16
" — Na minha opinião, os relacionamentos não valem o resultado final. " — O lado feio do amor.
♥︎
Meu pai chegou por volta das quatro horas da manhã, e veio direto para o hospital. Seu olhar era de bastante preocupado.
— Pai. — abraço meu pai sentindo bastante saudades e medo pelo meu irmão.
— Como ele está? — perguntou logo após nos separarmos do abraço.
— Em coma. — respondo.
Minha mãe não disse uma palavra desde a chegada do meu pai e eles também não se falaram. Achei estranho, mas também não toquei no assunto.
Helena precisou ir embora pela madrugada, agradeci pela sua presença e entendi que ela tinha outras coisas para fazer.
— Devia ir para casa — minha mãe diz — já faltou ontem na escola. — continua.
— Acha que eu tenho cabeça para estudar sabendo que meu irmão estar aqui? — minha mãe quando queria sabia ser inconveniente, e nesse momento eu não estava afim de aguentar a sua falsa preocupação — até agora tô querendo sabe o que você tá fazendo aqui? — pergunto sentindo a raiva tomar conta de mim.
— É o meu filho que tá lá dentro, tenho todo o direito de está aqui.
— E é culpa sua ele estar também! — meu pai tentou fazer eu me acalmar, mas eu já estava com bastante raiva intalada dentro de mim — Se você não tivesse tido aquelas coisas provavelmente meu irmão não teria saído daquele jeito. — choro. Me sento na cadeira e baixo minha cabeça sentindo minhas lágrimas caírem.
Lucas e João conversaram com minha mãe e pediram que ela saísse somente até eu me acalmar, não aguento mais ela e só quero que ela suma igual ela faz sempre.
— Calma amor — papai me dá um copo de água. — Sua mãe pode ser dura às vezes, mas ela só quer o melhor pra vocês dois.
— Ela sempre espera a perfeição vinda de nós. — respondo.
— É o jeito dela amor, sua mãe é durona mas é pior que manteiga derretida.
Concordei e parei de pensar na minha mãe, não quero mais me estressar por coisas relacionado a isso.
♣︎
Estava cochilando com a cabeça apoiada sobre o ombro de João quando o médico responsável pelo caso do meu irmão apareceu. O nome dele era Marcelo e não aparentava ter mais de quarenta anos, Doutor Marcelo não estava com uma cara nada boa.
Fiquei de pé tão rapidamente que senti minha visão escurecer, João segurou minha mão e mesmo o médico não ter dito uma palavra ainda, eu sentia que a notícia não era boa.
— Bom, a algumas horas notamos a falta de reflexo e a pupilas do Diego ficaram fixas, o deixamos no total por seis horas em observação e fizemos dois exames para ter a certeza se havia atividade cerebral ainda funcionando e infelizmente ouve caso de morte cerebral. Eu sinto muito.
Clarisse e todos da sala começaram a chorar. Continuei paralisada com a voz do médico ainda falando ao fundo.
— Queremos saber se gostariam de doar os órgãos ou se ele era doador.
Uma vez li uma reportagem que quando morremos nossa vida passa diante de nossos olhos, será que o mesmo aconteceu com o meu irmão? Ou ele apenas morreu e desligou tudo? Acredito que de certa maneira, seja verdade. Não como um filme no geral, mas como pequenos flashbacks antes da morte final.
Tudo que consigo enxergar agora é na imagem de meu irmão se despedindo antes de ligar a moto e sair, eu devia ter o impedido. Não vejo nada a minha frente por conta das lágrimas que inundaram meus olhos, sinto falta de ar e sinto como se minhas pernas não me obedecessem mais. Alguém me segura nos braços enquanto meu corpo não me respondia, meu irmão morreu.
Meu irmão morreu.
A imagem dele ainda na UTI aparentemente lúcido e concordando comigo, enquanto conversava com ele que tudo ficaria bem no final, uma pequena parte de mim se foi.
Não, não, não.
Isso só pode ser um pesadelo, um pesadelo terrível.
Ouvir minha mãe chorar e isso foi o suficiente para me fazer voltar. Ela não estava se sentindo triste, tudo isso era remorso e tudo nela agora estava novamente a voltar a me irritar.
Recobro a consciência e me levanto rapidamente partindo para cima da minha mãe, agarro seu pescoço a fazendo cair sobre o chão frio. João tentava puxar a minha mãe e Lucas tentava me levantar de cima da vaca.
— Isso é tudo culpa sua Isabel, eu te odeio. — Gritei apertando e agarrando com ainda mais força o pescoço da minha mãe. Ela torcia e tentava me empurrar para longe dela. — Você o matou!
Lucas conseguiu me tirar de cima da minha mãe, eu me debatia tentando voltar ao que estava fazendo. Isabel se levantou e colocou suas mãos sobre o pescoço, onde a segundos eu o apertava com toda a força que tinha dentro de mim.
— Você não perdeu só um filho e sim dois. — desfiro as palavras com tamanho ódio.
— Calma Luana. — Lucas diz e finalmente me deixo desabar no chão. Lucas me abraçou e eu chorei, como jamais havia chorado antes.
Eu deveria ter o impedido. Penso em meio às lágrimas, tentei culpar a minha mãe, mas de certa forma a culpa é minha também.
Eu o deixei sair de cabeça quente.
— Meu irmão, nãao. — choro.
Meu pai chora, mas em silêncio. João também está chorando abraçado com Clarisse, e minha mãe havia sido tirada da recepção por alguns enfermeiros.
Choro abraçada a Lucas, arruinada por ter perdido a minha única família que realmente se importava comigo.
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