Xiaojun me deixou em meu apartamento na noite anterior mesmo eu insistindo que poderia ir sozinha. Seu cheiro agora impregnado em meu vestido espalhava-se por todo o ambiente como uma brisa que eu não fazia questão de evitar. 

Por sorte ou não, ninguém havia ligado ou aparecido em minha porta desde ontem. Não é como se fossem me deixar em paz para sempre, e quanto mais demoravam para estragarem minha zona de conforto mais isso me preocupava.

Foi quando me arrependi de ter checado as notícias dos jornais online aquela manhã. Dezenas de sites dispuseram algumas matérias sobre o noivado "polêmico" da Coreia, muitos deles apoiavam toda a reviravolta alegando que o país precisava dessa emoção, mas outros desprezavam completamente a atitude de Chittaphon, dizendo que um herdeiro de um conglomerado não deveria atrair más intenções para a família.

Mas em nenhuma dessas matérias alguém se importou com nossas escolhas pessoais, ninguém se importava se estávamos sendo obrigados a fazer aquilo por um bem maior, todos só queriam ver o capital circulando em suas mãos.

Tentei ligar várias vezes para Ten ou Sicheng, mas ambos tinham seus celulares desligados.

Antes que eu pudesse pensar em uma solução para encontra-los meu celular apitou com centenas de comentários em uma notificação. Meu nome havia sido mencionado no artigo que acabara de ser publicado.

"Assim como sua família estamos todos abalados com o rumo do que era para ser o maior noivado do país. No entanto, temos planos para Kim Bo-na suceder nos negócios e superar esse pequeno infortúnio."

Parei de ler a entrevista quando percebi que não deveria perder tempo com palavras vindas de meus pais. Eles não sabiam nada sobre mim e muito menos sobre meu futuro, portanto não deixaria que descartassem Chittaphon como se fosse um objeto sem utilidade para eles.

— Gahyeon? Nossos pais estão em casa? — perguntei assim que minha irmã mais velha atendera a ligação.

— Estão sim, Bo-na, mas acho melhor não...

— Deixe a porta aberta, não quero ter que destruí-la.