4 - Fake Love
Park Jimin tinha estado em silêncio enquanto ia embora no banco do carona de Jung Hoseok, braços envolvidos em torno de si mesmo e dedos suaves dedilhando seu próprio antebraço, olhava a rua lá fora e sentia as chicotadas do vento em seu rosto.
Vira e mexe Hoseok tocava sua coxa e apertava fazendo um carinho, forçando-o a olhá-lo, às vezes mostrando a língua fazendo o loiro rir.
Devolvia o carinho, sorria gentil, brincava com seus dedos e sem perceber voltava a encarar a janela naquela tensão frustrada.
Em alguns outdoors, estavam lá:
Bangtan Boys.
Sorrindo, crescendo e expandindo!
Em outros estavam rasgados e recortados, encolheu os ombros quando viu seus rostos transfigurados pelas chamas em alguns posters sendo retirados após sofrerem ataque.
O vento falava com ele julgando em uma espécie de decaída, gritando ofensas em sua cara, rindo em escárnio, tornando o rosto do homem sepulcral.
Jimin tinha chorado um pouco e ainda não sentia que pudesse falar algo sem entrar em um novo momento, o ar gelado percorreu sua pele e doeu, mas nada se comparava aquela ideia que circulava em sua cabeça.
Tinha alguém atrás dele e aquela sensação lhe corria de forma que não se sentia seguro em lugar nenhum.
Hoseok se ocupava em manter seu parceiro entretido sempre que o via fechar o semblante em uma espécie de casca de isolamento, em casa encheu a banheira, colocou um monte de firulas no cômodo e obrigou o outro a relaxar.
— Vinho, rosas e Jhope — Jimin sorriu quando ele disse aquilo com uma expressão cômica — se me quiser — fez uma reverência arrancando uma gargalhada do outro que colocava uma touca rosa em seus fios.
— Oppa...? — encarou Hoseok que ia se retirando, esse se virou com olhos curiosos — obrigado!
Jung Hoseok sorriu fazendo um "ok", logo descendo para a sala de estar!
Park Jimin segurou em seus próprios pulsos sentindo o movimento suave da pulsação, mergulhando a si em uma sensação de realidade e verdade, tentando se sentir, se encontrar no meio de todos aqueles pensamentos, pois no mesmo segundo que foi deixado só foi engolido por um calafrio pesado, um sentimento de vazio e solidão, uma prisão escura e fria no fundo da goela, a boca se abria e o ar vinha gemido com peso devido aquele gosto, aquela textura espessa e dolorida, suas costas doíam muito e aquele sentimento de ter alguém muito grande em cada parte daquele banheiro lhe olhando, analisando, enxergando-o agora era assustador, aquele ser depravado que o seguia por todos os lugares.
Merda!
Se moveu automático em busca do calor que tinha saído com Hoseok.
Hoseok pegou uma taça de vinho e tomou um gole profundo, capturando alguns bombons que estavam ali, sentou-se em sua cadeira e adorou poder se esticar olhando os pés por fazer, o esmalte quase alcançando a ponta das unhas. Ultimamente nem se preocupava mais com aquele seu amor por essas coisas, aquele estilo excêntrico de poucos e únicos milionários.
— Oppa?
Hoseok encarou a escada onde viu o loiro chamar tímido.
— Estou com medo — soprou sussurrando.
O mais velho foi em sua direção, quando o alcançou, segurou as mãozinhas nas suas dando-lhe um beijo selado, suave e doce, logo oferecendo um pouco de vinho.
— Mas eu estou bem aqui, Mochi!
Jimin se aproximou beijando aquela boca novamente, caralho, Hoseok era inacreditável de perfumado, quentinho, confortável.
— Eu gosto de ser você aqui!
Hoseok sorriu sobre aquela boca macia, era visto o coração afundando naquele oceano sem certezas, se afogando sem salva-vidas, caindo na voz manhosa, no abraço, nos sons, nas carícias suaves, ruindo em tudo o que Park Jimin lhe dava.
— Quer assistir algo? Tá com fome príncipe?
E naquele momento ao encarar Hoseok segurar seus dedos brilhando em dourado sentiu-se aquecer, o peito tamborilando alguma batida estrondosa, o ar envolvendo os ombros era quente, agradável e a companhia suave.
Beijou-lhe novamente com olhos abertos, queria ver, precisava ver e quando aquele beijo se tornou luxúria, Hoseok franzia a testa desejoso, concentrado em receber tudo, Jimin colapsou.
Hoseok possuiu tudo naquele corpo com beijos, toques, sorrisos doces e calma, infiltrou seu ser naquela mente e pele de forma que a erupção cadenciada em Jimin fluía para as veias sem contenção alguma, Jung Hoseok era um acontecimento em seu peito movendo as sombras e espantando o terror como uma espécie de entidade, disputando espaço com o outro que o apavorava.
Jung Hoseok era tudo que Park Jimin precisava, pela primeira vez entendeu o army em sua totalidade a respeito dele.
Hoseok desembrulhou um bombom direcionando-o a boca cheinha de Jimin que logo mastigava satisfeito suspirando letárgico com a paixão ruindo tudo, estragando tudo, dificultando mais que ajudava, buscando a normalidade oculta naquela admiração que lhe preenchia ali.
Estava cansado, não conseguia mais ficar no escuro, não suportava o silêncio, estava atordoado. Sentia falta de Taehyung e Jungkook, morria de saudade do palco com seus hyungs.
Mas tinha tanto medo do escuro. Da rua e das pessoas...
Estava concentrado se escondendo dos seus sentimentos no chocolate e na aura brilhante de Jung Hoseok, tomando do vinho que ele lhe dava quando a campainha do outro tocou lhe arrancando um gritinho.
— Suga! — resmungou Hoseok — ele foi buscar roupas limpas...
Jimin sorriu e acenou. Hoseok se afastou, encheu os pulmões e soltou algumas vezes procurando coragem para abrir a porta.
A pouco tempo descobrira o medo de passar por ela, ser seguido, olhado, de que falassem com ele e gritassem seu nome. A simples ideia de girar a maçaneta lhe dava calafrios.
Min Yoongi trazia a mochila nas costas, as pernas doíam e sentia fome, queria ir para algum lugar tomar soju ou comer alguma coisa gordurosa, mas aquela era uma ideia que não seria possível.
— Hoseok-ah! — gritou batendo na porta.
Por algum motivo, Jung Hoseok estava levando uma vida para abrir a porra da porta.
Quando a porta se abriu, Hoseok não olhou para o mais velho, foi direto para o horizonte ao fundo.
— Quero comida — Suga resmungou tentando entrar.
Hoseok lhe sorriu, o gatinho vinha todo encapuzado, carregando uma mochila enorme e uma cara de sono pesada. Mas o hábito o traía e naquele segundo ele perscruta além do Min, na busca daquilo, a essência, da raiz do terror que os assombrava.
Jung Hoseok se perdeu ao sentir aquilo lá fora, demorou alguns segundos para entender o desejo de correr e olhar. A curiosidade venceu, tinham árvores, grama, sombras e vento.
E tinha alguma coisa mais...
Arrepiou-se, o coração chegou a doer, as orelhas ferveram e os pés não se moviam, Jung Hoseok estacou olhando para a árvore do condomínio, aquela mesma árvore de cerejeira que tinha sido o motivo de gostar daquela casa, havia uma existência encarando-o curiosamente.
Tinha uma forma fálica, um tom sem definição e soava como desconhecido.
Usava uma tunica escura e uma mascara idiota, torta com uma sorriso enorme, estranho e iluminado, aquilo estava ali, ele o via, não era mais só uma sensação maldita.
Foi o suficiente para rodar o mundo sob os olhos de Jung Hoseok e mutar sua percepção alongando a rua quando sua consciência se perdeu e tombou em um baque seco, houve um estouro as luzes ao redor se apagaram e um alarme começou a apitar enlouquecidamente.
— Hobi...?
Suga avançou até seu corpo, segurou seu rosto e deu palmadinhas chamando seu nome.
— Hoseok? Acordaaa porra!
Jimin ficou pálido.
Suga debruçado sobre o corpo de Hoseok, a porta arreganhada por onde o vento zumbia e vinha em sua direção.
Ele não quis, mas olhou, ele olhou diretamente para a morte como se ela cantasse um chamado impossível de ignorar.
Olhou para fora e não viu nenhuma imagem definida no breu que caia sobre aquela casa e a rua que tinha se apagado, mas a forma sobrenatural de uma coisa se movendo lentamente, olhando para ele com olhos arregalados e um sorriso enorme, uma bocarra imensa de escárnio e dentes pontiagudos movendo o rosto para ele, aquela visão partiu sua consciência e derreteu sua mente em um único olhar.
Era uma desestrutura que rompia a realidade. Uma existência inconcebível. Uma insanidade definitiva e um horror primordial.
A sombra que os olhava ergueu os dedos, tinha uma luva brilhante e via-se "Sete" dedos...
Jimin ergueu as mãos no rosto, tapando os olhos e se encolhendo até o chão, o coração martelava, a cabeça girando, o medo o dominou.
Vieram os passos, os cantos, as pedras.
Ele, levantou o rosto em direção a Park Jimin, o rosto transfigurado de curiosidade, a forma que se escondia em uma casulo de proteção sob braços pálidos e dedos gordinhos, sua voz esganiçada chorando e pedindo para que fosse embora.
— Jiminie! — Suga chamou — fica comigo, Jimin...
Suga não conseguia entender o que porra estava acontecendo, olhou para ele gritando aterrorizado se escondendo, também estava assustado por ter Hoseok estatelado no chão, teve medo dele ter quebrado alguma coisa!
Gritou mais algumas vezes e Park Jimin não se moveu, Suga se levantou e finalmente olhou para fora, procurando a direção correta.
Aquela coisa na árvore fez contato visual com Suga, riu, riu enorme em uma gargalhada muda, apontando para os outros ali presente, haviam pelo menos quatro, aquele da máscara assobiou chamando sua atenção envergando o corpo e pulando com uma corda no pescoço mantendo o mesmo "sete" com dedos enluvados por algo que brilhava em roxo.
O terror foi tanto que só chutou a porta em um baque forte.
— Que porra é aquilo — segurou a maçaneta girando a chave e desligando o alarme que não parava de urrar.
Jimin ainda era puro pavor.
Suga bufou indo para Hoseok que resmungava tentando se mover.
— Jimin, vamos, venha pra mim — suga chamava pelo mais jovem e segurava Hoseok ajudando-o a ir para o sofá — Jiminie-ah?
Park Jimin cedeu olhando as mãos e chorando, ele ouvia o vento trazendo aquela canção, sentia a textura daquela coisa absurda, os passos ao redor aumentaram quando o que supôs ser os seguranças finalmente chegando, olhou ao seu entorno, não havia nada ali dentro além dos seus hyungs, respirou, inspirou o mundo parecia pequeno e o apertava contra si mesmo.
— Sou eu, Suga — murmurava cansado tentando erguer o outro sobre as almofadas — Jimin?
Sofreu para levar Hoseok até o sofá. E ao finalizar aquela tarefa foi até Park Jimin, segurou seu corpo puxando-o para si, abraçando-o e sussurrando que estava ali para ele e não iria a lugar algum.
Fechou as janelas no escuro, ainda buscando alguém nas sombras lá fora.
Não havia nada mais para ver, além dos seguranças que cercaram a casa como um batalhão diante da cena.
Apenas um corpo pendurado em um movimento perpendicular ao chão era dicernido.
Estava frio demais para que Hoseok parasse de tremer enquanto perambulava entre as casas dos sete, um dia com Kim Taehyung, outro com Jeon Jungkook, estava com Park Jimin, com Kim Namjoon, Kim Seokjin e Min Yoongi.
Sentia vontade de juntar todo mundo em um lugar só. Uma só mansão de assombração. Acabou rindo daquilo. A verdade é que estava cansado. Muito cansado de toda aquela grande piscina de merda.
Acordou sentindo os dedos frios de Min Yoongi em seu rosto e seus pés eram esmagados por mãos pequeninas.
— Oh, Jimishi? — sorriu se sentando forçadamente — eu quero ver alguma coisa no streaming — Sussurrou chegando perto do loiro e beijando sua bochecha — o que quer ver Jiminie???
Suga não podia acreditar, Hoseok tinha desmaiado bem na sua frente quase o matando de preocupação, haviam visto aquela merda inconcebível e teve que se virar com aquela cena toda com o loiro urrando apavorado.
Se não bastasse, logo após acordar já sorria todo preocupado com Park Jimin?
Ficou irritado!
— Hobi-ah...?
Jung Hoseok travou por um segundo sentindo a voz arranhando fininho em seus ouvidos, fazendo seus ombros enrijecerem e a pior parte era perceber a respiração do observador em sua nuca.
Enjoou, o calor deixou seu corpo em uma vertigem tombando para trás, saiu correndo em direção a porta sem que Min Yoongi ou Park Jimin pudessem impedir.
O vento era ainda mais gelado que antes, zumbia e assobiava forte balançava tudo lá fora, mas não viu o que esperava. Saiu apressado naquela direção, resmungando e jurando que tinha mais alguém ali.
Pararam em frente aquela cena, era uma pessoa desconhecida vestido com peças escuras que anteriormente eles usaram em shows e já haviam sorteado para fãs, policiais trabalhavam naquela cena, já resolvendo aquela merda, seus rostos indecifráveis.
Jimin manteve o olhar nas mãos do morto.
Only Seven.
Era uma tatuagem bonita e bem delineada.
Sete dedos apenas, pois os outros tinham sido cortados e a mão inchada era tatuada com mais alguns símbolos, um molde de uma baleia e um portão.
Suga encarava estranho, Jimin já começava a aceitar que estavam todos loucos.
O mundo era um poço de loucos. Não tinha sentido.
— Opaa! — Jimin segurou a mão de Hoseok.
Ele o encarou frustrado.
— Eu estou bem! — Resmungou — Estou bem, uh?
Suga encarava o corpo que era levado e Park Jimin. Estava curioso demais e preocupado.
E se ainda houvessem mais deles por ali?
Mais tarde, quando foram para a casa de Jimin, já que a sua estava uma bagunça, a situação estava pior. O silêncio, o frio e a infinidade de flashes e vozes, as perguntas ocultas nas acusações.
Gritavam seus nomes, aterrorizando ainda mais!
Suga os guiou para dentro enfatizando sobre descansarem um pouco, que lhes obrigaria a comer e dormir.
Jimin tinha seu rosto gelado e retorcido de medo, pois não reconhecia sentido no que tinha visto. Hoseok estava cansado, sabia onde era o seu limite.
Cobertores e ramen foram trazidos para Jung Hoseok que não dizia nada. Comeu e se manteve aquecido. Pertinho de Jimin e ao lado de Suga.
Estava desconfortável na casa, pois sentia o olhar em si, aquela coisa ainda estava lá e não ia mais embora.
Com os nervos alterados, Jimin acabou por dormir e ressonava abraçadinho a Hoseok.
Suga ainda estava irritado, mas não aguentava manter a distância:
— Hoseok?
Hobi encarou o rostinho pálido que lhe sussurrava.
— Quer mais? — Apontou para a comida — pego pra você.
Hobi moveu a cabeça negando, estava cheio, não conseguia mais sequer respirar.
— Hoseok?
Olhou-o novamente.
— Está com frio?
Hobi negou.
Passou um tempinho, a TV perguntou se ainda queriam continuar assistindo e clicou em continuar.
— Hoseok? — murmurou em um gemido sem intenções.
— Sim? — sussurrou.
— Está com sono?
Hoseok negou e continuou olhando o rostinho branco do outro.
— Hoseok?
Ele riu encostando a cabeça no sofá. Riu fraquinho vendo a confusão no rosto do outro.
— Hoseok? — Disse rindo gengival.
— Suga-ah! — repeliu descontente.
Por algum motivo eles começaram a rir. Suga levou suas mãos ao rosto do outro, Jimin descansava alheio.
— Hoseok-ah?
Jung Hoseok sorriu imitando o seu hyung de forma tediosa e impessoal:
— Yee?
Mais risadinhas, se olharam. O contato visual com Suga era aterrorizante, viciante e apaixonante. Jung Hoseok amenizou a suas expressões enquanto via as órbitas escuras miudinhas percorrendo seu rosto, buscando, decorando, ansiando...
— Coma direitinho tá — sussurrou — não fique doente — lambeu os lábios — Eu te amo!
Beijou a testa do outro em um estalo ligeiro e se afastou.
Hoseok ficou parado durante aquela ação com dificuldade de entender que Suga tinha mesmo feito aquilo!
Eu te amo. Min Yoongi disse.
Queria dizer alguma coisa de volta, queria dizer que também se sentia assim, mas aquela presença curiosa ficou insuportável.
Sentiu a garganta fechar, os olhos marejando, o oxigênio sumindo, ficou inerte ouvindo a voz de "nada" que chegava agudo em seus ouvidos.
Suga se aproximou encarando-o insistente.
Jung Hoseok demorou a entender que estava a centímetros do rosto pálido do seu hyung, Suga o encarava indiscretamente por sobre a luz do abajur, o ar estava ainda mais gelado e o cobertor quentinho era pressionado contra seu corpo por um braço que lhe caia pesado na cintura, Park Jimin dormia.
Hoseok ficou calado, pensando, respirando.
Também não se moveu. Estava cansado, sentia dores musculares e um desconforto profundo, sentiu os pulmões arranhando, a cabeça doendo, as costas esmagando o tórax comprimido o órgão.
Estava exausto.
Suga não perdia nenhum segundo de contemplar aquele rosto e de aproveitar aquele contato. Admirando aquela falsa serenidade, a mentira passiva estabelecida no rosto de Jung Hoseok. Talvez ele nunca fosse se exaurir do desejo de mantê-lo por perto, por algum motivo Jhope de fato era sua vitamina.
Jimin jogou as pernas sobre eles, os pés mesmo cobertos por meias era frio, ninguém quis falar nada e o silêncio já fazia barulho suficiente para uma multidão. O peito de Suga afundou, sentia saudade do grito do army. De sua empolgação, de seu amor incondicional.
Era dia, a sensação deixada pela noite finalizada pesava em seus ombros, um fedor de sangue trazido por um vento que julgava todo o tempo.
Min Yoongi moveu o indicador retirando cabelo dos olhos do outro, Hobi dormia com lábios apertadinhos, Suga gostou, pois tinha o calor na pele que vinha para si como motivação e aquilo, mesmo que por efeito placebo, naquele momento era de fato o suficiente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro