018
Minho e Kenzie acabaram se separando quando soldados começaram a atirar e não tinha mais para onde correr, cada um foi para um lado atrás do resto do grupo e agora a garota estava em uma das salas que parecia mais tranquila que o caos estabelecido no resto do prédio.
Encontrando uma arma jogada no chão, ela se aproximou pegando a mesma para checar a Câmara e por sorte ainda restam algumas balas, seus olhos foram imediatamente para trás ao que ouvia passos, Kenzie ergueu sua arma em direção a porta onde avistou um homem adentrar o local com as mãos para cima e mesmo assim um sorriso malicioso no rosto.
── Não precisa atirar. - Sorriu mais ainda e ele aparentemente estar desequilibrado ── Caso faça isso, vão saber onde exatamente você está.
── Eu não me importo, vou estar viva para fugir. - Ironizou destravando a arma
── Não, por favor! Eu ajudo vocês se me deixar vivo, sei onde está o asiático. - Sua expressão mudou e ele parecia agora implorar por sua vida
── Thomas, todos ficaram bem se saírem por vontade própria. - a voz de Janson ecoou pelo caos, em um alto falante ── Ninguém precisa se machucar, é só virem até nós.
── Está vendo? - O homem indagou avançando e no mesmo instante Kenzie atirou, mas a bala não o acertou e ele derrubou-a no chão
Ele tentou tomar a arma de suas mãos e por algum descuido a mesma foi parar longe dos dois, e assim como Kenzie, o homem careca de cavanhaque também tentava alcançá-la.
── Você não vai a lugar nenhum, meu amor. - Subiu em cima da mulher prendendo o seu corpo no chão e segurou seus pulsos ── É uma pena não poder aproveitar, não é? Você é muito bonita pra morrer aqui agora.
── Por isso quem morre hoje é você. - Esbravejou Kenzie colocando toda a sua força nos braços para se soltar
A mulher levantou a perna direita e seu joelho bateu com força em suas costas, fazendo-o afrouxar seu aperto nos pulsos alheios e dando a chance de Kenzie erguer o corpo mordendo sua orelha, consequentemente arrancando um pedaço - logo virou o rosto cuspindo no chão e voltou para quem gritava dolorosamente vendo seu sangue jorrar.
── Desgraçada! - Urrou, caindo pesadamente no chão, enquanto seus gritos ecoavam de agonia, tomado pela dor que parecia insuportável.
Apesar da dor que sentia, ele se ergueu com raiva e a empurrou com força, jogando o corpo dela contra a parede. Em seguida, desferiu socos em seu rosto e, sem hesitar, envolveu as mãos ao redor de seu pescoço, tentando enforcá-la. Percebendo que suas pernas não eram o foco do outro e estavam livres, Kenzie acertou um chute entre as pernas do Homem. Ele grunhiu de dor, mas isso não foi o suficiente para fazê-lo a soltar.
Quando Kenzie estava prestes a golpear o rosto do homem, uma voz ecoou pelo ambiente, interrompendo o momento. ── Ei, seu bosta - O som chamou a atenção dele, mas que pudesse sequer virar para identificar a origem, Brenda surgiu com rapidez e o atingiu na cabeça com um golpe preciso. O outro despencou no chão imediatamente, perdendo a consciência.
O corpo dele encontrava-se sem vida no chão. Kenzie se permitiu um segundo para recuperar o fôlego, as mãos ainda tremendo pela descarga de adrenalina.
── Só porque eu ia dar uma surra nele ?.. - disse com sarcasmo, olhando para o sujeito.
Brenda se aproximou, os olhos fixos nela, e seus dedos tocaram de leve o lábio inferior da outra.
── Que filho da puta. Ele te bateu. - Voz baixa, mas carregada de indignação , comentou.
Kenzie se afastou um pouco, sem jeito com o toque, mas não incomodada, e respirei fundo. O ar pesado parecia querer me sufocar.
── Não foi nada, estou bem - disse, tentando soar mais firme do que realmente estava.
Brenda assentiu com um aceno breve. ── Certo. O pessoal está fugindo do prédio. Primeiro foram
Teresa, Aris e... Caçarola.
── Minho. - O nome saltou da mente de Kenzie como um estalo. Olhou para trás, a urgência crescendo no peito. ── Onde está o Minho? - perguntou, a preocupação evidente na voz.
Brenda balançou a cabeça, os lábios apertados formando uma linha reta. ── Não vimos ele. Thomas e eu voltamos para procurar vocês, mas provavelmente o resto já foi.
As palavras dela não eram o suficiente. Uma sensação de vazio dominava a mais velha, como se algo estivesse terrivelmente errado.
── Eu me perdi dele, não posso ir sem o meu namorado. - admitiu, sua voz quase um sussurro.
Brenda deu um passo à frente, segurando a mão
da outra garota que estava com seus olhos perdidos. O gesto feito para tentar tranquilizar-la naquele momento, tentando mostrar que iriam sair daquele caos e encontrar os outros.
── Vai ficar tudo bem. Nós vamos achá-lo com os outros. - Brenda disse, olhando para Kenzie com firmeza. ── O cara é esperto. Tenho certeza de que está bem.
Aquelas palavras tinham a intenção de tranquilizá-la, mas nada afastava a preocupação que Kenzie sentia naquele momento diante da possibilidade do que poderia acontecer com Minho.
O som das botas dos soldados da CRUEL ecoava pelos corredores, cada vez mais próximos, misturado ao barulho de armas sendo preparadas. A sala no prédio estava envolta em penumbra, com móveis velhos e destroços espalhados, como se o lugar tivesse sido abandonado em meio ao caos.
Kenzie puxava Brenda pela mão, os passos rápidos e desajeitados chutando pedaços de vidro e madeira. O coração de Kenzie batia descontroladamente, tanto pelo esforço quanto pela angústia que parecia queimar em seu peito.
── Temos que encontrar os outros! - Brenda sussurrou entre respirações ofegantes, enquanto espiava pela porta entreaberta.
Kenzie acenou, mas sua mente estava longe. A última imagem de Minho, correndo na direção oposta para distrair os soldados, passava repetidamente como um pesadelo interminável. Eles haviam prometido se encontrar, mas cada segundo que passava sem um sinal dele aumentava o nó em sua garganta.
── Ele vai ficar bem, Kenzie - Brenda disse, como se adivinhasse o que se passava na mente dela.
── Você não sabe disso. - Kenzie balançou a cabeça, os olhos ardendo, mas ela se recusava a deixar as lágrimas caírem. - Minho pode ser rápido, mas eles tinham armas, Brenda!
Brenda segurou os ombros de Kenzie por um instante, obrigando-a a encará-la. - E se você continuar assim, não vamos sobreviver para encontrá-lo. Ele é forte, ele vai dar um jeito. Agora, precisamos sair daqui!
O som de algo pesado sendo derrubado no andar de baixo as fez se virar rapidamente. Kenzie engoliu seco e assentiu, mesmo que o medo de perder Minho fosse quase insuportável.
Elas se esgueiraram pela porta, caminhando pelos corredores estreitos e mal iluminados, os músculos tensos com cada passo. Kenzie sentia o peito apertado, como se cada corredor que cruzavam fosse uma escolha entre a vida e a morte.
Começaram a subir as escadas, elas precisavam chegar ao ponto de encontro. Não só pelo resto do grupo, mas porque, no fundo, Kenzie precisava acreditar que Minho estaria lá, esperando por ela.
As duas corriam sem sentir o cansaço, impulsionadas pela adrenalina que percorriam seus corpos, fugindo dos soldados que tentavam alcançá-las. Brenda e Kenzie seguiam de mãos dadas para não se perderem uma da outra, correndo o mais rápido possível, até que um forte impacto fez com que suas mãos se soltassem, quando a passarela de aço sob seus pés se rompeu fazendo-as deslizar por ela, quase as fazendo cair para o andar de baixo.
── Segura a minha mão firme! - bradou Brenda, esticando o braço para alcançar a mão de Kenzie, que tentava desesperadamente agarrá-la.
Com reflexos rápidos, Kenzie agarrou a mão de Brenda com firmeza, e juntas, sem hesitar, saltaram para a passarela adjacente. Ela parecia frágil, mas ainda firme o suficiente para sustentá-las por mais algum tempo. A estrutura em que estavam momentos antes desabou com um estrondo ensurdecedor, o som de metal retorcendo ecoando no vazio, levando com ela qualquer esperança de refúgio para quem ficasse para trás.
O pavor tomava conta delas, mas a adrenalina as mantinha alertas. Instintivamente, as duas se agacharam, correndo o risco de serem vistas por qualquer um dos soldados que patrulhavam o perímetro e tentando uma nova passagem para alcançar o outro lado. Quando uma figura armada apareceu à vista, as duas se arrastaram atrás de grandes caixotes empilhados, tentando controlar a respiração ofegante, enquanto o soldado passou, com sua arma apontada para a área em que estavam, sem perceber sua presença.
── Precisamos correr! - sussurrou Brenda, seus olhos fixos na sala de Jorge. Era o último ponto de fuga, onde a janela daquele local fora usada para o resto do grupo escapar. - Não temos muito tempo, todos já saíram e Thomas nos espera. - Aquele era o momento decisivo.
A sensação de urgência preencheu o corpo de Kenzie. Sem pensar duas vezes, ela apertou a mão de Brenda com força, a determinação estampada no rosto. ── Vamos! - exclamou, quase em um sussurro, mas com toda a energia que restava.
Elas levantaram-se rapidamente e, sem olhar para trás, dispararam na direção da sala. O caminho parecia mais longo do que jamais fora, e o som de seus passos parecia mudo no caos intenso do ambiente. O olhar de Brenda se fixou na janela à frente, o último ponto de saída do prédio, e o medo do que poderia ocorrer se não chegassem logo quase as paralisava.
Quando finalmente chegaram à entrada da sala, a visão da janela aberta trouxe um breve alívio, mas elas sabiam que não estavam a salvo ainda.
── Eu vou voltar! Não posso ir sem ela. - O asiático se desencostou da janela prestes a sair da sala enquanto Thomas tentava impedi-lo de ir, mas os passos de Minho travaram quando viu quem entrava na sala.
Kenzie corre desesperada em direção a Minho, seu coração batendo acelerado a cada passo que dá. A tensão da separação ainda paira no ar, mas o alívio de vê-lo é mais fortes do que qualquer medo. Ela não se importa com o caos ao redor, com o perigo iminente - tudo o que importa é estar perto dele novamente.
Quando ela chega perto de Minho, seus olhos brilham com emoção, e, em um impulso, ela se joga nos braços dele, abraçando-o com toda a força que tem. Ele a envolve em um abraço protetor, seus braços firmemente ao redor dela como se nunca mais fosse soltá-la.
── Merda, eu estava prestes a sair pra te buscar. - Murmurou perto do ouvido da mais velha, que apertava o corpo do mais ── Nunca mais sai de perto de mim, é agoniante pra mim.
A sensação de segurança e de reencontro é avassaladora, e por um momento, o mundo ao redor deles desaparece. Eles permanecem ali, abraçados, compartilhando um silêncio cheio de sentimentos não ditos, mas compreendidos.
── Muito lindos. - Brenda empurra a porta para tranca-lá e correu até os três ── Mas precisamos mesmo meter o pé daqui.
── Kenzie, vai você primeiro. - Minho sugeriu assim que o abraço foi desfeito
── Não se atreva a não ir, nada de se perder de mim outra vez. - A mulher avisou ao asiático que assentiu sorrindo, seus olhos se espremendo.
Kenzie parou frente a janela, o vento gélido a atingiu com força, enquanto o asiático prendia a corda em sua cintura. O chão abaixo parecia distante, mas ela sabia que a única opção era correr para a segurança do desconhecido. Sentiu a mão de Minho apertar sua cintura, vendo que era a hora de passar pela janela, fez isso e apertou os olhos com força, sentindo seu corpo ser empurrado pelas mãos fortes do garoto.
Do outro lado, a primeira coisa que ela fez foi se virar rapidamente para ver quem seria o próximo, era Brenda que estava saltando pela janela com a ajuda do asiático.
Logo ela fez o mesmo trajeto que Kenzie e foi recebida pela mesma e um sorriso amigável, enquanto era ajudada a se livrar das cordas.
── Andem logo. - Kenzie olhou para os dois, primeiro foi Minho e logo em seguida Thomas. Não esperando muito pela pausa até um descer da corda, pois os soldados já haviam derrubado a porta e invadido a sala.
Ela viu os dois se aproximando e os guardas atrás mirando suas armas.
── Se abaixa! - Kenzie avisou a Brenda, rapidamente se agachando logo em seguida. Minho e Thomas saltaram pela janela acima delas, caindo com agilidade dentro da sala.
Os dois se abaixaram instantaneamente, se escondendo atrás de uma pilha de caixas, sem fazer um único som. Os guardas estavam a poucos metros de distância, e qualquer movimento brusco poderia ser o suficiente para serem detectados.
Minho fez um sinal para Brenda e Kenzie, indicando que era hora de se mover. Com cuidado, elas começaram a avançar, se esgueirando pelas sombras e procurando por uma rota de fuga.
A tensão estava no ar. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, mas eles sabiam que tinham apenas uma chance de escapar. A respiração de todos estava baixa, controlada, enquanto os passos dos guardas ecoavam cada vez mais altos.
Thomas foi o primeiro a se mover, levantando-se lentamente e apontando para uma porta ao fundo da sala. Ele esperou que os outros o seguissem, e, quando todos estavam prontos, a porta foi aberta com um movimento suave e discreto.
Silenciosos como sombras, o grupo deslizou para fora da sala, indo em direção a um corredor escuro e estreito. A fuga estava apenas começando, mas a adrenalina os fazia agir com precisão.
── Fica perto de mim. - Minho olhou para trás apenas para segurar a mão de Kenzie com firmeza e continuar sua caminhada.
O local estava deserto, uma quietude pesada preenchia o ar, tornando o ambiente ainda mais tenso. O silêncio era quase agonizante, interrompido apenas pelos ecos distantes dos passos dos guardas da CRUEL. Eles estavam por perto, procurando por qualquer sinal do grupo, e a sensação de serem caçados fazia cada som no ambiente parecer ensurdecedor.
Thomas liderava o grupo, os guiou rapidamente pelas escadas, descendo para o andar inferior do prédio. Ao chegar no fim da escada, ele correu até as enormes portas de madeira, suas mãos agitadas tentando encontrar uma maneira de abri-las. Mas, ao tentar girar a maçaneta, a porta estava trancada. O som de seu esforço em vão ecoou no corredor silencioso.
── Nos fodemos e não é do jeito bom. - Minho disse, a frustração clara em sua voz.
Ele olhou ao redor, os olhos escaneando o espaço estreito e sem saída, sentindo o pânico crescer, mas tentando manter a calma.
Thomas, por sua vez, não desistiu. Ele se agachou, forçando ainda mais a maçaneta, com a ajuda de Brenda, mas não houve sucesso. A pressão estava aumentando, e o barulho dos passos dos guardas ficou mais claro, mais próximo.
── Tem um lugar que podemos passar. - Brenda sugeriu, sua voz calma e firme contrastando com a tensão ao redor.
O alívio momentâneo que a sugestão causou foi breve, mas bem-vindo. Eles não tinham tempo a perder. Thomas assentiu rapidamente, e o grupo se moveu na direção de onde a garota os guiava, se preparando para atravessar por uma porta estreita nos fundos, sabendo que, se não agissem rápido, os guardas estariam na cola deles em um instante.
── É um bueiro. - Chegaram em uma sala onde haviam tubos enormes, canos e uma parte funda com uma escada bem ao lado. Kenzie se aproximou sem soltar a mão do asiático e viu uma entrada escura.
── Quem vai ser o primeiro a descer? - Thomas indagou segurando uma lanterna em mãos
── Vai quem perguntou. - Kenzie murmurou mostrando um sorriso para o garoto e ergueu suas sobrancelhas
── Tudo bem. Tudo.. Bem. - Suspirou dirigindo-se até a escada
O grupo se apressou em direção à pequena fenda na parede. Thomas foi a primeira a se esgueirar pelo espaço apertado, seguida de perto por Brenda e Kenzie. Minho foi o último, garantindo que a namorada passe tranquilamente. A passagem era estreita e escura, fazendo com que o ar ficasse pesado e abafado.
Logo, a passagem se alargou, e eles chegaram na parte maior daquele bueiro, onde podem andar em pé. O cheiro de esgoto e umidade invadiu suas narinas, e o grupo não teve escolha a não ser continuar. Cada um de seus movimentos ressoava pelo túnel enquanto caminhavam pelo local em silêncio.
O único som sendo o eco dos seus passos abafados nas águas sujas do esgoto. O túnel estava escuro, com apenas algumas rachaduras nas paredes permitindo que pequenos feixes de luz se infiltrassem.
De repente, o silêncio foi quebrado por um movimento repentino no escuro à frente. Thomas, que estava liderando, parou abruptamente, fazendo o grupo se agachar instantaneamente, os corações disparando. Um som estranho ecoou pelo túnel, como um roçar de algo nos cantos escuros.
Quando os olhos de todos se ajustaram à escuridão, eles avistaram pequenos olhos brilhando nas sombras. Ratos. Milhares deles, correndo freneticamente pelas paredes e pelo chão do bueiro, espalhando-se como uma onda.
Brenda soltou um grito abafado, sua mão indo instintivamente para a boca, tentando suprimir o pânico que ameaçava tomar conta.
── Ai que susto, capeta! - Kenzie levou a mão livre até o peito, sentindo seu coração bater forte. Tão forte que seria possível sair pra fora.
── Que nojo. - Minho murmurou, tentando afastar a sensação de repulsa, se virou para a namorada checando sua reação após o susto.
── Foi só um susto, vamos continuar. - Thomas voltou a caminhar, os bichos não pareciam ser uma ameaça naquele momento.
Os ratos corriam ao redor deles, rastejando pelas tubulações e pelas rachaduras nas paredes. O grupo não se atrevia a se mover muito rápido, com medo de pisar em algum deles ou atrair mais seres indesejados. Cada passo parecia um risco, mas era a única direção possível.
A tensão no ar estava insuportável. Caminhar por aquele túnel infestados de ratos era o menor dos problemas.
Com os olhos ainda fixos nos ratos que se moviam ao redor deles, eles continuaram avançando, tentando ignorar o nojo crescente enquanto seus passos ecoavam no bueiro imundo.
── Qual é o ponto de encontro? - Minho perguntou, virando-se para Thomas e captando sua atenção.
── Jorge falou que é no beco, cinco quarteirões a partir daqui. - Thomas respondeu, visivelmente exausto.
── Não fica muito longe. - Brenda acrescenta.
O som dos ratos correndo no esgoto foi abruptamente interrompido por um barulho estranho vindo mais fundo no túnel.
Minho parou de repente, os olhos fixos na escuridão atrás deles, tentando perceber o que estava acontecendo. Então, o primeiro apareceu - uma criatura deformada, com a pele pendendo de seus ossos expostos, os olhos opacos, mas com um olhar faminto que não poderia ser ignorado.
Antes que qualquer um pudesse reagir, outros surgiram, saindo das sombras como espectros da morte. Suas mãos estendiam-se para a frente, arrastando-se lentamente, mas de forma incessante, com seus corpos em decomposição se movendo de maneira grotesca. O fedor pútrido se misturou com o cheiro insuportável do esgoto, tornando o ar ainda mais denso e abafado.
── Porra! - Minho gritou, seus olhos se arregalando de pavor. ── Cranks!
Minho reagiu primeiro, empurrando o grupo para a frente com uma força desesperada - enquanto sua mão permanece entrelaçada na de Kenzie.
── Vamos, rápido! - Sua voz estava carregada de pânico, mas também de urgência.
Eles não podiam ficar ali, não podiam ser pegos. Cada passo que davam parecia ser uma eternidade enquanto os Cranks se aproximavam cada vez mais rápidos.
O som dos corpos se arrastando pela água e pelo concreto molhado era ensurdecedor, e o terror se apoderava de cada um. O túnel parecia nunca ter fim, a escuridão engolindo-os enquanto eles corriam o mais rápido que podiam. As criaturas atrás deles estavam ficando mais rápidas, mais próximas.
── Vai, vai! - Minho gritou novamente, sua voz agora um grito de desespero. Eles estavam quase no limite.
Quando chegaram à curva do túnel, o que viram fez seus corações dispararem. O bueiro parecia estar aberto, mas além dele, não havia chão - apenas um penhasco imenso, com uma queda que se perdia no nada.
O medo gelou as veias de todos ao ver o abismo à sua frente.
── Não podemos parar! - Kenzie falou, a voz trêmula, mas firme.
Eles não tinham escolha. Não havia mais tempo para pensar.
Thomas foi o primeiro a agir, saltando para fora do bueiro, suas mãos agarrando-se desesperadamente à borda de ferro de um ferro e pulando em pedras ao lado. A próxima que fez isso, foi Brenda, enquanto os outros dois olhavam para trás vendo os mortos-vivos cada vez mais próximos.
── Agora você! - Minho segurou a cintura de Kenzie a empurrando para se segurar na barra de ferro
── Não demore. - Ela disse saltando e sentindo o ferro balançar com mais um corpo se apoiando nele, esticou seus pés para alcançar as rochas.
Mas seus pés escorregaram, quase fazendo-a cair. Ela olhou para baixo, vendo as pedras se afastando rapidamente, o coração na boca. Mas ela não tinha tempo para pensar. O som dos zumbis estava ficando cada vez mais alto.
Quando seus pés finalmente alcançaram o outro lado, Kenzie pulou com a ajuda de Thomas para se manter firme nas rochas.
── Minho. - A primeira coisa que fez foi levar seus olhos até o asiático, e soltou o ar quando viu o mesmo pendurado na barra.
── Temos que sair agora! - Brenda gritou, a voz cortando o ar, cheia de desespero. ── Alguns desses filhos da puta conseguem pular.
O grupo começou a escalar as rochas com movimentos frenéticos, a respiração ofegante misturada aos grunhidos grotescos dos Cranks que os perseguiam. As mãos tremiam ao agarrar cada saliência escorregadia, enquanto os pés deslizavam nas pedras molhadas e irregulares. O medo de cair no abismo era real, mas menor que o pavor de serem alcançados.
Os Cranks também tentavam escalar, suas mãos podres agarrando desesperadamente as rochas. Alguns conseguiam pular de pedra em pedra, movendo-se com uma força absurda para seus corpos em decomposição. Outros, no entanto, erravam o salto e despencavam no vazio, soltando gritos arrepiantes enquanto sumiam naquele nada.
── Não parem, sigam em frente! - Thomas gritou, a voz rouca de esforço.
Kenzie vinha logo atrás da outra, quase escorregando ao tentar alcançar a próxima pedra. O chão parecia tremer sob o peso de seus passos apressados, mas ela não parava. Brenda, mesmo exausta, estendeu a mão para ajudá-la, o rosto sujo e coberto de suor.
Minho e Thomas estavam mais atrás, tentando manter os Cranks afastados. Minho chutou uma pedra solta em direção a um dos monstros que estava quase alcançando Kenzie. A criatura tropeçou e caiu, seu corpo batendo violentamente nas pedras antes de desaparecer no abismo.
O grupo finalmente avistou uma janela enferrujada na lateral do penhasco. Era sua única saída. Brenda chegou primeiro, empurrando o vidro com toda a força. Ele quebrou com um som agudo, espalhando estilhaços pelo chão. Ela passou primeiro, seguida de Kenzie e Thomas, cada um saltando com pressa, ignorando os cortes que o vidro deixava em suas mãos e pernas.
Minho era o último. Ele olhou para trás e viu dois Cranks escalando rapidamente, os olhos mortos fixados nele. Sem pensar, ele deu um salto desesperado, mas enquanto passava pela janela, sentiu um pedaço de metal enferrujado rasgar seu braço.
A dor foi imediata e intensa, o sangue escorrendo quente pelo tecido da roupa.
── Porra. Porra. Porra. - Amaldiçoou
Ele caiu com força no chão do outro lado, pressionando o braço com a outra mão para tentar estancar o sangue. Os Cranks se aproximaram da janela, mas não conseguiram atravessar, ficando presos entre as rochas e os estilhaços de vidro.
── Merda, amor, vai ficar tudo bem. - Kenzie se abaixou retirando sua jaqueta e a camiseta de manga longa ficando apenas com uma regata fina, rasgando o tecido e enrolando no braço do asiático estirado no chão.
── Pelo menos não foi uma mordida. - Brenda tentou reconfortar
Ofegantes, o grupo se afastou, os corpos cansados e cobertos de feridas, mas vivos. Minho olhou para o braço, agora com um corte profundo, mas apenas respirou fundo, com um sorriso de dor misturado com alívio.
── Isso.. Foi por pouco. - ele murmurou
── Vamos sair antes que quebrem a janela e passem por ela. - Thomas disse, pronto para retomar a jornada.
── Acharemos um lugar, e vou cuidar de você. - Kenzie segurou a mão do namorado, que sorriu com a preocupação da mais velha.
O grupo avançava pelo prédio em ruínas, os passos ecoando em um silêncio tenso. O chão estava inclinado, forçando-os a se equilibrar a cada movimento. As paredes rachadas e cobertas de fuligem contavam a história de destruição. A gravidade parecia puxá-los para o lado mais baixo, e o som de destroços caindo ao longe os fazia prender a respiração a cada instante.
Thomas liderava, os olhos atentos em busca de um caminho seguro. ── Cuidado onde pisam, essa estrutura parece que vai desabar a qualquer momento. - Ele avisou, sua voz baixa, mas carregada de preocupação.
Brenda tropeçou em um pedaço de concreto solto, recuperando o equilíbrio rapidamente ao se agarrar a uma coluna inclinada.
Minho, logo atrás, segurou o braço de Kenzie
para garantir que ela não caísse.
── Vamos, continue. Não podemos parar. - Thomas sussurrou, os olhos constantemente vigiando o corredor à frente.
De repente, um som inconfundível rasgou o silêncio. Um grito grotesco, gutural e cheio de raiva, ecoou pelo prédio, seguido de passos pesados e irregulares. O grupo congelou, os olhos arregalados, enquanto o som ficava mais alto.
── Eles estão aqui. - Kenzie murmurou, a voz trêmula de pavor.
── Talvez se fizermos silêncio, eles não..
Antes que Brenda possa terminar, do outro lado do corredor inclinado, os zumbis apareceram, tropeçando na inclinação, mas determinados a alcançar o grupo.
O cheiro de podridão invadiu o ar, e o terror tomou conta.
── Não dá tempo para descer! - Thomas gritou, olhando desesperadamente ao redor.
Minho apontou para uma porta à esquerda. ── Ali! Vamos, rápido!
Eles correram até a sala enquanto os zumbis se aproximavam, os gritos das criaturas ficando mais altos e frenéticos. Thomas foi o primeiro a abrir a porta com um chute, e todos entraram apressadamente. A sala estava tão inclinada quanto o restante do prédio, fazendo com que cada movimento fosse um desafio.
Dentro, a destruição era evidente. Móveis e destroços estavam empilhados contra a parede mais baixa, enquanto o lado mais alto da sala parecia vazio. Mas o que realmente chamou a atenção deles foi a grande janela de vidro que dominava uma das paredes inclinadas. A janela estava virada diretamente para a rua destruída lá fora, completamente exposta.
── Não tem saída. - Brenda disse, ofegante, olhando ao redor, se segurando assim com o resto do grupo para não escorregarem até a enorme janela logo a frente.
Os zumbis começaram a bater contra a porta, seus grunhidos ecoando pela sala. A estrutura rangia a cada impacto, como se estivesse prestes a ceder.
── Precisamos decidir agora! - Kenzie falou, olhando para a janela aberta.
A rua lá fora era um mar de destruição. Os prédios estavam caídos, carros retorcidos e escombros espalhados por todos os lados.
A queda seria perigosa, mas os zumbis estavam a segundos de arrombar a porta.
Minho olhou para o grupo. ── Não temos escolha. Temos que pular.
Antes que qualquer um pudesse protestar, o som da porta se estilhaçando encheu a sala. Os zumbis estavam tentando entrar.
Kenzie tentou desesperadamente se agarrar a algo, mas seus dedos escorregaram na superfície lisa e coberta de poeira. O peso do corpo inclinou-se para frente, e antes que ela pudesse se estabilizar, o chão instável sob seus pés cedeu. Um grito de puro terror escapou de sua garganta quando ela caiu, chocando-se contra a grande janela de vidro que estava logo abaixo.
O impacto foi violento. O vidro rangeu sob o peso dela, pequenas fissuras espalhando-se em um padrão quase hipnótico, mas mortal, como teias de aranha. Kenzie ficou imóvel por um momento, o coração martelando no peito, o som do vidro trincando ecoando em seus ouvidos.
── Kenzie! Kenzie, não se mexe! - A voz de Minho aumentou em desespero.
Ela levantou o olhar, ainda ofegante, vendo Minho e Thomas lutando desesperadamente para segurar a porta. Seus ombros estavam pressionados contra a madeira já rachada, enquanto os Cranks do outro lado batiam incessantemente, seus gritos guturais reverberando pela sala.
Kenzie então olhou para baixo, seu estômago revirando. O vidro sob ela estava gravemente trincado, as rachaduras se espalhando perigosamente a cada segundo, como se o chão estivesse prestes a desabar. Lá fora, a rua destruída parecia mais distante do que nunca, cheia de escombros, carros esmagados e restos de um mundo que não existia mais.
O som de uma batida mais forte na porta trouxe sua atenção de volta ao presente.
Ela gritou, a voz carregada de desespero. ── O vidro vai ceder! Eu não consigo subir!
Brenda correu até a borda inclinada, ajoelhando-se perto dela. ── Segure minha mão! Rápido! - Ela estendeu o braço, os olhos arregalados com o medo de perder Kenzie a qualquer momento.
Kenzie tentou alcançar, mas a inclinação da sala e o perigo iminente tornavam tudo mais difícil. O som do vidro rachando sob seu peso crescia, cada estalo como uma sentença de morte iminente.
── Eu não alcanço. - Se mexer, fazia com que o vidro fizesse mais barulho e o desespero aprofunde mais ainda.
Mesmo assim, Kenzie reuniu todas as forças que lhe restavam. Com os músculos doendo e o coração disparado, ela ergueu o corpo e começou a rastejar pela superfície inclinada, os dedos esticados na direção de Brenda. A distância parecia interminável, mas a determinação de sobreviver a fazia ignorar o perigo iminente.
Brenda inclinou-se ainda mais, sua mão tremendo enquanto tentava alcançar Kenzie.
── Isso, continue! Você consegue! - incentivou, o desespero evidente em sua voz.
Mas tudo aconteceu rápido demais. O som foi como um trovão - o vidro sob Kenzie finalmente cedeu, explodindo em milhares de fragmentos que brilharam como estrelas caindo enquanto se espalhavam no vazio. Ela gritou em pânico, o corpo despencando em direção ao abismo.
Minho viu tudo de relance, mas não hesitou. Ele largou a porta sem pensar duas vezes, mesmo enquanto os Cranks começavam a invadir a sala. Seu único foco era salvar Kenzie. Num movimento rápido, ele se lançou em direção ao buraco onde a janela antes estava, agarrando sua mão no último instante.
A força da queda quase o arrastou junto. Minho escorregou na superfície inclinada, mas conseguiu se agarrar a uma viga de ferro exposta que estava presa precariamente à parede da sala. Ele se pendurou ali, o corpo tensionado e o braço esquerdo segurando firmemente a mão de Kenzie.
Kenzie estava pendurada no vazio, o rosto marcado pelo terror e pelo esforço enquanto olhava para cima. O vento da rua destruída abaixo chicoteava seu cabelo, e o som dos Cranks atrás deles parecia cada vez mais próximo.
Minho rangia os dentes, o braço ferido tremendo sob o esforço, a dor invadindo como fogo. O ferimento latejava, e o sangue fazia sua mão escorregar, mas ele não soltava. Sua única preocupação era Kenzie, pendurada no vazio, o rosto marcado pelo terror.
Isso fez ele ignorar sua própria dor.
── Eu te segurei! Não olha para baixo! - Ele gritou, seus olhos fixos nela, mesmo com a dor quase insuportável atravessando seu corpo.
Thomas e Brenda correram para ajudar, mas os Cranks já estavam dentro da sala. Brenda chutou a porta caída para atrasá-los, enquanto Thomas se aproximava da viga para tentar puxar Minho de volta.
── Me ajudem a levantar ela! - Minho gritou, o suor pingando de sua testa enquanto seu braço começava a ceder pela dor.
O vidro quebrado continuava a cair ao redor de Kenzie, como se o prédio quisesse expulsá-los para o vazio. A cada segundo que passava, o abismo parecia mais próximo de engolir os dois.
── Eu não vou te soltar! - gritou, a voz carregada de determinação.
Kenzie olhou para ele, as lágrimas escorrendo, enquanto tentava não olhar para o abismo. Seus dedos entrelaçados com os dele tremiam, e o som dos Cranks invadindo a sala piorava tudo.
Brenda correu até Minho, puxando-o com todas as forças enquanto Thomas segurava o cinto dele, tentando estabilizá-lo. Minho sentia seu corpo ceder, a dor no braço o cegando, mas ele se recusava a desistir.
── Segura firme! - Thomas gritou, ajudando a erguer Kenzie.
Com um último esforço, eles puxaram os dois de volta. Kenzie caiu ao lado de Minho, ofegante, enquanto ele tombava no chão, segurando o braço ferido. Mesmo exausto, ele olhou para ela com um sorriso cansado.
── Você tá bem? - Os olhos preocupados do asiático rodearam a mulher que assentiu
O momento foi interrompido com um Crank caindo bem ao lado deles, mas passando direto e fazendo Brenda se encolher próxima ao grupo.
Quando finalmente conseguiram se recuperar do impacto do vidro quebrado, Brenda olhou em volta, desesperada, procurando qualquer possibilidade de fuga. Foi então que, perto da janela destruída, ela notou uma espécie de escada de incêndio se estendia ao longo da parede externa, que parecia ser um caminho improvável.
── Olhem ali! - Brenda gritou, chamando a atenção de todos.
Minho, ainda segurando o braço machucado, deu um passo em direção à abertura. ── Isso deve nos levar para algum lugar mais seguro.
── Rápido, antes que o prédio desabe de vez! - Thomas olhou para a porta amarrada com uma tecido de roupa cedendo
Thomas foi o primeiro a correr em direção à passagem, deslizando entre as pedras e escombros, agora apoiando seus pés na escada. O som dos Cranks se aproximando ficava mais intenso a cada segundo.
Brenda, Minho e Kenzie seguiram logo atrás de Thomas. A escada de metal de emergência estava pendendo, mas permitia que eles avançassem, um por um. Eles precisavam ser rápidos. Cada segundo ali dentro poderia ser fatal.
O grupo desceu apressadamente, os degraus instáveis e rangendo sob seus pés. Minho, ainda com o braço ferido, lutava para manter o ritmo.
Quando chegaram ao chão, o cenário da cidade destruída se estendia à sua frente. A rua estava deserta, os prédios ao redor desabando lentamente, e o som das criaturas ainda ecoava ao longe. Mas, por enquanto, estavam livres.
── Conseguimos.. - Kenzie sussurrou, olhando para trás para o prédio em ruínas.
Minho, exausto, respirava pesadamente.
── Temos que continuar. Não podemos parar agora.
E, com isso, eles seguiram pela rua desolada, mais uma vez em movimento, sabendo que a luta até chegarem no beco que Jorge mencionou estava longe de acabar.
Após uma corrida frenética pelas ruas, o grupo finalmente alcançou um beco escuro. O lugar estava deserto, uma área marcada pelos destroços e o silêncio pesado da cidade em ruínas. A iluminação era fraca, com apenas algumas lâmpadas quebradas espalhadas pelo caminho.
Minho, respirando com dificuldade e ainda com o braço dolorido, foi o primeiro a parar. Ele olhou ao redor, tentando identificar qualquer sinal de que estavam no lugar certo.
── Este é o beco. Jorge disse que nos encontraria aqui, mas... cadê ele?
Thomas olhou para os dois lados, procurando por qualquer movimento nas sombras. ── Fique atento. Não podemos confiar no movimento.
Brenda, cansada e com o corpo exausto, apoiou-se em uma das paredes de concreto.
── Eu não sei se consigo mais andar. Precisamos de ajuda.
Kenzie se aproximou de Brenda, tentando dar-lhe algum suporte. ── Ele vai aparecer, tenho certeza.
O silêncio tomava conta do beco, apenas o som do vento e alguns estalos de escombros quebrando à distância preenchiam o espaço.
Antes que qualquer outra palavra fosse dita, Kenzie deu um passo para trás, franzindo o nariz enquanto um cheiro peculiar invadia suas narinas. Era um aroma doce e enjoativo, misturado com algo metálico, quase imperceptível. Ela fungou novamente, mas dessa vez sua cabeça girou, e uma leve tontura tomou conta de seu corpo, obrigando-a a se apoiar na parede mais próxima.
── O que foi, Kenzie? - perguntou Minho, a preocupação evidente em sua voz ao notar a palidez repentina no rosto dela.
── Eu... não sei o que foi - murmurou Kenzie, apertando os olhos enquanto tentava afastar a tontura. Minho parou ao lado dela, inclinando a cabeça ligeiramente, a curiosidade estampada em seu rosto.
── Que cheiro estranho é esse? - questionou Thomas, franzindo o cenho.
Ele fungou brevemente, mas o arrependimento foi imediato. O aroma doce e metálico, com um fundo ácido, parecia ficar mais forte, como se impregnasse o ar ao redor. Ele cambaleou levemente, pressionando os dedos contra as têmporas, tentando manter o equilíbrio.
Era um cheiro impossível de ignorar, denso, quase sufocante, como se o ambiente estivesse sendo lentamente consumido por ele.
── Parece que está ficando mais forte - murmurou Brenda, sua voz carregada de preocupação enquanto tentava tapar o nariz com a mão.
── Que porra é essa? - Minho franziu o cenho, olhando ao redor, como se tentasse encontrar a origem do cheiro.
Sua expressão endureceu ao ver Kenzie e Thomas começarem a se desequilibrar, os olhos desfocados e os movimentos lentos, como se estivessem sendo puxados para um estado de torpor.
Brenda apertou os punhos, lutando para manter a lucidez. Sentia a mesma tontura crescente, mas algo em seu instinto a fazia resistir, mesmo que fosse inútil. Minho, por outro lado, ainda estava alerta, mas seus olhos saltavam entre os amigos e o ambiente, analisando cada detalhe como se buscasse um padrão, uma explicação.
── Kenzie, Thomas, vocês estão bem? - ele perguntou, a tensão evidente na voz. A falta de resposta só aumentava o desconforto.
Minho não respondeu de imediato. Ele parecia lutar contra uma força invisível, os olhos semicerrados enquanto o mundo ao seu redor começava a girar. Uma tontura insidiosa tomava conta dele, tornando difícil manter o foco. Com um gesto tenso, ele segurou Kenzie mais firme nos braços, como se o contato com ela pudesse ancorá-lo à realidade.
A respiração dele tornou-se mais pesada, o peito subindo e descendo com dificuldade enquanto fixava o olhar no chão. Seus dedos apertavam o tecido da roupa de Kenzie, em parte para se manter consciente, em parte porque temia soltá-la.
── Merda... - murmurou baixinho, a voz rouca e trêmula. Ele tentava resistir, mas sentia como se algo estivesse puxando-o lentamente para um abismo, cada segundo mais difícil do que o anterior.
Brenda observava em pânico, vendo o rosto dele empalidecer. Sentia-se suando frio. Ela sabia que o tempo estava acabando.
── Kenzie.. - Chamou pela mulher.
Minho resistiu o quanto pôde, mas a tontura finalmente o venceu. Seus olhos reviraram lentamente, e ele tombou para o lado, ainda segurando Kenzie em seus braços. O impacto foi suave, mas seu corpo agora estava inerte, a respiração pesada e irregular.
Brenda observou horrorizada enquanto Minho sucumbia, o último a cair. Ela deu um passo hesitante em direção a eles, mas sua visão começou a embaçar, e as forças que ainda lhe restavam começaram a desaparecer. Seus joelhos cederam, e ela caiu de forma desajeitada, apoiando-se nas mãos por um breve momento antes de desabar completamente.
Agora, o ambiente estava tomado por um silêncio opressor, interrompido apenas pelo som das respirações leves e desconexas de cada um deles. O cheiro estranho ainda impregnava o ar, como se tivesse consumido a energia de todos, deixando-os vulneráveis e à mercê de algo desconhecido.
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