6-Black Swan
Kim Taehyung se ajeitou nas almofadas esticando as pernas por sobre o corpo de Park Jimin.
— Tô com sede.
Jung Hoseok espreguiçou encarando os farelos da refeição durante a noite sobre a mesa de centro. Estava aéreo, o peito doía e não sentia nada, muito menos entendia a sede do maknae, a manhã já parecia avançada e definitivamente estava gelada demais para que ele se importasse em fazer alguma coisa. Se enroscou nos cobertores e se escondeu nas almofadas.
Tae encheu um copo com água e viu algumas panelas com restos de comida, enjoou. Há alguns dias estava sem desejo de comer e mesmo quando os membros empurravam coisas em sua direção, se forçava a engolir. Comendo apenas o suficiente para ficar vivo.
— Hoseok Hyung?
Hoseok mirou os lumes no rosto de Park Jimin que venceu o desejo de ficar sozinho nas almofadas e se levantou, era notável que se sentia sonolento, as bochechas inchadas e os olhos fixos em si.
Jung Hoseok sorriu para ele observando seu rosto, Jimin tinha estado por um longo período apático e silencioso, mas naquela ocasião em que se encontravam e ficavam juntos sentia que talvez ele ficasse bem, era inegável que parecia melhor. Os olhinhos vidrados em si cheios de expectativas naquele momento o agradaram, levou a mão à bochecha dele e lhe fez um carinho com a pontinha dos dedos.
Jimin se enroscou nele em busca de carinho e riu quando conseguiu, era sempre atraído pela forma como Hoseok lhe encarava, sempre tão simples e direto carregando uma quantidade significativa de ansiedade.
Beijou-lhe o queixo recebendo risos em troca, carícias gentis no cabelo e aquele aperto quentinho e confortável do qual se via incapaz de abrir mão.
Taehyung abriu um sorriso observando-os, adorava-os muito, sua música, seus rostos, sua alegria.
Especialmente era um fã de Jhope. Sempre o foi.
— Ainda estou com sono demais — Jimin se encolheu nos cobertores de Hoseok.
Tanto Tae quanto Hobi olharam risonhos para aquela criaturinha inacreditável de tão fofinho e manhoso.
Min Yoongi dormia profundamente enquanto os outros três ali presentes conversavam sobre nada de fato, apreciando a neve que vinha com peso sobre a cidade, guardados por um curto intervalo da mídia. Ouvindo uns aos outros sobre si mesmos, Hoseok achou aquilo de certa forma engraçado, Jimin ali com ele e por mais que apreciasse infinitamente aquele contato, sabia que o bailarino não era só para si.
— Ué, e cadê o JungKook?
Jimin retraiu desconfortável, Taehyung encarou aquela cena, Min Yoongi continuava quietinho.
— Não sei!
Jimin olhou para trás, perscrutando cada cantinho da casa e não viu nada, quando retornou para Hobi ele tinha os olhos arregalados e a boca entreaberta. Beijou-lhe o queixo se esfregando como um gatinho manhoso em busca de cafuné. Distraindo o outro de qualquer pensamento que o levasse embora.
Hoseok bufou, de alguma forma pode sentir algo se movendo de um cômodo para outro, passeando entre os móveis. Arranhando as paredes e encarando-o de todos os lugares.
— Jin e Nam estão lá em cima. — mencionou Tae.
— Suga está todo enroladinho — Jimin riu apontando.
Hobi resmungou.
— Porque aquela porta não está fechada?
Taehyung acenou positivamente enquanto Hoseok se afastou das cobertas na direção da porta por onde o vento frio entrava. Park Jimin os seguiu olhando para todos os lados um tanto inquieto pelo afastamento, pela desconfiança e por estar com medo.
Hoseok colocou a cabeça para fora recebendo um sopro frio que o fez se tremer inteiro, não viu nada além da neve branca repousando no solo já forrado, já ia empurrar a porta, mas por alguma razão não o fez, apenas saiu andando rápido pela casa procurando pelo outro, sem se importar com as perguntas em suas costas.
— Cadê ele, cadê o Jungkook?
Kim Namjoon acordou estranhando a sensação deixada pela noite finalizada, alguns risos, a música e o som da TV ainda ressoando em sua mente, um assobio gelado trazido por um vento intrépido vindo da sacada aberta o fez se levantar cauteloso em direção a janela na intenção de fechá-la.
A vista panorâmica de uma Gangan nebulosa por sobre pequenas órbitas doces o encheu de melancolia. Namjoon suspirou profundamente esticando os braços para aliviar a dor nos ombros, massageando o pescoço cansado, se perdendo em uma visão de futuro que jamais poderia ter imaginado. A realidade que vivia parecia impossível de prever, de forma que se perguntava constantemente onde estava o sentido daquilo.
Se responsabilizava pelo que estavam passando, como se alguém conseguisse captar todas as probabilidades de uma casualidade terrível e ainda assim, mesmo sem evitá-la, pudesse resolver o problema em que todos os envolvidos saíssem de certa forma ilesos, porém sabia a resposta.
Não queria ter, mas precisavam se provar mais uma vez!
Namjoon voltou para a cama depois de um banho quente e envolveu um sorridente recém acordado Kim Seokjin em um abraço pele com pele, o calor do apartamento o distraia da nevasca caindo lá fora e não só o conforto e segurança da casa e lençois lhe preenchiam de certo aconchego, o som e textura dos beijos molhados que ganhava ardia no peito e gelava o estômago o deixando em um misto de desejo e ansiedade confusa, dissipando momentaneamente a nuvem de decisões que deveria tomar.
Kim Seokjin decorava-o com beijos de adoração, venerava-o com toques urgentes, Namjoon encontrava-se no meio da entropia; a paixão, o carinho, a familiaridade e entrega simples, a crescente e caótica mistura carnal e psíquica que experienciavam entre si e também tinha todo o resto.
Todo o maldito resto.
Encarou o rostinho bonito e por todos os santos nunca se cansava, era desconcertante demais ser olhado daquela forma pesada por Seokjin, ser olhado com todo aquela devoção e desejo, receber seu sorriso, aquele riso que lhe forçava a fechar os olhos e quando se cansava deixava as órbitas caírem em sua boca, olhando suas covinhas tocando-as com os dedos, sempre acabava beijando-o em seguida por não poder se conter.
Era bom! Bom de um jeito assustador, bom como ele nunca imaginou, era mágico beirava a fantasia, no meio daquela merda toda ainda estavam ali segurando um ao outro naquela relação de confiança, esperando o momento em que fossem encontrar uma solução.
Kim Namjoon escondeu o rosto na curva do pescoço de Kim seokjin se aconchegando em um abraço quentinho e carinhoso, gostava tanto de ser carinhoso, tocar, beijar, abraçar e jurar amor e sempre que o fazia era recompensado com aquele mesmo sorriso que escondia as órbitas do outro.
Merda! Poderia viver com isso e se sentir satisfeito mesmo depois de toda a derrota.
Queria viver com isso.
Pela divindade, Seokjin poderia ser sua recompensa…
Batidas na porta roubara-no dos pensamentos:
— Namjonie?
Namjoon não respondeu, fechou os olhos puxando o lábio inferior do outro com os dentes.
— Namjoon hyung?
Mais algumas batidas ignoradas envolvendo o outro em si, se fundindo em uma bolha de preservação, toques e entrelaçar de dedos, só respondeu quando Jin bufou frustrado se afastando dele com raiva.
— O que foi? — caminhou até a porta se afastando a contra gosto da pele marcada de Seokjin — O que é?
Encontrou Park Jimin trajado em um pijama e todo descabelado.
— Jungkook desapareceu…
— Como assim desapareceu? — Seokjin surgiu rápido ao lado do líder.
— Não está na sala onde dormimos, nem no banheiro, nem na cozinha, nem em cômodo algum. — Namjoon saiu à procura do celular. Seokjin o imitou em busca de ver os alarmes e as câmeras. — O celular dele está com o Taehyung lá embaixo…
Namjoon atravessou a porta empurrando tudo e chamando pelo maknae coelho, entrando em quartos e banheiros quase gritando, alguma coisa parecia errada desde que acordou, alguma coisa estava o avisando que era hora de fazer algo, precipitando-o a ação.
Não deu tempo de a discussão interna se prolongar, pois o grito típico atravessou as portas fechadas e abafadas forçando-os a descer as escadas com pressa.
Taeyang viu aquela coisa encolhida ao lado da piscina, era um montinho escuro parcialmente coberto por neve sob um líquido vermelho, teve medo na mesma hora, as pernas vacilaram e não conseguiu reagir de forma coerente.
O sangue lhe cobriu a mente e ele soube, soube na hora o que tinha acontecido. Às vezes ele sentia a morte cochichando, flertando e convidando-o a ir com ela.
— Hoseok — falou sem forças — Hoseok olha…
Diferente dele, Hoseok saiu correndo e derrapando na neve enquanto gritava muito, Min Yoongi veio junto atraído pelos gritos de Jung Hoseok, tinha sido acordado no meio da comoção pelo nome de Jungkook e se juntado a busca pelo mais jovem, eles sabiam que não era hora de esperar.
Os seis se depararam com a cena mais aterrorizante, havia sangue, haviam cacos de vidro ocultos na neve e havia um corpo encolhido.
Um corpo jovem, reconhecível e estático parcialmente coberto pelo manto branco, era quase impossível de entender realmente o que era.
Mas era!
Era o motivo pelo qual Namjoon sabia que deveria ter sido mais eficiente, motivo pelo qual Jung Hoseok não deveria ter dormido e se rendido a fraqueza. Motivo pelo qual Park Jimin sabia que deveria temer o escuro, as sombras e a solidão. Era por isso que Kim Seokjin sabia que não deveria desligar os alarmes, era por isso que Min Yoongi deveria ter sido mais rígido quanto a ficarem sempre juntos. E sim, era por isso, esse era o medo de Kim Taehyung, era o motivo que o fizera implorar por ajuda.
Era a morte, era por ter medo dela, medo daquela merda que o fizera desmoronar.
Os seis tinham motivos e sabiam porque agiam daquela maneira calculada, mas pelo excesso da confiança em si aquilo tinha acontecido, aquilo tinha sido concluído.
Jeon Jungkook estava morto!
Agora o terror tomara forma física, parecia impossível que todos não fossem destruídos e ou consumidos no desenrolar daquele processo.
(...)
Army estava parado no tempo desde que a notícia da morte de Jeon Jungkook foi confirmada, não houveram mais atualizações sobre fanfics, ships, boatos e ou fofocas.
Nada.
Nenhum comentário, nenhuma reclamação, nenhuma dúvida, nenhum efeito sonoro.
Apenas luto, o luto que petrificava e congelava de forma aterrorizante.
A Mídia rebobinava a notícia como abutres a cada ponto segundo:
"Morreu aos vinte seis anos o idol Jeon Jungkook integrante do grupo de k-pop Bangtan Boys, após pausar a carreira por causa do incêndio em show do grupo BTS do qual fazia parte, acidente que teve algumas vítimas fatais, o cantor foi encontrado já sem vida por seus companheiros de grupo, deixa-nos em lástimas."
Outros falavam um monte de merda, afinal ele estava lá, ele viu o army queimar e não fez nada.
Culpavam-no. Vazaram seus diários, inventaram mentiras, sussurrando os segredos do garoto e causando comoção dos haters, odiaram-no cruelmente e falaram tudo que vinha à cabeça.
O army não se pronunciou, o army verdadeiro. Aquelas centenas de milhões de fãs de verdade, pessoas que se reconheciam em suas músicas e amavam a sua trajetória, esses ouviram o pedido dos seis.
Pedido de silêncio e respeito incondicional sobre a partida dolorosa de seu irmão.
E se algum membro pedia o army silenciava.
A neve caiu pálida sobre o caixão escuro, a massa corpórea de fãs seguiu o funeral em completo silêncio, milhares e milhares de pessoas vestindo roxo e segurando a lâmpada nas mãos.
O silêncio se quebrava apenas com o vento resmungando uma canção melancólica desejando que o menino pudesse descansar em paz.
O céu esteve nublado em todo o pais e por incúbio da natureza em cada procissão a respeito daquela tragédia, o tempo falou mau humorado, agourento mesmo. A neve desceu mais forte, a chuva caiu tempestiva, até um terremoto foi detectado.
Tudo bem, as pessoas atribuíram ao choro de desespero do milhões de fãs que desequilibraram a natureza e talvez fosse mesmo isso, mas era isso, aquilo aconteceu.
O menino foi entregue à terra para descansar, seus irmãos entraram em um luto desesperado. A perda parou o mundo, muitos se sentiam ocos por dentro, aquilo pegou muita gente de surpresa, inclusive os que lhe odiavam.
- O que acha?
Kim Baek, investigadora do caso, olhou para o parceiro.
- Uma morte é sempre uma morte, Cha Eun-Woo. E essa será sentida para sempre.
- Eu gostava dele.
A investigadora assentiu. Não era a maior fã de Kpop do mundo, mas tinha um bom olho para julgar as pessoas e gostava de Jungkook também. Por alguma razão sentiu a inquietação vir, uma coceira que latejava perturbando-a sobre aqueles últimos fatos. Alguma coisa não se encaixava.
Jeon Jungkook tinha sido encontrado morto na casa de um dos membros durante a pausa do grupo após a fatalidade em Xangai, uma notícia que ainda causava arrepios em Baek. Muito se tinha falado sobre a causa e os culpados do acontecido e devido ao terror experimentado pelas vítimas, pelos idols e por todos os envolvidos, no fim tudo tinha ficado barulhento.
Eles foram caçados, massacrados, violentados e tiveram suas carreiras destruídas, suas famílias perseguidas, seus amigos, tudo tinha sido do tamanho de sua própria fama. Uma loucura completa. Mesmo depois do laudo acidental sobre o ocorrido sair.
Os abutres botaram dinheiro como juiz naquele caso, e de qualquer forma ninguém poderia mudar aquela ideia.
O caso era grande, os envolvidos eram deuses, os fieis eram uma nação e os haters não perdoavam.
E tinha as vítimas, tinha a dor, e o sensacionalismo se esbaldava sobre os cadáveres.
Ela suspirou o ar girando os olhos pelas fotos.
Sangue na água da piscina, na camada fina de gelo, ao redor do corpo, a perfuração precisa, pulmonar. A vítima estava bêbada e em estado de hipotermia devido à exposição prolongada à neve e as roupas molhadas contribuíram para a calamidade. Jeon Jungkook tinha entrado na piscina depois de ser esfaqueado. As câmeras de segurança filmaram apenas ele caminhando naquela direção e desaparecendo em um ponto cego.
A coceira de Kim Baek queimava.
Nao havia sangue em nenhum dos outros presentes, a arma do crime não foi encontrada, tinha sido um assassinato premeditado e tinha sido genial.
Ela bufou.
- Café? - Eun Woo lhe empurrou uma caneca personalizada.
- Sério? - Semicerrou os olhos - BTS?
Eun Woo deu de ombro.
- Eu disse que gosto deles!
- Entendo! - Bebeu um gole pensando - afinal eles foram a primeira linha. Me diga uma coisa - Ela girou o notebook na direção de Eu Woo - Eles não estavam em seis? Já que a essa altura Jeon Jungkook estava lá fora...
Eun Woo assentiu olhando a tela.
Kim Namjoon e Kim Seokjin de um lado abraçados, Kim Taehyung e Park Jimin igualmente juntos em outro sofá, Jung Hoseok e Min Yoongi estavam perto em almofadas separadas!
E Jeon Jungkook de costas parado numa quina de sofá, era fácil reconhecer o grandalhão.
- Jungkook...
Eun Woo estalou a língua pensativo, os neurônios maquinando enquanto juntava os fatos na cabeça, assimilando o que tinham observado de forma solta, montando o quebra cabeça. Baek gesticulou esticando a mão e empurrando uma foto ampla e bem centralizada.
- Os sete estavam na sala durante a noite. De madrugada Jungkook subiu as escadas - fez um meneio de cabeça negativo - as câmeras ficam congeladas por um período no qual não sabemos o que houve, mas nesse meio tempo ele resolveu sair da casa - ela respirou, pensou olhando a neve manchada - tenho uma teoria - disse encarando o parceiro - e se esfaqueou e caiu na piscina?
- Suicidio? - Eun Woo respondeu descrente.
- Talvez tenha se arrependido em seguida - ela meneou a cabeça de forma condescendente - mas não conseguiu ajuda, ficando horas sangrando e congelando lá fora.
- E onde ele deixou a arma do crime? E as pegadas? Parece improvável.
Baek bufou frustrada.
- Tudo nesse caso soa improvável! E porque ele só tinha seis dedos? - Baek bufou - Mas de qualquer forma a cena foi contaminada demais para dizer melhor.
Analisou aquela imagem do garoto em pé, olhando os amigos dormir, parecia uma sombra pairando de forma agourenta, velando o sono dos outros, sugando alguma coisa, buscando algo, tentando algo.
Chan Eun Woo sibilou chamando sua atenção:
- E se a hora da morte foi às duas, como laudo sugere. Como Jeon Jungkook estava parado aqui - apontou para a imagem - às seis?
Baek baixou os olhos para onde o garoto apontava, o relógio de gravação, sentiu um calafrio e se sacudiu.
- Eu não sei... ou o laudo está errado, ou esse aqui não é ele!?
Baek segurou o notebook com a imagem de Jungkook e fixou bem os olhos. Os cabelos abaixo dos ombros, as tatuagens, a roupa, o jeito de se mover até a quina do sofá e parar olhando os membros dormindo com aquela presença pesada.
- Chan Eu-Woo? - Ele a olhou curioso - o que ele tem nas mãos.
- Me deixa olhar - O homem analisou - uma faca, uma garrafa... - olhou a imagem com mais atenção - São as luvas?
Baek franziu o cenho concordando.
- Luvas, luvas coloridas como no corpo anterior! A luva com o número seis.
Eu-Woo sibilou. Aquele caso já dominava tudo a essa altura e se o que estava pensando fosse mesmo real, ele sabia que ia piorar muito, piorar demais até que pudessem arquivar toda aquela merda.
- Então, você acha que para cada army morto no incêndio?
Baek concordou antes mesmo dele concluir.
- Um membro do grupo para equilibrar a balança...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro