Capítulo 4
Taylor fechou a porta do banheiro com força, o coração batendo contra o peito como se tentasse escapar.
Que porra ela tinha acabado de fazer?
Ela encostou as mãos na pia de mármore e respirou fundo, tentando ignorar o cheiro amadeirado do sabonete—o mesmo cheiro da pele de Travis que ainda impregnava nela.
— Isso não aconteceu, — ela sussurrou para si mesma, como se pudesse tornar aquilo verdade.
Mas aconteceu.
A evidência estava no estado de seus lábios ainda inchados, nos arranhões discretos espalhados pelo seu corpo e—Deus—na sensação persistente entre suas pernas.
Ela queria se bater.
Queria voltar no tempo e dar um tapa na sua versão bêbada, que achou uma ótima ideia transar com Travis Kelce.
Ela apertou os olhos.
— Foda-se.
Ela não ia pensar nisso agora. Só precisava sair dali o mais rápido possível.
No quarto, Travis continuava deitado, assistindo à porta do banheiro como se ela fosse explodir a qualquer momento.
Ele ainda estava rindo da reação de Taylor—aquele surto exagerado, as frases cuspidas como se quisesse apagar a noite anterior na base do grito.
— Jesus, essa mulher é um evento ao vivo, — ele murmurou para si mesmo.
Ele não deveria se importar. Mas se importava.
Antes que pudesse se aprofundar nesse pensamento irritante, a porta do banheiro se abriu.
Taylor saiu vestida com as mesmas roupas da noite passada—um claro contraste entre o que aquela saia e aquele corset faziam com ele ontem e o jeito como ele os enxergava agora.
Dessa vez, era apenas um lembrete do erro que tinham cometido.
Os olhos dela encontraram os dele, intensos, sem uma única sombra de hesitação.
E então, com a voz firme e fria, ela disse:
— A gente vai esquecer essa noite.
Foi uma ordem, não uma sugestão.
Travis estreitou os olhos, a mandíbula travando.
Ah, era assim que ela queria jogar?
Ele abriu um sorriso torto, cheio de algo que poderia ser ódio ou puro desafio.
— Claro, princesa.
Taylor hesitou por um milésimo de segundo, como se esperasse que ele dissesse outra coisa. Mas logo sua expressão se fechou.
Ela virou nos calcanhares e saiu do quarto sem olhar para trás.
Travis ficou parado por um momento, encarando a porta como se pudesse queimá-la com o olhar.
Depois soltou uma risada seca, descrente.
— Isso vai ser divertido.
Taylor atravessou o corredor do segundo andar com passos apressados, desviando de copos e garrafas no chão. Havia um cheiro insuportável de bebida misturada com perfume barato.
— Uma reuniãozinha, né, Blake? — ela resmungou para si mesma, chutando de leve uma garrafa vazia do caminho.
Ela finalmente encontrou a porta do quarto onde estava hospedada e entrou, fechando-a com força suficiente para demonstrar sua frustração, mas não para chamar atenção.
O silêncio a envolveu de imediato.
Talvez tivesse sido melhor ter ficado em casa.
Talvez tivesse sido melhor passar a noite em Nova York, no seu quarto, chorando, assistindo a algum filme deprimente e afundando uma colher no pote de sorvete.
Talvez tivesse sido melhor qualquer coisa...
Qualquer coisa que não envolvesse transar com Travis Kelce.
A lembrança veio como um soco e, de repente, tudo parecia ainda mais caótico.
Ela respirou fundo, tentando se convencer de que não era grande coisa. Pessoas bêbadas faziam esse tipo de besteira o tempo todo.
Mas então, ao dar um passo, sentiu a fisgada dolorida na parte interna de suas coxas.
Seu corpo inteiro doía.
Taylor parou no meio do quarto, franzindo a testa.
— Ah, não...
Ela tentou ignorar e caminhou até sua mala, começando a tirar as roupas para tomar um banho, mas conforme ia se despindo, os vestígios da noite anterior foram ficando mais evidentes.
Foi quando ela olhou no espelho e viu.
Marcas.
No quadril. Na cintura.
E—oh, Deus—suas nádegas estavam um mapa de marcas vermelhas e dedilhadas.
Taylor arregalou os olhos.
— Puta merda!
Ela se virou de costas para o espelho, tentando ver melhor, mas a posição ridícula só tornava tudo pior.
— Como é que eu vou explicar isso?
Ela colocou as mãos nos cabelos, desesperada, mas logo percebeu algo ainda mais catastrófico.
Aquelas marcas... não estavam ali à toa.
Aquelas marcas significavam que Travis Kelce—o homem que ela odiava—tinha segurado ela com força suficiente para que seu corpo lembrasse disso horas depois.
— Eu vou vomitar.
Ela apertou os olhos, respirou fundo e virou de frente para o espelho novamente.
— Ok, Taylor. Você vai entrar nesse banho, vai esquecer que isso aconteceu e vai sair dessa casa como se fosse uma mulher decente.
Ela marchou para o banheiro, decidida.
Mas, no fundo, sabia que esquecer era a parte mais difícil.
Taylor desceu as escadas com um objetivo claro: encontrar café, água e um remédio forte para dor de cabeça. Mas, pelo visto, o universo não estava do seu lado.
Assim que virou o corredor e entrou na cozinha, foi recebida por um coro de vozes e risadas.
— Ah, a bela adormecida finalmente acordou! — Blake anunciou com um sorriso zombeteiro, enquanto se servia de café.
— Já estávamos achando que você tinha entrado em coma alcoólico, — acrescentou Patrick, pegando um pedaço de bacon do prato de Brittany.
Taylor revirou os olhos, tentando ignorar a tontura.
— Vocês são insuportáveis.
— Você que sumiu a noite inteira, querida, — Selena disse com um olhar malicioso, mexendo no próprio café.
Taylor sentiu seu coração acelerar. Será que alguém sabia? Será que alguém tinha visto?
— O que quer dizer com isso? — ela perguntou, disfarçando a tensão enquanto pegava uma caneca.
— Nada, só que uma certa loira resolveu desaparecer da festa e só apareceu agora, — Selena respondeu com um sorriso inocente, mas claramente provocativo.
— Pelo amor de Deus, Sel. Eu só bebi um pouco a mais e fui dormir, — Taylor mentiu descaradamente, despejando café na xícara.
— Uh-huh, — Brittany murmurou, cruzando os braços.
— Por falar nisso, — Blake disse, se inclinando na bancada. — Como tá a ressaca, Tay?
Taylor pegou um pão e suspirou.
— Eu diria que a minha cabeça parece um tambor de bateria sendo tocado por um adolescente revoltado.
Todos riram.
— Então senta aí e come alguma coisa, — Patrick sugeriu, apontando para a cadeira vazia ao lado de Brittany.
Taylor hesitou por um segundo, mas seu estômago roncando decidiu por ela.
— Tá bom, tá bom.
Ela se sentou, pegando um pedaço de torrada e finalmente relaxando um pouco. Mas a trégua durou pouco.
— Na verdade, eu acho que todo mundo deveria comer rápido, — Travis falou pela primeira vez, chamando atenção para si.
O choque foi quase instantâneo.
Taylor e Travis se olharam no mesmo momento, como se só então tivessem percebido a presença um do outro.
E foi aí que começou.
— Por quê? Tem algum compromisso importante, Kelce? — Taylor perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Não, mas vocês todos agem como se tivessem quarenta anos. Tá um sol fodido lá fora e vocês estão aqui dentro falando de ressaca?
Taylor soltou um riso nasalado.
— Desculpa se nem todo mundo é um atleta que pode encher a cara e acordar bem no dia seguinte.
Travis deu de ombros.
— Talvez o problema seja seu fraco metabolismo.
— Ou talvez seja o fato de que você é um ogro insuportável e eu sou uma pessoa normal.
O clima ficou carregado em um instante.
Patrick olhou para Selena e murmurou:
— Ela já acorda assim?
Selena suspirou.
— Sempre.
Tentando aliviar a tensão, ele bateu palmas e anunciou:
— Sendo assim, acho que o único jeito de curar essa ressaca coletiva é indo pra piscina. Todo mundo coloca roupa de banho e pronto, problema resolvido.
Houve um coro de concordância, mas Taylor permaneceu imóvel.
Roupa de banho?
Ela sentiu os olhos de Travis sobre ela no mesmo instante.
Por um milésimo de segundo, pensou na piscina, no sol quente e na oportunidade de relaxar.
Mas então lembrou das marcas.
Aquelas malditas marcas espalhadas pelo seu corpo.
Lançou um olhar cortante para Travis, carregado de ironia, e ele franziu a testa.
Mas antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa, todos começaram a se levantar, animados com a ideia.
Taylor aproveitou a distração para pegar mais café. Mas quando o som das vozes foi se afastando e a cozinha ficou vazia, ela sentiu Travis se aproximando.
— Não entendi esse olhar que você me deu agora, — ele comentou, cruzando os braços e se encostando na bancada.
Taylor respirou fundo, virou-se e o encarou.
— Se você fosse um pouco mais educado e não tivesse marcado toda a minha bunda, talvez eu pudesse usar a porra de um biquíni.
O silêncio que se seguiu foi quase palpável.
Travis piscou algumas vezes, como se processasse aquela frase.
Taylor, por outro lado, segurou o riso ao ver a expressão dele se transformar.
Se antes ele parecia apenas curioso, agora o olhar estava carregado de algo mais... perigoso.
Ele inclinou a cabeça de lado, um sorriso torto surgindo no canto dos lábios.
E aquilo acendeu algo dentro dela.
Droga.
Sem esperar resposta, Taylor pegou sua xícara e saiu da cozinha, deixando Travis ali, parado.
Mas ela sabia.
Aquele comentário atiçou ele.
Travis ficou parado na cozinha, ainda absorvendo o que acabara de acontecer.
Ele passou a língua pelos lábios, sentindo um riso baixo escapar.
Que mulher do inferno.
Era pra ele estar irritado. Quer dizer, estava irritado. Mas também estava... absolutamente fascinado.
Ele fechou os olhos por um instante e foi imediatamente atingido por flashes da noite anterior.
Taylor arfando contra sua boca, suas unhas arranhando suas costas. O jeito que ela gemeu quando ele puxou seus cabelos. O gosto dela, a maneira como ela se encaixava nele, como se tivesse sido feita sob medida.
E agora, de manhã, a forma como ela surtou ao vê-lo na cama e depois, minutos atrás, como se tivesse assumido completamente o controle da situação, o deixando ali, sozinho, com a cabeça um caos.
Essa mulher vai foder comigo.
Ele soltou um suspiro, pegou um copo d’água e virou de uma vez antes de subir para seu quarto.
Depois de vestir uma bermuda de banho e uma camiseta leve, Travis desceu para a piscina.
O sol estava forte, brilhando sobre a água azul, e Patrick já estava por ali, sentado numa das espreguiçadeiras, tomando uma cerveja.
Travis se jogou na cadeira ao lado, pegando uma garrafa de água da mesa.
— Vai me dizer por que você e Taylor pareciam que iam se matar na cozinha? — Patrick perguntou, sem tirar os óculos escuros.
Travis soltou um riso baixo.
— A gente sempre quer se matar.
Patrick arqueou uma sobrancelha.
— Dessa vez parecia diferente.
Travis respirou fundo, girando a garrafa de água entre os dedos.
— Você já conheceu alguém que consegue te tirar do sério só de respirar?
Patrick riu.
— Sim. Minha esposa. Mas, ao contrário de você, eu gosto disso.
Travis soltou uma risada nasalada.
— Você tem sorte, então.
Patrick inclinou a cabeça para ele.
— Você não gosta?
Travis não respondeu.
Ou melhor, não podia responder. Porque a verdade era complicada demais.
Travis abriu a boca para falar, mas foi interrompido pelo som de risadas e vozes femininas.
Ele olhou para o lado e lá estavam elas.
Taylor e as meninas caminhavam em direção à piscina, rindo e conversando como se nada estivesse acontecendo.
Mas Travis só via uma coisa.
Taylor.
Ela usava um maiô preto justo, que abraçava suas curvas de um jeito criminoso. Por cima, um shorts de tecido fino e leve, que parecia quase transparente sob a luz do sol.
Ela estava divina. Um verdadeiro demônio disfarçado de anjo.
E ele sabia que ela sabia disso.
Porque quando seus olhos se encontraram, ela ergueu o queixo ligeiramente, um sorriso malicioso brincando nos lábios.
E, naquele instante, Travis teve certeza.
Taylor Swift era a porra da perdição dele.
...
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