‹⟨ Episódio 4 ⟩›
Uma mulher de aparência europeia loira, com olhos azuis reluzentes bebe tranquilamente um copo de cerveja. Joga todas as suas mágoas na bebida, pois ser demitida no dia de seu aniversário não é o melhor presente para se receber. Dá mais um gole, apoiada num braço. O bar-man seca um capo de vidro. Seu nome é Harry, um conhecido da mulher. Observa a loira.
—qual foi a dá vez, Angélica?—pergunta.
—foi a vida, Harry, a vida me deu mais uma rasteira.
—acho melhor você parar um pouco. Vai pra casa. Dorme um pouco. Amanhã você começa de novo.
—hm—seus olhos estão fracos, de sono e efeito do álcool—acho que sim. Pelo menos a Hope vai me fazer companhia—bebe o resto do líquido. Harry suspira. Deixa o copo sobre o balcão, com três notas de dólar—obrigada, Harry. Até amanhã.
—até. Se cuida, Angélica.
—hm.
Ao sair do bar, a noite já caiu e tomou a cidade. Põe as mãos em seus bolsos do casado e caminha para a esquerda. Reclama e xinga o mundo em seus pensamentos. Terceiro emprego que perde em menos de um ano. Acha que os Deuses não estão indo com sua cara. Os saltos de suas botas fazem um eco pela rua quase vazia. Seu estômago começa a fazer um barulho estranho e incômodo. Põe uma mão sobre a barriga. Algo está vindo. Corre para um beco, vomitando ao lado de uma caçamba de lixo. Cospe todo o álcool para fora, misturado com sua últimas refeição. Um gosto azedo e nojento toma sua boca.
Limpa a boca com a manga do casaco. Caminha se apoiando na parede. Quase manca pelo mal estar. Levanta a cabeça. Quatro silhuetas de homens fortes e brutamontes surgem na entrada. Ela suspira e se pergunta: o que eu fiz pra você, Deus?
—eai, gatinha. Quer um petisco? Ahhahah!—os outros o acompanham na rizada.
—não, valeu. Tenho que voltar pra casa.
Começa a andar, passando pelo lado do maior deles. Seu braço magro é agarrado firmemente pela grande mão do homem calvo e bigodudo.
—podemos dar um jeito nisso. Há outras formas de tomar.
—nojento!
—joga ela pros fundo. Seja rápido. Alguém pode ver—outro fala.
Angélica é levada contra sua vontade para os fundos do beco. Outro homem se aproxima. Ela tenta resistir, mas seus braços são segurados. É posta de joelhos, em frente ao bigodudo. Ele sorri perverso.
Antes que ele faça qualquer coisa, ele para. Encara algo atrás do parceiro.
—o que foi?—nenhuma resposta.
O outro larga Angélica que se rasteja para o lado, se encolhendo. O homem se vira, encontrando uma sombra preta e sombria, quase como se estivesse viva. Se movimenta, descendo para o piso. Eles se afasta. Angélica fica paralisada, tremendo.
O chão começa a rachar, expondo um brilho vermelho e alaranjado. As pedras começam a ser puxadas para o fundo, sendo rasgadas e esticadas. Do brilho vermelho de fogo, uma mão magra e seca feminina emerge. Seus dedos estalam, junto de todo o braço. A mão desce, se prendendo no concreto, afundando seus dedos e unhas pretas nele. Outra mão surge, esquerda, se agarra também ao piso. Os ossos parecem que estão se quebrando devido ao som que emitem. Um pé esquerdo nu e magro aparece, se dobrando e se quebrando. Outro pé. Conforme o corpo da figura emerge do fogo, ela estala.
Expõe seu corpo, sendo coberta pela sombra dos prédios. Tem a cabeça baixa junto do tronco, com seus cabelos negros cobrindo sua face. Suas pernas estalam, subindo pelas suas coxas que ficam mais firmes, suas costelas quebradas se alinham e voltam ao seu lugar. Seu peito estufa e o pescoço se religa. Em meio aos seu cabelos pretos como a escuridão, seus olhos se abrem, revelando o fogo infernal que queima sua íris. Suas veias do rosto saltam com o mesmo brilho, parecendo que está rachando. Seu corpo está magro e seco, debilitada, mas ainda mantém o olhar mortal. A base de seus chifres possuem a cor do inferno. Os quatro brutamontes ficam paralisados.
—ei! Maluca!—seus olhos rápidos encaram o bigodudo.
Viram para dentro da cabeça, deixando somente a parte branca, voltam pela direita, encontrando Angélica assustada e paralisada. Os olhos de fogo voltam para os homens. Sua boca se abre, mostrando seus dentes pretos e podres. Ela não fala nada, apenas imite sussuros irreconhecíveis, arrastados e áspero.
—que mulher maluca!
O bigodudo quer mostrar o quão macho é. Caminha à passos pesados. Se aproxima da mulher que veste roupas escuras, vestido curto com saia. Ele agarra seu ombro, rapidamente, ela quebra seu braço com extrema facilidade.
—AAAAAAHHHH!!!!
Chuta suas pernas e agora é ele de joelhos, perante a figura feminina. Segura sua mandíbula. Analisa o rosto. Dá pro gasto.
Ela abre sua boca, emitindo um som estanho e sem conhecimento. A mandíbula da figura se abre. Começa a se quebrar, como uma serpente faz, abrindo e expandindo sua boca, mostrando um buraco negro escuro e sem fim no fundo de sua garganta. Os dentes podres crescem e se tornam pontiagudos como uma agulha e cortante como uma navalha. Uma imensa boca cheia de fileiras de dentes perfeitamente mortais. O homem já chora em suas mãos.
—por favor...!
Antes de qualquer outra palavra, ela crava seus dentes ao redor do rosto dele, e ali, ela começa sua primeira refeição, devorando todo o rosto daquele que de opressor, tornou-se o oprimido e logo, um cadáver.
Após devora-lo, seus olhos brilhosos encaram os outros três homens. Por quê eles não correram? Por quê ela não deixou. Usou sua influência e poder para mantê-los ali, parados, mesmo contra sua vontade. Com a boca de volta ao normal, larga o corpo daquele que matou. Passa por cima dele, com um sorriso divertido e alegre estampado. Vai na direção deles.
Angélica, paralisada, apenas observa os horrores que nunca viu antes. Não há como descrever o que ocorreu, apenas o pior, o pior e mais horrendo massacre.
Após se alimentar, Blaze teve suas forças restauradas e sua vitalidade recuperada. Voltando a ter um corpo normal e magro, seu rosto gracioso e pele pálida. Mas ainda tem suas características mais fortes e marcantes de demônio presentes.
Se levanta, limpando sua boca. Encara a mulher loira. Sorri. Se aproxima, se abaixa ficando na sua altura. Ela chora ao sentir o toque de Blaze em seus cabelos.
—você é muito linda. Perfeita para mim...—sorri—... Esse mundo mudou, não é mais o mesmo desde a minha partida. O velho morreu. E eu preciso me integrar a essa nova civilização e você, é minha escolhida.
—o que?
—não se preocupe. Você vai para o paraíso ao lado da Presença...—observa a beleza natural da mulher—... Isso eu posso garantir. Em troca, seu corpo é meu.
—o que? Espera!
Abre a boca de Angélica no grito. Blaze a deixa no chão rapidamente e vomita em sua boca. Um líquido preto e nojento, pegajoso e melequento. Seu corpo todo começa a se integrar e se transformar no liquído viscoso. Todo seu corpo, adentra o interior de Angélica.
A loira desmaia, com aboca manchada com a cor de podridão. Em poucos segundos, abre seus olhos, revelando o brilho infernal em sua íris. Se levanta, passando pelos cadáveres dos homens. Saí do beco, descendo a rua escura. Ela para.
Fecha os olhos. Respira o ar do novo mundo. Seu peito tem suas veias saltadas pelo fogo do inverno, junto das do rosto.... Abre os olhos brilhosos. Estão firmes e sérios.
—o velho morreu... O campeão foi escolhido...—ela sente, sente o poder de Shazam perto.
Um sorriso curto e fino surge em seus lábios. Continua à descer a rua. Os postes de luzes tem suas lâmpadas explodidas e apagadas conforme sua presença passa. A escuridão a segue por onde anda.
[...]
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