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❨ quattro ❩

ׂׂ ˖ ◗ ᥫ᭡ ˖ ࣪ ‹ ATO I. the lightning thief
✸ No qual os cinco param param
comer e tirar foto.



  De certo modo, é bom saber que há deuses gregos lá fora, porque aí temos alguém para culpar quando as coisas dão errado, bem era o que Percy pensava.

Após o ônibus explodir, os cinco saíram correndo para a floresta que haviam ali perto. Noelle estava a frente junto de Percy, Florence, Annabeth e Grover estavam não muito para trás.

Eles andavam, tranquilamente, pelos bosques ao longo da margem do rio, em New Jersey, as luzes de Nova York tornando o céu amarelo atrás de deles e o fedor do rio Hudson entrando por seus narizes.

Grover estava tremendo e balindo, e seus grandes olhos de bode, cujas pupilas haviam se transformado em fendas, estavam cheios de terror.

─ Três Benevolentes. As três de uma vez.

Todos pareciam meio chocados pelo o que tinha acontecido no ônibus, apenas Noelle que parecia indiferente com isso, e ela continuava dizendo:

─ Vamos! Quanto mais longe chegarmos, melhor.

─ Todo o nosso dinheiro ficou lá atrás ─ Percy lembrou. ─ Nossa comida e nossas roupas. Tudo.

─ Eu estou com a minha mochila, Jackson, mais não tem muita coisa para ajudar. ─ rebateu Noelle. ─ Bem, quem sabe se você não tivesse decidido entrar na briga...

─ O que queria que eu fizesse? Deixasse vocês serem mortos?

─ Você não precisava nos proteger, Percy. Eu ia ficar bem.

─ Fatiada como pão de fôrma ─ interveio Grover ─, mas bem.

─ Cale a boca, garoto-bode ─ disse Florence.

  Grover baliu, triste.

─ As latas... Uma sacola de latas perfeitamente boa.

  Eles continuaram a andar, em silêncio dessa vez. Depois de alguns minutos, Noelle foi para o lado de Percy.

─ Olhe, eu... ─ sua voz vacilou. ─ Eu gostei de você ter voltado para nos defender, ok? Aquilo foi realmente estúpido, e um pouco corajoso, mais muito estúpido.

  Percy corou um pouco com as palavras da morena, mas então sorriu fraco.

─ Somos uma equipe, certo?

Ela ficou em silêncio por mais alguns passos.

─ É só que, se você morresse... além do fato de que seria realmente uma droga para você, isso significaria o fim da missão. E que eu não teria mais ninguém para eu incomodar.

  A tempestade havia finalmente acalmado. As luzes da cidade diminuíram atrás deles, deixando-os em uma escuridão quase total.

─ Você não sai do Acampamento Meio-Sangue desde que tinha sete anos? ─ Percy perguntou.

─ Não que seja da sua conta, mas não.

  Se Percy não a conhecesse bem, poderia ter jurado que ouviu tristeza em sua voz.

─ Você é muito boa com aquela espada.

─ Eu sei. ─ respondeu, arrancando um olhar incrédulo de Percy. ─ Obrigada, Jackson.

─ De qualquer jeito, obrigado por me ajudar a acabar com aquelas fúrias, para mim, é muito bom.

  Ele não pôde ver direito, mas sentiu que ela deu um sorrisinho.

─ Sabe ─ disse ela ─, talvez eu deva lhe contar... Uma coisa engraçada lá no ônibus...

  O que quer que ela quisesse dizer foi interrompido por um piado estridente, como o som de uma coruja sendo torturada.

─ Ei, as minhas flautas de bambu ainda funcionam! ─ exclamou Grover. ─ Se ao menos eu pudesse me lembrar de uma melodia de achar caminho, poderíamos sair desses bosques!

─ Isso está funcionando, Garoto-Bode?! Isso está horrível! ─ resmungou Florence. ─ É melhor você fazer aulas com o Garoto-Will, filho de Apollo, para você melhorar!

  Groover ignorou, e ele soprou algumas notas, mas a semelhança da melodia com a de Hilary Duff ainda era questionável.

  Em vez de achar um caminho, imediatamente Percy colidiu com uma árvore e arranjou um galo de bom tamanho na cabeça.

Noelle, que estava ao lado dele, começou a rir, e depois de uns bons minutos rindo e Percy reclamando ela o ajudou a levantar.

Depois de o ajudar, os dois começaram a ver luzes à frente: as cores de um letreiro de neon. Sentiram cheiro de comida. Comida frita, gordurosa, excelente.

  Continuaram andando até que ambos viram por entre as árvores uma estrada deserta de duas pistas. Do outro lado havia um posto de gasolina fechado, um cartaz de um filme dos anos 90 e uma loja aberta, que era a fonte de luz neon e do cheiro gostoso.

  Não era um restaurante de fast-food como esperavam. Era uma dessas estranhas lojas de curiosidades de beira de estrada, que vendem flamingos de jardim, índios de madeira, ursos-pardos de cimento e coisas do gênero. A construção principal era um armazém comprido e baixo, cercado por quilômetros de estátuas. O letreiro de neon acima do portão era para eles impossível de ler, pois, todos ali – menos Grover – tem dislexia.

  Para Noelle, parecia: MEOPRÓI ED NESÕA ED JIDARN AD IAT MEE.

─ Que diabos que dizer aquilo? ─ perguntou.

─ Não sei ─ disse Annabeth e Florence juntas.

  Grover traduziu:

─ Empório de Anões de Jardim da Tia Eme.

  Nas laterais da entrada, conforme anunciado, havia dois anões de jardim de cimento, uns nanicos e feios e barbados, sorrindo e acenando como se estivessem posando para uma fotografia.

  Atravessaram a rua, seguindo o cheiro dos hambúrgeres.

─ Ei... ─ avisou Grover.

─ As luzes estão acessas lá dentro ─ disse Annabeth.

─ Talvez esteja aberto. ─ concordou Noelle.

─ Lanchonete ─ Percy disse, ansioso.

─ Lanchonete ─ completaram os quatro juntos, enquanto Grover estremecia.

─ Vocês dois estão loucos? ─ disse Grover. ─ Este lugar é esquisito.

  Eles o ignoraram.

O terreno da frente era uma floresta de estátuas: animais de cimento, crianças de cimento, até um sátiro de cimento tocando as flautas, o que deixou Grover arrepiado.

─ Béééé! ─ baliu. ─ Parece meu tio Ferdinando!

  Pararam diante da porta do armazém.

─ Não bata ─ implorou Grover. ─ Sinto cheiro de monstros.

─ Seu nariz está congestionado com as Fúrias ─ disse-lhe Florence. ─ O único cheiro que estou sentindo é de hambúrgueres. Você não está com fome?

─ Carne! ─ disse ele, desdenhoso. ─ Sou vegetariano.

─ Você come enchiladas de queijo e latas de alumínio ─ Percy o lembrou.

─ São vegetais. Venham, vamos embora. Essas estátuas estão... olhando para mim.

Então a porta se abriu rangendo, e diante deles estava uma mulher alta, do Oriente Médio - Noelle presumiu que fosse de lá, porque usava um longo vestido preto que escondia tudo menos as mãos, e sua cabeça estava totalmente coberta por um véu. Seus olhos brilhavam embaixo de uma cortina de gaze preta, mas isso foi tudo o que pôde distinguir. As mãos cor de café pareciam velhas, mas bem cuidadas e elegantes.

  O sotaque dela também tinha um quê do Oriente Médio. Ela disse:

─ Crianças, já é muito tarde para estarem sozinhas na rua. Onde estão seus pais?

─ Eles estão... ahn... ─ Annabeth começou a dizer.

─ Nós somos órfãos ─ falou Florence.

─ Órfãos? ─ disse a mulher. A palavra soou estranha em sua boca. ─ Mas meus queridos! Certamente não!

─ Nós nos perdemos da caravana ─ disse Percy. ─ A caravana do nosso circo. O Mestre-de cerimônias nos disse para encontrá-lo no posto de gasolina se nos perdêssemos, mas ele pode ter esquecido, ou talvez se referisse a outro posto de gasolina. De qualquer modo, estamos perdidos. Esse cheiro é de comida?

─ Ah, meus queridos ─ disse a mulher ─ Vocês precisam entrar, pobres crianças. Eu sou a tia Eme. Vão direto para os fundos do armazém, por favor. Ali há um lugar para refeições.

  Agradeceram e entraram.

  Noelle murmurou para Percy; ─ Caravana do circo? Sério?

─ Sempre há uma estratégia, certo?

─ Sua cabeça está cheia de algas, Aquaboy.

  O armazém era abarrotado de mais estátuas - pessoas, todas em poses diferentes, usando roupas diferentes e com expressões diferentes no rosto.

  Tudo o que Percy se  preocupava era achar o lugar das refeições. E, sem duvida, lá estava, no fundo do armazém, um balcão de sanduíches com uma grelha, uma maquina de refrigerantes, uma estufa de pretzels e uma máquina de queijo nacho. Tudo o que poderiam querer, mais algumas mesas de piquenique de aço na frente.

─ Por favor, sentem-se ─ disse a tia Eme.

─ Fantástico.

─ Hum ─ disse Grover com relutância ─, não temos nenhum dinheiro, senhora.

  Antes que Noelle pudesse dar uma cotovelada nas costelas dele, a tia Eme disse:

─ Não, não, crianças. Nada de dinheiro. Esse é um caso especial, certo? Para órfãos tão simpáticos, é por minha conta.

─ Obrigada, senhora - disse Annabeth.

  Tia Eme enrijeceu-se, como se Annabeth tivesse dito algo de errado, mas depois, com a mesma rapidez, relaxou. Noelle notou, mas achou melhor não comentar nada.

─ Não tem de quê, Annabeth. Você tem uns olhos cinzentos tão bonitos, criança.

Annabeth? Mais que diabos...

  A anfitriã desapareceu atrás do balcão e começou a cozinhar. Antes que eles se dessem conta, ela os tinha trazido bandejas de plástico com cheesburguer duplos, Milk-shakes de baunilha e porções gigantes de batas fritas.

  Percy e Noelle já tinham comido metade de seus sanduíches quando se lembraram de respirar.

  Annabeth sorveu ruidosamente seu Milk-shake, com Florence comendo apenas batatas fritas.

Grover beliscou as batatas fritas e olhou para o papel-toalha da bandeja como quem poderia experimentar aquilo, mas ainda parecia nervoso demais para comer.

─ O que é esse chiado? ─ perguntou ele.

As crianças tentaram se concentrar, mas não ouviram nada.

─ Chiado? ─ perguntou tia Eme. ─ Talvez você esteja ouvindo o óleo de fritura. Você tem bons ouvidos, Grover.

─ Eu tomo vitaminas. Para os ouvidos.

─ Admirável ─ disse ela. ─ Mas, por favor, relaxe.

  Tia Eme não comeu nada. Ela não descobrira a cabeça nem para cozinhar, e agora estava sentada com os dedos entelaçados, os observando enquanto comiam. Era desconfortável comer com alguém lhe encarando, pensou Noelle.

─ Então, você vende anões ─ Percy falou tentando parecer interessado.

─ Ah, sim ─ disse tia Eme. ─ E animais. E pessoas. Tudo para o jardim. Sob encomenda. As estátuas são muito populares, sabe.

─ Muito movimento nessa estrada?

─ Não, nem tanto. Desde que a auto-estrada foi construída... a maioria dos carros já não passa por este caminho. Preciso cuidar bem de cada cliente que recebo.

Noelle sentiu um arrepio na espinha, como se tivesse alguém a observando. Virou-se, mas era apenas a estátua de uma garotinha segurando uma cesta de Páscoa. Os detalhes eram incríveis, muito melhores que os vistos na maioria das estátuas de jardim. Mas havia algo de errado com seu rosto. Ela parecia assustada, até aterriorizada.

─ Ah! ─ disse tia Eme com tristeza. ─ Você pode notar que alguma das minhas criações não dão muito certo. Elas são defeituosas. Não vendem. O rosto é a parte mais difícil de sair perfeito. Sempre o rosto.

─ Você mesma faz estas estátuas?

─ Ah, sim. Já tive duas irmãs para me ajudar no negócio, mas elas faleceram, e a tia Eme ficou sozinha. Só tenho as minhas estátuas. É por isso que as faço, sabe? São minha companhia. ─ a tristeza na voz parecia tão profunda e tão real que todos ali sentiram pena dela. Menos Noelle, que nem estava prestando muita atenção.

  Annabeth tinha parado de comer. Ela se inclinou e disse:

─ Duas irmãs?

─ É uma história terrível ─ disse tia Eme. ─ Não é para crianças, na verdade. Veja, Annabeth, uma mulher má estava com inveja de mim, muito tempo atrás, quando eu era jovem. Eu tinha um... um namorado, sabe, e essa mulher má estava determinada a nos separar. Ela provocou um acidente terrível. Minhas irmãs ficaram do meu lado. Compartilharam a minha má sorte enquanto foi possível, mas por fim morreram. Elas se esvaíram. Só eu sobrevivi, mas a um preço. Que preço.

  Percy não entendeu quem queria o mal de uma mulher tão doce.

─ Percy? ─ Noelle, que voltou a prestar atenção na conversa, o sacudia para chamar sua atenção. ─ Acho que devemos ir. Quer dizer, o mestre-de-cerimônias do circo deve estar esperando.

  A voz dela pareceu tensa. Ele não sabia muito bem por quê. Grover estava comendo o papel encerado da bandeja, mas se tia Eme estranhou aquilo, não disse nada.

─ Que olhos cinzentos bonitos ─ disse ela, outra vez para Annabeth. ─ Ah, mas faz muito tempo que não vejo olhos cinzentos como esses.

  Ela estendeu o braço como se fosse acariciar o rosto de Annabeth, mas Annabeth se levantou abruptamente.

─ Precisamos mesmo ir.

─ Sim! ─ concordou Florence.

  Percy não queria ir. Estava satisfeito e contente. Tia Eme era muito gentil. Queria ficar um pouco com ela.

─ Por favor, queridos ─ implorou a tia Eme. ─ É tão raro eu estar com crianças... Antes de ir, não gostariam de pelo menos de posar para uma foto?

─ Uma foto? ─ perguntou Noelle com cautela.

─ Sim, uma fotografia. Vou usá-la como modelo para um novo conjunto de estátuas. Crianças são muito populares, sabem? Todo mundo ama crianças.

  Noelle se balançou de um pé para o outro.

─ Acho que não podemos, senhora. Vamos, Percy...

─ Claro que podemos ─ disse ele. Estava irritado com Noelle por ser tão mandona, tão mal-educada com uma velha senhora que acabara de dar comida de graça. ─ É só uma foto, Noelle. Qual é o problema?

─ É, Noe, qual é problema? Além disso, eu amo fotos! ─ animou-se Florence, ajeitando os fios soltos de sua franja.

─ Sim, Noelle ─ a mulher murmurou. ─ Não há mal nenhum.

Nem Noelle e nem Annabeth não tinham gostado, mas deixou que tia Eme os levasse para fora pela porta da frente, para o jardim de estátuas.

  Tia Eme os conduziu até um banco de jardim perto do sátiro de pedra.

─ Agora ─ disse ela ─ vou posicionar vocês corretamente. A mocinha, loira, no meio, a asiática ao seu lado, a moça morena perto do rapazinho loiro e o outro garotinho junto.

─ Não há muita luz para uma foto ─ observou Percy.

─ Ah, é o suficiente ─ disse tia Eme. ─ Suficiente para enxergarmos um ao outro, não é?

─ Onde está a sua câmera? ─ perguntou Grover.

  Tia Eme deu um passo atrás, como que para admirar a foto.

─ Agora, o rosto é o mais difícil. Vocês podem sorrir para mim, por favor, todo mundo? Um grande sorriso?

  Grover deu uma olhada para o sátiro de cimento a seu lado e murmurou:

─ Parece mesmo com o tio Ferdinando.

─ Grover! ─ ralhou tia Eme. ─ Olhe para este lado, querido.

Ela ainda não tinha nenhuma câmera nas mãos.

─ Percy... ─ disse Noelle.

  Algum instinto o advertiu a dar ouvidos a Noelle, mas ele estava lutando contra a sensação de sono, a agradável moleza induzida pela comida e pela voz da velha senhora.

─ Não vai demorar nem um segundo ─ disse tia Eme. ─ Sabe, não consigo vê-los muito bem por causa desse maldito véu...

─ Percy, alguma coisa está errada ─ insistiu Annabeth.

─ Errada? ─ disse tia Eme, erguendo as mãos para remover o véu em volta da cabeça. ─ De modo algum, querida. Estou em tão nobre companhia esta noite. O que poderia estar errado?

─ Aquele é o tio Ferdinando! ─ disse Grover, arfando.

─ Não olhem para ela! ─ gritou Annabeth.

Num piscar de olhos, ela enfiou o boné dos Yankees na cabeça e desapareceu, junto com Florence. Noelle se jogou por cima de Percy e Grover, os tirando da visão da tia Eme.

  Noelle e Percy puderam ouvir Grover correndo para um lado e Annabeth e Florence para o outro. Mas eles estavam aturdido demais para me mexer.

  Então ouviram um som estranho, um chiado, acima deles. Seus olhos se ergueram para as mãos de tia Eme, que se tornaram enrugadas e cheias de verrugas, com afiadas garras de bronze no lugar das unhas.

  Percy quase olhei mais para o alto, mas Noelle tampou seus olhos antes que o fizesse.

─ Não! Não olhe!

  Mais chiados - o som de pequenas serpentes, logo acima de mim, que vinham de... de onde deveria estar a cabeça da tia Eme.

─ Corra! ─ baliu Grover.

Dava para ouvir Grover correndo pelos pedregulhos, gritando "Maia!" para dar partida em seus tênis voadores. Percy não conseguia se mexer. Ficara olhando fixamente para as garras encarquilhadas de tia Eme, e tentou lutar contra o transe entorpecedor em que a velha o pusera.

─ Que pena ter de destruir um jovem rosto tão bonito ─ tia Eme disse, com certo conforto em suas palavras. ─ Fique comigo, Percy. Tudo o que tem a fazer é olhar para cima.

  Percy queria olhar, mas a mão de Noelle estava em seus olhos o impedindo de ver. Ela, por sua vez, fraquejou um pouco, e acabou soltando a mão dos olhos de Percy, e abrindo seus próprios.

Quando eles olharam para o lado e viram uma daquelas bolas de vidro que as pessoas põem nos jardins - uma esfera espelhada. Puderam ver o reflexo escuro de tia Eme no vidro alaranjado; seu véu se fora, revelando o rosto como um círculo pálido tremeluzente. Os cabelos se mexiam, se contorcendo como serpentes.

  Tia Eme.

  Tia ―M.

  Como pude ser tão estúpido? Pensou Noelle.

  Pense, disse a si mesma. Como foi que a Medusa morreu no mito?

  Mas ela não conseguia pensar. Algo a dizia que a Medusa do mito estava dormindo quando foi atacada pelo xará de Jackson, Perseu. Agora, não estava nem um pouco sonolenta. Se quisesse, poderia usar aquelas garras ali mesmo e rasgar o seu rosto.

─ A dos Olhos Cinzentos fez isso comigo, Noelle, Percy ─ disse a Medusa, ela não soava como um monstro. Sua voz os convidava a olhar para cima, a simpatizar com a pobre vovó velhinha. ─ A mãe de Annabeth, a maldita Atena, transformou a bela mulher que eu era nisto aqui.

─ Não dê puvidos a ela! ─ gritou a voz de Annabeth, de algum lugar entre as estáturas.

─ Corra, Noelle!

─ Silêncio! ─ rosnou a Medusa. Depois sua voz voltou a ser um murmurar tranquilizante. ─ Você está vendo por que preciso destruir a menina, Noelle, Percy. Ela é filha de minha inimiga. Vou esmagar a sua estátua até virar pó. Mas vocês, queridos, vocês não precisam sofrer.

─ Não ─ murmurou Percy.

─ Você quer mesmo ajudar os deuses? ─ perguntou a Medusa. ─ Entende o que o espera nessa missão boba, Percy? Noelle? O que acontecerá se chegar ao Mundo Inferior? Não sejam peões dos olimpianos, meus queridos. Vocês estarão melhores como estátua. Menos dor. Menos dor.

─ Percy! Noe!

  Atrás deles, ouviram um zumbido, como o de um beija-flor de cem quilos dando um mergulho. Grover gritou:

─ Abaixe-se!

  Ao se virarem, e lá estava ele, Grover, no céu noturno, vindo bem a sua frente, com os tênis voadores batendo as assas, segurando um galho de árvore do tamanho de um bastão de beisebol. Seus olhos estavam fechados com força, a cabeça se agitando de um lado para o outro. Guiava-se só pelos ouvidos e o nariz.

─ Abaixe-se! ─ gritou ele de novo. ─ Vou pegá-la!

  Aquilo pareceu acordar Percy e Noelle. Eles sabiam que Grover não tinha uma mira muito boa. Então, Percy agarrou a mão de Noelle e, ambos saíram da frente de Grover.

  Plaft!

  De início Noelle pensou que fosse o som de Grover atingindo uma árvore. Então a Medusa rugiu de raiva.

─ Seu sátiro miserável ─ rosnou. ─ Vou acrescentá-lo à minha coleção!

─ Essa foi pelo tio Ferdinando! ─ gritou Grover de volta.

   Noelle e Percy saíram correndo aos tropeções e se esconderam entre as estátuas enquanto Grover mergulhava para mais um ataque.

  Pimba!

─ Aaargh! ─ berrou a Medusa, as serpentes do cabelo sibilando e cuspindo.

  Bem ao lado deles, a voz de Annabeth e Florence disseram:

─ Percy!

─ Noelle!

  Ele pulou tão alto que quase derrubou um anão de jardim. Se eles não estivessem nessa situação, Noelle provavelmente teria rido.

─ Ai! Não faça isso!

  Annabeth tirou o boné dos Yankees e se tornou visível, Florence, no entanto, saiu de trás de uma das estátuas.

─ Vocês tem de cortar a cabeça dela.

─ O quê?

─ Está louca? Vamos dar o fora daqui.

─ A Medusa é uma ameaça. Ela é má. Eu mesma a mataria, mas... ─ Annabeth engoliu em seco, como se estivesse prestes a admitir algo difícil. ─ Mas vocês tem a melhor arma. Além disso, nunca vou conseguir chegar perto dela. Ela me faria em pedacinhos por causa da minha mãe. Vocês... vocês tem uma chance.

─ O quê? Eu não posso...

─ Você distrai ela e eu a mato. ─ disse Noelle, atraindo todos os olhares para si. ─ Ou você quer que ela continue transformando essas pobres pessoas em estátuas?

   Ela apontou para as estátuas de um casal apaixonado, um homem e uma mulher abraçados, transformados em pedra pelo monstro.

  Florence, pegou um espelho que estava em seu bolso.

─ Um escudo espelhado seria melhor. ─ Ela estudou a esfera com ar crítico.

─ A convexidade causará uma certa distorção. O tamanho do reflexo estará distorcido por uma fator de...

─ Quer falar numa língua que eu entenda, Annie-Bel?

─ Estou falando! ─ reclamou Annabeth, e Florence jogou a bola de vidro. ─ Só olhe para a Medusa pelo espelho. Nunca olhe diretamente para ela.

─ Ei, gente! ─ gritou Grover em algum lugar acima de nós. ─ Acho que ela está inconsciente!

─ Grrraaaurrr!

─ Talvez não ─ corrigiu ele. E mergulhou para mais um ataque.

─ Depressa ─ disse Florence para eles. ─ Grover tem um excelente nariz, mas vai acabar caindo.

   Percy pegou sua caneta e destampou, enquanto Noelle tirava seu anel do dedo. As lâmina de bronze de Contracorrente e Raven se alongou em suas mãos.

  Ambos seguiram os sons de gritos da Medusa.

  Mantiveram os olhos cravados na esfera espelhada para ver somente o reflexo do monstro, e não a coisa real.

  Grover vinha descendo para mais um assalto com o bastão, mas dessa vez voou um pouco baixo demais. A Medusa agarrou o bastão e o desviou do curso. Ele deu uma cambalhota no ar e tombou nos braços de um urso-pardo de pedra com um dolorido "Uummmpff".

  A Medusa estava a ponto de pular em cima dele quando Percy gritou:

─ Ei!

  Noelle avançou na direção dela, o que não foi fácil. E Percy a atacava com sua espada nas pernas da Medusa.

  Mas ela deixou que eles se aproximasse - seis metros, três metros.

  Agora era possível para ver o reflexo do seu rosto. Certamente não era assim tão feio. As curvas verdes da bola espelhada deviam estar distorcendo a imagem, tornando-a ainda pior.

─ Vocês não machucaria uma velhinha, Percy, Noelle ─ sussurrou ela. ─ Sei que não faria isso.

─ Cala a boca, sua velha asquerosa!

  De cima do urso-pardo de cimento, Grover gemeu:

─ Não lhe dê ouvidos!

  A Medusa gargalhou.

─ Tarde demais.

  Ela se lançou até eles com suas garras.

  Noelle deu um golpe com a espada, e ouviu um plof! nauseante, e então um chiado como o de vento escapando de uma caverna - o som de um monstro se desintegrando.

   Algo caiu no chão ao lado de seu pé.

   Os dois precisaram reunir toda a sua força de vontade para não olhar. Noelle pode sentir uma secreção morna empapando sua meia e pequenas serpentes agonizantes puxando os cadarços dos seus sapatos, ela imediatamente fez uma cara de nojo.

─ Ah, eca! ─ disse Grover. Seus olhos ainda estavam bem fechados.

  Annabeth se aproximou deles, os olhos fixos no céu. Estava segurando o véu da medusa.

─ Não se mova ─ disse ela.

  Com muito, muito cuidado, sem olhar para baixo, ajoelhou-se e embrulhou a cabeça do monstro no pano preto, depois a ergueu. Ainda estava pingando um suco verde.

─ Tudo bem, Noe? ─ perguntou Florence para sua irmã.

─ Sim ─ concluiu, embora sentisse vontade de vomitar meu cheesburguer duplo.

─ Por que... por que a cabeça não evaporou?

─ Depois que você a decepa, ela se torna um troféu de guerra ─ explicou Noelle, tentando manter a calma. ─ Como o chifre do Minotauro. Mas não a desembrulhe. Ainda pode petrificá-lo.

   Grover gemeu enquanto descia da estátua do urso-pardo. Estava com um grande vergo na testa. O boné rastafári verde estava pendurado em um dos pequenos chifres de bode e os pés falsos haviam sido arrancados dos cascos. Os tênis mágicos voavam sem rumo em volta de sua cabeça.

─ Nosso grande aviador ─ disse Percy. ─ Bom trabalho, cara.

  Ele conseguiu dar um sorriso envergonhado.

─ Se bem que, na verdade, não foi nada divertido. Bem, a parte de acertá-la com o pau, isso foi bom. Mas me arrebentar contra um urso de concreto? Nada divertido.

  Ele agarrou os tênis no ar. Percy colocou a tampa na sua espada, e Noelle colocou de volta seu anel no dedo. Juntos, os cinco voltaram cambaleando para o armazém.

  Encontraram alguns sacos plásticos velhos atrás do balcão de lanches e embrilharam duas vezes a cabeça da Medusa. Com um plop, largaram a coisa em cima da mesa onde haviam jantado e se sentamos em volta, exaustos demais para falar.

  Por fim Percy disse:

─ Então temos de agradecer a Atena por esse monstro?

  Annabeth o lançou um olhar irritado.

─ A seu pai, na verdade. Medusa era namorada de Poseidon. Eles combinaram um encontro no templo de minha mãe. Foi por isso que Atena a transformou em monstro. A Medusa e suas irmãs, que a ajudaram a entrar no templo, se transformaram nas três Górgonas. É por isso que ela queria me picar em pedacinhos, mas ia conservar você como uma bela estátua. Ainda gosta de seu pai. Você deve tê-la feito se lembrar dele.

  Percy corou de vergonha, enquanto Noelle e Florence se seguravam para não rir.

─ Ah, então a culpa de termos encontrado a Medusa é minha?

  Noelle endireitou o corpo. Em uma péssima imitação de voz, disse:

É só uma foto, Noelle. Qual é o problema?

─ Deixa para lá ─ falou. ─ Você é impossível.

─ Você é insuportável.

─ Você é...

─ Ei! ─ Interrompeu Grover. ─ Vocês dois estão me dando enxaqueca. E sátiros nem têm enxaqueca. O que vamos fazer com a cabeça?

    Percy olhou para aquilo. Uma pequena serpente estava pendurada para fora de um buraco no plástico. As palavras impressas no saco diziam: AGRADECEMOS SUA VISITA!

  Ele estava zangado, não só com Noelle ou a mãe de Annabeth, mas com todos os deuses por causa daquela missão, por nos terem tirado da estrada e pelas duas grandes batalhas logo no primeiro dia fora do acampamento. Nesse ritmo, jamais chegariam vivos a Los Angeles, muito menos antes do solstício de verão.

  O que a Medusa tinha dito? Não sejam peões dos olimpianos, meus queridos. Vocês estara
melhores como estátuas.

  Ele se levantei.

─ Volto já.

─ Percy ─ chamou Annabeth. ─ O que você...

   Vasculhou os fundos do armazém até encontrar o escritório da Medusa. Seu livro-caixa mostrava as seis vendas mais recentes, todas remessadas para o Mundo Inferior para decorar o jardim de Hades e Perséfone. De acordo com uma nota de embarque, o endereço de cobrança do Mundo Inferior era os Estúdios de Gravação M.A.C. – Morto ao Chegar -, West Hollywood, Califórnia. Dobrou a nota e a enfiou no bolso.

  Na caixa registradora encontrou vinte dólares, uns dracmas de ouro e algumas guias de remessa do Expresso Noturno de Hermes, cada qual com uma pequena bolsa de couro anexa, para moedas. Vasculhou o restante do escritório até encontrar uma caixa do tamanho certo.

  Voltei para a mesa de piquenique, encaixotou a cabeça da Medusa e preencheu uma guia de remessa:

AOS DEUSES MONTE OLIMPO, 600º ANDAR,
EDIFÍCIO EMPIRE STATE NOVA YORK,
NY COM OS MELHORES VOTOS,
PERCY JACKSON

— ps: Deixem a mim e a Noelle em paz!

─ Eles não vão gostar disso ─ advertiu Grover. ─ Vão achá-lo impertinente.

  Colocou alguns dracmas de ouro na bolsa anexa. Assim que a fechou, veio um som como o de uma caixa registradora. O pacote flutuou para fora da mesa e desapareceu com um pop!

─ Eu sou impertinente ─ disse.

   Ele olhou para Noelle, desafiando-a a o criticar.

  Ela não o criticou. E sim sorriu com as palavras de Percy.

─ Vamos ─ murmurou ela.

  Assim, ela saiu dali, seguida por Florence, e foi a procura de um banheiro para poder tirar aquela gosma de suas roupas.

  Alguns minutos se passaram, e ela já estava limpa de novo. Agora sem gosmas verdes nenhumas, ela seguiu para frente do empório, onde Percy, Grover e Annabeth as esperavam, e seguiram viagem.

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