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43. Two distant strangers

— Não encosta em mim.— gritei assim que fui encurralada entre as quinas das paredes, sobrando nada menos do que centímetros de distância para meu corpo se colar completamente ao seu.

Responda. — murmurou enrijecendo sua mandíbula conforme tomava meu rosto em sua mão, tentando provavelmente me intimidar.

— Ya. — antes que eu pudesse de fato sair de suas mãos em uma mísera tentativa de escapar, fui posta novamente contra a parede, e, dessa vez com suas pernas também me prendendo.

— Não irá sair daqui até me dar o que eu quero. — voltei a encarar pela segunda vez seus olhos brilhantes, e não pude deixar de sentir um aperto se formar em meu coração.

— Espera, não! — tentei parar suas ações assim que percebi sua destra adentrando meus fios e indo em direção ao dispositivo de minha orelha, jogando-o no chão em seguida, arruinando todo meu trabalho em segundos.

— Ninguém virá te ajudar. — Xiaojun voltou a me encarar com um sorriso debochado, enquanto senti arrepios percorrerem meu corpo, apesar de estar visivelmente sem saída me recusava a aceitar minha falha. Eu não podia estragar todo o plano quando todos os outros ainda corriam risco.

— Por favor, eu não-

— Por que está aqui? — franzi minhas sobrancelhas para sua pergunta, assimilando a conexão de suas palavras com nossas identidades. A princípio, Xiaojun não havia me reconhecido, assim como eu não estava acostumada a seus fios novamente escuros, do mesmo jeito de quando nos conhecemos .

— Não te interessa. — ignorei sua expressão séria virando meu rosto de forma que não precisasse o encarar.

— Não fuja de mim, Bo-na. — voltei a encarar suas íris escuras ao ouvir meu nome saindo de sua boca, confirmando minhas suspeitas.

— Como?

— Achou que eu não reconheceria você? — sorriu desmanchando sua posição autoritária, deixando com que eu finalmente respirasse.

— O que está fazendo do lado deles?

— Meu trabalho. — respondeu desviando sua atenção para os lados, como se estivesse esperando que alguém aparecesse.

— Puta idiota. — xinguei-o em um sussurro, rindo internamente por saber que apesar de ter me escutado tudo o que fez foi revirar os olhos.

— Não se mexa.

Para onde eles foram? — algumas vozes masculinas surgiram mais ao fundo, gelando meu corpo mais do que o previsto.

— Xiao-

— Shh. — Xiaojun por alguma razão achou a ideia de estarmos colados contra a parede a melhor possível, e que desse modo ninguém nos perceberia.

— Está me machucando. — resmunguei reclamando de suas mãos segurando meus pulsos como se eu tivesse alguma possibilidade de fugir.

E antes que eu pensasse que seria definitivamente meu fim, fui arrastada para dentro de uma sala minúscula que por sorte estava aberta e comportou nós dois sem muitos problemas. Porém, não tive tempo de respirar aliviada quando Xiaojun trancou a porta assim que as vozes se aproximaram do outro lado. A maçaneta não girou como eu imaginava que iria acontecer, no entanto imprevistos sempre são parte do meu dia.

Imersa em meus pensamentos ruidosos não percebi o quanto tínhamos ficado próximos desde que nos escondemos aqui. Uma pergunta ainda rondava minha mente: Por que ele não me entregou quando teve a chance, se aparentemente está do lado deles?

Minhas dúvidas logo cessaram quando senti selares úmidos em meu pescoço, percorrendo toda sua extensão de forma que a respiração pesada que batia contra minha pele deixasse a região formigando. Eu não compreendia o que de fato suas ações significavam, mas sabia que não queria sair dali tão cedo. Não deixei de por impulso levar minha mãos até seus fios escuros acariciando-os sem ao menos me dar conta do pequeno barulho que fazíamos.

— Droga, eu senti tanto sua falta.
— Xiaojun sussurrou ainda encaixado na curvatura de meu pescoço, deixando com que eu desejasse mais daquilo quando se afastou.

— O que aconteceu com você? — indaguei afastando minhas mãos de seus fios, pendendo-as ao lado de meu corpo.

— Comigo?

— Por que está fazendo isso?

— Bo-na...

— Xiaojun, o que você está tentando proteger? — seus olhos rentes ao meus não me davam brechas para conter o tamborilar de meu coração, que ansiava por respostas e contatos do garoto que se tornava uma incógnita difícil de se lidar.

— Eu vou te tirar daqui. — Xiaojun ignorou minha expressão confusa, pegando meu rosto em suas mãos de forma que pudesse encaixar nossas bocas em um rápido contato.

— Espera, eu ainda não posso sair! — reclamei assim que percebi que não havia completado minha missão, não poderia sair daqui sem nada em mãos.

— Não perca tempo atrás de papéis.
— Xiaojun balançou a cabeça, como se lesse meus pensamentos, apenas parando de me puxar pelo corredor quando alcançamos uma divisória de corredores.

— Do que está falando?

— Você não lembra mesmo?

— Lembrar do que? — franzi minha expressão sem tirar minha atenção de suas ações.

— Esperem, onde estão indo? — minha mão instintivamente agarrou a de Xiaojun, e atrás dele, senti como se dessa vez estávamos completamente encrencados.

— Estamos a serviço da embaixada. — encarei atônita a resposta do garoto a minha frente, que contornava a situação com um improviso além do comum.

— E quem é ela? — o segurança apontou para mim, de forma que eu abaixasse minha cabeça agradecendo por ainda estar com minha máscara.

— Minha namorada. — senti sua mão enrijecer sobre a minha, deixando com que o segurança nos encarasse com certa desconfiança.

— Namorada? Ah, ok — permitindo que nosso caminho ficasse livre não demoramos a sair de seu campo de visão.

— Namorada? Desde quando nós-

— Você terminou comigo? — Xiaojun virou-se para mim assim que chegamos ao elevador.

— Mas nós-

— Você nunca disse não. — sorriu, apertando nossas mãos que ainda seguiam unidas.

— Espera, eu também nunca disse sim! — semicerrei o olhar para o garoto imprevisível, e sem que eu pudess impedir já estávamos dentro do elevador observando as portas se fecharem.

— Precisa dizer? — Xiaojun desceu seu rosto até mim, esperando que eu não revidasse sua palavras, pelo simples fato de ser ele o dono delas.

— Ya!

— Está tudo bem, estou do seu lado agora.




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