22
Por que você está mantendo essa porta da curiosidade fechada? — Stranger Things.
♥︎
Meu pai teve que fazer uma viagem de última hora e resultou em eu ter que ficar sozinha em casa.
Tudo me fazia lembrar do meu irmão e mesmo não querendo chorar ou ficar triste, era impossível. Me sento no sofá onde eu e Diego costumávamos maratonar várias temporadas de série e choro sentindo sua falta. A campanhia toca sem que eu pudesse perceber, me levanto me arrastando e abro a porta dando de cara com Clarisse.
Seus olhos estavam inchados e seu nariz vermelho, ela me abraçou logo assim que abrir a porta e chorou.
— Vim pegar algumas roupas que deixei no quarto de Diego — ela diz e eu a acompanho até o quarto do meu irmão.
Clarisse começou a colher suas coisas dos armários e escrivaninha, percebo que ainda não abrir o armário que Diego havia me dado a chave.
Sempre pensei que Clarisse e Diego fosse se casar e terem filhos, eles faziam um casal tão bonito. Ela foi sua primeira namorada, antes dela eu jamais virar meu irmão com nenhuma outra garota.
— Ele parecia tão bem — Clarisse comentou assim que terminou de arrumar suas coisas — É como minha vó dizia... aquilo tudo foi apenas a melhora da morte.
— Pegou tudo? — tento mudar de assunto — Eu preciso voltar a arrumar umas coisas. — digo na esperança que ela fosse embora.
— Sim, obrigada Luana. — me despeço dela e Clarisse descendo escadas fazendo um pouquinho de barulho, ouço a porta da frente bater e me viro para o armário do meu irmão. Ponho as mãos sobre a cabeça e respiro fundo.
Abro o armário com a chave e procuro pelo cofre entre as roupas. Diego apesar de trabalhar o dia inteiro conseguia manter o armário arrumado e limpo, era impressionante. Tiro algumas roupas dele e vejo um pequeno cofre no conto, olho para o papel e vejo a combinação.
A senha mais estúpida do mundo inteirinho, 12345
— Ah, Diego. — sorrio — Até nisso você consegue me fazer rir.
Abro o cofre e paraliso rapidamente colocando às mãos sobre minha boca, o fecho sentindo meu coração pular. Isso só podia ser algum tipo de brincadeira, até em morte Diego adorava me pregar peças.
.
Quando chamei Lucas ele teve a mesma reação que a minha. Colocou as mãos sobre sua boca e se manteve paralisado olhando para o cofre.
— Então... tudo isso foi Diego que juntou? — assentir com a cabeça — Quanto acha que deve ter? — Lucas me pergunta.
— Sei lá... uns 10 mil?
— Vamos descobrir.
Levanto e sigo até o cofre retirando de lá todas as notas de cem e cinquenta reais que meu irmão havia juntado. Passamos quase três horas para contar tudo e para colocar de voltar no cofre.
— Com essa última nota, tudo isso dá o total de 320 mil reais. — Lucas diz.
— Nossa. — digo e me sento sobre a cama do meu irmão. Não acredito que ele juntou tudo isso apenas trabalhando como entregador, ele se sacrificou tanto para conseguir o dinheiro da faculdade sem precisar usar nenhum centavo dos nossos pais e agora, ele simplesmente deixou toda essa quantia pra mim?
— Isso é bom, seu irmão se preocupou com o seu futuro antes de partir. — Lucas se abaixa e apoia suas mãos no meu joelho. — com esse dinheiro você vai poder pagar uma universidade.
— Não posso.
— Por quê não?
— Esse dinheiro era do meu irmão, ele trabalhou para conquistar cada centavo. — coloco minhas mãos sobre meu rosto e deixo algumas lágrimas escaparem — não é justo que eu use.
— Se ele não quisesse que você ficasse, ele teria deixado pra qualquer outra pessoa.
Lucas limpa minhas lágrimas.
Não sei o que responder, e por enquanto não me sinto digna de mexer no dinheiro que meu irmão se esforçou tanto para juntar.
— Será que você pode ficar comigo essa noite? — pergunto — meus pais não estão em casa e não quero passar essa noite sozinha.
Ele se aproxima e beija minhas mãos que estavam depositadas sobre meu colo.
— Pensei que não fosse me convidar. — Lucas sorrir e nós dois saímos do quarto do meu irmão.
Quando chegamos na sala de estar, Lucas perguntou onde ficava a cozinha.
— Gosta de massa caseira?
— Nunca comi — após dizer isso Lucas faz uma careta engraçada como se não acreditasse no que eu acabará de dizer — por que perderia tempo fazendo massa se eu posso comprar ela pronta no supermercado?
— Pelo espírito de cozinhar.
Lucas e eu cozinhamos uma bela lasanha, nunca tinha cozinhado algo mais elaborado para comer. Depois que a colocamos no forno, ele me agarrou e depositou um beijo sobre meu pescoço. E depois, ele se aproximou e encostou os lábios nos meus, eu sempre fico sem reação quando estou perto dele, é como se tirassem o chão dos meus pés.
Não sei o que seria de mim se não tivesse ele para poder passar por um momento tão triste como esse, tenho o João e também tenho a Elena mas nunca me sentir assim perto deles. Como se pudesse desabafar sobre tudo, às vezes me sinto pisando em ovos perto de Elena.
— Quer namorar comigo? — Lucas me perguntou tão repentinamente que tive que piscar várias vezes para não acabar chorando.
— Assim do nada?
— O que é que tem? Eu te amo, você me ama.
— Sim! — respondo rapidamente, pulando em seus braços.
Minha vida não pode começar a girar em torno dele, mas pela primeira vez em dias que não tenho algo tão bom assim.
Ele levou os dedos até o meu cabelo e se inclinou para beijar minha testa, minha respiração ficou tão acelerada do nada que tentei procurar por mais ar. Seus lábios caíram sobre os meus e eu fechei meus olhos me deixando levar pelo beijo.
— Então, namorada.. o que gostaria de fazer agora? Maratonar uma série?
— Acho uma boa ideia namorado, já assistiu Stranger Things? — pergunto.
— Já, mas não me importaria em maratonar tudo de novo com minha namorada.
E foi assim que nossa noite se resumiu, Stranger Things, lasanha, pipoca, beijos e bastante amor.
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