CAPÍTULO 2- LAR DOCE LAR
Rebecca's POV
– Sei não. Se morasse, teria comida na geladeira. – Dean me mostrou a geladeira vazia. – Viu?
– É, faz sentido... – Sam deu de ombros.
– Ei, que tal ficarmos aqui? – Dean deu um sorrisão. Isso que eu chamo de querer poupar dinheiro (mesmo dinheiro vindo de cartões de créditos falsificados).
– Ah, eu topo. – Sam sorriu para mim.
– Eu também. Gosto de aventuras – falei. Não é como se a gente nunca tivesse invadido lugares particulares para facilitar a caçada antes.
Pegamos nossas malas e colocamos na sala.
– Sam e eu vamos comprar algumas coisinhas. Tudo bem para você? Não vai se sentir incomodada por ficar aqui?
– Não, não. Podem ir. Eu já vou tomando um banho e escolhendo um quarto – respondi.
– Então vamos lá. – Dean e Sam saíram conversando e eu tentei não ficar muito desesperada em estar em uma casa abandonada sozinha, à beira da estrada, onde um fantasma assombrava. É, legal.
Dean's POV
– Achou que eu ia te deixar sozinho com ela? – provoquei, balançando minhas sobrancelhas e dando a partida no carro.
Eu ainda estava puto com ele, por isso eu não conseguia parar de irritá-los. Eu estava a fim de Rebecca, ele foi lá e cortou as minhas asinhas. Aí aproveitou e tchans. Cara, isso era irritante... Essa sensação de estar perdendo para Sam.
– Dean, você é absurdo.
Não nos falamos muito quando voltamos ao posto de gasolina mais próximo e compramos alguns mantimentos. Ainda estávamos em silêncio quando voltamos ao casarão e tinha um carro parado lá.
– Ops, acho que Rebecca tinha razão – falei, estacionando ao lado do carro. – Deve morar aí.
– Ou deve ser o dono da propriedade que está verificando se não tem nenhum folgado. – Como sempre, Sam foi mais lógico que eu.
– É, deve ser. Que saco.
Rebecca's POV
Eu já tinha tomado banho e colocado o pijama. Os meninos saíram há bastante tempo e não tinham voltado ainda. Estranho.
E então eu ouvi a porta se abrindo e vozes ecoando pelo casarão mal-assombrado em que eu me encontrava. Corri até eles para dar boas-vindas de novo. Mas quando cheguei ao corredor eles não estavam sozinhos. Meus olhos se arregalaram e eu fiquei pasma – Fomos descobertos! –, mas Dean conversava animadamente com o homem que os acompanhavam.
Dean estava ao lado do homem moreno e jovem, Sam estava mais para trás deles.
E agora?, pensei. Como eu saberia quais seriam os nomes que eles falaram? E se o homem não tinha ideia que eu já estava lá na casa? Empalideci mais.
O homem me encarou, os olhos tão arregalados quanto os meus e Dean começou a falar:
– Ei, David, essa é a namorada de Sam. O nome dela é Rebecca. Becca, esse é o David, o dono desse casarão aqui.
Ótimo, como explicar para o moço que a gente tinha ocupado o lugar?
– Não precisa ficar com essa cara... Ele é apenas visita. – Dean me olhava com uma cara de censura. Eu não podia estragar o teatro de ninguém.
– Bem, vocês deveriam avisar que teria visita. Eu já estou de pijama e ele não é muito decente. – Eu cruzei as mãos na minha barriga na tentativa de esconder um pedaço dela que a blusa não tampava.
Dean veio para meu lado, o homem moreno ficou parado na nossa frente, ao lado de Sam.
– Explicamos já a situação para David – começou Dean. Assenti com a cabeça, apesar de não ter a mínima ideia de que "situação" ele inventou para o homem. – Mas ele não está querendo negociar o casarão com a gente. Eu garanti que podemos cuidar de tudo, inclusive do galpão aqui do lado, mas ele não está aceitando muito.
O homem fez uma careta, não querendo parecer um carrasco.
– Ah, que pena! É uma bela propriedade – murmurei para amolecer David. – Já estava começando a me sentir à vontade.
Ele encarava o meu decote – e minhas pernas, destampadas pelo short curto do pijama. Basicamente onde tivesse um pedaço de pele, os olhos do homem estavam. Estava em falta de mulheres na cidade? Ele parecia sedento.
– Ah, é sim. Uma bela casa até combinaria com a sua beleza. – Eu pude ver a malícia no que David respondeu.
O homem se sentiu visivelmente ameaçado com a cara que Dean fez para ele, então tentei tomar controle da situação, voltando a bajular David para garantir que saíssemos dessa impune – com o bônus de, talvez, conseguir ficar no casarão até resolver a caçada do fantasma.
– Ele só está sendo gentil – eu disse, defendendo o homem propositalmente. Dei uns tapinhas no ombro de Dean, balançando a cabeça em tom de reprovação. Minha capacidade de atuar tinha melhorado incrivelmente nesses meses em que estava convivendo com os meninos. – Desculpe, David. Ele é ciumento demais para um cunhado normal.
– É, não é namorado, mas tem que cuidar mesmo – o homem falou, sorrindo para mim. – Mulher bonita assim conquista qualquer homem sem nem se esforçar.
Dei um sorrisinho agradável, tentando parecer lisonjeira, apesar de não me sentir nada lisonjeada. Conquistar homens não estava nem de perto no topo da minha lista de prioridades na vida. Minha existência tinha outro motivo que não era estar ali para ser admirada por homens. Mas tá bem, né. Duvido que David entendesse isso, principalmente com os olhos tão incisivos nos bicos dos meus seios, que apontavam no pijama.
– É – acrescentou Dean. – Ela é uma bela prenda. – Ele colocou a mão na minha cintura e eu sorri timidamente, olhando para baixo.
– De qualquer forma, David, nos conte o que podemos fazer para ficar com o casarão. Realmente gostaríamos de ficar umas semanas – pedi, ainda sorrindo.
– Ãhn, bem... – Ele coçou a cabeça, envergonhado de declinar nossa proposta na minha frente. Era mais fácil expulsar dois homens da casa do que dois homens e uma mulher que você considerava gostosa. – Não teria problema vocês ficarem por algumas semanas...
– Eba! Você vai confiar a nós a sua propriedade? – Bati palminhas com as mãos. Sam me encarou com estranheza, ele não era tão bom em esconder os seus pensamentos assim e eu tinha certeza de que pensava que eu me dedicava mais do que o necessário no fingimento.
– Lógico, lógico. Eu tenho certeza de que está em ótimas mãos. Faço um precinho camarada! Alugo a casa para vocês por um mês por quinhentos dólares.
Bem, era isso ou nada. Dean deu uma chorada, mas David não desceu o preço – aparentemente já tinha jogado o mais baixo possível para que eu tivesse uma boa impressão. O preço não estava tão absurdo e eu ainda tinha minhas reservas.
– Tudo bem. Já volto. Sou eu quem cuida do dinheiro, você sabe, né, David? – Dei uma piscadela enquanto saía para revirar minha mochila até encontrar o bolso secreto onde guardava minhas economias. Voltei com o bolo de dinheiro contado em mãos. – Aqui.
Quando entreguei a David, todos ficaram surpresos. Dean e Sam não acreditavam que eu tinha tanto dinheiro assim enquanto o outro provavelmente pensava "Caraca, como ela tem tanto dinheiro guardado em casa?".
– Prontinho. – Ele olhou profundamente para mim. – Negócio feito.
– Bem, se é assim eu posso dormir agora. Boa noite, cunhadinho. – Eu sorri marotamente para Dean, feliz com nossa atuação.
– Boa noite. – Ele me sorriu de volta.
– Boa noite, amor. – Eu me aproximei de Sam, que não havia falado nada esse tempo todo e coloquei minhas mãos em seu tórax. Fiquei na ponta do pé e encostei meus lábios nos dele. Eu o senti enrijecer, talvez de surpresa, e tive medo de que não dançasse conforme a música. Mas ele colaborou com o teatro quando colocou suas mãos em minha cintura. Poderia ter me puxado mais forte, definitivamente Dean o teria feito, no entanto foi o suficiente para passar a ideia de que éramos mesmo namorados. Eu colei meu corpo no dele e suspirei enquanto aprofundava o beijo.
Fiquei pasma de Dean não ter rido ou soltado alguma piadinha, mas ele parecia estar levando mesmo o fato do teatro a sério. Bem, se no teatro eu era namorada de Sam, eu tinha que representar bem meu papel, né?
Queria que fosse só pelo teatro que eu estava fazendo isso.
Sam colocou a mão na minha cabeça e também aprofundou o beijo. Eu torcia que fosse não apenas pela obrigação de representar. Passado alguns segundos – ou dezenas de segundos, não contei ao certo – nós nos soltamos e eu sorri amavelmente.
– Boa noite, David. Volte sempre. Foi um prazer conhecer você.
Ele sorriu do 'prazer' e estendeu a mão para mim.
– O prazer foi meu.
Nós nos cumprimentamos com as mãos e depois ele me puxou para um beijo no rosto. Senti sua mão deslizar na minha cintura e um único detalhe faltava para ele cair de quatro.
– Posso apostar que foi – sussurrei, tão baixo que nem Sam ouviu. Eu sorri e me virei para o corredor. Antes de sair da sala onde eles estavam, eu fiz um gesto com a minha mão, indicando o quarto para Sam – era só para ele, mas os outros dois também estavam olhando – e falei, sem voz:
– Espero você. – Ele entenderia minha linguagem labial.
Dean e David riram.
Sam's POV
– Bem, vocês parecem recém casados – disse David. – Agora entendo a urgência de um teto, ou melhor, um quarto.
Voltei a mim, percebendo que era esperada alguma pronunciação por minha parte. A verdade é que eu estava extremamente desnorteado.
– Bem... Não posso reclamar de Rebecca.
– É, essa aí, se não tivesse com meu irmão, eu pegava – comentou Dean, sendo um babaca, como sempre.
– Até eu pegava.
Olhei com cara feia para David. Ao contrário de Dean, ele não estava representando e a ideia de que falasse daquela forma, com aquele olhar malicioso, de Rebecca me incomodava.
– Eu sou o namorado dela, sabem? Estou bem aqui ouvindo tudo.
Os dois riram, parecendo amigos de longa data.
– Fica calmo, Sam – começou David. – Eu vi o jeito que ela beija você... Ela te ama. Mesmo se uns dez caras tentassem conquistá-la, ela não cederia.
É, pensei. Eu também vi o jeito que ela me beijou. E vi também o jeito que eu a beijei. Está tudo muito errado.
Sentir os lábios dela nos meus me pegou de surpresa, mas parecia tão certo que logo relaxei e aproveitei. Parecia muito certo. Encaixava. E foi como sentir aquele vazio que Jéssica deixou no meu peito ser preenchido novamente.
E foi totalmente insano pensar que Rebecca me beijou porque ela queria. Ela não fez isso porque queria de verdade. Ela me beijou porque precisava continuar atuando, precisava convencer David que nós namorávamos. Eu balancei a cabeça.
– Bem, está tarde. Preciso ir. E bom proveito para vocês – desejou David.
– Obrigado – respondeu Dean.
Assim que meu irmão fechou a porta, nós passamos pelo corredor para ir à sala.
– Você viu? Viu o potencial dela? Ela é demais! Ela convenceu o cara! Se ela quisesse que ele desse tudo para ela, ele dava! – gritou Dean. – A gente precisa utilizar os talentos femininos dela mais vezes...
– Do que você está falando? – perguntei, mal-humorado.
– Da Becca! Ela tem jeito para a coisa, Sam. Ah se tem! Se não fosse ela, nós não conseguiríamos ficar na casa. E você viu o que ele fez? Ele praticamente deixou a casa em nossas mãos. Deu de bandeja. Por um precinho ótimo.
– O que falam de mim? – a voz de Rebecca ecoou e senti um frio na barriga.
Rebecca's POV
– Uou! Eu estou aqui falando para o Sam que você conseguiu tudo o que a gente precisava. A gente agora pode ficar aqui para dar um jeito no espírito e pronto. Você é o máximo. Pode até conseguir outras coisas com ele. – Dean veio para o meu lado e me deu um abraço.
– Outras coisas? – perguntei. – Que outras coisas você quer?
– Bem, o galpão aqui do lado serve perfeitamente para um bar – completou.
– Um bar? – Sam e eu falamos ao mesmo tempo.
– É ridículo, Dean, ridículo – falei.
– Concordo – disse Sam.
– Ah, qual é? Se ele liberar o galpão para um bar e dar as bebidas, a gente pode dividir os lucros em quatro, 25% para cada um.
– É, mas eu aposto que somente eu iria trabalhar aqui. Garçonete, limpeza etc – reclamei. – Sem falar que e a caçada? Não somos empresários. Somos caçadores. – Dei uma risada de escárnio, porque era a ideia mais idiota que eu já tinha escutado em minha vida. E olha que éramos peritos em seguir ideias estúpidas.
– Ah, que é isso? A gente te ajuda – comentou Dean, revirando os olhos. Não tinha nenhuma disposição para ficar discutindo com o cabeça dura do Dean. Era uma ideia fadada ao fracasso. Assim que Dean notasse que teria que abandonar a caça, iria desistir de seus planos. Não conseguia imaginá-lo trabalhando em uma profissão normal em um ambiente regular.
– Bem, você que sabe. – Dei de ombros.
– Ótimo! Bem, você poderia se aproximar de David, jogar a ideia...
– E como eu ficaria amiguinha do cara?
– A gente o chama para almoçar um dia, depois que a gente acabar com o espírito. Você faz a comida, ele vai gostar, você se gaba, a gente toca no assunto...
– ESPERA! – berrou Sam. Dean e eu demos um pulo. Eu não estava tão séria quanto Dean, mas estava me divertindo com sua linha de raciocínio maluca e não percebi que Sam estava furioso. – Você vai fazer com que ela transe com o cara para conseguir o galpão?
Meus olhos se arregalaram. Minha cabeça definitivamente não estava nessa linha de raciocínio. E espero que a de Dean também não. Olhei para o irmão mais velho, desconfiada.
– Cara, eu não vou deixar você fazer isso com a garota. Ela virou o quê? Capacho? Sexual? Toda vez que você quiser alguma coisa vai botá-la para transar e pronto? – continuou o desabafo. Céus, ele estava enfurecido.
– Não, na verdade, porque quando for mulher e ela for feia eu boto você. – Dean sorriu, um sorriso amarelo. Pela cara percebi que ele estava brincando e que não tinha a intenção de botar Sam ou a mim em uma situação dessa, mas Sam continuou possesso, o que me fez segurar o riso.
Sam estava com raiva nos olhos, ofegante. Indignado.
– Calma, Sammy – murmurei, me aproximando dele.
– Não, eu não posso deixar isso acontecer. Eu tenho certeza que quando a convidei para vir com a gente eu não tinha nenhuma intenção de deixá-la virar uma... uma...
– Prostituta? – completou Dean, botando lenha na fogueira.
– Exatamente – concluiu Sam.
– Calma. – Eu toquei o rosto dele e sorri. – Tenho certeza de que Dean não iria nos expor a nada disso. Ele é um babaca, mas um babaca consciente.
– Sammy – chamou Dean, após revirar os olhos para mim –, eu nunca pedirei isso para ela. Ela joga um charminho inocente igual hoje. Não podemos fazer nada se Rebecca tem armas que você e eu não temos. Somos limitados.
– E se ele quiser mais alguma coisa? – retrucou o irmão mais novo, fechando os olhos. Mais tarde teria que falar para ele ficar tranquilo, que Dean iria desistir da ideia super rápido.
– Bem, aí ela diz que não pode, que ama você, que você é o namorado dela, coisas do tipo. Rebecca é uma mulher fiel.
Dei uma risadinha, achando graça no fato de Dean levar nosso teatrinho tão a sério.
Após refletir por longos segundos e retornar à cor normal (ele estava muito vermelho quando estourou), Sam falou:
– Ainda bem, pois sou um namorado muito ciumento!
Demos os três gargalhadas da situação. Com eles, era tudo intenso e os altos e os baixos aconteciam e sumiam rápido.
– Sammy, você deveria dar mais ataques desse tipo... Foi encantador – murmurei, dando-lhe um beijo na bochecha. Ele parecia um ursinho de pelúcia fofo que eu tinha vontade de apertar. E também parecia o homem alto e gostoso que era. A linha era tênue.
– O pobre Dean não ganha beijinho? – perguntou Dean com um beicinho. Soltei uma risadinha.
– Não. O pobre Dean quer fazer da pobre Becca uma mulher de aluguel – brinquei.
Ele fez um beicinho mais acentuado. Revirei meus olhos.
– Vou te dar um chute, isso sim.
– Ah, só um beijinho...
– Se é só um beijinho, pede para o seu irmão! – exclamei.
– Eca. Ele não pode. – Dean fez uma careta para Sam e a ação era recíproca.
– Tá bom, tá bom. Só para você parar de me encher – reclamei. Eu me aproximei dele e encostei rapidamente meus lábios em sua bochecha. Em vez de ficar quieto em seu canto, Dean me prendeu ali com as mãos.
– Uuuhumhuhuuuhm – murmurei, com a boca no rosto dele sem poder falar.
– Olha, Sammy, ela está me beijando há mais tempo do que ela beijou você!
Sem hesitar, acertei o saco dele em cheio.
– Toma – gritou Sam, rindo muito, enquanto Dean se retorcia no chão.
– Se você se aproximar de mim novamente, eu vou te bater de verdade – ameacei, rindo. Havia limites em nossas brincadeiras sem limites.
Dean se levantou e ficou reto, tentando não fazer caretas de dor.
– Ah, é? – desafiou.
– É. Só que da próxima vez será mais forte.
Sam riu, balançando a cabeça em tom de reprovação para nós dois. Ele era tão mais maduro do que Dean e eu.
Me virei para sair da sala. E, como se eu tivesse falado grego, Dean me agarrou por trás e me deu um beijo no rosto.
– DEAN – gritei, esmurrando-o com toda a força. – Você me dá nos nervos!
Quase pude sentir a fumacinha subindo pelas minhas orelhas enquanto eu me dirigia para o quarto. Dean não aceitava sair como perdedor em nada.
– Espera, Becca – berrou Sam. – Antes de nos ajeitarmos, não é melhor pesquisarmos sobre o fantasma?
Eu respirei fundo. Queria tanto um cochilo gostoso...
– Certo. Mas minha paciência com o Dean acabou por hoje. Preciso mesmo dormir.
– Eu dou um soco na cara dele, eu prometo – falou Sammy, conhecendo como eu ficava quando estava com sono. Eu sorri e peguei em sua mão enquanto andávamos até a sala. Eu não era uma mulher baixa, mas Sam era tão mais alto que andar a seu lado me fazia sentir segura. Sam não repeliu meu toque, pelo menos. Ele achava sempre estranho qualquer contato físico comigo – bem, ao menos antes de... transarmos.
– Que meigo – começou Dean assim que voltamos à sala.
– Eu prometi a ela que te dava um soco caso você não a deixasse em paz – informou Sam. Eu sorri, concordando com a cabeça.
– Estou morrendo de medo de você, meu irmão – ironizou Dean.
Os irmãos se encaravam. Eu suspirei.
– Certo, antes que comece uma briga aqui, vamos pesquisar sobre o espírito. Depois vocês se matam e eu posso finalmente tirar um cochilo em paz – eu disse para os dois. Sam pegou seu notebook e se sentou no sofá. Eu me sentei ao seu lado direito e o Dean ao esquerdo.
– Bem, achei umas coisas aqui sobre isso. – Ele clicou em um site de pesquisa e nos mostrou. – Falam aqui de um acidente. Um homem foi atropelado aqui na frente porque estava andando na estrada.
– Procurando o relógio! – exclamei.
– Lógico que é isso. Se não fosse, seria o quê? – interrompeu Dean. – Vamos andar pela propriedade com o aparelho de EMF. Talvez o relógico seja a peça do quebra cabeça.
Eu respirei fundo.
– Não sei.
– A gente pode pegar o nosso aparelho de EMF e procurar pela propriedade atrás do relógio, porque parece ser a peça do quebra cabeça.
Suspirei. Ia ser um trabalhão danado.
– Certo, será um trabalho para amanhã. Hoje já está escuro. E temos que nos dividir. O relógio é minúsculo comparado à área toda.
Os dois pensaram um pouco.
– Parece razoável – concluiu Dean.
– Com certeza – concordou Sam.
– Pronto. Então vamos dormir, porque faz mais ou menos 20 horas que a gente não se aproxima de uma cama. E tenho mau humor quando estou com sono.
– Sabemos – sussurrou Dean.
– Vocês dois, para o banho – mandei, ignorando-o, já me levantando.
Sam e Dean trocavam palavras enquanto nos dirigíamos para o corredor dos quartos. A relação deles parecia um pouco melhor do que quando Meg apareceu, mas ainda não estava cem por cento. Tinha algo desconfortável rolando entre eles.
– Esse casarão tem quatro quartos! – exclamou Dean, adorando viver umas semanas em uma casona de rico.
– É. Esse já é meu, não quero nem saber – falei, indicando a porta da direita. – Eu já coloquei minhas coisas todas lá dentro, nos armários, cômoda, banheiro etc.
– Safada, é o único que tem cama de casal... Bem, eu vou ficar com esse. – Dean apontou o quarto mais distante do meu. – Tem televisão. Quem sabe não pega Netflix?
Eu suspirei. Eu podia apostar tudo que Dean queria a TV só para assistir a filmes pornográficos.
Sam soltou uma risadinha e fiquei surpresa de encontrar um olhar divertido em seu rosto. Ele estava com uma ideia suspeita na cabeça.
– Eu vou ficar no quarto de Rebecca, mais nenhum tem banheiro e o dela é enorme – murmurou Sam, dando de ombros.
– O quê?! – perguntei, descrente, ao mesmo tempo em que Dean.
– Cara, tem um banheiro no final do corredor – disse Dean, balançando a cabeça. Não tinha argumento razoável para que Sam ficasse no mesmo quarto do que eu. Quer dizer, sempre tínhamos que dividir quartos minúsculos de hotel, então ter seu próprio quarto era um privilégio que até Dean compreendia e não abria mão.
– Eu sei. Mas, afinal... Qual é o problema? Ela é a minha namorada.
Eu dei uma risada, completamente surpresa e sem reação. O que se passava pela cabeça dele? Ele queria irritar Dean? Era um ardil para estressar o irmão mais velho? Iria fingir dormir no mesmo quarto do que eu para depois arrumar o seu próprio quarto, quando Dean não visse?
Mas em de contestar a ideia, eu só assenti. Era bem mais fácil para descobrir as intenções dos irmãos quando eu agia dessa forma, isso eu já tinha aprendido.
– Tudo bem, pode vir. Tem espaço no guarda roupa.
Sam passou por nós com a mala e entrou no meu quarto. Ele ainda sorria maliciosamente quando passou entre Dean e eu.
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