Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

》EPÍLOGO II

EDIÇÃO ESPECIAL: XIAOJUN
_______________________________


Eu ainda lembrava.

Lembrava de cada momento, que agora não passava de uma memória distante, perdida no tempo, viva em mim.

Eu ainda lembrava como era sentir aquelas sensações que te fazem querer estar vivo; te fazem querer lutar por alguém. Meu coração continua com a mesma sensação de ansiedade de sempre; perdido entre os ponteiros angustiantes do relógio.

O tempo não passava como eu gostaria; às vezes demorava demais; às vezes nem conseguia senti-lo.

Meu coração continuava a ansiar pelo passado; pelas memórias fragmentadas; pelas vezes que pensei que éramos invencíveis. 

— Acha que terminaremos antes de amanhecer? — Hendery questionou apenas por curiosidade, já que sabia que passaríamos horas generosas patrulhando o perímetro do acampamento.

Balancei minha cabeça negativamente assistindo o sol dar espaço para o anoitecer, permitindo com que as estrelas brilhassem levemente conforme a escuridão aumentava. Era uma paisagem resplandecente quando não estávamos carregando fuzis em nossos ombros. Poderia até ousar imaginar que estava correndo contra a ventania, tentando alcançar o topo da floresta, empunhando uma coroa de flores como se fosse uma conquista própria.

Como se pudesse voltar para casa.

— Temos horários a cumprir. — comentei por fim.

Hendery entendeu que eu não estava querendo conversar, e gostava de acreditar que isso era apenas uma maneira de lidar comigo mesmo. Um pouco de calmaria não faria mal a ninguém. Tínhamos perturbações o suficiente para ficarmos nos preocupando com coisas alheias a nossa realidade. Era cansativo, mas menos doloroso quando apenas aceitamos nossa condição.

Sem resistência, apenas faça seu trabalho.

— O novo carregamento chegará de madrugada, provavelmente com algumas lembrancinhas. — Kim, um dos líderes de nosso grupamento, checava a planilha semanal de suprimentos de nossa base. Como de costume, sempre cochicava coisas com seus colegas que acabavam em risadas abafadas.

Nada muito atípico entre membros com posições superiores a do esquadrão.

Mas alguma coisa ainda me incomodava.

Não poderia comentar com Hendery pois isso seria o mesmo que gritar em plenos pulmões que estava desconfiado de um superior, e não queria acabar igual o recruta de semana passada que apenas insinuou uma desorganização em seu comando. Nossas patentes cordenam nossas vidas, e por muito pouco nossas almas.

Hendery continuava sendo minha melhor e única companhia desde que fomos integrados a mesma equipe. No entanto, por seu jeito despreocupado de ser, acabava sendo mais distraído do que uma brisa que aparecia sem aviso prévio, esbarrando em qualquer coisa que aparecesse em seu caminho.

— Aposto em algum tipo de massa instantânea para hoje. — Hendery tossiu assim que entramos em nossa tenda. — Com sorte conseguimos uma porção de carne.

— Não temos estrelas o suficiente para isso. — resmunguei apoiando meus braços sobre a pequena mesa de madeira central, preparando-me para cochilar por poucos minutos assim que tivesse oportunidade.

— Para quem atravessou fronteiras por um garota você está bem desanimado ultimamente. — tive vontade de rir assim que consegui fechar os olhos, buscando por um momento silencioso visivelmente inalcançável.

— Sabe que não era a única razão. — comentei quase a ponto de perder minha consciência para o sono que cobrava após três dias acordado.

— Você queria tanto assim destruir aquele lugar? A qualquer custo? — Hendery ainda se sentia culpado por seu passado; mesmo que tivesse sido manipulado por toda sua vida, assim como os outros herdeiros; apenas conseguindo se desprender das garras do Império quando esse se desintegrou.

— Mesmo que eu morresse. — foram minhas últimas palavras antes de apagar.

Assim que acordei, o alarme que indicava a troca de turno disparou por quinze segundos emitindo uma luz vermelha pelo acampamento. Surpreendentemente, estava sozinho na tenda, calçando minhas botas enquanto tentava me manter acordado o suficiente para conseguir andar até o lado de fora.

Agora eram quase duas horas da madrugada e apenas grilos e alguns pássaros disparavam suas vozes pelo ar livre, sem medo de terem seus miolos acertados ou seu pescoços enforcados. Era um tanto reconfortante poder assobiar mais que três notas em uma só noite.

Contando comigo, apenas mais quatro soldados marcavam presença em seus postos de vigilância. Deveríamos soar um alarme de emergência caso tivessemos problemas grandes demais para lidarmos sozinhos. Essa era minha vigésima sétima vez realizando a mesma função, e em nenhuma delas tive que me preocupar com nada além de monitorar se as cercas elétricas estavam funcionando como deveriam.

Uma vez quase ultrapassei o teste de segurança ao tentar escutar o zumbido da eletricidade fluindo pelos fios condutores, estavam baixos demais naquele dia, mas por sorte um pequeno pássaro castanho teve o trabalho de checar para mim antes que meu destino acabasse como o dele. Sentia como se devesse ter comunicado aos seus familiares, assim como gostaria que fizessem comigo, mas talvez esse fosse apenas uma alma cumprindo seu trabalho num mundo que não poderia oferecer nada mais que dor.

Mas a dor que eu sentia era diferente.

— O que temos para hoje, Sr.Yom? — era a voz de Kim ecoando pelo acampamento, mas estava localizado no ponto de entrada dos caminhões, provavelmente fiscalizando as entregas semanais.

Respirei fundo ignorando a cena, percorrendo meus olhos cansados pelo restante do acampamento a procura de um sinal de Hendery, mas nem sequer uma pegada fora deixada para trás pelos caminhos de terra.

Perguntaria sobre seu sumisso pela manhã quando voltasse de meu turno.

— Era sobre isso que estava falando?
— Kim riu como um bêbado antes de continuar suas falas desconexas. — Poderíamos ter uma coleção dessas gracinhas. Cuidado para não machucá-las, não queremos violar as leis de nossa pátria.

Estava tudo conforme os padrões, se aquilo fosse dirigido ao carregamento de armas. Mas ninguém falaria assim com um negócio que perfuraria seu corpo como um míssil. Nem mesmo Kim.

Não contive minha curiosidade apenas em ouvir aquela conversa. Estava praticamente sozinho então ninguém me deportaria por movimentos suspeitos. Precisava apenas me esgueirar pelas tendas até chegar onde o caminhão do exército estava estacionado. Nenhum passo em falso poderia ser responsável por minha queda.

— Levem-na para dentro de minha tenda. — o comando do líder continuava intrigante como uma lâmina de dois gumes. Ninguém mais além de mim parecia estar se preocupando com aquilo, e muito provavelmente gostavam de ter suas vidas preservadas e não gastas por qualquer besteira que os fossem levar ao declínio.

Eu não deveria continuar a segui-los, mas por que tinha uma ansiedade gigantesca fazendo minhas mãos tremerem a ponto de ficarem escorregadias?

As peças não se encaixavam. O tempo contonuava a passar impiedosamente sem qualquer exceção.

Foi então que, por um vislumbre, minha visão desfocada conseguiu captar um corpo sendo arrastado desacordado para dentro da tenda de meu superior; os fios pretos cobriam seu rosto, mas claramente deveria ser alguém que não estava naquela condição por vontade própria.

Barulhos mínimos de passos me forçaram a recuar. Abaixei imediatamente rastreando qualquer sinal de movimentação em meu perímetro, mas nada além da leve brisa carregando folhas secas passava pela área.

Eu deveria voltar ao meu posto antes que alguém notasse minha ausência.

Por mais que aquele evento estivesse me incomodando, poderia não passar de um malfeitor que acabou nas garras do exército por seus crimes não pagos. Não era assunto meu.

Não era.

— Droga. — resmunguei fechando meus olhos para conter o nervosismo assim que um grito feminino ecoou da mesma barraca que tinha visto levarem o corpo desacordado.

Tinha decidido ignorar aquela cena quando um segundo grito quebrou o silêncio do campo aberto.

Meu corpo inteiro congelou sobre a ínfima possibilidade que se instalava em minha mente.

Não poderia ser real, era apenas minha imaginação querendo me atormentar. Não era?

— Vamos buscar o restante antes que amanheça. — Sr. Kim saiu da tenda batendo suas mãos uma na outra após dar uma breve olhada em seu entorno.

Os postos noturnos geralmente são mais concentrados nos limites de nosso acampamento, então aqui dentro dos alojamentos os únicos que eram vistos, são soldados trocando de turnos e alguns oficiais recebendo cargas confidenciais.

Há cerca de dois anos, quando nosso antigo conglomerado desmoronou, os pais de todos herdeiros foram sentencionados à prisão, os menos envolvidos pegaram sentenças mais leves, mas todos tiveram seus bens confiscados e agora carregam uma ficha criminal por conta de seus negócios corruptos. Então, ficamos confiantes de que suas ações nunca mais iriam interferir em nossas vidas, pelo menos desde que nos mudamos para a China.

No entanto, nossos pais tinham mais segredos do que poderíamos prever. Com isso, quando o conglomerado caiu, nós também caímos junto.

Por meio de um suborno preliminar com o exército chinês, nossos pais fizeram com que todos os herdeiros masculinos fossem recrutados ao exército no mesmo período, porém em diferentes bases.

Essa era a maneira do conglomerado de dizer que nunca poderíamos ignorar nosso passado, pois seremos eternamente os herdeiros de um império amaldiçoado.

Então, quando reconheci seus fios escuros bagunçados em seu rosto adormecido assim que me esgueirei até a tenda que tinham a carregado, meu coração travou.

Bo-na não poderia estar aqui.

— Ei, acorda. — sem tempo para assimilar o que acontecia conosco, minhas mãos seguravam seu rosto tentando despertá-la. 

Ela estava gritando há poucos minutos atrás, como pode ter apagado tão rápido?

E enquanto tentava a acordar, reconheci o quão condenado estava. Todos esses meses trabalhando minhas emoções para não as deixaram se sobrepor ao meu trabalho, e agora qualquer esforço que tenha tido evaporou assim que lembranças nossas me atingiram como um relâmpago.

Eu nunca poderia esquecer nossa história.

— Bo-na, por favor. Você não pode ficar aqui.

Nenhuma reação. Seu corpo não reagia, quase como se sua alma tivesse escapado de si.

— Você não pode me deixar assim. — minha voz era mais um sussurro embargado do que qualquer outra coisa, mas naquela situação eu realmente não me importava em meu estado quando não podia fazer nada para a salvar.

Foi então que minhas orações mais sinceras foram atendidas.

Bo-na acordou, mas não parecia muito contente ao me ver. Não planejava ser pego desprevenido, mas tinha que admitir que essa ideia nunca se passou pela minha cabeça tanto quanto a encontrar aqui.

Bo-na estava com as mãos ao redor de meu pescoço enquanto se mantinha sentada em minha cintura como se estivesse determinada a defender sua própria vida. Em seus olhos eu era como uma ameaça.

— O que está fazendo? Eu estou tentando te ajudar! — apesar do receio de seus dedos me estrangularem, continuei a falar com a mínima esperança de que isso a fizesse reconhecer minha voz.

— Me tira daqui.

— Espera, Bo-na. — antes que pudesse a deixar sair da tenda, minha destra se prendeu a dela.

— Como sabe meu nome? Por que estão fazendo isso comigo? — conseguia enxergar através de seus olhos a mesma garota que segurei antes que caísse da ponte. Ela estava tentando sobreviver, e não me reconhecia exatamente como daquela vez.

No entanto, não sabia se conseguiria lidar com isso novamente. Por isso, quando meus braços a puxaram para um abraço silencioso, desejei com todas as minhas forças que a Bo-na que conhecia ainda estaria alí em meu alcance. Porque eu não poderia, em nenhuma hipótese, desistir da minha garota.

— Eu vou gritar se você não me soltar.
— meus braços se afrouxaram imediatamente.

— Você realmente não me reconhece? Por que você sempre esquece de mim? Por que sempre esquece de quem você realmente é? — eu não queria gritar, mas estava tremendamente irritado com nossas circunstâncias.

— Por que está falando como se me conhecesse? Quanto pagaram para você fazer isso comigo? — por mais que tentasse, nada parecia funcionar até agora.

Por um pequeno impulso, minhas mãos puxaram seu rosto colando nossas bocas em um toque profundo, como ao conectar dois imãs de polos opostos, completamente atraídos um pelo outro numa sensação uniforme.

Eu queria que nosso contato fosse o suficiente para se render, porque nunca pareceu errado em nenhuma das vezes que fizemos isso.

— Quem você pensa que é para fazer isso? — seus olhos lacrimejados apenas serviam para aumentar a dor que sentia.

— O que fizeram com você? — apesar de estar com minha visão igualmente embaçada, conseguia enxergar cada detalhe de seu rosto como ainda lembrava.

— Se você está querendo me fazer lembrar dele, isso não vai funcionar.

— Dele? De quem está-

— Xiaojun. Estou falando de Xiaojun!
— sua voz tremia conforme se afastava a passos curtos de mim. E como se alguma peça não se encaixasse naquela história, permanecemos afastados.

— Está procurando por ele? — uma pergunta sobre mim mesmo poderia ser mais dolorosa do que imaginava.

— Não, isso não faz sentido.

Minha identidade tinha se perdido nesses anos, e agora, uma outra versão de mim se passava em sua cabeça.

— Por que não?

— Porque... porque eu vi o corpo dele... naquela praia, que droga. — Bo-na estava se segurando imensamente para não chorar na minha frente, como de costume, ainda tinha receio em demonstrar seus sentimentos.

Então foi isso que contaram para ela depois que perdemos contato. Era normal que soldados aparecessem mortos nas praias, muita vezes sem identificação. Mas eu não conseguia acreditar na crueldade que fizeram tanto comigo quanto com o desconhecido que não teve sua família notificada sobre sua morte porque trocaram nossas identidades simplesmente para fazer Bo-na acreditar que nossa história se encerrou daquela maneira, sem nem mesmo um adeus.

Nesses dois anos, tinhamos mudado bastante, mas não poderia a julgar por não acreditar em mim agora. Além do uniforme militar, minha aparência era constantemente motivo de cochichos entre os soldados de meu batalhão. Eu era como um corpo sem alma vagando por essas terras; sem esperança.

— Nós precisamos ir. — sem querer explicar mais nada, apenas a puxei para fora da tenda, com a máxima determinação em arriscar meu trabalho para garantir que saíssemos daqui.

— Espera, para onde está me levando agora?

— Escuta. Sei que está assustada com tudo isso, mas saiba que não está sozinha. — segurando seus ombros para ter certeza de que não escapasse, Bo-na prestava atenção em cada palavra que escutava. — Eu nunca vou desistir de você

Um motivo para lutar. Um motivo para viver.

— Você...

— Se lembra dos quadros que você pintava? — ainda que confusa sobre minha pergunta, Bo-na balançou a cabeça positivamente. — Se lembra dos significado das cores?

— Preto... — era a cor que cobria mais da metade de meu rosto como parte da vestimenta de camuflagem.

Como no passado, depois de perder sua memória em um acidente nas escadas do prédio de sua família ainda na infância, Bo-na costumava pintar quadros com predominância de preto como se quisesse se lembrar de alguém, mas não conseguia. E sem querer, essa cor estava o tempo inteiro associada a mim.

— Se lembra que seus dias preferidos eram quando podia fumar em um dia chuvoso? Se lembra de quando estava indo para uma entrevista de emprego e um homem de terno reclamou sobre seu cheiro? — conforme atravessamos o acampamento, minhas palavras a guiavam em minha direção, fazendo com que seguisse meus passos sem desgrudar de mim.

— Isso foi resolvido com perfume.

— Se lembra quando você escorregou da grade de proteção daquela ponte? — dessa vez, nos encaravamos como se estivéssemos hipnotizados.

— Xiaojun me salvou, mas-

— Se lembra de quando quase se casou? — cortamos nosso contato visual quando minha atenção precisou se dividir entre ela e o caminho a nossa frente.

— Xiaojun estava segurando as alianças. Eu não sabia que ele também era um dos herdeiros.

— Se lembra de todas as músicas que ele cantou? — antes que pudessemos alcançar uma das saídas do acampamento, encarei-a uma última vez esperando por sua resposta.

— Eu-

— Quem são vocês? O que estão fazendo aí? — antes de Bo-na conseguir responder, um oficial sem muita visão sobre nós apareceu mais ao fundo, caminhando lentamente em nossa direção.

— Nós precisamos correr.

Sem oportunidade para nos prepararmos, nossos pés atravessaram os caminhos iluminados pelos postes improvisados do sistema de vigilância. Todos os alarmes do acampamento foram disparados, e em segundos centenas de soldados corriam para fora de suas tendas procurando o motivo daquele alarde.

Não sabia em qual posto Hendery estava, mas se ainda estivesse no acampamento não demoraria para nos encontrar.

— Espera. — de repente Bo-na impediu que eu continuasse a avançar pela floresta puxando-a comigo.

Sem nenhuma explicação, entendia perfeitamente o que aquilo significava. Estávamos cercados. Não somente por cercas elétricas, mas por rifles apontandos em nossa direção.

— Está tudo bem, apenas fique comigo. — tentar tranquilizar nossa situação parecia impossível.

— Sabe as regras, soldado. Entregue a garota e não terá problemas. — Sr. Kim apareceu com os braços cruzados, acompanhado de uma escolta particular, a mesma que trouxe o caminhão com Bo-na.

— Eu não posso. — mesmo que estivesse completamente encurralado, mesmo sem nenhuma esperança.

— Tudo bem, você foi avisado.

Sem negociações ou qualquer coisa que poderia nos livrar daquilo, soldados que muitas vezes trabalharam junto comigo hesitaram antes de avançar em minha direção, pouco a pouco, encurtando nosso espaço.

Bo-na se escondia atrás de minhas costas, tentando ao máximo escapar daqueles olhares massacrantes.

Em poucos segundos estaríamos separados e condenados a um destino pior do que a morte.

Então, com uma pistola apontando para Bo-na, avancei em direção ao meu comandante, provocando exatamente a reação que queria.
Bo-na, que ainda parecia ter dúvidas em relação a mim, agora se encontrava completamente certa de que eu estava do lado deles.

— O que pensa que está fazendo?
— seu tom apesar de ríspido, era de alguém assustado.

— Você realmente quer a garota? — questionei em alto e bom som para que todos os presentes pudessem acreditar em minha encenação.

Por um curto momento, enxerguei Hendery em minha esquerda, tão surpreso com minhas ações quanto os demais.

— Não é da sua conta, garoto. Quanto tempo acha que conseguirá sobreviver depois de fazer essa bagunça? Acha que algum dia sairá daqui depois disso?

É. Eu sabia que o que estava fazendo não tinha mais volta. Por isso, não poderia me arrepender em nenhum momento a partir de agora.

— Por favor, não faça isso. — Bo-na tinha seu rosto borrado enquanto tentava implorar para que afastasse minha arma de sua cabeça. Eu me odiava ainda mais por ter que fazer aquilo.

Disparando duas vezes para a copa das árvores antes de voltar o cano metálico para minha suposta vítima, todos abaixaram antes de voltarem a a apontar seus rifles em mim, e dessa vez meu corpo era o alvo dos snipers que apontavam seus lasers como se capturassem um criminoso.

De repente, dois faróis brilhantes surgiram no meio da escuridão das árvores. Uma nuvem de poeira se levantou conforme se aproximava. E antes que alguém pudesse reclamar sobre sua intromissão, o veículo que parecia um jipe, começou a dirigir em círculos ao nosso redor, bloqueando a visão daqueles que tentavam nos capturar.

— Chittaphon? — quando Bo-na conseguiu parar de tossir, seus olhos se estreitaram em direção ao motorista.

— Como...  — aproveitando meu estado inerte, Bo-na se soltou de mim correndo o máximo que pôde até a caçamba do carro.

No entanto, antes que pudesse fazer isso, um soldado de brigada a derrubou.

— Bo-na!

Éramos uma disputa de braços e pernas tentando se desprender um dos outros. E quando consegui soltar Bo-na de suas mãos, meus braços se ocuparam ao redor de seu pescoço, tentando fazer com que perdesse a consciência antes que pudesse voltar a nos alcançar. Porém, não contava que a garota que tentava proteger voltaria para acertá-lo com uma coronhada. 

Bo-na estendeu sua mão para mim, mas diferente do que imaginava, nós não corriamos em direção ao jipe, porque esse não se encontrava mais em nosso campo de visão.

Nós corriamos em direção a um penhasco, como se tivéssemos calculado esses movimentos o tempo inteiro, mas não tínhamos.

— Bo-na, isso não é uma ponte qualquer. — puxar sua mão para impedir de continuar parecia a coisa mais sensata a se fazer.

— Desde quando tem medo dessas coisas, Xiaojun? — seus olhos brilharam conforme seu sorriso aumentava.

A brisa que balançava seus fios soltos, e a sensação de frescor em nossa pele apenas serviam como um lembrete de que ainda estávamos vivos, e isso significa que ainda somos os mesmos herdeiros que explodiram um prédio, decorando nossa história com chamas.

— Você... — só então notei que Bo-na tinha usado meu nome.

— Eu me lembro de cada música, lembro de cada detalhe que só nós dois sabemos. — sua sinceridade atingia cada pedacinho de meu coração. — Eu sinto muito por não acreditar que você ainda estava vivo.

— Bo-na.

— Nós precisamos pular. — suas mãos consumidas em ansiedade não paravam de tremer entre as minhas.

— Eu amo você por toda a eternidade. Espero que nunca se esqueça disso.

Sem mais hesitar, nós pulamos de mãos dadas, a tempo suficiente de nenhum disparo de armas impacientes nos atingir. 

Fomos abraçados pela água gelada e escura da costa, e antes que não pudessemos retornar à superfície, puxei Bo-na em minha direção, transferindo meu oxigênio através do encontro de nossas bocas para que não perdesse suas forças para nadar, pois seu fôlego sempre foi curto.

Os sons do mar que nos envolviam eram a trilha sonora perfeita para que  despertassemos em busca de ar, nadando o máximo que podíamos na imensidão assustadora que diminuía conforme a deixavamos para trás.

Nós estávamos deitados na areia, ainda sentindo as ondas alcançarem nosso pés. Completamente esgotados para nos movermos, apenas continuamos de olhos abertos, sentindo o frio dominar nossos corpos dormentes.

— Xiaojun.

— Hmm?

— Eu estava perdida esse tempo inteiro sem me sentir pertencente a nenhum lugar, mas minha resposta sempre esteve bem em minha frente.
— seu rosto se virou em minha direção, respirando fundo antes de fechar os olhos e voltar a abri-los sem tirá-los de mim.

— E o que você descobriu? — com um pouco de esforço, consegui levantar o suficiente para me sentar na areia molhada.

Nesse tempo, o mesmo jipe que tinha aparecido na floresta, agora descia por uma faixa de areia que não pudesse afundar as rodas do veículo. De dentro dele, Chittaphon se levantou do banco do motorista acenando para nós com um sorriso largo. Yangyang, que provavelmente também estava na mesma base que a sua, ocupava o banco ao seu lado. E,
por fim, Hendery, na caçamba, carregava dois rifles em seu colo enquanto acenava brevemente para nós.

— O lugar que verdadeiramente pertenço. — Bo-na sorriu antes de se levantar, caminhando passos curtos antes de se virar para mim.

— Ya! Vocês estão atrasando nosso resgate! — Chittaphon gritou dentro de suas mãos ao perceber nossa demora. — Eu tenho massagista marcado para hoje ainda, tá?

— Lugar? — ignorando os gritos de Ten, meus olhos continuaram focados em Bo-na.

— Não um lugar, mas uma pessoa. — seu sorriso tímido desencadeou uma série de reações confusas dentro de minha cabeça.

— Vocês por acaso estão de brincadeira com a minha cara? — Ten continuou a gritar enquanto eu seguia os passos de Bo-na em direção ao carro.

— Bem-vindos de volta. — Hendery nos ajudou a subir, fechando a estrutura de proteção assim que sentamos nas laterais da caçamba, completamente exaustos.

— Ten disse que vai comprar frango frito com cerveja, então não podemos nos atrasar. — quando Yangyang nos cumprimentou, consegui entender como os garotos tinham nos achado tão rápido. Ninguém poderia nos rastrear em qualquer lugar do mundo tão bem quanto o mais novo no banco do carona.

— Quando que eu disse isso? Perdeu um parafuso dessa sua cabeça, foi?
— voltando a dirigir, Ten discutia com Yangyang sobre suas promessas.

— O que aconteceu com os outros?
— perguntei esperando que qualquer um pudesse me responder.

— Eles ainda estão no exército, mas possuem previsão para sair esse ano ainda. — Yangyang me entregou um tablet antes de voltar a discutir com o motorista.

Kun, Lucas e Winwin estavam nas fotos de uma base próxima às fronteiras da Rússia, mas pareciam estar fisicamente estáveis, muito diferente dos cacos em que nos encontramos.

— Ah, que bagunça. Quando poderemos nos aposentar disso? — Ten resmungou quando parou em um semáforo fechado.

Todos nos encaramos antes de rir do mais velho.

— O quê? Do que estão rindo?

— Ten, acho melhor você fazer um seguro de vida. — Hendery comentou de braços cruzados.

— O que vocês estão querendo dizer com isso? Não faz nem três meses que consegui sair do exército e tive que vim salvar vocês três.

— Nós vamos buscar nossos garotos.
— Bo-na acompanhou meu sorriso espontâneo, e um de frente para o outro, sabíamos que podíamos finalmente voltar a respirar aliviados depois de dois anos.

Tínhamos cicratrizes demais em nosso passado, mas o destino nem sempre é uma maldição quando estamos com quem amamos.

Essa era nossa história dentre tantas outras. Os eternos herdeiros, agora, de nosso próprio Império.

___________________________

NOTAS:

Olá, depois de muito tempo enrolando com continuações dessa história decidi que não vou estendê-la com novos capítulos, mas, ao invés disso, de vez em quando, estarei postando capítulo especiais aqui mesmo como se fossem one shots relacionadas muitas vezes ao passado e ao futuro com base na história contada até aqui.

Hoje (03/12) essa fanfic completa um ano que foi postada, e tem sido uma experiência que não esperava dentre tantas mudanças.

Obrigada por me acompanharem até aqui, obrigada por todos os votos e comentários nessa história.

Espero que estejam bem, e até a próxima!

Com amor,

~Flowka_
































Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro