08-Boy In Luv
Suga atravessou o jardim da casa de Taehyung em direção à saída, do outro lado Hoseok olhava a rua escorado no capô do carro enquanto uma fumaça subia de seus dedos, ele levou o cigarro à boca e tragou profundamente.
Min Yoongi se aproximou encarando aquela imagem.
Hoseok vestia um casaco grande, verde, tinha uma touca na cabeça e usava botas de frio, a neve estava decendo e caindo em um bordado outonal quente, uma ilusão óptica causada pelas luzes amarelas da pracinha a frente do condomínio, e aquela cena iria persegui-lo por um logo tempo porque era do jeito que ele gostava.
As pontas das orelhinhas apareciam élficas por fora do contorno da touca, o nariz fininho e pequeno moldando uma silhueta fofa e um biquinho redondo quando soprava a fumaça do cigarro.
Era sempre aquela merda, Hoseok soprava de um jeito expansivo, pensativo e capturando os olhos dele, parecia uma doença para a qual Yoongi não conseguia alívio.
Hoseok soltou mais fumaça e pressionou os dedos nos olhos. Min Yoongi não se moveu enquanto observava o dongsaeng. O peito ate doeu, o estomago revirando muito esquisito, não sabendo o que fazer com as mãos.
Era porque Hobi era sempre bonito, Jung Hoseok era lindo demais, de um jeito que quebrava as barreiras de Yoongi, talvez fosse o sorriso aberto, a voz estridente quando gargalhava ou o tom rouco e suave quando cantava, o jeito de levar as coisas com empolgação, a forma como se dedicava e trabalhava duro ou o cuidado que tinha com todos, era uma merda se sentir frágil com aquilo, era inevitável sentir, era foda porque Hoseok quebrava Min Yoongi sem fazer nenhum esforço.
Min Yoongi sempre fora um tanto quieto, a maioria das pessoas recebiam de si apenas as formalidades e na maior parte do tempo se dirigia a elas apenas por obrigação.
Isso quando fazia.
Era o Bad Boy daquele grupo, tinha o humor azedo e a vontade de evitar as bobagens da juventude lhe definiam.
Mas quando Hoseok apareceu ele começou a entender um pouco do desespero por atenção clássica dos jovens e apesar de esconder muito bem em uma amizade baseada no rap que faziam, nas danças que praticavam e na convivência, quando "Sope" surgiu ele passou a usar aquilo para dar algumas ideias ao outro sobre o que de fato sentia, sempre colocando de forma que parecia uma piada em um tom maldoso que o definia.
August D, o menino marrento. Boca suja e ignorante. O rapper sem filtros.
Hoseok no entanto era todo de Park Jimin, isso o deixava frustrado e ainda mais cansado daqueles aprendizados sobre vida, relacionamentos e essas merdas todas.
Hoseok ajeitou a touca, o cigarro entre os dedos e os olhos presos em algum lugar longe, distraído naquela pose estilosa do caralho, sempre olhando para longe dele.
Era frustrante, difícil, complicado!
- Ah, você está aí...
Suga voltou a si dando de ombros e procurando algo pra dizer:
- Colocou correntes de neve? - franziu o cenho.
Hoseok confirmou olhando os pneus, mesmo sem dizer, Min Yoongi entendia que ultimamente ele tomava muitas precauções sobre tudo. Estava com medo de verdade.
Suga entrou no carro. Hoseok acenou para o segurança e logo estava no volante embriagando o hyung com aquela aura, com aquele perfume que todos gostavam, Suga especialmente.
Min Yoongi deu um riso sem abrir a boca, escondendo os lábios segurando-os nos dedos. Sempre se pegava cheirando tudo, os troféus, as comidas, os tecidos e fugia como uma criança do cheiro de Hoseok, porque tinha um pouco de raiva do cheiro dele ser sempre o melhor.
Estava de saco cheio daquela merda.
- Já comeu? - perguntou e Hoseok negou sugando nicotina e lançando a bituca no cinzeiro. - Podemos pedir algo se quiser...
- Sim, pode ser!
E se calou. Min Yoongi o olhou fundo, era mesmo doentio estar ali, por mais que sempre desse um jeito Hoseok teimava em ser complicado. Suga bufou: E caralho! estava tão cansado.
- Jimin está bem? Aquele filho da puta não me respondeu.
Hoseok diminuiu a velocidade olhando o cruzamento, acelerou e seguiu alguns metros em silêncio.
- Está sobrevivendo. Não dá para dizer que nenhum de nós está bem...
Concordou. É a verdade. Não dava para esperar que fossem ficar bem tão cedo.
- Taetae... - pensou se concentrando - precisamos ficar mais perto dele agora.
Desta vez Hoseok desviou o olhar para si, encarou-o enquanto esperava o sinal abrir. A neve desfocada batia no vidro, Suga tinha aquela cara doce, aquele jeito quieto, aquelas intenções não ditas.
Hoseok encostou a cabeça no banco acariciando o volante, distraído nos olhinhos e no cabelo do outro, estava com os fios grandes caindo no peito, manteve os olhos ali tentando não pensar muito.
Mas pensava, pensava muito sobre aquelas coisas que sabia sobre o gatinho ao seu lado, os sons que ouvia dele, o tom que era usado consigo, a forma que o encarava e ria pra si, devorando tudo nele, na verdade era muito gostoso de ver a cobiça naquele olhar felino, o rubor na pele alva, o tremor ao respirar.
Achava Min Yoongi uma tentação, só não era para ele, porque ele sabia sobre os sentimentos. E aquilo complicava e muito!
Hoseok não era idiota e quando se apixonou por Jimin foi ainda mais facil enteder o que era aquela coisa de Min Yoongi consigo. Era tão fácil de ver, chegava a ser bonitinho vê-lo fugindo e falhando.
Num show qualquer ele disse "Meu Suga?" e viu o peito subindo, o sorriso vindo, os olhos brilhando, quando dançavam e interagiam e Hoseok apontava durante a coreografia e Min Yoongi desmanchava, desarmava e mostrava a sua doçura, um gatinho branco com olhinhos em chamas, era fácil... óbvio de ver.
Fazia parte do show, no entanto Hoseok não era inocente, às vezes matinha mais distância do que gostaria, afinal gostava muito de Suga, estavam juntos a anos e faziam a mesma música, tinha escutado tantos conselhos dele, tantos toques e apoio. Era complicado, porque ele sabia, recebia o sentimento, o tratamento especial.
Quando reunidos viam algum MV e Suga gritava seu nome, lhe quebrava, ficava receoso e por algum tempo não conseguia entrar na onda.
Mas era duro, porque gostava dele mais do que podia entender e não tinha como responder ao que imaginava que ele queria. E sabia reconhecer em sua face tudo o que ele não dizia, o desejo, a obsessão, aquela indecisão e o estranhamento.
Também sabia que o outro olhava atento o trio, Hoseok bufou, agora estava tudo ainda mais fodido.
- Vamos cuidar de nos dois por enquanto!
Suga concordou novamente. O resto do caminho até sua casa foi feito em silêncio.
Hoseok deixou o carro na porta, acompanhou Min Yoongi e aguardou ele abrir a porta enquanto puxava mais um cigarro. A ansiedade estava demais.
Estava sendo um inferno, sentia seu corpo doendo e a mente não desligava. Suga o olhou enquanto se direcionava para os fundos, onde o mar ressoava.
Hoseok arrepiou até a alma pelo frio, a brisa salgada entrou nas suas narinas com tudo. Imaginou aquela área a dois anos atrás, quando tudo era comemoração pela turnê de sucesso, pelos projetos solos e foi a primeira vez que Jimin cedeu a ele alguma atenção mais específica.
Sugou a nicotina, o vento chegou a empurrá-lo, o céu estava escuro, a noite estava propícia para dar merda.
Min Yoongi empurrou um copo em sua direção, chamando sua atenção, Hoseok aceitou, jogou a fumaça para o ar e bebeu de uma vez só fazendo uma careta engraçada.
-- Vai com calma - Suga meneou um riso.
Hoseok deu de ombros tomando a garrafa de suas mãos e bebendo dela, ignorando o olhar do outro.
- Vocês brigaram?
Hoseok tirou a garrafa dos lábios engolindo fundo, negou com a cabeça desviando o olhar para o mar escuro, puxou a nicotina e encarou Min Yoongi, dizendo com aquela voz calma:
- Ta frio aqui Yoon, porque não entra? Pode adoecer, você é sensível.
E o silêncio voltou.
Ambos ficaram parados a uma boa distância, bebendo, Hoseok fumando um cigarro atrás do outro, Suga confuso, o peito cheio, a cabeça pesada.
Droga! A noite ainda mal tinha começado e ele já se sentia frágil, a culpa era toda daquele ao seu lado.
Pegou a garrafa e engoliu o líquido com golpes fortes, Hoseok mal esperou ele terminar para beber também.
Sentiu aquele gosto mentolado na garrafa e a encarou, estava ainda húmida dos lábios do outro, deveria ter ficado com nojo. Mas não!
Levou os olhos para Min Yoongi enquanto bebia sentindo o líquido queimar na língua, aquele sabor amadeirado forte misturado ao frescor, era ruim?!
Não, era curioso!
Cravou os olhos castanhos no ponto branco à sua frente, o rosto ficando corado, a boca úmida pelo álcool, o som do vento, do mar e da sua mente, os ruídos vindo de Suga, os sons específicos que fazia quando Hoseok se aproximava.
Era um ronronar manhoso e satisfeito, um leve mover de órbitas e um sorriso escondido nas bochechas. As mãos ansiosas e aquele respirar frustrado.
Os lábios deixaram a garrafa empurrando-a ao outro que a segurou.
- Quer mais?
Hoseok ainda o encarava de um jeito estranho, sondando seu rosto, olhando sua pele, pensando alguma coisa, assentiu devagar.
Sob aquele olhar Suga tremeu, era difícil conseguir atrair aquele jeito vidrado de Hoseok, quando treinavam até as pernas pararem de responder ele fazia aquilo, observando cada passo, cada movimento, cada expressão. Concentrado com aquele semblante fixo, aqueles olhos profundos e aquela liderança dominante, uma postura obsessiva.
Expansivo, firme e complicado!
Suga sentiu as bochechas esquentando, as mãos tentando se esconder e o impulso de desviar estremecendo o estômago.
Hoseok aguardou, Suga engolia a bebida e mordia a boca, abaixou só os olhos e riu com o cantinho do lábio.
Lá estava. Min Yoongi se entregando à confusão, se perdendo dentro daquela coisa ficando envergonhado. Era fofo, na verdade, muito gracioso.
Suga apertou a garrafa e tomou algumas goladas, nem queria beber aquela noite, mas queria Hoseok, sabia que não era do tipo que fazia muita sala, se seguissem com aquele clima ele nao ia se segurar, então iria beber para tirar aqueles pensamentos todos da sua frente.
Girou o rosto e quase caiu para trás ao notar a distância antes confortável e segura, agora sentia até o ar do hálito alheio.
- Seu rosto já está vermelho...
Hoseok estava tão perto, falava tão rouco e manso o indicador passando pela bochecha do gatinho, os olhos acompanhando o trabalho deslizando até o queixo, segurando com certa paciência, olhando suas reações, liquefazendo seu interior em lufadas elétricas e rajadas de ansiedade, quase fez o mesmo cair sentado.
Deu um passo atrás sem nem entender o motivo, ele queria a aproximação? Não é? Queria sim! Talvez porque já fugia a tanto tempo que o ato tinha se tornado um hábito.
- É, eu tô ficando alto.
Hoseok concordou se aproximando novamente, segurando seu pulso e correndo a mão rumo a garrafa, pertinho de seu rosto sorrindo de canto, provocando de propósito, nem ele soube porque estava fazendo aquilo, franziu o cenho quando Suga ergueu a mão segurando o peito, Hoseok não desviou o olhar envolvendo a garrafa nos lábios e bebendo.
Suga engoliu a saliva.
As pernas fracas e o coração todo derretido cada vez que compreendia o rumo daquela aproximação, só estava confuso porque Jimin agora estava livre.
Porque ele não ia até lá? Todos sabiam sobre isso, ninguém ia criticar.
Tudo bem que era o dia dele.
Mas ele mesmo já tinha inventado altas mentiras para poder ficar com Hoseok, no dia que o army se suicidou, aquela merda toda. Ele nem deveria estar lá. Mas...
Era complicado porque queria Hoseok, tudo o que pudesse ter, se contentava, estava acostumado.
Hoseok era bonito, tão cheiroso, tão estiloso.
Gostava dele, gostava muito!
Seus olhos queimavam em si, arruinando e fragilizando. Suga costumava ser o cara selvagem, o dono das situações, o cara que fazia a merda que queria sem pensar em nada.
Que se foda aquela merda.
Quando o assunto era Hoseok parecia um frouxo do caralho.
Encarou de volta mesmo sabendo que seu corpo não ia aguentar, segurando o peito tentando desacelerar, mas foi inevitável.
Hoseok tinha granulados de neve sob o casaco, o cabelo saia da toca, a boca vermelha e mão segurando a garrafa já quase vazia, a boca em um riso curtinho e o olhar baixo em si, queimando tudo, alastrando aquele calor em sua pele.
E porra, era demais!
Suga agarrou os braços de Hoseok, ficou pertinho, olhando mais e mais até que o ar saiu pesado de sua boca.
Hoseok perdeu tudo para a paralisia de forma lenta, sem entender porque não se afastou dali, seguiu o hyung, moveu-se com ele, embalado no mesmo desespero e com a mesma agitação.
Se reconheceu no olhar de Min Yoongi, olhos miudos e negros, verdadeiras covas absais, perdeu-se no brilho que ocultava aquela "coisa" indefinida lá.
Suga subiu uma mão quente passeando por seus cabelos, tocando-os, puxando-os e rapidamente envolveu seu rosto trazendo a boca para mais perto de si.
Percorreu com curiosidade a face alheia, os olhos grudados em seus lábios, o ar passando afoito pela boca e batendo em si, o tremor suave da antecipação. Suga caiu na onda ansiosa que atravessou seu estômago, encostou a boca na outra, empurrou os lábios um pouquinho e esperou.
Esperou que o coração não explodisse enquanto esmurrava o peito dolorido, que o mundo não caísse em cima deles enquanto se tocavam e descobriram aquela sedução confusa, Suga desejava tudo enquanto depositava a paixão com muito cuidado e ternura nos lábios do outro, um selar firme, quente, um juramento silencioso e assustado.
Hoseok sentiu.
E foi bom, uma agitação enorme e inesperada, uma energia sublime, algo precioso demais para rejeitar, tanto que, Hoseok soltou a garrafa e o cigarro na neve apenas para abraçar o corpo menor e se posicionar direito sobre aquele lábio, aquele beijo.
Respondeu ao beijo, mordeu sugando e lambendo o lábio inferior. Forçando o movimento, apertando o corpo no outro e puxando Suga de forma que a ansiedade no estômago dele formava um relâmpago veloz no baixo ventre, gelado, quente, morno e fresco.
Suga sentiu as pernas amolecendo e foi perdendo a sustentação, Hoseok quase o erguia do chão até sua boca, segurando-o unido em lábios atrevidos.
Hoseok sentiu o estômago cair pro chão. A novidade naquele ato, o despertar daquele aperto no peito, o florescer de um sentimento que não sabia existir.
Quis mais contato e se moveu para frente, Min Yoongi desesperado nem percebeu aquele impulso.
- Hobi-ah...
Ronronava sobre os lábios dele, mordendo a própria boca e sorrindo com aquilo, quando agarrou o pescoço fino e delicado prendendo-o entre dedos pálidos, se projetando em busca de mais podia sentir Hoseok procurando mais contato.
Jung Hoseok emergia em questionamentos quando as mãos percorreram Min Yoongi atestando sua confusão.
Porque era tão bom? Caralho!
Não deveria ser tão bom, né?
Era difícil entender aquela necessidade que vinha do mais profundo, era forte, gostoso, quente...
Hoseok queria mais daquele beijo ou iria desabar no chão, gemeu abrindo caminho para a língua curiosa em explorar aquela boca unindo-se ao gosto confuso do gatinho.
Era assustador de tão gostoso.
Hoseok imitou Min Yoongi, ronronando satisfeito, ansioso, a perturbação tornava a ação difícil de entender o que significava para os dois.
Não dava para fingir que não sabia o que Suga sentia por ele, também não dava para negar o quão gostoso era aquele beijo, aquele sabor.
Aquele desejo profano direcionado apenas para si, sem dividir, sem esperar, sem se culpar...
Não era um idiota para negar que estava confuso, merda.
Min Yoongi era uma delícia, de um jeito que mal suportava.
A boca quente, as mão curiosas agarrando possessivas, o gosto do álcool do gatinho e a coisa toda, era boa.
Caralho, Hoseok imitava como se sua vida dependesse daquilo, aumentava o ritmo, puxava, mordia, selava a boca com força.
Ficou excitado e isso o pegou!
- Min Yoongi...
Ante o chamado do outro Suga subiu o rosto se afastando dos lábios suaves onde deixava beijos quentes, caralho ele estava atordoado, zonzo demais e feliz.
- Sim?
- Porque estamos fazendo isso?
Suga olhou-o cauteloso, pensativo. Profundo.
- Eu não sei...
- Mas... mas isso é...? Eu...
Suga o beijou novamente pois o gosto de Hoseok era fresco, vivo e viciante.
- Eu não sei merda! Eu só sei que eu quero muito mais!
Porém tiveram que esperar, quando os celulares de toda a casa gritavam a distância, os seguranças apertaram o cerco e foram chamados a se trancar.
- Jimin - disse Taehyung ao berros ao telefone - meu lindo Jimin...
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