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07

Winter's pov:

Na segunda-feira à tarde, estou mais nervosa do que imaginei. Minha cabeça tem estado tão ocupada com Jimin que nem tive tempo de pensar no desastre que se aproxima: meu primeiro dia de aula no cursinho pré-vestibular.

Depois de trocar de roupa e terminar de me arrumar, vou até a cozinha e pego minha mochila e a grade de aulas para as quais me inscrevi. Como Ningning não vai precisar ir para a faculdade hoje, insiste em me dar uma carona. Quando chegamos no que eu considero um prédio gigantesco, ela procura uma vaga e estaciona o carro. Ficamos sentadas e observamos os alunos por um bom tempo, o suficiente para que eu comece a me sentir ansiosa por estar aqui.

— Está tudo bem? — Ningning pergunta, tirando-me do meu devaneio.

— Desculpa — murmuro, olhando para ela. — Devo estar te atrapalhando... — Eu não tinha parado para pensar sobre esse detalhe até agora.

Ela sorri, balançando a cabeça.

— Não é isso, Winter. Imagino que toda essa novidade esteja sendo difícil para você. — Sem comentários de minha parte. Ela continua: — Insisti que seria melhor se você viesse morar comigo por esse motivo. O esquema de cursinho da Suneung é dividido em temporadas. Mas imagino que pegar todas as aulas cerca de dois meses antes do exame nacional seja uma verdadeira tortura, né?

Desta vez, rio de verdade.

— Pode acreditar, Ningning. — Pelo menos seu senso de humor me faz esquecer um pouco meus problemas. Um senso de humor estranho, mas ainda assim engraçado. Ao me virar para ela, vejo que também está sorrindo. — Não precisa se preocupar, eu consigo me virar.

— Mas se precisar de ajuda... — Ela hesita, sem querer me ofender.

Pegando minha mochila no banco do carona, saio do carro. Arrumando minha jaqueta com a mão direita, me viro para Ningning.

— Está tudo bem — minto. Por minha mente passa um turbilhão de pensamentos desesperados sobre o que me aguarda atrás dos muros dessa instituição.

Ela assente com a cabeça antes de dar partida no carro.

Hesito em entrar, mas, quando faço isso, ninguém sequer nota minha presença. Não é como naqueles filmes clichês em que a garota nova salta do carro, segurando os livros, e todos param o que estão fazendo para observá-la. Não é nada assim. Sou apenas mais uma aluna dentre tantos outros e gosto disso.

Respiro fundo, olho para os corredores e sigo meu caminho. Diversos alunos circulam como se soubessem exatamente aonde estão indo. Por sorte encontro minha sala sem maiores problemas e evito um atraso. A professora de inglês, Srta. Hwang, entra pouco tempo depois e coloca seu material sobre a mesa.

— Bom dia, pessoal. Sejam bem-vindos a Suneung. Fico feliz em ver que todos parecem estar à vontade em seus lugares. Mas sinto em lhes informar que os lugares são marcados. — Ela diz, pegando uma caderneta da sua bolsa. — Então, depois que mudarem de lugar, convido vocês a ficarem à vontade de novo.

Ela começa sua lista e um pequeno alvoroço de resmungos toma conta da sala, mas eu não me importo nenhum pouco. Não conheço ninguém mesmo, então não faz a menor diferente onde vou me sentar.

— Kim Minjeong na mesa cinco.

Pego meus livros, aproximo-me da nova mesa, e vejo um garoto se sentar na cadeira do lado.

— Oi. Minjeong, certo? — Ele estende a mão para mim e sorri.

— Isso — digo. Ele é um garoto bonito, meio atlético. Cabelos negros e olhos castanhos.

— Bem, prazer em te conhecer, Minjeong. — Ele da ênfase ao meu nome, o que me arranca um sorriso. — Me chamo Han Jisung.

— Prazer em conhecê-lo.

Ele sorri.

— Como está sua grade de aulas? — Pergunta, se inclinando em minha direção. Entrego o papel a ele, que o desdobra, correndo os olhos de um lado para o outro. — Nossa, você conseguiu se inscrever em aulas muito boas. Sortuda.

Franzo a testa.

— Como assim? — Pergunto.

— Aulas de idioma e literatura coreana fazem parte de um programa especial da instituição — Han revira os olhos. — Eu tive que me empenhar nas minhas notas para conseguir uma vaga. Mas essas aulas são essenciais para quem tem interesse em entrar em alguma faculdade de peso.

— Bom, vou tomar isso como um ponto positivo. — Digo, sorrindo timidamente.

Han me devolve minha grade de aulas e dá uma risadinha antes de se virar para a professora.

— Pode acreditar. A maioria dos alunos se inscreve aqui por causa do nível acadêmico de prestígio da instituição. Mas você vai perceber que tem um motivo extra para essas aulas serem tão disputadas.

A aula prossegue e, mais tarde, Han me pergunta se eu preciso de ajuda para encontrar a sala da minha próxima aula, mas lhe digo que consigo me virar. Ele ainda insiste, dizendo que se eu mudar de ideia é só avisar.

A primeira aula chega ao fim e agradeço por ter corrido tudo bem.

A hora seguinte passa como a anterior: devagar. Matemática não é complicado para mim. Mas está sendo difícil me concentrar, pois estou literalmente contando os minutos. O professor também é bastante entediante e isso não facilita as coisas. Normalmente, se não acho algo interessante, meus pensamentos costumam se dispersar. Agora eles estão indo parar em uma pessoa em específico. Estou anotando as coisas metodicamente, tentando me concentrar ao máximo, quando alguém me cutuca nas costas.

— Ei, posso ver suas aulas? — Pergunta uma garota.

Discretamente, pego o papel e o coloco dobrado na carteira dela.

— Ah, não precisa disso — ela diz apontando para a frente do quadro. — Pelo que vejo o Sr. Park é bem tranquilo. Não precisa se preocupar com ele.

Assinto com a cabeça e me viro para ela enquanto o professor parece bem entretido com seu livro.

— Meu nome é Kim Minjeong.

— Shin Yuna — ela diz, num tom levemente divertido. — Ótimo, montamos um esquema de estudo bem semelhante — comenta, dando uma olhada na minha grade de aulas. — Já aviso que alguns professores tem a fama de serem rigorosos. Ao menos vamos fazer a mesma aula de literatura coreana. Você deu sorte.

— Por que todo mundo diz isso? — Pergunto, me referindo a Han que já havia comentado algo mais cedo. Parece existir um concensso entre os alunos quanto a essas aulas em específico.

— Ah, a professora é bem nova, mas ganhou reconhecimento por conta da taxa de aprovação de alunos no último exame nacional. — Yuna diz, sorrindo. — Mas também tem o fato de que ela é bem atraente. Você vai ver quando for para a aula.

Ela inclina-se para a frente para escrever algo e fica em silêncio. Yuna é uma garota bonita. O cabelo dela é escuro e longo, e os olhos são castanhos, cheios de divertimento e curiosidade ao mesmo tempo. Eu ainda não posso dizer nada sobre sua personalidade, mas ela parece ser uma pessoa bem simpática.

Quando o professor finaliza a aula, eu me levanto, e Yuna me devolve minha grade. Olho para a folha de papel em minhas mãos, que agora tem alguns sites e números escritos com caneta azul. Yuna vê que estou olhando para a folha e aponta para o primeiro site da lista.

— Esse é meu perfil no Instagram, mas se não conseguir me encontrar por lá, também estou no Twitter — ela diz, estranhamente séria. Seu dedo percorre até os números anotados. — E esse é meu celular, caso queira trocar mensagens.

Ela passa na minha frente, e começo a segui-la em direção à saída da sala.

— Ah, você precisa passar na administração antes da próxima aula.

— Por quê? — Pergunto, sentindo-me um pouco sufocada com minha nova amiga.

— Como você se inscreveu para a aula de literatura coreana pode usufruir do material complementar disponível na biblioteca da instituição. Mas antes precisa ir até a administração e pedir seu cartão de acesso.

Então ela simplesmente desaparece em meio ao fluxo de alunos no corredor.

\[...]

A diretoria fica a apenas duas salas de distância. O assistente administrativo, revira tanto os olhos enquanto faz minha solicitação que termina virando um expert no assunto. Ele termina bem na hora que devo ir para minha última aula do dia.

— Você sabe onde fica a sala de literatura coreana? — Pergunto antes de sair.

Ele me dá orientações um tanto longas e confusas, imaginando que sei onde fica cada um dos corredores desse edifício. Espero pacientemente ele terminar e saio, mais confusa do que antes. Perambulando pelos diferentes corredores, dou a volta, finalmente avistando o corredor que ele indicou, e me sinto aliviada. Não estou afim de ser o centro das atenções por chegar atrasada.

— Minjeong?

Meu coração erra uma batida quando escuto a voz dela. Eu me viro e vejo Jimin saindo de uma sala, com um olhar confuso no rosto. A princípio, uma estranha sensação de alívio toma conta de mim ao saber que ela está aqui. Mas, então, ela é substituída por uma sensação desagradável, como se eu soubesse exatamente o que está por vir.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto, segurando a alça da minha mochila.

Ela parece tão... adulta. Está vestindo roupas completamente sociais. Tão diferente de todas as vezes que estivemos juntas no decorrer da semana passada.

— Não pode ser — Jimin sussurra. Seus lábios franzem. Vejo como ela olha para os corredores e passa as mãos nos cabelos. — Minjeong... O que você está fazendo aqui?

— Estou tentando achar a sala de literatura coreana — digo, entregando minha grade de aulas para ela.

Jimin pigarreia e pega meu horário. Ela o estuda, seus olhos cada vez mais preocupados.

— Minjeong, não — ela diz, colocando o papel de novo nas minhas mãos, sem nem olhar para ele.

Fico observando a reação dela por um instante; ela parece quase horrorizada por me ver aqui. Jimin dá um passo para trás, encostando-se na parede. Não estou compreendendo essa reação. Fico parada, esperando algum tipo de explicação, quando finalmente entendo. O ar dos meus pulmões praticamente some. Tudo se retorce dentro de mim, e luto contra as lágrimas que começam a se formar.

Não pode ser verdade. Não é possível.

— Jimin — sussurro, sem conseguir soltar o ar completamente. — Não me diga que...

Seu rosto está corado e ela está com um brilho de dor nos olhos. Jimin inclina a cabeça para trás e olha para o teto, esfregando as palmas das mãos no rosto enquanto caminha pelo corredor. Ela lentamente se vira para mim.

— Você é uma aluna — diz quase num sussurro — Você é minha aluna.

Meus olhos se arregalam de confusão e horror. Principalmente horror. Uma parte de mim quer se recusar a acreditar que isso seja verdade. Que uma coincidência tão indesejável como essa esteja acontecendo.

— Como não cogitei que você tivesse se inscrito na Suneung quando falou sobre o seu cursinho? — Ela comenta. Por um momento, não posso dizer se ela esta chateada comigo ou com nossa situação. Talvez com os dois.

Inclinando a cabeça para ela, cruzo os braços, chateada e irritada com a situação.

— Pois é. — Digo, sorrindo sarcástica. — Como também não imaginei que você fosse uma professora quando comentou comigo que tinha conhecimento sobre essa área?

— Isso não é engraçado, Minjeong. — Jimin responde com uma voz desanimada. — Eu pensei que você tivesse se inscrito para qualquer outro cursinho — ela diz tão baixo que quase não escuto.

— Eu consegui me inscrever em uma das melhores instituições de preparo de Seul e não podia desperdiçar isso! — Exclamo, elevando a voz. Não sei se para mostrar a ela ou a mim a veracidade do fato. — Quantos anos você tem, afinal?

Jimin passa as mãos nos cabelos, frustrada.

— Eu tenho 26 anos.

Ouvir a idade dela não me surpreende nem um pouco. Só que o problema não é a idade dela, mas a ocupação. Fico me perguntando porque ela tinha que ser logo uma professora.

As lágrimas estão na superfície dos meus olhos, mas me recuso a libertá-las. Baixo a voz para um sussurro:

— Não acha que deveríamos conversar... sobre isso?

Seus olhos se suavizam um pouco e ela inclina a cabeça em direção ao corredor. Vejo o exato momento que seu rosto fica tenso.

— Minjeong, tem muita coisa que preciso te explicar... — Jimin sussurra, cheia de cuidado em seu tom de voz. Então ergue um olhar preocupado. — Mas não posso fazer isso agora.

Apesar de entender a situação na qual nos encontramos, meu coração se parte ao ver que o emprego é a maior preocupação dela no momento. Mas antes que eu diga alguma coisa, o ruído baixo de passos começa a aumentar quando alguém se aproxima do corredor em que estamos. Olho para o lado e vejo Yuna correndo na nossa direção. Ela sorri.

— Já estou indo para a aula. Não precisa se incomodar, Professora Yu.

Ela passa por mim e por Jimin enquanto nós duas continuamos paralisadas no tempo e no espaço. Yuna vira-se, me dá um sorriso divertido, e acena com a cabeça em minha direção.

— Você vem, Minjeong?

Meus lábios se comprimem quando olho para Jimin, quer dizer, Professora Yu.

— A aula começa em alguns minutos. — Ela anuncia.

Quando entro na sala, caminho até a única mesa vazia que deduzo ser a minha já que os lugares são marcados. Yuna sorri para mim enquanto me sento ao lado dela.

Quando olho para a frente, vejo uma Jimin tentando organizar os pensamentos. Ela encara a turma e quando por acaso, nossos olhares se encontram, não consigo encontrar o brilho que tanto me fascina. Tudo de que eu preciso é um olhar que me diga que está tudo bem, que podemos dar um jeito nesta situação estranha. Mas isso não acontece.

Ela continua dando a aula, pega uma caneta de quadro branco e escreve nele tudo o que vai abordar no cursinho. História da literatura, gêneros literários e autores mais cobrados no exame nacional.

— Certo, guardem os cadernos. — Diz Jimin, erguendo uma pilha de papéis. —Seguindo meu esquema de estudo, espero que estejam preparados para uma breve avaliação de nível acadêmico. Isso vai ser importante para que eu possa desenvolver um cronograma de ensino adequado para a turma. Então, hora das provas.

Alguns alunos parecem surpresos, outros, mais bem informados, dizem estar preparados. Eu não me importo. O ar está pesado e tenso, um clima de confusão.

Quando Jimin se aproxima da minha mesa, hesita em manter contato visual e eu já nem sei o que pensar. Ela me entrega um teste e, no tempo que tenho para responder, faço o máximo para me concentrar totalmente nas questões, esperando assim poder escapar por alguns instantes da minha nova realidade. Apesar de terminar rápido, fico relendo várias vezes as respostas apenas para não ter de lidar com o óbvio: o fato de que a mulher por quem eu estou me apaixonando é minha professora.

Essa situação está sendo sufocante, e eu não sei como impedir que ela tome conta de mim. Abaixo a cabeça entre as mãos, rezando silenciosamente para que essa aula acabe logo.

Os minutos parecem se arrastar, mas quando finalmente a aula chega ao fim, fico observando o restante da turma se aproximar da mesa de Jimin e colocar as provas, viradas para baixo, numa pilha.

Yuna me dá um tapinha de brincadeira nas costas e sorri.

— E então, agora você consegue entender o que te falei mais cedo?

Dou um sorriso forçado.

— Isso é sério?! Se você não comentasse, eu nem perceberia.

Ela empurra meu ombro de brincadeira.

— Vamos lá... Não deixe que isso te distraia. Além disso, a maioria dos professores dessa instituição são bem interessantes. — Ela me dá outro sorriso divertido e joga a mochila sobre o ombro. — O que alguns alunos consideram um benefício extra para se inscrever aqui.

— Bom, vou levar isso em consideração.

Yuna sorri e então desaparece pelo corredor. Olho para Jimin, que está sentada à sua mesa, olhando algumas das provas.

O último aluno desaparece da sala. Coloco minha mochila nas costas e seguro meus livros. Preciso tanto falar com ela. Mas sei exatamente qual vai ser sua reação se eu fizer isso aqui. Pego minha prova e vou até a mesa dela, colocando-o no topo da pilha.

Jimin arqueia uma sobrancelha. Ela me lança um olhar confuso.

— Algum problema, Minjeong?

— Eu... — Eu o quê? Não consigo pensar. Não consigo parar de querer que ela me abrace.

Jimin me dá um sorriso tenso e acena com a cabeça em direção à porta.

— É melhor você ir, se tiver qualquer dúvida podemos tirá-las na próxima aula.

Olho para ela por um longo momento antes de me virar para ir embora.

Enquanto me arrasto pelos corredores fico imaginando o quanto minhas emoções ainda vão aguentar de provação. Do lado de fora o sol já começa a se pôr. Vou até o estacionamento na lateral do prédio enquanto procuro meu celular na mochila. Tiro-o e me atrapalho enquanto mando uma mensagem para Ningning; minhas mãos estão tremendo tanto que eu quase o derrubo. Então desisto do que estava fazendo e me sento num dos bancos que tem ali.

Ainda não quero ver Ningning, então apoio o rosto mas mãos e sinto as lágrimas embarcarem meus olhos. Fico repensando sem parar todos os acontecimentos da última semana. Como é que passei tanto tempo com ela e não descobri que era uma professora? Ou, melhor ainda, como é que no meio de tanta conversa, não mencionei que tinha me inscrito na Suneung? Tinha contado tantas coisas sobre mim mesma.

Enxugo os olhos com a manga, tentando ao máximo disfarçar minhas emoções. Tenho ficado expert nisso já que minha vida está sempre cheia de reviravoltas.

E parece que isso está longe de terminar.

Um movimento ao meu lado me faz voltar à realidade. Quero ignorar. Não quero ver ninguém, muito menos falar. Me viro e vejo uma pessoa parada ao meu lado; Jimin.

— O que você está fazendo? — Pergunto com hostilidade. De todos os primeiros dias de aula ruins da história, eu só posso estar vivendo o pior de todos os tempos.

Ela olha para os arredores para verificar se tem alguém olhando. Por conta do horário, o estacionamento está praticamente vazio, mas isso não a impede de sentar alguns centímetros afastada de mim; apenas por precaução.

— Eu não sei — Ela responde, mergulhada em uma tristeza visível. — Não sei nem o que isso tudo significa.

— E você acha que eu sei? Acha que está sendo fácil para mim?

Jimin passa a mão no rosto e xinga baixinho.

— Claro que não. — Ela diz, parecendo perplexa. — No que você está pensando?

Passo as mãos nos cabelos.

— Estou muito confusa. Não sei o que pensar.

Ela suspira e fica em silêncio, então diz:

— Desculpe. É tudo culpa minha.

— Não é culpa de ninguém. Para que a culpa fosse sua, você precisaria ter tomado uma decisão consciente.

Seus olhos encontram os meus, mas dessa vez eles não transmitem nada. A expressão divertida em seus olhos, a expressão que me fez gostar tanto dela, desapareceu.

— Quando você mencionou sobre as questões do seu cursinho, não imaginei que uma coincidência dessas pudesse acontecer — Jimin comenta, a nítida frustração parece ser apenas consigo mesma.

— Minha mãe sabia do meu interesse em entrar numa boa universidade, então ela fez questão que eu me increvesse em uma boa instituição preparatória — respondo. — Confesso que a ideia dela arcar com todos os custos me deixou incomodada, por isso tenho trabalhado no café por meio período.

Fico em silêncio, tentando lutar contra as lágrimas.

Jimin percebe a emoção, e sua mão se move sobre o banco, encontrando a minha. Ela não segura minha mão por muito tempo, mas sinto falta do seu toque quando recua.

— Eu comecei a atuar como professora há cerca de dois anos — ela diz, tentando explicar. — Depois que meus pais morreram, eu dobrei minha quantidade de cursos. Então consegui me formar com um semestre de antecedência. Como a instituição contava com poucos professores, me ofereceram uma vaga.

— Eu realmente não imaginei que você fosse uma professora — comento. Só então percebo o quanto ela parece estar se culpando; não precisa que eu também fique com raiva dela. — Quer dizer, você falava tanto sobre arte gráfica que imaginei que essa fosse sua área de atuação.

Mergulhada em uma tristeza indizível, ela assente com a cabeça.

— Eu entendo... Mas embora eu tenha um fascínio por esse universo, minha ligação com ele está restrita às minhas responsabilidades com a empresa da família.

Ela ri de si mesma, mas ainda parece triste.

— Olha, não é como se algo realmente tivesse acontecido entre nós, de qualquer forma — minto. — Vou fingir que nunca aconteceu — minto novamente. — Mas só se você prometer que não vai mais me ignorar, como se eu não existisse. Sou capaz de lidar com essa situação. Mas não posso lidar com seu desprezo.

Jimin olha em volta antes de se aproximar poucos centímetros mais perto de mim.

— Seus olhos estão embargados. — Ela diz. — Nunca vou me perdoar por ter feito você chorar.

Minha pele se arrepia com a proximidade dela.

— Você não tem culpa. — Digo, cruzando os braços e respirando fundo. — Não precisa se preocupar. Sei que nós... não podemos ter nada no momento. E gostaria de sair da sua turma, mas preciso dessas aulas se quiser passar no exame nacional.

— É... — Jimin concorda. — Só queria não gostar tanto de você.

Não sei por quê, mas sinto vontade de chorar quando ela diz isso. Porque eu também gosto dela. Tínhamos nos conectado no sábado. Pelo menos eu tinha... Ela me libertou depois de eu ter estado presa por tanto tempo.

— Eu não vou colocar o seu emprego em risco — prometo.

Ela continua olhando fixamente para mim.

— Eu sei disso — diz.

Não sei como aconteceu, mas de alguma forma estamos mais próximas, tão próximas que eu consigo sentir o seu perfume. Fecho os olhos e permito que o cheiro dela tome conta de mim. Definitivamente, não sou mesmo capaz de entender como deve ser ter o coração partido. Se eu sentir uma dor apenas um por cento mais forte do que a que estou sentindo agora, desisto do amor. Não vale a pena.

Tento evitar que as lágrimas se acumulem nos meus olhos novamente, mas não adianta. Ela olha para os lados antes de se aproximar. Enterro meu rosto em sua camisa, ela coloca os braços ao meu redor e alisa delicadamente minhas costas.

Minhas lembranças me traem, trazendo de volta a Jimin da noite de sábado e fazendo todo o resto desaparecer por um momento.

— Desculpe, de verdade — ela sussurra, acariciando meus cabelos. — Queria ser capaz de fazer algo que pudesse mudar as coisas, mas no momento não posso — O abraço parece mais uma despedida do que um conforto.

É inevitável sentir como se estivéssemos passando por um rompimento horrível sendo que não estamos nem namorando. Estou com raiva de mim mesma. Não sei se estou simplesmente chateada com o que aconteceu hoje ou se é com o que aconteceu na minha vida inteira.

Quando ela se afasta e levanta do banco, nós duas sabemos que o que fizemos não pode acontecer de novo. Jimin respira fundo e balança a cabeça.

— Sinto muito, Minjeong.

Então, antes que eu diga alguma coisa, ela se afasta. Fico observando ela seguir seu caminho e me volto para seguir o meu.

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