49. How deep is your love?
— Ei, Bo-na?
— O quê? Temos que buscá-los o quanto antes. — murmurei puxando seu pulso para que continuássemos a correr em direção à suposta localização dos garotos que foram levados.
— Mantenha sua promessa.
— Não se preocupe com isso. — assegurei encarando sua expressão séria, e naquele momento percebi que não estávamos mais no meio de discussões casuais ou piadas travessas, mas sim enfrentando o mundo real, onde relações de tal natureza não possuem espaço.
— Vamos, não quero ter que ouvir reclamações daquelas crianças mais tarde. — Ten sorriu minimamente voltando a subir os degraus das escadas de emergência seguido de meus passos.
— Peguem eles! — arregalei meus olhos quando a porta do quinto andar foi aberta com um chute, saindo cerca de três homens uniformizados em ternos pretos.
— Bo-na?! — Ten me chamou e eu assenti com a cabeça.
Não era nenhuma surpresa aquela situação, levando-se em conta o lugar pelo qual tecnicamente invadíamos. Missões de resgate nunca foram pacíficas, e saber disso tornava a situação menos complicada.
A adrenalina que dominava meu corpo me permitia encarar o que estivesse a minha frente sem hesitação, e assim que Ten isolou dois dos seguranças escada abaixo, tive o privilégio de ficar com o cenário todo para mim.
— Colabore conosco e não se machucará. — dizia o homem restante a passos delicados em minha direção.
— Acho que está tarde demais para isso. — sorri quando percebi sua silhueta correndo em minha direção esperando pegar-me desprevenida.
Tudo que ocorreu a partir dali consistiu em um simples desviar de corpos, fazendo com o que segurança fosse de encontro a parede e ainda atordoado voltasse seu olhar a procura de meu paradeiro. Atrás de si cutuquei seu ombro algumas vezes para que notasse minha presença, e assim feito minha pegada se firmou em seu tórax, empurrando-o escadas abaixo.
Passado o pequeno infortúnio, certifiquei-me de trancar a porta pela qual eles passaram. Ten surgiu subindo as escadas novamente com seus fios colados em seu rosto pela predominância do suor.
— Tem certeza que devemos continuar? — indaguei insegura em relação ao seu estado. Seria insanidade arriscar sua vida em troca de outras, mesmo todas em questão sendo tremendamente relevantes.
— Não podemos parar. — Ten respirou fundo várias vezes, voltando a correr em minha frente segurando meu pulso para que eu o acompanhasse.
Não sei dizer ao certo quando a situação começou a sair do controle. Provavelmente o prédio já havia sido alertado sobre nossa presença e agora dezenas de seguranças saíam pelas portas de acesso às escadas, encurralando nossos corpos na quina da parede.
— Ten?
— Lembra do que prometemos, não é?
— Ten questionou engolindo em seco enquanto encarava aqueles homens ao nosso redor.
— Não me diga que está pensando em-
— Está na hora. — Ten conectou nossos olhares, transmitindo uma imensidão de sentimentos inexplicáveis. Aquele garoto por mais confuso que fosse, sempre sabia o que estava fazendo.
— Por favor, não posso deixá-lo mais uma vez. — supliquei segurando seu pulso numa tentativa ineficiente de faze-lo mudar ideia.
— Não! — Ten negou sem devaneios, acertando o rosto do primeiro segurança que tentava nos prender.
— Não se machuque, por favor. — encarei brevemente suas íris marejadas e antes que eu pudesse ultrapassar os seguranças e seguir escada acima ouvi o barulho de grades sendo trancadas atrás de mim.
— Está tudo bem, apenas continue seu caminho.
— Ten, o que está fazendo?! — voltei alguns degraus agarrando minhas mãos nas barras metálicas do portão que separava os degraus dos andares, e sem pretensão de abrir, tudo que pude fazer foi observar o outro lado com um dos apertos mais doloridos em meu coração. Estava o deixando mais uma vez para trás.
— Bo-na, não se preocupe comigo, siga o plano! — Ten murmurou perto das grades deixando um rápido sorriso em seu rosto antes de retornar a se preocupar com a confusão que teria que enfrentar sozinho.
— Me desculpa, por favor. — reprimi um soluço me afastando da cena, analisando cada toque dolorosamente desferido no corpo de meu amigo, que agora rastejando no chão apenas acenava em minha direção indicando que eu deveria continuar.
Quando minha atenção captou um dos seguranças tentando ultrapassar as grades, meus pés logo voltaram a subir os degraus, passando por cada porta tendo a certeza de que estaria trancada.
Suprimi a vontade agoniante de gritar, sabendo que deveria continuar a subir os degraus que me levariam ao que poderia ser o fim de minha jornada. Não havia dúvidas de que deveria terminar aquilo de uma vez por todas. Mesmo que meu corpo não aguentasse a pressão, mesmo que eu chorasse por dias. Mesmo que meu coração se quebre em pedacinhos irreparáveis.
Por que sempre precisava deixar aqueles que amava para trás?
— Bo-na!
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