21. Sweet tears
— Não!
Tudo ao nosso redor pareceu congelar por alguns segundos, tanto eu quanto os convidados estavam completamente surpresos com o desfecho do que deveria ser um noivado de negócios. No entanto, quando Chittaphon e Sicheng separaram suas bocas após terem certeza de que todos haviam visto, tudo se transformou em puro caos.
O jeito de consertar nossas vidas que Ten tanto falava era simplesmente destruindo a dele. Sua reputação se mancharia para sempre, e com sorte seus pais não o exilasse, já que nunca aceitariam um herdeiro homossexual.
Mas Ten não estava fazendo aquilo por estar sendo forçado a casar enquanto gostava de outra pessoa. Nós dois sabemos que nunca é tão simples assim.
— Bo-na, o que ainda está fazendo aqui? — Chittaphon gritou enquanto eu ainda permanecia petrificada tentando assimilar o que ele havia feito para poder me livrar do casamento.
Não era justo.
— Ten! Eles vão te matar. Por que está fazendo isso consigo? — corri até meu melhor amigo, ignorando o fato de que o público ainda nos assistia.
— Vai ficar tudo bem, sua luta não é comigo. — Ten sorriu me puxando para um abraço apertado. E por mais que eu quisesse intervir nessa confusão me conformei em apenas me afogar em lágrimas.
— Seu estúpido egoísta, como ousa? — gritei tentando afasta-lo, mesmo quando eu não o queria soltar nunca mais. Eu queria poder protege-lo assim como fazia comigo.
— Bo-na, corra enquanto pode. — sussurrou sorrindo afetuosamente mesmo com os olhos lacrimejados. Aquilo foi o suficiente para terminar de me quebrar por dentro.
— Por que estão fazendo isso? Não era para ser assim! — murmurei entre soluços, me esforçando ao máximo para ignorar os gritos dos nossos pais se aproximando.
— Bo-na, escuta-me uma última vez! Saia por aquela porta e nunca mais apareça aqui com outro casamento arranjado, está me ouvindo? — Ten murmurou segurando minhas bochechas com suas mãos quentes, certificando-se de que eu seguiria suas ordens, mesmo que elas fossem contra a minha vontade.
— Ten, por favor, você não pode... — meu corpo tremia em desespero, por não saber o que aconteceria com meu melhor amigo e por não saber o que deveria fazer.
Eu não podia o deixar aqui.
— Bo-na!
O último grito de Ten foi o suficiente para me despertar de meu conflito interno, exatamente quando nossos pais vinham furiosos para cima de nós junto de alguns seguranças. Encarei Chittaphon uma última vez antes de murmurar incontáveis vezes pedidos de desculpas conforme meus passos me levavam para trás, deixando não só Ten no meio do inferno como também meu coração.
— Que droga. Que droga. QUE DROGA! — gritei correndo o mais rápido que conseguia em direção a porta de emergência enquanto alguns seguranças tentavam me alcançar.
— Deixem-na, ela não terá para onde fugir. — ouvi a voz de meu pai segundos ante de eu sair do prédio e assistir as portas de acesso serem trancadas sem que ninguém pudesse entrar ou sair.
— TEN! — cai de joelhos no chão deixando as gotículas de água escorrerem por todo meu rosto, transparecendo a tempestade em que eu me encontrava.
Antes que eu pudesse me arrepender não tive outra escolha a não ser levantar e continuar correndo quando algumas lanternas brilharam em minha direção.
Eu deveria fugir, mesmo que para isso uma parte de mim ficasse para trás. Perdendo tudo que eu conhecia, correndo sozinha pelas ruas nevadas daquela cidade não tão silenciosa quanto eu gostaria.
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