— Você enloqueceu?! — encolhi meu corpo em reação aos gritos, tentando assimilar o que havia acontecido após aquelas luzes.

— Eu- Eu- O que está fazendo aqui? — gritei de volta, assim que consegui abrir meus olhos reconhecendo quem estava ao meu lado.

— O que pensa que vai acontecer se morrer? Acha que seus problemas vão sumir? — Xiaojun estava completamente alterado quando se levantou do chão agarrando seus fios claros.

— Pare de gritar comigo, você não sabe de nada. — murmurei abraçando meus joelhos sem me dar o trabalho de levantar daquele chão nevado.

— Eu posso não saber de tudo, mas sei que ser atropelada não resolveria sua vida, estúpida. — Xiaojun andava de um lado para o outro exalando seu conflito interno, e eu o observava minuciosamente na tentativa de o compreender.

— Não preciso que me diga o que eu tenho que fazer, idiota! — gritei por fim criando coragem para levantar mesmo que ainda tonta, decidida a ir embora para qualquer lugar longe de todos que conhecia.

— Por que você nunca entende? — Xiaojun murmurou com a voz arrastada, fazendo-me olhar para trás antes de deixa-lo falando sozinho.

— Entender?

— Que droga, como pode ser tão perturbada assim? — suas mãos, mesmo que anteriormente espalmadas no chão para aparar nossa queda, ainda encontravam-se aquecidas trocando calor com minhas bochechas gélidas.

Meu coração batia mais rápido que o normal dentro do meu peito, deixando espaço para sensações estranhas me atormentarem.

— Ya, o que pensa que está-

— Eu não vou deixar você morrer, não importa o que diga para mim. — Xiaojun olhava no fundo dos meus olhos conforme falava palavras sem sentido, eu não entendia sua complexidade, mas da mesma forma me sentia atraída por isso, por mais que eu negasse incontáveis vezes.

— Eu não preciso de ninguém para me proteger, cuide de sua vida. — reclamei deixando que a raiva que eu sentia me consumir mais do que deveria. Eu não queria o tratar assim, mas estava assustada demais para não querer me defender, e isso incluía o garoto de expressão confusa a minha frente.

— Cala a boca. — Xiaojun sussurrou abaixando seu rosto e soltando suas mãos de minhas bochechas, como se tivesse sido desligado.

— O que? Por que você está... — me arrependi de todas as coisas maldosas que eu falei quando percebi como seus olhos delineados brilhavam mais do que o normal, cheios de água.

— Xiaojun, o que eu fiz?