Perdidos entre os salvos.
Deste momento em diante as coisas aconteceram por etapas distintas, todas impulsionadas pela falta de notícias da fugitiva. A própria Vitória esfriou suas decisões e entrou em contato com a Bia, conversaram e decidiram manter guerra fria onde as situações de estado fossem secretas — mediadas pelo Artur que também era um tipo de psicanalista perdido. Foi o Artur que escreveu uma análise enorme, especulativa, segundo ele, dando conta que certos aspectos dos sentimentos de cada uma delas, de como Vitória tinha por Klars uma ligação bem diferente da relação quase familiar e incestuosa que entre Klars e a Bia acontecia, e de como seriam tributadas na imposição de um novo regime, como se fossem vias que se cruzavam, demonstrando que seus sentidos não eram os mesmos e suas praças de pedágios exigiam pagamentos distintos, inclusive os sexuais.
Com o retorno da Vitória todos se empenharam numa busca pelas cidades do sul e se desdobraram em uma jornada de investigação que se estendia por ruas estreitas e becos sombrios, onde segredos e conspirações pareciam espreitar em cada esquina. Os protagonistas, motivados por uma missão complexa e clandestina, lançaram-se na empreitada de localizar uma pilota enigmática. Esta figura destemida desafiava a legalidade ao participar de circuitos ilegais, enquanto, simultaneamente, apoiava um grupo de cineastas acusados de terrorismo. A pilota, cuja identidade era envolta em mistério, tornou-se uma peça central nesse intricado quebra-cabeça. Sua habilidade nas pistas clandestinas era upada no Youtube quase todo final de semana, ao mesmo tempo que não se deixava filmar sem capacete para não revelar o rosto, pois havia sido identificada no app de mensagem de um celular aprendido pelos agentes federais.
Esses cineastas eram acusados de revelar verdades incômodas sobre as ordens e leis de supressão ao indivíduo e seus pensamentos. Suas produções cinematográficas serviam como denúncias corajosas, mas perigosas, desafiando as estruturas de poder estabelecidas.
O grupo se encontrou imerso em um submundo perigoso, onde cada cidade visitada revelava um novo pedaço do quebra-cabeça. A pilota, hábil em manobrar não apenas nas pistas, mas também nos corredores perigosos da resistência, tornou-se a peça crucial para desvendar os segredos que permeavam esse universo distópico. À medida que a busca avançava, as histórias dos cineastas perseguidos e da pilota rebelde se entrelaçavam, criando uma marca que a Gim reconhecia muito bem, a Bia tinha quase certeza, e somente o Artur, mesmo se sentindo obrigado pelo próprio discurso e impelido pela sombra sexual das próprias piadas, ainda não havia engolido o gosto.
A Klars estava quase para ser presa quando o quarteto conseguiu chegar na casa que ela morava e a levou para São Paulo deixando claro que se tratava de uma operação de salvamento, feito uma extração 'habeas corpus' inconteste e hiper-real. A aventura e o reencontro se desenrolaram produzindo uma impressão própria de organismo vivo onde uma espécie de explicação sem palavras sobre a realidade e a vida envolvia as perguntas antes que fossem geradas.
Nesta etapa as tensões se harmonizaram e pressionado talvez pela onda de conciliação, o Artur manifestou sua disposição em tentar ativações inéditas com a Klars, o que aconteceu de modo quase natural, ainda que longos trechos da história se ocupavam das surpresas internas e dos sentimentos ressignificados no progresso de ambos, dos quais naturalmente li uma palavra ou outra porque nesta altura já sentia enjoo de tanto sexo, e me perguntando se é possível, por mais que pareçam questionadoras, algumas destas pessoas entenderem o papel humano na existência enquanto não se desvencilham do papel no qual foram embrulhadas.
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