ׂׂ ˖ ◗ ᥫ᭡ ˖ ࣪ ‹ ATO I. the lightning thief
✸ No qual Noelle é mandona.
Todos estavam irritados, principalmente Noelle.
Acamparam no bosque, a cem metros da estrada principal, em uma clareira pantanosa que as crianças do lugar obviamente vinham usando para festas. O chão estava repleto de latas de refrigerantes amassadas e embalagens de fast-food.
Tinham pego um pouco de comida e cobertores da tia Eme, mas não ousaram acender uma fogueira para secar suas roupas molhadas. As Fúrias e a Medusa já haviam proporcionado animação suficiente para um dia. Eles não queriam atrair mais nada.
Eles decidiram então se dividir em turnos, Percy pegou o primeiro.
Annabeth enroscou-se sobre os cobertores e já estava roncando quando sua cabeça tocou o colo de Florence, que acariciava os cabelos escuros de Annabeth. Grover subiu com seus tênis voadores para o galho mais baixo de uma arvore, encostou-se no tronco e ficou olhando para o céu da noite. Noelle deitou-se em sua mochila, mas ela não conseguia pregar o olho.
─ Vá em frente e durma ─ disse a ele. ─ Acordo você se houver problemas.
Ele assentiu, mas ainda assim não fechou os olhos.
─ Isso me deixa triste, Percy.
Grover murmurou.
─ O quê? Ter se juntado a essa missão estúpida?
─ Não. Isso me deixa triste. ─ Ele apontou para todo aquele lixo no chão. ─ E o céu. Não dá nem para ver as estrelas. Eles poluíram o céu. Esta é uma época terrível para ser um sátiro.
─ Ah, sim. Acho que você seria um ambientalista. ─ comentou Noelle.
Grover a lançou um olhar penetrante.
─ Só um ser humano não seria. Sua espécie está entulhando o mundo tão depressa que... Ora, não importa. É inútil fazer sermões para um ser humano. Do jeito que as coisas vão, nunca encontrarei Pan.
─ Que Pan?
─ De novo não. ─ murmurou Noelle.
─ Pan! ─ bradou, indignado. ─ P-A-N. O grande deus Pan! Acha que quero uma licença de buscador para quê?
Uma brisa estranha faz farfalhar a clareira, encobrindo por um momento o fedor de lixo e putrefação. Trazia o cheiro de frutas e flores selvagens, e de água limpa de chuva, coisas que devem ter existido algum dia naqueles bosques.
─ Fale-me sobre a busca ─ disse Percy.
Grover o olhou com receio, como se temesse que eu estivesse apenas me divertindo às custas dele.
─ O Deus dos Lugares Selvagens desapareceu há dois mil anos ─ contou Grover. E Noelle repetia suas palavras baixinho, num tom de sarcasmo, ganhando um risinho de Percy.─ Um marinheiro vindo da costa de Éfeso ouviu uma voz misteriosa gritando na praia: - Conte a eles que o grande deus Pan morreu!
Grover suspirou antes de continuar.
─ Quando os seres humanos ouviram a notícia, acreditaram. Estão pilhando o reino de Pan desde então. Mas, para os sátiros, Pan era nosso senhor e mestre. Era nosso protetor, e também dos lugares selvagens na Terra. Não acreditamos que tenha morrido. A cada geração, os sátiros mais valentes empenham a vida para encontrar Pan. Eles esquadrinham o planeta, explorando todos os locais mais selvagens à espera de encontrar o lugar onde ele se esconder e despertá-lo de seu sono.
─ E você quer ser um buscador. ─ concluiu Percy, ganhando um olhar cansado de Noelle.
─ É o sonho da minha vida ─ disse ele.─ Meu pai era um buscador. E meu tio Ferdinando... a estátua que você viu lá...
─ Ah, certo, desculpe.
Grover sacudiu a cabeça.
─ Tio Ferdinando sabia os riscos. Meu pai também. Mas eu terei sucesso. Serei o primeiro buscador a retornar com vida.
─ Espere... o primeiro?
─ Cale a boca, Aquaboy! ─ sussurrou Noelle em desespero para o garoto.
Grover tirou suas flautas de bambu do bolso.
─ Nenhum buscador jamais voltou. Depois que partem, eles desaparecem. Nunca mais são vistos vivos de novo.
─ Nem uma vez em dois mil anos?
─ Não.
─ E seu pai? Você não tem idéia do que aconteceu com ele?
─ Nenhuma.
─ Mas ainda assim quer ir ─ falou Noelle, orgulhosa do amigo.
─ Quer dizer, você realmente acha que será você quem vai encontrar Pan?
─ Preciso acreditar nisso. Todo buscador acredita. É a única coisa que nos impede de ficar desesperados quando olharmos para o que os seres humanos fizeram com o mundo. Tenho de acreditar que Pan ainda pode estar despertado.
Ficou um silêncio por um momento, Noelle agradeceu por isso, mas, Percy sendo Percy, quebrou o silêncio rapidamente.
─ Como vamos entrar no Mundo Inferior? ─ perguntou. ─ Quer dizer, que chances temos contra um deus?
─ Eu não sei ─ admitiu ele. ─ Mas antes, na casa da Medusa, quando você estava vasculhando o escritório dela, as meninas me disseram...
─ Ah, esqueci. As meninas sempre tem um plano todo esquematizado.
─ Não seja tão duro com elas, Percy. Annabeth teve uma vida difícil, não tanto quanto a de Noelle, mas elas são boas pessoas. Afinal, elas me perdoaram... ─ ele se interrompeu.
─ O que quer dizer? ─ perguntou. ─ Perdoou o quê?
─ Grover... ─ Noelle disse num tom de aviso.
─ E-eu não posso falar sobre isso, Percy. Noelle me jogaria de um prédio.
─ Jogaria mesmo.
Noelle lançou um olhar mortal para Grover, que o fez estremecer. Percy ficou se perguntando o que o menino bode havia feito para precisar o perdão de Annabeth e Noelle.
─ Que tal eu ficar com o primeiro turno, heim? Vá dormir um pouco. ─ disse Grover, acabando com o silêncio que havia ficado - novamente.
Noelle e Percy quiseram protestar, mas ele começou a tocar Mozart, suava e doce, e ambos pegaram no sono rapidamente.
⚡️
Quando os olhos de Percy se abriram, já era dia.
─ Ah! ─ disse Noelle. ─ O zumbi volta à vida.
Ele ainda tentava se acostumar com a claridade, parecia atordoado de mais para Noelle.
─ Quanto tempo estive dormindo?
─ O suficiente para eu preparar o café-da-manhã - Annabeth e jogou um saco de flocos de milho sabor nacho, da lanchonete da tia Eme.
─ E para Grover sair e explorar. Olhe, ele encontrou um amigo. ─ completou Florence.
Grover estava sentado de pernas cruzadas em um cobertor com alguma coisa felpuda no colo, um bicho de pelúcia sujo e de um cor-de-rosa artificial.
Não. Não era um animal de pelúcia. Era um poodle cor-de-rosa.
O poodle latiu para Percy, desconfiado. Grover disse:
─ Não, ele não é.
Percy piscou, confuso.
─ Você está... falando com essa coisa?
O poodle rosnou.
─ Esta coisa ─ avisou Grover ─ é nossa passagem para o oeste. Seja simpático com ele.
─ Você pode falar com animais?
Grover ignorou a pergunta.
─ Percy, apresento-lhe Gladiola. Gladiola, Percy.
Ele olhou para Noelle, calculando que ela fosse rir da peça que eles estavam pregando nele, mas ela pareceu extremamente séria.
─ Não vou dizer olá para um poodle cor-de-rosa ─ falou. ─ Esqueça.
─ Percy ─ disse Noelle, num tom sério. ─, eu disse olá para o poodle. Diga olá para o poodle.
O poodle rosnou.
E Percy disse olá para o poodle.
Grover explicou que havia encontrado Gladiola no bosque e que começaram a conversar. O poodle tinha fugido de uma família endinheirada do lugar, que oferecera duzentos dólares de recompensa para quem o devolvesse. Gladiola na verdade não queria voltar para a família, mas estava disposto a fazê-lo, se isso fosse ajudar Grover.
─ Como Gladiola sabe da recompensa? ─ perguntou Florence.
─ Ele leu os avisos ─ disse Grover. ─ Óbvio...
─ É claro. ─ disse Percy.
─ Que bobagem a nossa. ─ completou Noelle.
─ Então nós entregamos Gladiola ─ explicou Annabeth, em seu melhor tom de estrategista ─, recebemos o dinheiro e compramos passagens para Los Angeles. Simples.
─ Não em outro ônibus ─ disse Florence, cautelosa.
─ Não ─ concordou Annabeth.
Ela apontou colina abaixo, para os trilhos de trem que ninguém conseguira ver na noite anterior, no escuro.
─ Há uma estação da Amtrack a um quilômetro naquela direção. De acordo com Gladiola, o trem para o oeste parte ao meio-dia. ─ disse Noelle, tentando soar confiante.
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