Depois de um e dia e meio chuvoso e dois dias esperando tudo se estabilizar, acordamos mais cedo para arrumar a bagunça que foi feita no enorme campo, e já que eu terminei de fazer a minha parte fui para a cozinha comer.

Enquanto alguns continuavam em seus afazeres, eu já não tinha mais nada para fazer. Isso é o lado bom de ser a primeira a começar e também primeira a terminar.

Estava sentada em uma mesa de costas para alguns garotos que também comiam e conversavam casualmente, mas a minha atenção estava no tonto que não parava de me encarar por um segundo, Les, infelizmente.

Não percebi quando Minho entrou no local, só quando ele deixou algo na minha mesa e passou direito sem me dizer nada.

── Boa tarde pra você também. - Murmurei pegando a laranja que o asiático deixou em cima da mesa em cima de um papel

Tinha algo escrito e eu o aproximei do rosto rapidamente para ler o que era.

"Me encontra na floresta perto do lago." Sinto meu coração quase saltar quando li essa frase

─ O que ele poderia querer no meio do mato? ─ Pensei comigo mesma, sem me atrever olhar para trás

Guardei o papel no meu sutiã e deixei a laranja ao lado do prato, terminando de comer, minha curiosidade me consumia que eu não podia esperar mais para ir.

Me dizer algo desse tipo é torturando, pois fico o dia inteiro pensando e repensando no que vai acontecer ou o que vão me dizer, não consigo mais ficar em nada mais.

Meus olhos levantaram quando vi os meninos que estavam atrás de mim saírem de lá, mas não vejo Minho junto com eles, então olhei para trás por cima do ombro e vejo o mesmo já com seus olhos fixados em mim.

Ele estava descascando sua própria laranja enquanto mantinha seus olhos escuros em mim, e eu continuei o encarando sem dizer nada.

── Quer falar o que? Poderia falar sem precisar me entregar um bilhete. - Questionei

── Não quero falar nada. - Minho disse e tudo que vinha em minha mente não era nada do que eu não queria, e sorri fraco quando o asiático desviou o olhar para baixo ── Mas se não quiser não precisa ir me encontrar.

── Vou pensar se vou, então esteja lá caso queira ir saber mais. - Voltei a olhar para frente

Como se eu também não quisesse ir, mas preciso deixar claro para o garoto que não estava com tanta vontade assim de saber.

Voltei para o dormitório e escovei os dentes, guardei o papel e a laranja em baixo do travesseiro, Coloquei um casaco de frio já que a temperatura ainda está baixa e agora estou indo em destino do meio do mato fazendo a minha busca tediosa.

Parei em um certo ponto da floresta, assim que consigo ver o lago parei de caminhar e suspirei colocando as mãos na cintura dando uma boa olhada ao meu redor.

── Hum, frutas!? - Murmurei comigo mesma, olhando para uma árvore do meu lado e então me aproximei vendo que eram

Coloquei um pé em um galho e peguei impulso prendendo minhas pernas no outro, levantei o meu braço esquerdo e consegui alcançar algumas antes de cair no chão, mas pelo menos algumas caíram junto comigo

── Isso só acontece comigo. - Reclamei levantando para limpar a calça

Comecei a recolher as frutinhas que nem sabia o nome, mas coloquei uma delas na boca e eram docinhas, um gosto bem agradável então vou comer mesmo sem saber o que é.

── O que está fazendo aqui sozinha? - Ouço uma voz grave, mas para o meu desgosto é Les

── Estaria sozinha se não estivesse aqui, porque não da meia volta? - Disse rude, revirando os olhos e voltando para o lago

── Bom, queria resolver as coisas com você, mas continua sendo uma vaca desgraçada.

Me virei para responder o homem no mesmo tom, mas franzi a sobrancelha vendo ben atrás dele e não estava parecendo ciente, ele está mais para um sonâmbulo desorientado.

── Ben, o que aconteceu com você? - Perguntei fazendo o outro olhar para trás

── Que deu em você cara? - Perguntou, mas o mesmo estava me encarando

── Você fingiu ser uma de nós todo esse tempo para nos entregar? - Ben disse diretamente para mim, mas não fazia ideia do que era

── Do você está falando, Ben? - Questionei

Mas o homem não me respondeu, ele parece perder o controle e em seguida avançou em cima de mim me empurrando, entre abri a boca com a dor que senti quando minhas costas bateram contra a árvore atrás de mim.

── Les, me ajud- - Pedi no momento de desespero, quando o maior me derrubou no chão e subiu em cima colocando suas mãos em volta do meu pescoço

── Não. Porque eu faria isso? - Ele riu, apenas começando a se afastar tranquilamente enquanto finge que estava vendo nada

Levei as minhas mãos até as de ben que apertava ainda mais contra a pele do meu pescoço fazendo cada vez mais o meu fôlego ir embora, debati os meus pés na tentativa falha de sair daquela posição, mas ele era mais pesado e maior do que eu.

Arrastei uma mão para o chão e o apertei pegando um punhado de terra e joguei nos olhos do Homem, que finalmente saiu de cima de mim pelo incômodo e então eu consegui levantar, não pensei duas vezes antes de começar a correr em direção da clareira.

Logo ouço os passos de Ben correndo atrás de mim, ele parecia algo de outro mundo, uma aberração, não demorou nada para que ele conseguisse me alcançar e me agarrar pelos cabelos, outra vez caímos no chão e ele tentava subir em cima de mim enquanto o empurrava.

── Ben, me solta! - Tentava fazer o mesmo recuperar o sentido, isso se tivesse lhe restado algum mas ele não ouvia.

Quando ele finalmente parou e seu corpo caiu desacordado ao meu lado, eu suspirei pelo alívio de ver Minho parado com uma ferramenta, mesma que usou para golpear o homem.

── O que aconteceu? - Ele segurou a minha mão e com a outra mão me puxou pela cintura me aproximando mais dele

── O Ben foi infectado. - Olhei para baixo, tentando regularizar a respiração. Optei por não dizer a parte do que ele me falou.

── Merda. - Murmurou, sua mão largou a ferramenta e seguram o meu rosto enquanto seus olhos me examinam

Ele se afastou quando ouviu passos, eram os outros garotos atraídos pelo barulho e por um milésimo segundo achei que Les teve a noção de pedir ajuda, mas tudo passou quando Newt abriu a boca para dizer

── Ouvimos os barulhos.

── O Ben foi infectado, precisamos prender ele e esperar o Alby voltar do labirinto. - Minho avisou para alguns garotos e os mesmos acenaram positivamente fazendo o foi mandado

Newt e Thomas ajudaram, então os demais voltaram para a clareira. Minho e eu desviamos caminho para os fundos e entramos no casebre que ele usa de espaço pessoal, para as reuniões do grupo de corredores.

Eu nunca estive lá antes, bom, a vez em que entrei foi rápida para não ser pega pelo asiático, ninguém pode entrar em lugares privados sem autorização por aqui e aqui é um.

── Valeu pela ajuda. - Agradeci parando ao lado da mesa no centro da sala

── Você não pode deixar de andar protegida. - Minho parou na minha frente e eu não pude recuar por estar encostada na mesa, isso fez com que nossos corpos estivessem próximos até demais

── Já entendi. Não vou cometer esse erro de novo. - Suspirei desviando o meu olhar devido a nossa aproximação ── Bom, não posso prometer que não vou esquecer nunca, mas..

── Ainda tem um pouco de sangue na sua bochecha. -  O maior segurou o meu rosto com uma mão e a outra ele ergue esfregando suavemente o dedo polegar na minha bochecha

Sua ação me fez congelar no mesmo instante que sinto seu toque, minha barriga gelou e os meus olhos rolaram imediatamente para sua direção. O asiático já não estava mais limpando o meu rosto, ele parou de fazer isso e agora seus olhos estavam prestando atenção na minha boca, engoli seco envolvendo meus dedos em sua cintura e tentei puxar seu corpo ainda mais perto de mim.

── O que você tá fazendo? - Minho questionou a minha ação com um tom de voz baixo, ainda encarando minha boca

── Nada. - Minha voz quase não saiu, olhei para onde minhas mãos foram parar agora e observei seu bíceps largo flexionar fazendo suas veias ficarem mais visíveis quando ele levou a mão até o meu pescoço me fazendo olha-lo nos olhos outra vez

Minhas pernas bobearam no mesmo momento, apenas permaneci ali parada esperando seu próximo passo, agora seus olhos estavam conectados nos meus me causando arrepios por todo o meu corpo automaticamente, a mão de Minho subiu lentamente até seu dedo indicador alcançar a minha boca e trazer o lábio inferior para baixo separando levemente os meus lábios.

Nesse momento ele olhou uma última vez para os meus olhos como se fosse um aviso, antes dele voltar a fixar a minha boca e se inclinar aproximando empurrando o meu corpo com o dele, seu quadril contra o meu fazendo a mesa se mexer enquanto aproxima seu rosto do meu.

── Kenzie, você está ai ? - A voz de alby fez Minho me soltar rapidamente e se afastar de mim

── É. To aqui. - Sorri fraco vendo o homem entrar pela porta com preocupação

── Você não foi mordida ou machucada, não é ? - Ele se aproximou me checando

── Eu estava ajudando ela a limpar o sangue, mas não vi nenhum machucado. - Minho avisou para o mais velho se acalmar e assim ele concordou

── É sangue do ben, ele estava machucado. - Comentei tranquilizando-o

── Kenzie, você não pode se machucar nunca. - Alby me olhou cabisbaixo, como se algo ainda o preocupasse e olhou para Minho ── Nós vamos jogar ele no labirinto hoje quando escurecer, e não vai demorar muito.

── Kenzie! - Ouço a voz de Gally chamar o meu nome umas três vezes e logo o mesmo entra quase derrubando tudo

── Quando isso virou cabaré? - Minho reclamou da movimentação no local

── Gally, aqui é local privado. - Alby avisou

── Estou preocupado com a kenzie. - Ele segurou o meu rosto me checando ── Ele te machucou? Eu vou matar ele.

── Ele já está quase morto. - Comentei com indiferença, tentando tirar suas mãos de mim

Sai da sala notando o incomodo de Minho e por achar que talvez seja pelo fato de estarmos dentro do local que ele tanto preserva, eu sai puxando o Gally junto comigo para fora.

── Só foi um acidente, esta tudo bem. - Parei de andar fazendo Gally também parar e me olhar ── Não precisa mais pensar nisso.

── Quer que eu te ajude a limpar toda essa poeira das suas roupas? - Indagou passando os dedos pelos meus cabelos ── Do seu cabelo.

── Não, Gally, eu mesma posso fazer isso. - Comentei desviando o meu olhar e alcançando Les, e o meu corpo foi tomado pela raiva quando veio o que ele fez em minha mente

── Vamos levar o ben para o labirinto agora. - Alby avisou passando por nós

── O asiático, porque você trouxe a Kenzie com você pra esse casebre? - Gally segurou o braço do mesmo fazendo-o parar e ele silenciosamente passou seus olhos das mãos do loiro até seu rosto

── Gally, não é hora pra isso, da pra parar de ser idiota? - Me intrometi

── Eu até falaria se fosse da sua conta, mas o que eu faço não te diz respeito. - Minho puxou seu braço fuzilando o outro com seus olhos

Ele me olhou antes de começar a se afastar, e tudo que me veio na cabeça foi o que infelizmente quase aconteceu minutos atrás quando estávamos sozinhos, eu ainda sentia meu corpo esquentar só de pensar.

Seguimos os dois até a entrada do labirinto, indo de encontro com ben, mesmo que implorava jurando que não estava infectado como foi acusado.

── Você pode entrar por vontade própria e então não precisaremos tornar isso ainda mais difícil. - Alby explicou e o homem olhou-o em desespero

── Tudo bem. Tudo bem. Eu não quero machucar ninguém, Sinto muito. - O cara me olhou e no mesmo instante sua expressão mudou, outra vez para raiva

Foi ai que ele começou a gritar enquanto mantinha seus olhos em mim, palavras que não davam para entender bem e com isso os garotos começaram a empurrá-lo para o labirinto.

Olhei para Les e o mesmo estava próximo a entrada, me olhando como se eu fosse culpada de algo e sorriu quando notou que eu o olhava de volta.

Quando o homem se aproximou da entrada, eu aproveitei para correr até lá e entrar no labirinto antes que as paredes sejam fechadas.

Resmunguei batendo as costas no chão, mas sorri ao ver Les junto comigo e o mesmo gritava comigo pelo o que eu acabei de fazer.

── Qual a porra do seu problema? - Berrava, levantando e correndo para a saída, mas a mesma já estava fechada e eu não fazia ideia de como era a reação dos outros atrás dos muros.

── Agora vamos resolver os nossos problemas aqui. - Levantei para encarar o maior

── Vamos morrer por culpa sua, sua vadia!

── Não, você vai morrer. - Sorri para ele