02: 𝕮𝖆𝖒𝖎𝖓𝖍𝖔𝖘 𝖉𝖆 𝕱𝖑𝖔𝖗𝖊𝖘𝖙𝖆
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𝐒𝐇𝐀𝐓𝐓𝐄𝐑𝐄𝐃 𝐒𝐊𝐈𝐄𝐒
ꦿᵎִ˓ by staarsummoner 🏹
⚔️ 𝐜𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟎2 ๑ ִֶָ ⋄
CAMINHOS DA FLORESTA
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A FLORESTA RECAIU EM UM SÚBITO SILÊNCIO, a calmaria da noite voltou a reinar naquela hora antes do alvorecer. Diante da luz prateada da lua, Tinuvieth olhava para Arondir até que percebeu que o encarou por tempo o bastante para o gesto ser considerado inadequado. Ainda havia sangue fresco no solo, escurecendo o musgo sob a luz pálida do amanhecer. Tinuvieth guardava a espada embainhada, os olhos atentos examinando cada detalhe ao redor, enquanto os guardas domelië limpavam suas lâminas e tratavam dos próprios ferimentos. Eldríel, sentada sobre um tronco caído, mantinha uma expressão séria, com os braços cruzados, enquanto tentava conter a respiração rápida e ainda sentia o impacto da batalha contra os orcs. Arondir, em silêncio, observava-os da borda da clareira.
Ela limpou a garganta e então falou:
— Você surgiu no momento preciso. Sou imensamente grata pela ajuda. — Ela curvou levemente a cabeça como um sinal de gratidão.
Arondir fez o mesmo em resposta, então ela acrescentou:
— Qual o seu nome?
— Arondir. — Os olhos verdes dele contratavam com a pele retinha, o tom o vestia escuro como a noite que cobria o céu, seus olhos reluzindo como estrelas. — Eu sou um soldado, vigio estas terras nos últimos setenta e nove anos.
— Ooh! — Eldríel se aproximou tropeçando em um galho e se apoiando em Tinuvieth com um sorriso descontraído. — Eu sou Eldríel e definitivamente não sou princesa há setenta e nove anos, apenas há vinte e três, o que eu achava que já era um tempo longo e tedioso, mas você falando agora me fez pensar que... Tinuvieth, quantos anos você tem?
A princesa falava tanto e mal fazia pausas ao ponto de se tornar imprevisível saber para onde o assunto a levaria. A meio elfo foi pega de surpresa, mas conteve seu sobressalto de forma delicada levantando levemente uma das sobrancelhas para Eldríel.
— Ah me desculpe, foi indelicado de minha parte perguntar sua idade diante de um notório cavalheiro que estava a cortejado...
— Não houve cortejo algum. — Tinuvieth a cortou, ou pelo menos tentou, já que Eldríel continuou a falar.
— Considerando sua vasta experiência e claro, também a incrível habilidade de dar piruetas e matar orcs com tanta elegância, poderia nos auxiliar a chegar no vilarejo mais próximo? — Eldríel terminou com um sorriso.
Tinuvieth estava começando a perceber que sempre lamentava profundamente quando Eldríel falava demais.
— Com licença. — A meio elfo pediu educadamente antes de sinalizar para a princesa a acompanhar.
Berenas e Mardhon sr aproximaram para conversar com Arondir, enquanto a princesa e a capitã tomavam espaço para uma conversa particular.
— Eldríel, acho que foi um tanto imprudente solicitar que um estranho nos acompanhe. — Tinuvieth murmurou para a princesa. — Nós não o conhecemos.
Eldríel suspirou e colocou uma das mãos sobre o ombro da capitã e declarou:
— Minha querida capitã, já parou para pensar que não conhecemos ninguém? Se fomos receber ajuda de alguém que seja do lindo elfo que nos salvou. E outra coisa, você pode ser ótima em estratégias, mas é péssima nas interações sociais. Eu sou uma princesa, eu fui criada para agradar e ser diplomática.
Tinuvieth piscou, alarmada. Eldríel sempre a surpreendia de uma forma ou de outra, mas a atitude da princesa não a irritou, ela de fato reconhecia que a parte social não era o seu forte. E ali se dava conta de que poderia estar inclinada a esperar um comportamento inadequado e imaturo dela quando deveria passar a enxergar que Eldríel tinha sim qualidades.
— Hum, está bem. — Ela murmurou fazendo um enorme sorriso orgulhoso surgir no rosto da princesa. — Mas se alguma der errado eu...
— Reclamar sem parar e olhar para o horizonte com uma expressão séria, eu já sei! Tenho te estudado desde que saímos de Númenor.
— Ah é mesmo? — A meio elfo lançou um olhar intrigado para a princesa. — E qual seria minha próxima sugestão?
Eldríel respirou fundo, ajeitou os ombros e ergueu o queixo olhando para o horizonte, sua expressão se tornou compenetrada e sua voz mais grave enquanto fazia uma imitação clara de Tinuvieth:
— A escuridão guarda perigos que ainda desconhecemos. — Ela virou o rosto para a capitã mantendo a expressão. — Para a segurança da princesa, devemos prosseguir nossa caminhada ao amanhecer.
— Ora, cale-se! — Tinuvieth revirou os olhos e Eldríel riu. — Então estamos entendidas. Vamos tirar um tempo para cuidar disso... — Ela gesticulou para os arranhões nos braços de ambas. — E seguiremos caminho.
A névoa matinal ainda envolvia a floresta de forma densa, deixando a paisagem de um cinza difuso que se misturava com as sombras das árvores ancestrais. Era uma sensação peculiar caminhar por entre árvores que estavam ali desde a fundação daquele continente, ecos mais antigos do que o próprio tempo. Eldríel ainda ajudando os guardas que se recuperavam dos golpes, tentava animar o ambiente com seu espírito incansável e descontraído, enquanto os guardas Domelië mantinham uma vigilância constante, suas armas reluziam sob a luz fraca do sol nascente.
Ao amanhecer, o ar ainda estava impregnado do cheiro de sangue e da bruma úmida da floresta. Arondir ergueu o olhar e se aproximou do grupo com uma decisão tomando forma em sua mente. Ele sabia que precisava acompanhá-los, teria que se desviar da sua rota principal e retomar sua busca inicial mais tarde. Mesmo diante do risco, sentia que devia garantir que Tinuvieth, Eldríel e os guardas chegassem a salvo ao vilarejo.
— Precisamos de um lugar seguro e traçar um plano o mais rápido possível. — Tinuvieth parecia tentar manter a postura, mas algo em sua voz indicava que o cansaço começara a surgir. Ela olhou para Arondir com uma mistura de gratidão e alívio pela ajuda que ele ofereceu.
Arondir assentiu ajustando seu arco nas costas.
— Conheço alguns caminhos que podem nos levar até o vilarejo mais próximo, Tirharad. Será necessário manter a discrição para evitar novos ataques.
Berenas interrompeu com um sorriso forçado após trocar um olhar com Mardhon:
— Você realmente acha que haverá um vilarejo por aqui? Parece que estamos no meio do nada.
Recordando do que ela e a princesa combinaram entre si, Tinuvieth lançou um olhar para Eldríel antes de responder:
— As terras do sul são vastas e muitas vezes inexploradas. Mas Arondir conhece bem esses caminhos. Esperamos que possamos confiar em você para isso, Arondir.
Arondir sentiu um calor no peito ao ouvir aquelas palavras. A confiança depositada nele era uma grande responsabilidade, mas também uma honra. Ele sabia que não podia decepcionar Tinuvieth que precisava desempenhar o papel de proteger uma princesa.
— Vamos seguir pelo leste — Ele sugeriu apontando para uma trilha estreita que se perdia entre as árvores densas. - Esse caminho nos leva para dentro da floresta, por aqui é menos provável encontrarmos orcs.
Enquanto caminhavam Eldríel tentava preencher o silêncio com pequenos comentários, mostrando-se ansiosa por entender mais sobre aquele elfo que surgira das sombras para ajudá-los. A princesa, sem esconder seu fascínio, lançou-lhe uma pergunta.
— Então, Arondir, é comum elfos vagarem pelas florestas em busca de aventuras?
Arondir sorriu de lado, mantendo os olhos no caminho à frente.
— Não vagamos por aventuras, princesa. Somos guardiões e a floresta é nossa responsabilidade. Conhecemos cada árvore, cada sombra e somos chamados a proteger nossas terras quando o perigo cresce. E, ultimamente, o perigo tem sido abundante.
Eldríel assentiu, um brilho de curiosidade renovada cresceu em seu olhar. Tinuvieth temia que Arondir estivesse dando muita corda para as curiosidades sem fim da princesa.
— E por que você escolheu nos ajudar? A floresta está repleta de viajantes que poderiam enfrentar os mesmos perigos.
Arondir parou brevemente, virando-se para ela e para Tinuvieth.
— Porque vi coragem em vocês — Respondeu ele de forma simples. — E porque, às vezes, é preciso mais do que coragem para chegar ao seu destino.
— Oooh, vocês tem um modo pomposo e poético para falar. — Eldríel comentou e então acrescentou somente para Tinuvieth ouvir. — Acho que ele combina com você.
A meio elfo sabia que se não tivesse modos, teria ofendido a princesa e suas gerações anteriores.
Conforme caminhavam, Tinuvieth notou o peso das palavras do elfo e percebeu que Arondir não era apenas um guia, ele era um soldado com um propósito que ia além de proteger terras. Ela continuava a segui-lo, sentindo que uma jornada muito além da compreensão dela estava se desdobrando.
Finalmente após horas de caminhada o grupo avistou o vilarejo à distância, era possível enxergar ao longe as casas de pedra e madeira que refletiam a luz da alvorada. Ao longe, sutis sinais de fumaça indicavam a presença de uma vila ocultada pelas árvores.
A sensação de alívio era palpável em todos, Arondir olhou para Tinuvieth notando que ela ainda mantinha uma expressão séria, mas havia uma ligeira suavização em seu semblante.
— Arondir — Chamou ela, era possível identificar que sua voz carregava uma mistura de gratidão e reverência. — Obrigada por nos ajudar. Sua presença fez toda a diferença.
Arondir parou na borda da floresta e se virou para o grupo.
— Este é o limite seguro. Dentro do vilarejo estarão protegidos, ao menos por enquanto.
Tinuvieth assentiu e após um breve momento de reflexão, ergueu o olhar para Arondir.
— Não sei por quanto tempo permaneceremos aqui, mas se o perigo for tão grande quanto parece, sua presença será mais do que bem-vinda. — Ela assegurou.
Arondir sustentou seu olhar e por um instante, um entendimento mútuo surgiu. Sem mais palavras, ele deu um passo atrás, misturando-se às sombras como se a floresta o chamasse novamente. Tinuvieth sabia que o destino havia colocado Arondir no caminho deles por uma razão, o momento havia sido certeiro. Agora precisariam descobrir por si mesmos o que fazer a partir dali.
Enquanto ele se afastava, Eldríel acenou em despedida oferecendo um sorriso suave e um brilho de gratidão em seus olhos. Tinuvieth se mantinha em sua postura compenetrada, observando-o até que ele desaparecesse por completo, deixando apenas o silêncio da floresta como testemunha de sua passagem.
Após um instante, Eldríel olhou para os guardas e em seguida ao redor como se tivesse acabado de se dar conta de que esquecera de algo importante.
— Ora essa, vejo que nenhum de vocês se deu ao trabalho de trazer um dos meus baús com meus pertences! - Eldríel reclamou em um tom indignado.
— Não podíamos simplesmente sair carregando tudo, contávamos em sermos recebidos por uma comitiva. — Berenas lamentou, mas era possível perceber que o fazia mais para acalmar a princesa do que por acreditar que aquilo era prioridade dada a situação.
— Pensando bem, é melhor que não descubram sua identidade, princesa. — Tinuvieth observou a jovem e em seguida os dois guardas.
Percebia que agora uma espécie de plano se formava em sua mente e seu objetivo era garantir a segurança da princesa, mesmo que Eldríel dificultasse o seu trabalho desafiando o tempo todo a própria sorte.
🏹 | NOTAS DA AUTORA
01. Olá, meus amores! Espero que estejam bem. Estava com saudade de escrever, mas eu estou nas semanas de avaliação do mestrado e tem sido um pouco puxado. Ainda assim de pouco em pouco não deixo de escrever.
02. Eu estou absurdamente feliz com a nova estética, o que acharam? Minhas fanfics do Tolkien têm sido absurdamente especiais para mim e eu quero que cada detalhe fique perfeito para vocês.
03. Anotem na agenda de vocês: em dezembro vem algo especial de fim de ano para vocês também no universo de Tolkien. Até lá terei finalizado o primeiro ato desta fic e de BC, então tudo estará em ordem para não terem que ficar aguardando atualizações.
04. Sem querer a personalidade da Eldríel foi inspirada no meu irmão mais novo, acho que ficou bem engraçado. Me contem o que estão achando de tudo. Deixem um favorito e principalmente comentários de incentivo. Obrigada por lerem! ♡
09/11/2024
𝐒 𝐇 𝐀 𝐓 𝐓 𝐄 𝐑 𝐄 𝐃 𝐒 𝐊 𝐈 𝐄 𝐒
𝒍𝒂𝒚𝒐𝒖𝒕 𝒃𝒚 𝒅𝒓𝒆𝒔𝒔𝒂𝒅𝒔𝒈𝒘𝒕𝒕𝒑
© 𝐬𝐭𝐚𝐚𝐫𝐬𝐮𝐦𝐦𝐨𝐧𝐞𝐫, 2024
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