Décimo Nono Capítulo.
(Alerta: Pode conter cenas de extrema violência explícita neste capítulo. Será marcada com um (*) no início e final da cena.)
[CAPÍTULO DEZENOVE]
1922.
Verão.
12:30pm.
Deixando tudo isso de lado, Chris não se importou com mais nada. Correndo entre uma rua e outra, em busca de chegar no seu objetivo final, custasse o que for.
Ora, prometeu ajudar Alice, não iria decepcioná-la. Afinal, o apoio que Alice sempre o deu foi diferente de todos os empregos que já passou. Não era como se todos entendessem sua orientação sexual, tinham medo dele, não respeito. Entretanto, com Alice, foi diferente. Ela entendia perfeitamente e foi dando todo apoio que ele precisou.
Ainda mais que... Não tem muito tempo desde o ocorrido.
– É nessa rua, pelo endereço que a Alice me deu... – Disse ofegante, parando de correr por uns instantes. Com aquele papel amassado em mãos, confirmou o endereço. Logo após ele olhou em frente, vendo que aquela rua não era muito movimentada.
Não demorou para reparar um único carro estacionado próxima a uma casa um tanto humilde. Ele analisou o cenário com atenção. Aquele carro não era um qualquer, parecia ser extremamente caro. Sendo que naquela parte da cidade, os moradores não eram conhecidos por terem uma condição acima da média. Então naquele mesmo instante, ficou confuso. Ainda mais quando reparou que a tal casa humilde ao lado do carro era a tal casa que Bethany foi visitar. Foi naquele segundo que Chris percebeu.
– Alice tinha razão, alguma coisa estranha está acontecendo. Espero que eu não tenha chego tarde demais... – Apertou os punhos, trincando os dentes, nervoso.
– Ei, Beatrice, parece que ela está acordando... – Gritou Charles, sentado em uma poltrona vermelha de frente para aquela cadeira. De pernas cruzadas em uma postura elegante, ele levou o charuto até sua boca, tragando-o.
– Porra, que demora! – Beatrice exclamou de volta, retornando da cozinha com um copo de whisky. – Ela falou alguma coisa? – Perguntou, parando em pé ao lado do outro. – Argh! Só de olhar para essa cara de vagabunda já me sobe um ódio!
– O q-que...? – Bethany foi abrindo lentamente os olhos, com a visão levemente embaçada. – V-Vo... Vocês? – Perguntou baixo, conseguindo decifrá-los a sua frente.
Devido a todos os problemas psicológicos que adquiriu após sair do bordel de Beatrice, quando Bethany a viu outra vez, achando que iria encontrar sua mãe, não teve outra reação a não ser desmaiar. Literalmente, apagou. Não conseguia acreditar que depois de tudo que passou, eles voltaram... Não, só podia ser um pesadelo, definitivamente. Com o desespero começando a entranhar por suas veias, debateu-se, mas logo reparou que era em vão. Estava amarrada em uma cadeira. Seus braços e pernas presos a cadeira, não conseguia mexer um membro sequer. Seus batimentos cardíacos foram aumentando mais rápido do que apostas em jogos clandestinos.
Enquanto eles... Beatrice e Charles parados a sua frente, com aquelas expressões maquiavélicas e um sorriso debochado. Há dois anos, quando os via, Bethany não sentia medo, sentia ódio, o mais puro ódio. Porém, agora? Era medo, pavor, desespero, agonia, horror, uma verdadeira fobia.
Para Beatrice, aquela era a melhor cena que poderia ver em sua vida. Nenhum filme ou livro iria conseguir replicar aquela situação perante aos seus olhos. Uma sensação impagável, talvez uma das melhores que já sentiu até o dia de hoje. Ora, Beatrice tinha seus motivos. Bethany afundou de vez os negócios do Pandora Box e após sua fuga o comércio nunca mais foi o mesmo, pois os rumores foram surgindo. Tanto Beatrice quanto Charles foram perdendo muita credibilidade quanto a população. Mas o motivo principal não era esse, realmente não era, Demetria o nome. A cena de sua morte ainda assombrava sua cabeça e pensamentos. Para sua líder, Demetria não merecia morrer, ainda mais nas mãos daquelas "prostitutas sem valor", como as duas se referiam as garotas do Pandora Box. Mesmo que Beatrice tenha conseguido sua vingança ao matar Jade logo depois, ela sabia que a protagonista da situação não era aquela coadjuvante, não, não era, tudo aquilo aconteceu por conta de Bethany. Ela era a verdadeira culpa e merecedora de todas as punições do mundo.
Ah, o Charles? Nenhuma razão em específico, apenas gostava de um bom entretenimento. Suas riquezas não vinham apenas do comércio de Beatrice, tinha outras inúmeras fontes. Porém infelizmente, uma ligação do passado ainda os mantém reféns um do outro. Então no fundo, ele conseguia pensar "e se essa garota me ajudasse com isso?" enquanto permaneceu olhando para Bethany.
Então, por hora, apenas queria ver o circo pegar fogo.
"Qual das duas vai queimar até a morte primeiro?" era o seu principal pensamento.
– Uau, olhe só para ela, está tremendo feito um cãozinho medroso. – Charles debochou, olhando-a de cima abaixo. – Nem parece a mesma garota que eu comprei dos nossos vizinhos. Você foi muito cruel com ela, Beatrice?
– Não o suficiente. – Disse ela dando passos em frente.
– Ei, o que você pensa que vai fazer? – Charles franziu o cenho, não gostando daquela postura da morena. Até que, reparou ela tirando o cinto em volta de sua cintura e parando na frente da loira. – Maluca, você não está pensando em...?
– A ideia de fugir foi dela e graças a isso a Demetria morreu, morreu tentando impedi-la de fugir. Ou seja, essa piranha é culpada pela morte da Demi. – Terminou de tirar o cinto de sua cintura e o esticou com as mãos.
– E daí? Por conta disso você vai estragar a mercadoria? Dessa vez nós a vendemos para um peixe grande, Beatrice. Não podemos entregá-la danificada. Agora que o Pandora Box está em ruínas, esta é a sua chance de ter o dinheiro para alavancá-lo outra vez. Não seja estúpida, ao menos uma vez na sua vida.
– Tsc, mas que merda! – Virou-se de costas.
Bethany ficou escutando aquela conversa, ainda confusa quanto aquilo tudo, controlada pelo medo. Mas, dentre todos os gatilhos em que adquiriu, sem que Beatrice percebesse, outro foi ativado na loira. Demetria, esse nome, ela jamais iria conseguir esquecer. Não mesmo, depois de todo o inferno em que ela transformou a sua vida. Entretanto, como se tivesse tido um flashback, voltou há dois anos...
Dois anos atrás...
– Bethany Relish, o nome dela, senhora. – Disse Demi, se lembrando dos nomes das garotas. – De acordo com o relatório, ela passou por diversos bordeis na América, mas nunca durou muito em um. Diziam que ela dava problema demais, não só com os clientes, mas com as colegas de trabalho também. Charles a encontrou com um preço bom, já que ninguém iria pagar um valor maior por uma – a olhou de cima abaixo. – Desse tipo. – Concluiu Demi, de maneira ríspida e fria, igual sua líder.
– Obrigada pelas informações, Demi. – Agradeceu a Beatrice, ainda meio surpresa com a ação anterior da loira dentro daquela cela. – Agora d-...
– Demetria. – Disse Bethany, parando de soluçar e enxugando as lágrimas dos olhos com as costas das mãos. Tanto Demi quanto a Florence franziram o cenho, não entendendo aquela situação. – Eu a ouvi conversando com aqueles filhos da puta, a chamaram de Demetria e ela não gostou. – Deu uma pausa e olhou para Demi Young de cima abaixo, igual a mesma fez consigo. – Também, que nome feio da porra. – Independente de seu estado deplorável, se recusa a estar na pior perante aquelas duas, então apenas abriu um sorriso debochado e riu.
– Sua filha da p-...
– Demi! – Beatrice a interrompeu, botando uma mão ao seu ombro. Olhou para Bethany com mais interesse ainda, deixando seu sorriso malicioso ainda maior. – Que peça curiosa nós temos aqui, hein. – Ficou parada, voltando a segurar as celas de metal na sua frente, olhando mortalmente para a loira por alguns segundos.
Atualmente...
– Demetria. – Sussurrou enquanto fechou os olhos, sumindo com suas expressões faciais.
– O que você disse? – Beatrice apenas levou a cabeça para trás.
– Demetria! – Ela gritou, ainda de olhos fechados e cabeça abaixada. Depois de uns segundos em silêncio, ela levantou a cabeça em um movimento brusco e abriu os olhos. – Mas que nome feio da porra, IGUAL A SUA CARA, DESGRAÇADA! – Gritou com raiva.
Pronto, aquilo foi o ápice. O sangue de Beatrice ferveu, parecia que sua cabeça ia explodir de tamanha raiva que sentiu. Seu rosto ficou vermelho e seu corpo começou a tremer de ódio. "Como ela ousa?" era o pensamento da morena. Naquele instante, Charles sabia que seria inútil contê-la, e na verdade, era mesmo. Beatrice sequer pensou, o que também não era o seu forte, e avançou contra a loira amarrada naquela cadeira. Depositou um forte chute em sua barriga, derrubando a outra no chão. Após isso, subiu em cima dela, com o cinto em suas mãos. Em fração de segundos Beatrice deu uma olhada rápida para o cinto em mãos e lembrou-se das palavras de Charles, então, em um momento raro, pensou melhor e jogou o cinto para longe.
– Eu não preciso dele pra fazer isso. – Debochou ela.
– Nossa, ela sabe pensar? – Charles sussurrou para si, entretido com aquele show.
(*)Antes que Bethany pudesse pensar em ter alguma reação, mesmo que estivesse amarrada na cadeira, Beatrice rapidamente transferiu um forte tapa no rosto da loira. Mas, não parou por aí. Foi um tapa atrás do outro, enquanto a mais nova apenas gritou de dor, cuspindo sangue dos primeiros tapas. Conforme Beatrice a estapeava ia soltando inúmeros xingamentos, os mais pesados e esdrúxulos que passaram pela sua cabeça.
Charles abriu um sorriso, sentindo um apreço de ver aquela cena. "Ela parece um animal raivoso, ao menos pra algo ela serve, sabe bater." pensou enquanto pegou o copo de vidro na mesinha ao lado da poltrona, bebericando o líquido que tinha dentro. Para ele, aquilo estava melhor do que qualquer filme ou novela. Podia gravar e rever outras vezes.
Enquanto Bethany, depois de receber exatos trinta e seis tapas, acabou perdendo a consciência. Na realidade, desmaiou antes, mas Beatrice estava tão tomada pela raiva que nem reparou os gritos da loira cessando. Não que fizesse diferença para ela também. Ofegante e com as mãos doendo, ela parou com a agressão física.(*)
– Acabou, monstrinho? – O homem ali presente perguntou, rindo baixo. Mas devido a respiração pesada de Beatrice não obteve resposta. – Espero que não esteja danificado muito o rosto da nossa mercadoria de ouro. – Se levantou e andou até elas. Porém, ao reparar o estado em que estava o rosto da loira, arregalou os olhos. – Pelos céus, Beatrice, você praticamente desconfigurou o rosto dela. Você acabou de arruinar tudo!
– Calma, velho. – Voltando com a respiração normal, enfim disse enquanto se levantou de cima da loira. – Conhece uma coisa chamada maquiagem? O maior estrago a gente consegue disfarçar usando alguns produtos. Sem contar, que quando a gente for encontrar com aquele velho para entregá-la, ele já deve estar bêbado, nem vai reparar direito no estado dela. Talvez, amanhã, quando ele acorde, mas aí já estaremos com a grana em mãos.
– Ok, anotação do dia, o monstrinho sabe pensar. – Ironizou Charles, vendo-a se levantar e ir em direção ao banheiro para se lavar. Após a saída da morena, olhou para Bethany outra vez, analisando com mais atenção o "novo" rosto dela. – Tadinha, um rosto tão bonito. – Fingiu uma tristeza. – Mas, quem liga pro rosto quando se tem um corpo desse, e eu me lembro bem desse corpinho... – Abriu um sorriso sarcástico.
Enquanto isso, do lado de fora da casa...
– Caralho... – Sussurrou Chris, do lado de fora e vendo toda aquela cena pela janela, bem escondido. – Então esse cara está metido nisso. E eu o conheço, é o tal dono da fazenda que tem aqui na cidade. Qual é a ligação desse cara com essa megera da Beatrice?
Ainda completamente confuso com aquela situação, ele ficou pensando na sua próxima ação. Teria que ter muito cuidado, afinal tinham três homens parados na frente da porta de entrada e dentro da casa haviam mais dois. Eles não tinham uma expressão facial muito boa, Chris imaginou que fossem aliados daqueles dois. E de fato, eram. Conforme Chris foi reparando com atenção, conseguiu reparar que eles estavam... Armados. Além disso, não faziam questão de esconder isso. Por um segundo, Chris se perguntou aonde estaria a tal "polícia" da cidade, que não via estas coisas. Mas lembrou que aquele aliado de Beatrice, Charles Hernandez, tinha um grande nome de peso.
E naqueles dias... Ter um nome importante te livra de tudo, ou, quase tudo.
Alguns minutos se passaram e Beatrice saiu do banheiro, um pouco mais limpa e calma. Ela olhou para Charles e juntos assentiram com a cabeça, dessa forma um dos homens dentro da casa se aproximou de Bethany e a levantou, botando-a nas costas. Enquanto ela, permaneceu desacordada. Caminhando assim para fora daquela casa. Chris logo voltou a se esconder atrás daquelas lixeiras próximas a casa, não podia ser visto por eles, de jeito algum. Caso fosse encontrado, seria morto, sem dúvidas. Mas, tinha que salvar Bethany, ainda mais depois da agressão monstruosa que fizeram com ela.
– Pode botar ela no porta malas, Luke. – Disse Charles, quando saiu da casa acompanhado de Beatrice e seus capangas.
– Meu nome é Jon, senhor. – Respondeu ele, com Bethany nas costas.
– Não me importa. Eu te pago pra seguir as minhas ordens, não para saber o seu nome. Fique feliz que eu te chamei por um nome bonito, e não de moleque-mais-feio-que-o-demônio. – Riu, cutucando-o de forma descontraída.
– S-Sim, senhor...
O outro capanga não era burro de questioná-lo, então apenas concordou com a cabeça e foi terminar o que lhe foi ordenado. Todos os seus "funcionários" conheciam o jeito de Charles de lidar com as pessoas. Não queria ser mais um a perder a cabeça, literalmente. Então, foi até o carro e abriu os porta malas, botando o corpo de Bethany lá dentro, amarrando-a outra vez para caso ela acordasse no meio do caminho. Em seguida, fechou, deixando-a presa ali dentro. O mesmo homem caminhou até o carro, entrando no lugar do motorista. Os outros capangas de Charles logo se uniram e juntos abriram as portas para ele e Beatrice pudessem entrar. Então, foram até o carro.
– Espera... – Charles parou de andar e cerrou os olhos. – Ouviram esse barulho?
– Que barulho? Tá ouvindo coisa, velho? – Indagou Beatrice de volta.
– Hum, vocês são seres inferiores, normal não terem uma audição apurada igual a minha. – Foi até o meio da rua e ficou olhando em volta, com bastante atenção. – Eu sei o que eu ouvi. – Levantou um braço, para dar ordens. – Procurem por tudo, há alguém nos espionando! – Bradou, levemente irritado pela audácia daquele espião.
– O Q-QUE? – Exclamou a morena, incrédula.
– Vocês estão surdos? – Perguntou mais alto. – Eu mandei vocês procur-... – Parou de falar, ao ouvir o mesmo barulho outra vez. – Espera aí...
Analisando o local ao redor de novo, Charles foi ligando os pontos. Em passos lentos, caminhou até a umas latas de lixo que tinham próxima a casa que estava. Conforme foi se aproximando, foi diminuindo a velocidade de seus passos, não querendo assustar fosse lá quem que estivesse atrás daquelas latas. Alguns dos homens de Charles logo foram atrás de seu líder, dando cobertura caso fosse necessário, já com as mãos sobre suas armas guardadas na cintura. Não demorou muito para que o mafioso ouvisse pela terceira vez o mesmo barulho. Abriu um sorriso malicioso entre os lábios.
– Encontrei você, ratinho de m-...
Antes que pudesse falar, algo saiu rapidamente de trás das lixeiras. Era ele, Chris. Tinha um lema "se o inimigo pensar em atacar, ataque primeiro" e foi o que fez. Pegando Charles de surpresa ao agarrá-lo pela gola de sua camisa, o segurança do The Queen conseguiu acertar um forte soco contra o rosto do mais velho, derrubando-o no chão. Logo depois se viu cercado de cinco homens bem mais altos e fortes do que si próprio. Trincou os dentes e fechou os punhos, mantendo sua postura de luta, olhando para todos os lados, não querendo ser desprevenido por algum daqueles inimigos. Mesmo que estivesse um contra cinco, aquilo não seria um problema. Já esteve em situações piores. Seria moleza.
– Heh, eu tenho que confessar... – Disse Charles rindo baixo, se levantando. – Você tem audácia, garoto. – Botou uma mão sobre a boca, que sangrou um pouco. Ao gesticular os maxilares, percebeu que alguns dos seus dentes não estavam mais na boca. Olhou para o chão e encontrou os tais perdidos. – Foi realmente um belo soco.
– Espera aí! – Gritou Beatrice, se aproximando de Charles e olhando Chris mais a frente. – Eu conheço esse cara! – Olhou para o mais velho ainda se recuperando do soco que lhe foi dado. – Lembra daquele navio que apartou na cidade há alguns anos, e trouxe várias maricas com ele? – Riu debochada. – Ele é um daqueles.
– VAI SE FODER! – Gritou Chris, dando um passo em frente, mas logo reparou aqueles homens em sua volta lhe apontando uma arma. – Vocês não tinham o direito d-...
– Só um momento... Eu lembro de você. – Charles cerrou os olhos. – Você estava junto daquele viado que tive o prazer de mandar mat-...
– CALE ESSA BOCA! – Bateu o pé no chão, gritando mais furioso do que antes.
– É, é você mesmo. Que mundo pequeno, não? – Estalou o pescoço, voltando a si enquanto riu malicioso. – Parece que mesmo depois daquilo você não aprendeu e não virou homem de vez, não é? Certo, então acho que seja necessário uma nova lição.
Em apenas um estalar de dedos, os homens de Charles logo assumiram a postura ofensiva. Sem dizer mais nenhuma palavra, caminhou até o carro e entrou nele, não demorou para que Beatrice o seguisse – mas antes mostrou o dedo do meio para o outro. Sendo assim, os dois entraram no carro de Charles, que logo foi ligado, sinalizando sua partida dali. Chris não sabia o que fazer. Iria mesmo deixar Bethany com eles? Outra vez, ela nas mãos daquelas pessoas... Não há nada que poderia fazer? Iria decepcionar Alice e todas as outras garotas do The Queen? Não conseguiu salvar ele... E agora... Ela...
– Este país não aceita maricas, quando vão entender isso? – Perguntou um daqueles capangas. – Sejam homens! Vocês são o estorvo do nosso país, e merecem uma lição!
– Heh, tenho certeza de que sou mais homem do que todos vocês juntos. – Rebateu Chris perante aquelas ofensas. – As vezes eu chupo bolas, e as vezes, eu as chuto. E adivinhem o que vou fazer com a de vocês? – Ironizou, outra vez.
(*)Mas antes que falasse outra coisa, sentiu sua visão ficar turva. Antes que percebesse, foi atingido na cabeça com um pedaço de madeira. Demorou alguns segundos até sentir um filete de sangue escorrendo de sua testa. Ele tentou virar-se para se defender, mesmo com a visão embaçada, porém não teve tempo. Conseguiram lhe chutar bem nas costelas, fazendo-o cambalear outra vez. Entretanto, não iria cair. Continuou de pé, conseguindo se defender de alguns socos, porém recebendo a maioria deles. Mesmo que se considerasse um Hércules, não conseguia mais... Não mais...
Ele caiu no chão, sem forças, conseguindo enxergar praticamente mais nada. Sentiu sua consciência se esvair enquanto os outros homens o continuaram atacando, com socos e chutes, mesmo já estando no chão. Ainda com sua audição, permaneceu ouvindo mais ofensas e xingamentos, de todos os tipos. "Você é um monstro", "é uma aberração", "nós vamos te matar", "seu lugar não é aqui" entre outros. Chris sempre assumiu sua orientação sexual e não tinha vergonha, porque sabia impor respeito nos lugares. Mas agora... Naquela situação... Pela primeira vez, pensou se eles tinham razão...(*)
Há alguns anos...
– Vai, abre a boca logo, garoto! – Exclamou Alex, sentado no chão ao lado dele.
– N-Não sou um garoto, Alex! Pare de me tratar como criança. – Chiou, indo contra o pedido dele e virando o rosto. Permaneceu deitado naquela cama, não conseguindo mover direito seu corpo, devido as dores por ele todo.
– Então pare de agir como uma. Vem, anda logo. – Com a mão livre pegou no rosto dele, puxando-o para si, em seguida utilizou a tal mão para tentar abrir a boca dele. – Olha o aviãozinhooooo! – Brincou, levando aquela colher com um certo líquido até os lábios dele, conseguindo enfiar a colher dentro da boca dele. – Viu? Nem doeu, seu fresco. – Esse xarope vai anestesiar um pouco das dores, até os comprimidos fazerem efeito.
– H-Hunf... – Com as maçãs do rosto levemente coradas, ele engoliu aquele remédio líquido. Vendo-o colocar a colher dentro do prato ao seu lado no chão. – Você é tão exagerado, não tem necessidade de todos esses remédios.
– Exagerado nada, quem mandou você caçar briga com aqueles homens? – Voltou a fitar Chris deitado a sua frente, logo botou as mãos sobre as mãos dele, fazendo um carinho ali. – Eu já te disse para você parar de ficar correndo atrás de brigas, Chris.
– Eles estavam nos ofendendo! – Fez força para levantar a cabeça. – Eu não podia dei-... Ai, droga! – Sentiu umas pontadas de dor, forçando-o a trazer a cabeça para trás.
– Deixe que falem. O que importa, é o que temos – pegou na mão dele e a levou até seu peito, aonde fica o coração. – aqui. – Abriu um sorriso angelical, deixando o outro corado outra vez. – Nós estamos juntos, e só isso deve importar, amor. – Sussurrou, aproximando seu rosto até o rosto dele, colando as testas. – Eu te amo, nervosinho.
Chris não disse nada, apenas ficou sem saber como reagir. Não era muito bom em demonstrar seus sentimentos. Mesmo que tivesse um sentimento enorme por Alex, não conseguia externá-lo tão bem em palavras. Mas, desde o dia em que o viu... O novo marinheiro que entrou a bordo, Chris sentiu algo diferente. Reparou imediatamente em sua aparência que lhe chamou tanta atenção. Loiro escuro era o tom de suas madeixas, bem curtas. Os olhos esverdeados e um corpo... Escultural. Alex sempre teve um porte atlético, alto, com um metro e oitenta nove, braços e pernas fortes, com músculos bem torneados. Podia-se dizer de que era o tipo de homem perfeito para Chris.
E talvez esta foi a melhor decisão que ele tomou em sua vida, aceitar namorá-lo.
Atualmente...
"Não!" ele pensou após todos aqueles pensamentos rondarem sua cabeça. Eles estavam errados, todos eles. Pois sabia o quão verdadeiro e único foi com Alex, até que eles... Fizeram aquilo... "Os monstros são vocês, e irão pagar." Pensou outra vez. Uma coisa que aprendeu com Alex foi que uma guerra não é feita de apenas uma batalha, mas sim de várias. Ele aceitou perder aquela batalha, mas a guerra ainda não acabou. Algo ainda poderia ser feito. Com dificuldade, ele reparou o carro de Charles se distanciando cada vez mais, ele percebeu que... O que ele tinha pra fazer, ele conseguiu.
E eles não perceberam nada. "O plano deu certo, idiotas" pensou antes de perder a consciência de vez, fechando os olhos, após ter perdido bastante sangue.
Algum tempo depois de ter recebido a notícia, Evan continuou sem conseguir acreditar. Primeiro o Nathan, e agora o Ryan? Como, por quê? Luna lhe contou o que aconteceu, que parece ter sido um acidente de trânsito enquanto subia a serra. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. O caminho de Chicago a Sheerground não era conhecido por ter acidentes de trânsito, principalmente passando pela serra, ainda sendo de manhã. Os motoristas da delegacia dirigem super bem, são treinados até mesmo a dirigir em busca de um criminoso que está tentando fugir. Então, como esse acidente seria possível?
Enquanto Luna, por sua vez, não sabia ao certo como ajuda-lo. Aceitou de imediato ir até a casa dele quando Melissa a chamou, mas agora, estando ali, não sabia ao certo como agir. Ao mesmo tempo em que parcelas de culpa rodeavam sua mente, por ter se afastado de Evan há dois anos. Mas, ela não tinha opção. E agora, lidando com ele novamente, iria fugir outra vez? Ora, tantas coisas passando pela cabeça do policial, considerou egoísmo fazê-lo lidar com seus problemas pessoais também. Entretanto, por hora, não pensou muito nisso. Seu objetivo naquele momento era cuidar do policial, e iria dar um jeito de conseguir fazer isso.
– Acho que agora eu entendo o porquê de você ter se afastado de mim durante esses anos... – Disse Evan, sentado em seu sofá com a cabeça baixa e olhando para o chão. Seu rosto estava péssimo, devido a noite mal dormida e de tanto chorar. – Todos a minha volta morrem. Os meus pais, o Nathan, agora o Ryan...
– Não fale bobagem! – Exclamou, sentada ao lado dele. – Você não teve culpa de nada, e-...
– Por que você fez aquilo comigo, senhorita Luna? – Interrompeu a ruiva, enquanto subiu com a cabeça para fitá-la. Não demorou para que mais lágrimas fossem derramadas de seus olhos. – Foi alguma coisa que eu fiz, que eu falei?
– Não, não, lógico que não. – Negou com a cabeça. – Você não fez e nem falou nada de errado, policial Evan... Acredite em mim. Pelo contrário, você foi um príncipe comigo, o tempo todo e em todos os dias em que estivemos juntos.
– Então... Por que? Não tem um dia que eu não tenha pensado em você. Eu... Eu... Sou completamente apai-... – Antes que terminasse de falar, Luna o abraçou fortemente, fazendo-o arregalar os olhos, levemente surpreso com aquela ação.
– Eu prometo que irei te contar tudo, mas não é o momento. – Ela disse e ele ficou em silêncio, apenas escutando. Então logo, ela separou o abraço e se afastou para que pudesse olhá-lo nos olhos. – Você confia em mim? – Abriu um sorriso.
– O q-que...?
– Você, confia em mim? – Ela pegou nas mãos dele, aumentando seu sorriso angelical.
– C-Confio... – Respondeu meio assustado com aquela atitude dela.
Então, ainda com seu sorriso contagiante ela se levantou do sofá e pegou na mão dele, para que ele se levantasse também. Juntos, foram até aonde era o banheiro da casa. Mesmo que Evan tivesse um cargo alto na delegacia e consequentemente recebesse um bom salário não era o tipo de pessoa que curtia ostentar, mesmo que fosse irônico nos dias atuais. Então, seu banheiro era de tamanho médio, com as paredes brancas e o piso do chão em uma tonalidade mais escura. Ele tinha dinheiro para aumentar o banheiro se quisesse, ou, comprar um chuveiro melhor, mas, apenas não queria.
Assim que ela entrou no tal cômodo e ligou a luz já pode ver uma toalha branca pendurada atrás da porta de madeira. Ela seguiu até o chuveiro e o ligou, ajeitando a temperatura da água. Lembrou de uma conversa com o policial de que ele preferia banhos quentes do que mais gelados. Feito isso, voltou até o policial e pegou a toalha atrás da porta, envolvendo no pescoço dele.
– Tome um banho, que eu vou preparar um lanche para gente, isso se claro, você me permitir a abrir sua geladeira. – Brincou, com as mãos nos ombros dele.
– E-Está bem... – Ele só concordou e abaixou a cabeça. Então Luna passou por ele, para deixá-lo sozinho dentro. Mas antes que ela saísse, ele pegou em seu braço.
– Hum?
– Obrigado, por tudo, senhorita Luna. – Fez um carinho no braço dela após soltá-la. Enquanto a ruiva apenas corou levemente, feliz por vê-lo esboçar um pequeno sorriso.
16:30pm.
No final da tarde, o calor permanecia o mesmo. Era verão afinal de contas. Diferente de outras estações aonde o fim de tarde era mais fresquinho ou algo parecido, na que estamos não era mais bem assim. O calor era incessante. Mas, podia-se dizer que combinara com as emoções e sentimentos de alguns habitantes de Sheerground. Ora, a morte de um policial sempre gera comoção a todos, menos naqueles mais frígidos. Todos sabiam que Ryan Potter não era o policial mais esperto, o mais ágil, o mais eficaz, o mais pró ativo, bom, sabemos que Ryan não era o "mais" de muitas coisas. Mas todos sabiam de seu bom coração e de sua ingenuidade, conseguindo ser mais ingênuo do que o próprio Evan, que muitas vezes parecia uma criança.
Tinha uma personalidade extrovertida e carismática, então acabou criando muitos amigos por onde trilhou seu caminho. Então, igual ao clima, seus corações estavam quentes, abafados, sedentos por um vento, um sopro que fosse. Porém este vento era Ryan, e ele não iria mais ventar por nenhum lugar, nunca mais.
Mas, dentre todos os amigos e laços que Ryan construiu ainda em vida, nenhum deles chegou perto de parecer com a relação que criou com o policial Evan. De fato, eram melhores amigos, irmãos. Foi Evan que ajudou Ryan a melhorar o desempenho seu desempenho dentro da delegacia, e que conseguiu manter seu emprego. Eram parceiros de trabalho também, resolviam a maioria dos crimes juntos. "Até aquele Nathan aparecer e você me trocar", brincava Ryan no telefone com Evan. Estes e outros pensamentos percorriam a mente do policial, que se sentia culpado por aquela morte também. Seu melhor amigo, seu irmão praticamente, não conseguiu salvá-lo.
Uma enorme sensação de impotência e fracasso continuaram em sua alma. Porém, depois do dia ao lado de Luna, conseguia se sentir mais calmo e mais ciente de si.
– Que bom que você veio, Evanzinho! – Exclamou a senhora, vendo o policial se aproximar. – Sua presença hoje é mais do que necessário, você sabe.
– Sim, senhora Potter. – Respondeu Evan. – Eu... Sinto muito pelo que aconteceu com o Ryan. E sinto muito também por não ter... – Virou a cabeça para o lado, fitando-o. – Não conseguir salvá-lo.
– Você não tem culpa de nada, meu bem. – A mãe de Ryan apoiou uma mão no ombro dele, forçando um sorriso. – Por favor, não se culpe.
– Ela tem razão, filho. Se ele estivesse aqui, iria odiar que você se sentisse assim. – Agora foi a vez do pai de Ryan comentar, estando ao lado de sua esposa.
– O-Obrigado, senhor e senhora Potter. – Enxugou os olhos com as costas das mãos e logo retornou a olhá-los. – Saibam que o que precisarem, podem contar comigo. Vocês sempre me acolheram como um filho, então, o que eu puder fazer por vocês, estarei aqui. – Esboçou um sorriso gentil.
– Nós agradecemos, Evan. – Disse o senhor, enquanto a senhora concordou com a cabeça.
– E essa – olhou para Luna ao lado de Evan. – Quem é? Sua namorada, Evanzinho?
– N-Namorada? – Evan arregalou os olhos, ficando completamente vermelho.
– S-Somos apenas amigos, senhora Potter. – Luna respondeu meio sem jeito. – Grandes amigos.
– Obrigada por estar cuidando do Evanzinho neste momento, minha querida. – A mãe de Ryan agradeceu, pegando na mão dela com carinho. Luna apenas sorriu.
A igreja que estavam era enorme e... Maravilhosa. Várias imagens religiosas espalhadas e muitas luzes também, bem colorida para sua época e se comparado a outras. Haviam dezenas de pessoas espalhadas por ali, todos com um propósito: se despedir de Ryan, um amigo que jamais iriam encontrar outro igual. Uns minutos se passaram e o padre assumiu seu lugar e todos se sentaram em seus lugares. Não havia caixão, cinzas, nada do policial já sem vida. Afinal, depois da explosão nada restou. Como se tudo tivesse sido desintegrado pelas chamas da explosão. Então, o que tinha era apenas um grande retrato de Ryan Potter com seu enorme sorriso na parede atrás do padre e embaixo uma pequena mesa, com várias flores, das mais coloridas possíveis.
Por fim, foi iniciado a cerimônia e todos permaneceram ouvindo as palavras daquele que representa a religião no momento. Definitivamente, eram lindas palavras, todos foram se emocionando conforme iam ouvindo. Após longos minutos, o padre terminou suas orações e palavras, dando a vez aqueles que queriam dizer algumas últimas palavras de despedidas. E caramba, muitos queriam dizer um último adeus. Como dito, Ryan tinha muitos amigos e era querido por muitos. O que deixou seus pais orgulhosos, pois confirmaram o que já sabiam, seu filho foi alguém muito amado e espalhou alegria por onde passou. Teve um momento em que a senhora Potter não aguentou e se debulhou em lágrimas mais pesadas, mas de orgulho, do filho que teve.
– Mais alguém gostaria de nos dizer alguma coisa? – Perguntou o padre assumindo o centro do palco, depois de bastante gente emocionada ter ido se despedir ali.
– Você não vai, policial Evan? – Luna sussurrou, cutucando-o de leve, sentada ao lado dele.
– N-Não sei se consigo, senhorita Luna... – Respondeu baixo, olhando em frente. Mas logo sentiu a mão quentinha da ruiva sobre seu peito, recebendo um afago ali.
– Siga o seu coração e saberá o que fazer e ou o que falar. – Sorriu delicada assim que Evan a olhou nos olhos. – No fundo, sabe como deve prosseguir.
Com os olhos marejados e arregalados ao ouvir aquelas palavras, logo ele sorriu de volta, derramando algumas lágrimas. Por fim, dando espaço a um belo sorriso entre seus lábios e concordando com a cabeça. Pegou na mão dela a levou até seu rosto, depositando um beijo no local, em seguida sussurrou um "obrigado" e ela apenas piscou. Dito isso, ele se levantou, dando a entender para todos que, sim, ele tinha algo para falar. O padre assentiu com a cabeça e o chamou com a mão. Evan então caminhou até o altar, para posteriormente assumir o lugar do padre. Naquela posição, olhou todos que estavam presentes naquela despedida de Ryan. Em instantes um sorriso ainda maior se abriu, igual aos pais de Ryan, de orgulho. Sim, tinha muito orgulho de Ryan.
E agora chegou sua vez, de efetuar sua despedida a seu melhor amigo.
– Caramba... – Depois de um longo silêncio, ele começou a falar. Não demorou mais que dois segundos para que seus olhos ficassem marejados. – Quantas pessoas vieram hoje, não é? Se o Ryan estivesse aqui provavelmente falaria para nós "vocês não tem nada melhor para fazer não?". – Brincou, em tom descontraído. Arrancando algumas risadas daquelas pessoas, conseguindo deixá-las mais calmas. – Todos concordamos de que Ryan era uma pessoa única, uma joia rara, não iremos encontrar outra igual.
Esperou uns segundos para continuar falando, enquanto ia passando os olhos por todos ali presentes, reparando que estava sendo escutado com muita atenção, por todos.
– Ele me ajudou tanto quando eu entrei pra polícia. Eu realmente não sei o que seria de mim se não fosse por ele. Mas, minha relação com ele foi além disso... Ele não foi apenas meu mentor, ou meu parceiro de trabalho. Poxa, ele era meu amigo. – Derramou mais lágrimas de seus olhos, sendo necessário enxugá-las com as costas das mãos. – Meu melhor amigo. – Deu uma pausa e prosseguiu. – Não, ele era meu irmão.
– Eles realmente eram muito próximos. – Sussurrou a mãe de Ryan, para seu marido.
– Não sei se todos vocês sabem, mas, eu nunca tive uma família. Por anos vivi na rua, sobrevivendo de esmolas e restos de comida dos outros. Depois, parei em um orfanato. Claro, era muito melhor do que viver na rua, mas eu sentia que lá não era o meu lugar. Então, quando atingi a maioridade, sai decidido de lá. Entrar para polícia, encontrar minha família que me abandonou, entender meu passado...
– E-Evan... – Os olhos de Luna ficaram marejados. – Você passou por tudo isso, eu não fazia ideia... – Sussurrou para si mesma.
– E sabem por que estou contando tudo isso aqui? Porque eu fui tolo, a família que eu sempre busquei estava ao meu lado. Ryan se tornou a primeira família que eu tive. Ele conseguia ser meu pai, com as broncas, meu irmão mais novo, comigo puxando a orelha dele. Tudo que eu sempre sonhei quando pensava na minha família... Era o Ryan. Então hoje, pessoal, eu estou dando adeus a primeira família que eu tive.
– Eu não sabia que eles se consideravam tanto assim... – Comentou Sebastian sentado ao final da igreja, com Melissa ao seu lado.
– Claro, você não sai do escritório para ver seus funcionários. – Ela respondeu sussurrando de volta. – Eles eram realmente uma família, uma bela família. – Ao falar aquilo, um sentimento estranho e diferente ecoou dentro de si. O que a deixou com um mal-estar. Não sabia ao certo o que era, nunca sentiu isso. Mas... Ver Evan tão triste daquele jeito, igual no funeral de Nathan, a fazia sentir um pouco... Um pouco... Culpada? Não, não era possível. Por mais que tivesse uma consideração por Evan, tinha seu propósito maior, seu objetivo final e nada iria atrapalhar isso.
Então, tratou de expulsar logo esses sentimentos de dentro de si.
– Meu irmão, seja lá aonde você estiver agora – fechou os olhos, respirando fundo – por favor, continue nos protegendo daí de cima. E posso garantir, que jamais iremos te esquecer. Obrigado, obrigado... Obrigado por tudo, meu irmão. – Ainda de olhos fechados, as lágrimas permaneciam incessáveis, não conseguia parar de chorar.
Ao terminar seu discurso, todos ali se levantaram e, em prantos, aplaudiram o jovem policial pelas belas e incríveis palavras. Ouvindo aquelas palmas, Evan abriu os olhos e olhou para aquelas dezenas pessoas lhe aplaudindo, e isso o deixou muito feliz. Pois sabia que aquelas palmas foi porque suas palavras representaram tudo o que estavam sentindo. Então, ficou orgulhoso. Direcionou seu olhar a Luna, que também estava de pé e aplaudindo, durante a troca de olhares ela concordou com a cabeça e ele aumentou seu sorriso. Conseguiu, conseguiu fazer uma despedida digna para Ryan Potter.
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