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Décimo Segundo Capítulo.

[CAPÍTULO DOZE]

1920.

Primavera. [12/13]

22:00pm.

E onde ela está? – Nervoso, indagou Morgan. Sequer conseguiu ficar sentado, então levantou-se para ficar andando de um lado para o outro. – Essa fedelha, em que ela está pensando? Isso é falta de surra. Quando eu a encontrar, darei uma lição nela. Coisa que você – apontou para Sebastian sentado na outra beirada do sofá – deveria fazer, já que é o pai daquela pequena capetinha.

– Você não vai encostar um dedo nela, desgraçado! – Sebastian levantou-se junto. – Se encostar um dedo nela, eu mesmo mato você. Está me ouvindo?

– Do mesmo jeito que matou a Lau-...

– PAREM, VOCÊS DOIS! – Alice levantou-se também, gritando mais alto que os outros dois. Desse jeito, conseguindo chamar a atenção daqueles dois teimosos. – O que está em jogo aqui é muito mais do que o egocentrismo de vocês, são aqueles dois. Então, deixem de ser crianças por mais alguns minutos e sentem essa bunda velha de vocês no sofá. – Ordenou, e mesmo que petulantes, os dois atenderam o que foi dito.

– Qual o paradeiro dela, Alice? – Mais calmo e sentado, perguntou o chefe da delegacia enquanto os outros dois sentaram logo em seguida. – Preciso encontrar a minha filha.

– Eu não sei. E é exatamente por isso que essa conversa tinha que ser apenas entre nós três. – Abaixou a cabeça e suspirou. – Desde quando tudo isso começou, ela vem me ameaçando, a ficar longe dos gêmeos e não interferir no caminho deles. Toda vez que eu tento fazer algo, ela descobre. Porém, ela não desconta em mim diretamente.

– Aquela ajuda que você deu a Noah... E a garota que trabalha com você sendo assassinada naquele mesmo dia? – Questionou Morgan. – Quer dizer que...

– Sim, foi ela. Ela descobriu que eu ajudei o Noah e, para me punir, matou uma das minhas garotas. – Ao falar aquilo, os outros dois arregalaram os dois. – Desse jeito, eu estou há anos tentando descobrir aonde ela está. Para resolver isso, entre nós duas. Eu não queria envolver os meninos, vocês dois. Eu não queria envolver mais ninguém.

– Você não tem esse direito, Alice. São os meus filhos. Deveria ter me avisado! – Reclamou o policial. – Ainda mais sabendo que um deles está na mão – olhou de cima abaixo Morgan ao seu lado – deste criminoso.

– Eu tenho certeza de que o eduquei melhor do que você seria capaz. Podemos ver pela Cristal, não é? Mas não me surpreende, ela puxou o lado assassino do pai. – Respondeu Morgan, abrindo um sorriso debochado. – O Noah é o meu filho!

– Vocês ainda não entenderam, porra? – Outra vez, Alice gritou. – Não interessa agora de quem eles são filhos e sim a vida deles! É questão de tempo até Cristal descobrir que vocês ficaram sabendo de tudo. Eu sinceramente não sei o que ela será capaz de fazer... Agora não é apenas eu que estou neste jogo, vocês dois também.

– Então você está dizendo para tudo continuar... Como está? – Questionou o mafioso. – Acabamos de descobrir que os filhos da Lauren estão vivos e estão pertos de nós, e que foi aquele pequeno demônio que causou isso tudo. Inclusive... Naquele dia, em que você me trouxe o Noah, aquele outro bebê...

– Quando nos separamos naquela noite, em busca de encontrá-los. Eu os encontrei. Mas, eles não estavam sozinhos... – Disse entristecida.


Há vinte anos...

Em meio aquela chuva forte e relâmpagos, Alice continuou correndo por aquelas ruas atrás dos bebês de Lauren, que haviam sido levados embora por Cristal. Iria se culpar pelo resto de sua vida caso não encontrasse os meninos. Afinal, foi ela quem os tirou do hospital, após Lauren vir a óbito. Então não conseguia ficar calma até encontrá-los, para que possa colocá-los em um lugar seguro. Mesmo que sua cabeça estivesse a mil por hora, com tantos pensamentos passando pela sua mente. Porém o principal envolvia a pequena Cristal, a filha mais velha de Lauren. Por quê ela faria uma coisa dessas? Pegar dois recém-nascido e simplesmente... Sumir com eles?

Por conhecer Alice há bastante tempo, desde a infância, a acompanhou por todas as fases de sua vida. E ao fazer esforço, conseguia se lembrar quando Lauren anunciou estar grávida de gêmeos. Em seguida, foi lembrando das reações que Cristal foi tendo com o passar dos meses; ela não queria irmãos. A pequena Miller sempre foi muito apegada a mãe, ficando ciumenta caso alguém se aproximasse dela. Entretanto, para Alice, aquilo era apenas coisas de criança. Nunca achou que ela seria capaz de fazer algo que colocasse a vida de seus irmãos em perigo. Ela só tinha dez anos...

E Lauren não estava mais tão presente, e devido as atuais circunstâncias, não poderia deixar nas mãos do pai da garota. Até porque, por ser a melhor amiga de Lauren e madrinha de Cristal, poderia ser considerada uma segunda mãe daquela criança.

Em passos largos e rápidos, entrando nos becos mais estreitos e escuros, Alice continuou correndo pelas ruas desertas de Sheerground. Sempre foi uma mulher decidida, não iria voltar até encontrar o que foi procurar. Eis que, um som chamou sua atenção. Choro, sim, era choro, de bebê. Naquele instante a loira arregalou os olhos, esperançosa correu na direção daqueles sons. Mesmo que tivesse que passar por mais lugares pequenos, vazios e escuros. Só queria encontrar seus afilhados.

Mesmo que demorasse, ela os encontrou ao virar e entrar em um outro beco. Não demorou mais que alguns segundos até que ela avistasse não apenas os recém-nascidos, mas também sua pequenina, Cristal Miller.


– M-Minha pequenina... – Com os olhos lacrimejados, correu na direção dela enquanto um enorme sorriso fez-se em seu rosto. – Onde você estava? Eu estava tão preocu-...

– P-Pare! – Completamente fria e direta, sem qualquer tipo sorriso em seu rosto e/ou expressão de felicidade, gritou Cristal, com sua voz infantil. Alice cessou os passos, não reconhecendo aquela criança na sua frente.

– O q-que...? – Sequer conseguiu andar mais, ou dizer algo. Aquela não era a Cristal que conhecia. Definitivamente, não era. Assustou-se mais quando viu um homem saindo das sombras de trás daquela criança, apontando uma arma em sua direção.

– Minha p-pequena, eu entendo, você deve estar triste, confusa... – Em passos lentos e as mãos na frente do corpo em sinal de defesa, tornou a andar na direção dela. – Mas olhe para mim, vai ficar tudo bem. Se afaste deste homem, ele está armado, é peri-...


O homem misterioso atrás de Cristal se abaixou atrás da garota e começou a sussurrar umas coisas em seu ouvido, enquanto a pequena permaneceu fria, tentando segurar a tremedeira, apenas foi concordando com a cabeça, sem tirar os olhos de Alice.


– PA... PARE!! – Gritou Cristal, ainda mais alto enquanto o homem atrás de si disparou com a arma no chão bem frente a Alice, forçando-a a parar. Vendo que conseguiu, tentando manter-se firme, a pequena garota olhou para trás, querendo ver o homem atrás de si. Ele apenas concordou com a cabeça e fez um carinho no ombro dela. Mesmo que durando apenas um segundo, Cristal sorriu, mas depois voltou a olhar a mulher loira logo à frente.

– C-Cristal, o que você está... Fazendo? – Deu uma pausa, mas logo continuou. – Me devolva os bebês, por favor. Eles não têm nada a ver com isso tudo, e são seus irmãos. Seja lá o que você estiver querendo com isso, vamos conversar somente eu e você, pode ser? Este homem – olhou para o tal, mas não conseguia identificar quem era, pois estava todo encapuzado – pode mandá-lo embora, por favor?


Sem dizer nada, apenas com um bebê em mãos, andou na direção de Alice, mas mantendo uma curta distância. Olhou-a nos olhos por uns segundos antes de se agachar e botar aquele bebê no chão, em seguida tornou a se levantar e voltou para onde estava. Alice sem entender nada, aproveitou a oportunidade e correu na direção do neném, pegando-o sem demorar muito. Protegendo-o de toda aquela chuva, mesmo que ele não parasse de chorar por um segundo sequer.


– O outro, Cristal. Me dê o outro bebê, por favor. Deixe-me levá-los, não faça nada que você possa se arrepender demais. Você é apenas uma criança, não s-...

– Entregue este para o Morgan e não diga nada sobre o que houve aqui. – Interrompeu a Edwards outra vez, mantendo toda a rispidez e frieza em suas palavras. Repetindo tudo o que o homem atrás de si sussurrou em seu ouvido. – Diga apenas que o... Encontrou. Deixe-o criá-lo. – Depois de uns segundos ouvindo tudo o que era dito em seu ouvido, as disse em alto e bom som. Queria se provar que era capaz de fazer aquilo. – Você descobrirá aonde está o outro bebê. – Ouviu outros sussurros no seu ouvido. – Porém, em hipótese alguma, se meta no crescimento deles. Fique longe dos dois.


Conforme Alice foi ouvindo aquelas palavras, proferidas por Cristal, de apenas dez anos, não podia acreditar. Aquela não era a sua pequenina, não era. Sabia que aquele homem atrás dela era o responsável por colocar esses pensamentos absurdos na cabeça da criança, forçando-a a dizer aquelas coisas. Mas, o que poderia fazer agora? Sem encontrar uma resposta, tanto Cristal quanto o homem misterioso viraram-se de costas e se afastaram dali, sumindo em meio aquela escuridão daquele beco vazio. A mais velha ficou ali, apenas observando eles sumirem. Não sabia o que fazer em seguida; iria atrás deles? Procuraria deixar o bebê em seus braços em segurança em primeiro lugar? Faria o que Cristal pediu e levaria o recém-nascido para Morgan? Mas como chegaria apenas com um bebê, sem poder dizer a ele o que aconteceu?

Porém uma coisa era certa, o próximo movimento de Alice seria para sem dúvidas proteger e priorizar os bebês de Lauren, iria dar um jeito de solucionar aquilo tudo.

Atualmente...


– O outro, eu voltei até o hospital e sem ser vista, peguei um recém-nascido que já tinha nascido morto. O restante, você já sabe como aconteceu... – Suspirou a loira.

– É claro! A minha filha era apenas uma criança, não iria conseguir pensar em tudo aquilo sozinha. Este homem que estava com ela, possivelmente é quem a tornou desse jeito e está por trás de tudo isso. – Falou Sebastian. – Precisamos descobrir quem é este sujeito que está com a Cristal. Encontrando um, encontramos o outro.

– E quanto aos... Garotos? – Morgan jogou a cabeça para trás e cruzou os braços, pensativo. – Depois de tantos anos, eles merecem saber a verdade. Mesmo não indo com a cara daquele... Engomadinho, é o irmão do meu filho.

– Não é uma boa ideia deixar o Evan saber que o irmão dele é um mafioso e faz parte de uma das maiores máfias dos Estados Unidos. – Olhou para o criminoso e também cruzou os braços. – Eles tiveram vidas completamente diferentes. – Finalizou o policial.

– Mesmo que a gente não conte, a Lilith descobriu. E mesmo que a gente peça, ela não vai conseguir segurar essas informações do Noah. – Suspirou Alice. – Temos que contar, ao menos a parte em que são irmãos. Que inclusive, é a única parte que Lilith sabe. O restante da história, vamos pedindo cada vez mais tempo a eles, para nos dar mais tempo de encontrar Cristal e o tal homem que está com ela.

– Você sabe que isso não vai funcionar por muito tempo, não é?

– Será o suficiente. E, quando chegar o momento certo, deixe que eu mesma conto para eles o início de toda essa história. Por favor, deixe-me fazer isso... Pela Lauren, seria o que ela iria querer. E vocês dois sabem disso. – Ao terminar de falar, reparou um silêncio reinar naquela sala. Mas logo, após Sebastian e Morgan se olharem, direcionaram seus olhares a Alice e assim, concordaram com a cabeça. – Obrigada. – Respondeu com um grande sorriso, juntando as mãos na frente do peito.

– E ah, de nada, por ter te tirado da cadeia, viu? – Debochou Morgan, botando as pernas em cima da pequena mesa em frente do sofá.

– Você não fez nada. Outra pessoa apareceu assumindo a culpa pelos crimes e... – Conforme Sebastian foi falando, foi ligando os pontos. Enquanto o mafioso, apenas foi rindo. – Foi você, quem mandou aquele sujeito se passar como culpado ne?

– O Noah estava no meu pé, para tirar ela logo de lá. E como eu sabia que você não iria fazer nada, fiz do meu jeito. E funcionou. Não se preocupem, aquele sujeito não tinha uma passagem pela polícia. Então vai ser absolvido e liberado rápido, por ser a primeira vez lá. Ainda vai ganhar cem dólares quando sair.

– O cara fez isso... Por cem dólares? – Alice juntou as sobrancelhas, incrédula. Morgan continuou rindo, ainda mais alto. Enquanto o policial bateu na testa com uma das mãos, movimentando a cabeça negativamente.

08:55am.

Enfim, outra semana ia começando na cidade de Sheeground. Para a maioria dos habitantes, queriam que essa nova semana trouxesse o que a anterior não trouxe: paz e sossego. Até porque, alguns ainda estão demorando para digerir tudo o que aconteceu nos últimos dias. De fato, não era uma tarefa simples ou fácil. Mas, de início, era como se o tempo os estivesse ajudando com aquele sol forte, iluminando-os de algum jeito. Ainda era Primavera, então não fazia frio, nem tanto calor. Era o suficiente para que saíssem de casa sem uma necessidade de um agasalho a mais.

No caso, há quem fugisse da regra, como em todo caso.


– Como eu estou? – Perguntou Eva, de frente para o espelho. Mesmo que já estivesse pronta para as entrevistas, era como se sentisse que faltasse algo. Estava preocupada. Aquela seria a sua primeira entrevista em rede nacional, para todos do país verem. Finalmente, o primeiro passo foi dado. Não poderia estragar tudo logo agora.

– Está linda, senhorita Gonzales. – Respondeu a assistente dela, passando as mãos nas madeixas loiras e brilhantes da garota.

– Meu Deus, então eu devo estar horrível. – Sussurrou para si, mas não o suficiente para que a outra não escutasse. Ainda receosa com a sua própria aparência, ouviu alguém batendo na porta de seu camarim. – Pode entrar.

– Senhorita, cinco minutos para entrarmos no ar. Está na hora.

– Certo, já estou indo. – Ela concordou com a cabeça, olhando-o pelo espelho.


Enquanto o homem que acabara de entrar, saiu, olhou-se por mais uns segundos no espelho. Querendo descobrir o que estava faltando para ficar perfeita, mas não conseguia saber o que era. Mesmo que não tivesse do que reclamar referente a sua aparência e a roupa escolhida para hoje; uma blusa social branca, de botão, com manga curta, um pequeno cinto preto envolto da cintura, mas passando pela blusa e uma saía preta, que ia até os joelhos. Além dos seus sapatos de salto, da mesma cor de sua saía. Não eram aquelas roupas que a estava lhe incomodando e muito menos o seu rosto, que se encontra impecável. Então, não sabia o que era.


– Caramba, hoje está mais quente do que ontem... – Sussurrou a assistente ao lado de Eva, para si própria. Porém a loira ouviu e foi aí que percebeu algo.

– É isso. – Olhou rapidamente para a moça ao seu lado. – Pegue aquele blazer preto, que eu trouxe. É isso que está faltando, eu tenho certeza.

– N-Nesse calor, senhor-...

– Você está aqui para me obedecer, não é? – Ao perguntar, a outra concordou com a cabeça. – Pois ótimo. Então vá logo! – Ordenou, mas sem levantar muito seu tom de voz. Não fazia parte de seu feitio falar alto, gritar ou derivados.


Sem retrucar, sua assistente saiu dali, para fazer o que lhe foi ordenado, enquanto Eva ficou olhando-se no espelho, admirando-se cada vez mais. Perdida em sua própria beleza, que sequer reparou a moça retornar com seu blazer, só percebeu assim que a outra foi vestindo Eva com aquela peça de roupa. Conforme ia colocando aquele blazer, um sorriso maior ia se criando entre seus lábios. Era aquilo que faltava. Agora sim estaria aparentando uma verdadeira mulher de negócios e não apenas uma garota. Mesmo que não fosse o tempo mais apropriado pouco importa, queria estar perfeita.

E enfim, estava.

Em seu clímax de auto estima e confiança, ela saiu de seu camarim, acompanhada de sua assistente. Passou por uns corredores e por algumas pessoas até chegar ao seu objetivo final, que pouco se importou com a escassez de elegância daquele lugar. Mas sabia que naquele momento não podia se concentrar nesses detalhes supérfluos, sempre foi muito decidida e determinada, perder o foco não fazia parte de sua personalidade. Então, abriu um grande sorriso entre os lábios assim que passou pela última porta antes de avistar aquela multidão mais a frente lhe esperando. Ficou ainda mais feliz quando começou a ouvir aplausos e pessoas chamando pelo seu nome em meio aqueles cidadãos, sentiu-se mais confiante do que antes. Naquele momento não era a garota Eva, aquela menina sob os cuidados do papai, não, era Eva, uma verdadeira mulher. Sendo a primeira vez em que sentiu isso correr pelas suas veias.


– Obrigada, muito obrigada. – Agradeceu Eva, chegando em seu balcão, conseguindo falar perto do microfone que tinha ali. – Bom dia a todos que estão aqui e – olhou em direção as câmeras mais a frente – a todos que nos acompanham de casa. Estou muito feliz e empolgada de estar com vocês aqui hoje. – Juntou as mãos na frente do corpo, sem tirar por um segundo o sorriso em seu rosto. Olhando para todas aquelas pessoas que estavam ali para ver sua palestra ao vivo e a cores.

– Está pronta para as perguntas, senhorita Gonzales? – Perguntou o representante oficial daquela palestra, a moça de madeixas douradas apenas concordou sorridente. Ele então, direcionou seus olhos àquela grande plateia. – Quem vai começar?

– Eu! – De imediato um cidadão levantou a mão, não demorando até que um assistente se aproximasse dele com um microfone, para que ele pudesse falar. – Como morador da parte sul da cidade, estou acompanhando de perto o que a senhorita está fazendo por nós. Muito, muito obrigado. – Falou sorridente, dando uma pausa, mas logo continuou. – É claro que é muito diferente do seu pai. Até que ponto são diferentes?

– Ótima primeira pergunta, meu senhor. – Ela começou a responder, da forma mais suave e amena. – Há tempos que eu não compactuo com a maioria dos pensamentos que meu pai tem para com esta cidade. Não que eu esteja aqui para falar mal de quem me deu a vida, claro que não. Mas – esperou uns segundos para falar – digamos que nossas personalidades são bem diferentes.

– Diferentes... Como?

– Como bem sabem, meu pai é um homem impulsivo e impaciente. Isso, claramente, já trouxe inúmeros benefícios a ele e a esta cidade. Porém, os tempos mudaram. Não é isso que Sheerground precisa no momento, e é o que venho debatendo com ele já não é de hoje. Todo canto desta cidade importa, sem tirar, nem por. Se em uma parte está desfavorecida, e daí que gastemos um pouco dos nossos recursos para melhorá-la? Somos uma família, independente se moramos no sul ou norte da cidade. Somos um.


Assim que terminou de falar, os aplausos começaram a surgir no mesmo instante. Cada vez mais altos. Deixando Eva bem emocionada. Ela sabia que não seria fácil desbancar o seu pai, depois de tantos anos no comando. Entretanto, a julgar pelo início de sua palestra poderia dizer que começou bem. Tolo é aquele que iria a subestimar, apenas por ter dezessete anos. Todos estes anos trancada dentro de casa sem poder sair, por ordens de seu pai, trouxe resultados mais que imagináveis.

Seria um longo caminho, deixar de ser aquela garota protegida cem por cento pelo pai, que não podia sair direito nem para ir comprar um pão, para ser uma mulher, uma que vai atrás de seus objetivos e sonhos. Ambiciosa e decidida, Eva iria chegar lá. Independente do que precisasse fazer.

Tinha lados parecidos com o de seu pai, afinal.

Enquanto uma parte da população já estava fora de suas camas, com seus dias iniciados, havia outra grande parte que estava fazendo exatamente o oposto. Afinal, não era como se todos tivessem a mesma obrigação de acordar as nove horas da manhã. Sim, era uma segunda feira, início de semana..., mas, quem se importa? Beatrice Florence que não. Depois de ter invadido o estabelecimento de Alice Edwards, viu o término daquela situação como uma vitória. Claro, uma vitória. Além dos prejuízos financeiros que deu para sua adversária, ainda se livrou da polícia, não precisando mais ficar com tanto rabo preso quanto tinha antes. Desde então, todo dia era uma festa diferente para Beatrice. Até porque, com Alice fora do caminho e seu bordel também, os visitantes do Pandora Box aumentaram de forma surpreendente. Com isso, os bolsos da dona também. E na pior das hipóteses, tinha Demi para auxiliar no que fosse preciso. Então, por quê não aproveitar essa pseud. férias?

Entretanto, um dos piores defeitos da Florence era subestimar o seu adversário, mesmo que a rivalidade com Alice exista há anos. Ela não aprendia com o próprio erro. Enquanto a loira, aproveitava o máximo disso. Afinal, saiu não só do hospital, como da prisão, com ajuda de Morgan. Estava livre outra vez, liberada de qualquer acusação contra ela e o mundo voltou a ser seu. Ela sabia que, como uma verdadeira mulher de negócios, tinha assuntos a tratar antes que começasse bem a sua semana.


– Ela está lá em cima, não está? – Alice apenas empurrou a porta da entrada principal do Pandora Box e entrou, sequer pedindo licença ou algo do tipo. De imediato, viu algumas das garotas ainda limpando o salão principal, já conseguindo ver que sua adversária aprontou um bocado ali na noite anterior.

– Para uma idosa, é muito mal educada. – Disse Demi ao ouvir a voz de Alice. – Não sabe bater antes de entrar? – A outra apenas ignorou, vendo o estrago que estava aquele estabelecimento. – A senhorita Florence está ocupada. Marque uma hora.

– Marcar... Uma hora? – Alice suspirou e riu. Instante depois olhou para a mulher a sua frente. Dando uns passos mais a frente dela. – Eu não marco hora, meu bem. Você por acaso tem ideia de com quem você está falando? – Demi permaneceu séria, não se deixando intimidar pela mais velha. – Eu sou a porra da Alice Edwards, dona de um dos bordeis mais famosos e bem sucedidos dos Estados Unidos, tenho contatos com pessoas que você jamais sonhou em conhecer um dia. – Naquele momento, a mais nova engoliu a seco e deu um passo para trás.

– V-Vá embora, agora! – Tentando sair daquela situação, Demi gritou.

– Eu poderia rasgar a sua garganta com o canivete que está por debaixo da minha manga. – Sussurrou ao chegar mais perto dela. Deixando Demi ainda mais assustada, começando a demonstrar isso. – Mas não abuse da sorte, boneca. – Levou uma das mãos até o rosto de Demi e deu um leve tapa ali, de forma amena, sem machucar, abrindo um pequeno sorriso. – Fique aqui e não deixe ninguém subir. Eu e sua chefe precisamos ter uma conversa de mulher para mulher. Você... – a olhou de cima abaixo – não entenderia o que seria isso.


Ela terminou ali e passou direto por Demi, que ficou imóvel, não conseguindo dizer mais uma palavra. O braço direito de Beatrice já ouviu falar daquela mulher, mas não imaginou que ela seria tão... Desse jeito. Ainda impacta, que ao virar de costas era tarde demais, Alice já estava subindo as escadas atrás de si para ir até o quarto de Beatrice. Se fosse contra o que a loira falou, poderia colocar sua própria chefe em perigo, então por hora resolveu não arriscar. Afinal, o que teria de demais em uma conversa entre duas rivais que podem se matar, literalmente, a qualquer instante?

Alice Edwards, por sua vez, com seu andar fino e sofisticado, como uma verdadeira dama, seguiu seu caminho por aqueles corredores. Sabia muito bem para onde estava indo. Conhecia Pandora Box tão bem quanto a dona, afinal estavam juntas na criação deste projeto, aonde foi Alice um dos suportes para Beatrice conquistar aquele espaço. Então, ficar perdida ali dentro não era sequer uma hipótese.

Por fim, após andar mais um pouco ela chegou no quarto de quem queria. Lentamente, abriu a porta, vendo o que já imaginou; Beatrice estava no décimo sono, provavelmente devido a tanta bebida alcóolica que usou na noite anterior. Com passos lentos Alice caminhou até a cama dela e abaixou seu braço direito e fez um movimento circular com a mão, fazendo com que um canivete saísse de sua blusa de manga cumprida. Talvez a ameaça que fez a Demi, tinha seu fundo de verdade. Porém a outra não seria tola o suficiente para arriscar. Ao menos por enquanto.

Em seu mais profundo sono, Beatrice nem notou a entrada de Alice, tão pouco a aproximação dela. Apenas quando sentiu algo tocando sua garganta e uma respiração ofegante bem sobre seu rosto, foi quando cerrou as pálpebras antes de abri-las. No mesmo instante viu o rosto de Alice sobre o seu e uma pequena lâmina de canivete encostando bem sobre sua garganta. Arregalou os olhos, surpresa com aquilo. Enquanto a loira apenas sorriu debochada, gostando de vê-la naquele estado.


– Da próxima que você chegar perto do meu negócio ou encostar em um fio de cabelo de alguma das minhas garotas, acordará com esta belezinha cortando sua garganta. – Disse suavemente, em um tom baixo, porém mortal. – Fui clara?

– S-Sua... V-Vagabunda... – Bufou Beatrice, começando a tremer de ódio. Olhando fixamente naqueles olhos castanhos da loira.

– Isso tem a ver conosco, apenas nós duas, não envolva quem não deve nisso. Se eu tiver que vir te procurar outra vez, não vai ser para conversar, Beatrice.


Ao receber o silêncio da mulher de madeixas escuras, Alice deu um último sorriso e se afastou dela, indo em direção a saída daquele quarto. Enquanto Beatrice apenas levantou a cabeça para vê-la desfilando até sair daquele cômodo. E apenas a Florence sabia o quanto aquele jeito arrogante e soberbo de Alice a deixava com raiva. O suficiente para não pensar duas vezes antes de, discretamente, retirar uma faca de debaixo de seu travesseiro e rapidamente levantou-se da cama. Sem perder mais um segundo, correu em direção de Alice, querendo apunhala-la pelas costas.

Entretanto, os reflexos da outra estavam mais apurados. Antes que aquele golpe lhe acertasse, Alice se virou e pegou na mão armada de Beatrice, parando seu movimento. Enquanto com sua outra mão, encostou novamente aquela lâmina no pescoço dela.


– Você é uma chacota...


Sussurrou Alice, enquanto Beatrice permaneceu imóvel com aquela arma branca podendo lhe cortar a qualquer instante. Porém seus dentes batiam fortemente, conseguindo ficar com mais raiva a cada segundo que permanecia vendo a loira bem na sua frente. Seu corpo todo tremia de ódio, e o motivo maior disto é que não conseguia fazer nada naquele momento para virar o tabuleiro do jogo.

Não querendo ouvir mais nenhuma palavra de Beatrice, Alice levantou sua perna direita e deu um forte chute na barriga da outra, empurrando-a direto para o chão.


– Para alguém vencer, é necessário alguém perder. – Disse da forma mais fria possível, agora com Beatrice no chão, com a mão sobre a barriga. – E no instante em que você traiu a mim, e a Lauren, você perdeu.

– A culpa é de vocês duas! – Gritou, batendo com as mãos sobre o chão. Alice ouviu aquilo, sem demonstrar nada. Mesmo percebendo que uma gota de lágrima havia escorrido pelos olhos de Beatrice. – Vocês me descartaram, como se eu fosse uma merda qualquer! – Alice permanece em silêncio. – F-Fala alguma coisa, porra!


Era em vão, Alice apenas movimentou a cabeça negativamente e virou-se de costas, voltando a sair daquele quarto. Enquanto Beatrice, continuou gritando sozinha, querendo chamar a atenção da Edwards outra vez, mesmo que não conseguisse. Demorou apenas uns segundos para que a Florence estivesse berrando sozinha dentro de seu próprio quarto. No ápice de sua raiva, ela se levantou e começou a quebrar tudo que estivesse ao seu alcance. Ela não queria saber o que era, na verdade nem conseguia perceber, pois estava tomada pelo ódio. Não conseguia perdoar Alice e Lauren pelo que fizeram, até hoje carrega isso em seu coração. E nada iria tirar sua sede de vingança dali de dentro. Uma já tinha ido, faltava apenas a outra...

13:30pm.

Em meio a correria de uma cidade grande, todos conseguiam uma pequena pausa para se alimentarem. Ora, após gastar energias em mais diferentes trabalhos não era possível continuar sem antes repor as energias. Mesmo que cada um preferisse à sua maneira, com seu respectivo gosto, não fazia diferença. Felizmente em Sheerground havia inúmeras opções para os cidadãos se alimentarem, tanto em restaurantes e bares, ou para fazerem compras. E claro, por trás de toda refeição, há quem a prepara, que muitas vezes ninguém pergunta nada sobre isso. Devido a depositarem toda sua atenção apenas no alimento em si, errado não está. Mas, não há curiosidade?

Em saber quem preparou, cultivou, arrumou aquele alimento? Trabalhos não tão bem reconhecidos e valorizados, pode-se dizer assim. Porém há quem diz que quem saí perdendo é aquele sem a chama da curiosidade dentro de seu sangue.


– S-Senhor... – Sussurrou Emílio para Noah, ao ver seu capanga chegando com várias sacolas com marmitas dentro. – O senhor trouxe ontem, não precisava trazer hoje também. – Disse sem graça.

– Como já disse, eu assumi um compromisso com vocês. E eu sou um homem de palavra. – Respondeu friamente. – Pode entrar e começar a servi-los, Phillipe. – Virou o rosto e disse para seu assistente parado ao seu lado, com umas sacolas de marmitas dentro. Logo atrás do mesmo, vinha Lilith. – Você pode ajudá-lo, Lilith?

– Claro, será um prazer. – Respondeu a loira, entrando naquele esconderijo logo depois de Phillipe. Mas antes, cumprimentou o velho logo na entrada. – Boa tarde, senhor Emílio. – Deu um breve aceno, que foi retribuído pelo mesmo.

– O que as crianças estão achando das aulas com a Lilith? – Perguntou Noah, agora virando seu rosto para o mais velho na sua frente. Mesmo que em seu rosto aparentasse estar pouco se importando com a resposta que iria ter. Mas era só impressão, era o jeito frio do mafioso mesmo. Emílio já estava acostumado.

– Eles estão adorando a senhorita Rodriguez. – Sorriu. – Sempre antes de dormir, eles perguntam se ela vai voltar no dia seguinte. – Ao terminar de falar, olhou para dentro daquele esconderijo e viu que a maioria das pessoas já estavam almoçando. – Vamos entrar, senhor Noah?

– Eu vou depois, pode indo. – Desviou o olhar no mesmo instante.

– E-Está... Tudo bem? O senhor me parece... Preocupado com algo.

– É impressão. – Respondeu prontamente. – Agora vá, preciso ficar um pouco sozinho, pensar em uns assuntos pendentes.


Emílio só concordou e entrou, deixando o mafioso sozinho. Ele apenas encostou as costas na parede atrás de si, mesmo que isso significasse sujar suas roupas. Não se importava com isso. Tantas coisas passando pela sua cabeça, que seu foco era organizar todos aqueles pensamentos. Por ordem em si mesmo. Mas não fazia ideia do quão difícil era essa tarefa. Felizmente, não estava sozinho.


– Noah – chamou por ele, ao sair do esconderijo e vê-lo logo ao lado – está feito.

– Todos eles estão comendo?

– Sim, todos. Eu mesma me certifiquei de ir em cada um para ver. – Ela respondeu, deixando o mais alto em um curto silêncio. – Você tem certeza disso, Noah? – Outra vez, ele continuou em silêncio. Lilith então suspirou e prosseguiu. – Independente de tudo, você sabe que estarei ao seu lado, para o que você precisar.


Noah era um homem de pouquíssimas palavras, muitas vezes usando suas, poucas, expressões para dizer o que pensa. Então virou o rosto para ela, olhando-a bem nos olhos. Deixando-a um pouco sem jeito. Até que ele abriu um pequeno sorriso entre os lábios. Lilith arregalou os olhos, era a primeira vez que viu o homem sorrindo. Foi de imediato esboçar um outro sorriso e volta, ficando até mesmo arrepiada. O sorriso de Noah valia mais que mil palavras naquele momento, ao menos para sua meia-irmã. Precisava de mais nada, apenas ver aquele sorriso mais vezes. E faria por onde, para conquistar mais disso.

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