deixando a tal cadeira cair direto no chão.
Pensando que seria seu momento de atacar, Noah botou as mãos dentro do bolso de seu paletó para retirar uma arma. Entretanto não era o único que tinha cartas na manga. Ainda sentado em sua cadeira, Evan apenas se abaixou e puxou o tapete debaixo de si, conseguindo derrubar seu inimigo. Para aproveitar a oportunidade, correu em direção dele, pulando em cima do mesmo, botando suas pernas sobre as dele, impossibilitando que ele saísse dali. Logo mais, fez o mesmo com os braços dele. Sendo questão de minutos para que conseguisse deixá-lo completamente imóvel abaixo de si.
– Xeque-mate. – Evan disse, abrindo um pequeno sorriso.
– Ok, e agora, o que vai fazer? – Perguntou indiferente, aceitando que naquele momento não conseguia de fato se soltar. – Vai me prender? E vai alegar o que? Que eu, do nada, vim até você e confessei tudo? Será que vai funcionar? Não sei, você pode tentar.
– Tsc! – Bufou, pressionando os punhos dele contra o chão. Agora, voltando a ficar irritado, sem seu sorriso no rosto. – Então fala o que você quer falar!
– Além de tudo do que eu te falei, você também não está curioso para saber o que o Morgan, a Edwards e seu chefe conversaram naquele dia, sem você? – Assim que perguntou, Evan arregalou os olhos. – Foi o que eu presumi. Até hoje você não faz a menor ideia do que houve naquele dia. – Fechou os olhos.
– O que você quer com esse teatro todo? – Perguntou, chacoalhando o homem preso abaixo de si. Mas obteve apenas o silêncio. – Diga, Noah, o que você quer de mim?
– Eu – frígido e ríspido, abriu os olhos, olhando fundo nos olhos azuis dele. Evan sentiu um arrepio e frio na barriga, vendo-o lhe encarar dessa forma. – quero jogar com você.
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