23
Quando a gente ama, a gente abre mão de tudo só pra ver a pessoa bem. Mesmo que não fosse a minha felicidade, eu estaria bem vendo você bem. — ele responde e eu aperto suas bochechas. — Nicolas, Amizade Colorida. De Gabriela Tifany.
♥︎
Elena me abraçou logo após que cheguei a escola, mesmo dizendo que eu estava bem ela continuava a perguntar se realmente estava tudo bem comigo.
— Tá bem mesmo? — ela voltou a perguntar.
— Tô ótima. — forço um sorriso.
— Seu irmão morreu, para de fingir que tá tudo bem.
— Eu tô bem. — saio andando para o pátio e vejo Beatriz do outro dia.
Ela apenas me abraçou sem dizer nada e sorriu para mim.
— Se quiser conversar você sabe onde é minha sala, e se não quiser conversar aqui nós vamos até a minha casa. — concordei. Beatriz foi a segunda pessoa depois do Lucas que realmente pareceu se preocupar comigo.
Sei que meu pai me ama, e que essa viagem repentina foi apenas uma rota de fuga. Mas eu também preciso dele e de um pouco de fuga dos meus problemas.
— Obrigada, de verdade.
— Na verdade eu não moro mais com meus pais, moro com meu marido Nicolas.
Oi?
— E o Bruno? — pergunto.
— É uma longa história, agora eu moro com o Nicolas e a família dele. — o sinal tocou indicando o início das aulas — Preciso ir, fica bem Lua.
Me despeço de Beatriz e sigo para minha sala, resolvo mudar e me sentar atrás de Lucas.
João me encarou e sussurrou algo que não entendi, apenas balancei os ombros e me virei para frente.
Todo mundo me olhou como se soubessem que meu irmão morreu, provavelmente já sabem aqui as fofocas voam. Lucas pegou sua cadeira e a colocou do lado da minha, ele depositou um beijo no meu pescoço e disse.
— Eu tava com uma ideia meio maluca na minha cabeça — Lucas começa e eu o encaro curiosa. — não, deixa pra lá.
— Agora fala.
— Não, esquece.
— Fala logo cacete. — respondo perdendo a paciência.
— O que acha de fazemos um sexo a três? — sugere, começo a rir de nervoso e Lucas me olhou sério enquanto eu ria. — qual a graça?
— Sexo a três, isso é mesmo sério?
— Ah, só queria que você experimentasse os prazeres da vida.
Nunca passou na minha cabeça fazer algo assim, porque não tentar e experimentar.
— Vamos tentar, tem alguém em mente? — pergunto.
— Chama uma amiga sua.
— E por que não chama um amigo seu?
— Amigo meu comer minha mulher? Nem pensar.
— Direitos iguais baby.
Lucas resolveu mudar de assunto sobre nossa conversinha, nosso professor de português Paulinho, nos passou um trabalho em grupo e ficou entre eu, João, Lucas, Elena e Otávio. Sempre preferir fazer tudo sozinha, mas como ultimamente eu venho odiando ficar sozinha sugerir que fizéssemos o trabalho na minha casa.
— Posso ir na frente com você amiga? — Elena me perguntou agarrando meu braço no fim da aula.
— Vai com ela Lua, eu e os meninos vamos passar no mercado para compramos um lanche. — Lucas me beijou antes de sair fazendo todos nós olharem, inclusive João que pareceu não gostar.
No caminho até minha casa, Elena e eu permanecemos em silêncio por algum tempo. Não sei em qual momento nós duas deixamos de ser próximas e de contarmos coisas uma para a outra, mas não me sinto igual antes perto dela.
— Quando foi que você e o Lucas começaram a namorar? — ela perguntou ainda agarrada ao meu braço.
— Ontem. — respondo simplesmente e Elena sorrir como se tivesse algo engraçado.
— Meio macabro isso não acha? Seu irmão morreu e ele te pede em namoro? — dou de ombro — parece que ele tá com pena de você.. — continua.
Inspiro tentando manter a calma, para não acabar falando algo grosseiro para minha amiga. Eu estava tão farta e cansada nas últimas 24h, minha mãe voltou para o seu trabalho perfeito, meu pai fugiu como se os problemas com eles também fossem desaparecer e eu? Continuo com todos os meus caquinhos, tentando juntá-los novamente.
— Eu sei que meu irmão morreu, não precisa esfregar isso na minha cara a cada conversa que a gente tiver. — me solto do braço de Elena — Lucas me ama e não importa o que você ou que qualquer outra pessoa fale, nós vamos continuar juntos.
Assim que digo, começo a caminhar apressadamente até minha casa sem esperar por Elena. Desde que nos tornamos amiga tudo sempre parece uma competição, se eu compro algo novo, ela vai lá e compra um ainda melhor.
Estou cansada e exausta.
Abro a porta e jogo minha mochila sobre o chão da sala, caminho até a cozinha a procura de algo para comer e pego as sobras da lasanha de ontem a noite. Elena se sentou sobre o sofá em silêncio e eu agradeci por isso.
— Desculpa. — ela começa. — eu só não quero que você sofra por um garoto que vai acabar te magoando no final.
— Eu sei me cuidar, mas agradeço sua preocupação.
Engulo em seco e me sento ao lado oferecendo um pouco da lasanha do meu masterchef Lucas.
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