18. Apresentação e Julgamentos
As aulas voltaram, todo mundo estava se arrastando no primeiro dia de aula depois das férias. Eu passei os últimos dias das férias lendo e estudando algumas matérias que eu não estava boa. As meninas foram lá em casa no último dia das para aproveitar o sol e a piscina, era a primeira vez de Poly lá em casa, ela brincou que iria se mudar pra lá, dizendo que iria morar na casa do cachorro, mesmo a gente não tendo cachorro em casa. Na intervalo, a nossa mesa nunca foi tão cheia, agora tinha Poly a mais, Brandon e alguns meninos do time de futebol, amigos de Brandon. Um dos meninos apontou para mim do outro lado da mesa, mostrando o celular para o amigo.
— O que foi? – eu quis saber, encarando ele, as pessoas na mesa olhando pra mim e depois pro garoto.
— Seu vídeo virou viral na Internet. E algumas pessoas estão falando que você tocou com aquele cantor famoso.
— Deixa eu ver. — pedi o celular do menino.
— Pesquisa aí no seu celular, lindona. – ele falou como se eu estivesse querendo roubar o celular dele. — Coloca assim: "vídeo da menina pianista junto com o cantor Noah" e já vai aparecer.
— Você tocou com algum famoso? – as meninas me perguntaram me olhando curiosoas.
— Você acha mesmo que eu não teria surtado se tivesse tocado junto com o Urrea? – eu disse e achei meu vídeo na Internet tocando no restaurante, eu sabia qual vídeo era, mas queria ver se tinha virado viral mesmo. Uma menina tinha postado, pela posição ela estava em uma das mesas.
Haviam muitos comentários devidos de pessoas dizendo que era o Noah sim e outras falando que não era. Pensei em comentar dizendo que era eu e que aquela não era de fato o Noah, apesar de parecer, mas achei melhor não. As pessoas iam me achar mesmo.
— Ui, minha amiga é viral na Internet. – Yanna sorriu pra mim e vi elas pesquisando para ver o vídeo em seus celulares.
— Ah propósito, eu vou tocar em um conserto esse final de semana, infelizmente os ingressos já tinham sido esgotados antes mesmo deu saber que tinha sido convidada, então sinto muito por não levar vocês. Mas torçam muito por min. – eu falei, mais do que contente.
— Você vai ser a melhor, eu tenho certeza. – Rachel falou piscando para mim, queria dizer que não era uma competição, mas apenas sorri de volta, agradecida pelo seu carinho.
— Você podia tocar piano pra gente, aqui no Colégio tem e eu nunca vi você tocar. – disse Brandon.
— Quem sabe um dia eu lhes dou a honra. – brinquei rindo e elas me deram língua.
Fui no shopping em um dia da semana para comprar um vestido para o conserto, fiquei na dúvida se escolhia um preto ou vermelho. Quando achei um modelo que me agradou, pedi para experimentar o preto, ficou lindo, ele era longo e tinha uma abertura na lateral que ia do meio da coxa até o final, o decote era quadrado,e ele era brilhoso nas alças. Comprei e pendurei no meu guarda roupa, quando minha mãe chegou e mostrei o vestido, ela quase chorou de emoção, disse que eu já estava me tornando uma mulher.
No sexta-feira feira, na aula de piano, foi a primeira vez que vi Augusto desde o dia em que vim aqui. Seu cabelo tinha crescido novamente, então caía na testa, ele dividia no meio, então ficava aquelas franjas laterais que o deixavam com cara de menino. Ele estava sozinho, passou pela salão e olhou para onde eu estava, nossos olhos se encontraram e ele abaixou a cabeça sumindo pelo corredor.
— Augusto não está mais tendo aula de dança? – eu perguntei para a Sra. Dickinson.
— Não, ele disse que já era o suficiente. Eu acho que ele só não queria mais ter aulas mesmo, ele anda distante ultimamente, parece meio pra baixo. – os olhos dela ficaram tristes. De repente ela levantou os olhos pra mim e seu rosto se iluminou. — Que tal eu dar uma jantar aqui depois do conserto? Ele vai se divertir um pouco e se sentir mais a vontade por estar em casa.
— Talvez seja uma boa ideia. – eu disse para não decepcioná-la, mas talvez não seja uma boa ideia na opinião de Augusto.
— Você pode fazer companhia a ele. – ela disse e ergui as sobrancelhas.
— Eu?
— Sim, vocês são amigos, não é?
— Acho que sim. – respondi. Se eu fosse falar a verdade eu diria a ela que queria ser mais que amiga dele e que ele não queria nem minha amizade. Meu telefone tocou e eu atendi sem olhar.
— Senhorita, Joana, estou preso no trânsito, chego para buscá-la assim que poder.
— Tudo bem, George, eu espero você aqui. Tchau. – me virei para a Sra. Dickinson — O motorista vai demorar a chegar, se importa de me deixar ficar aqui?
—É claro que não! Eu só estou cansada, mas vou pedir ao menino para te fazer companhia.
— Não precisa! Sério. – eu levantei e a ajudei a ficar de pé, logo uma das meninas que trabalhavam para ela apareceu para acompanhá-la até o quarto.
Da sala, eu vi quando a menina saiu do quarto dela e subiu as escadas. Droga, ela iria chamar Augusto. Instantes depois que a menina desceu e me oferecu um sorriso, Augusto desceu a escada. Eu estava sentada no sofá, acompanhei seus passos até ele se sentar em uma poltrona de um lugar, ao invés de se sentar ao meu lado.
— Eu vi seu vídeo. – ele comentou, me deixando surpresa, achei que ele só ia me ignorar até o motorista chegar.
— Eu nem tinha visto até um dos amigos de Brandon me mostrar no intervalo. – ele balançou a cabeça pra cima e baixo devagar enquanto me olhava.
— Aquele menino. Era algum amigo seu? – ele estava com ciúmes, notei, me sentindo especial só um pouquinho.
— Não, eu estava de viagem. É comum em alguns restaurantes ter piano e qualquer cliente pode tocar se souber. Minha mãe pediu, então eu toquei a música que ela queria e aquele menino, que estava no restaurante, veio para cantar.
— Entendi. – ele olhou pra chão de carpete e depois para o meu rosto de novo. — A propósito, você estava linda, nunca tinha visto você tocar... digamos, ao vivo. Você parecia muito feliz.
— Obrigada. É algo que amo, não tinha como não estar. – falei, sendo sincera. Ele ficou quieto por um longo tempo, olhando para todos os cantos, evitando meu olhar, que eu não conseguia tirar dele. — Gosto do seu cabelo assim.
— Assim como? Grande? – ele voltou a olhar pra mim.
— Sim, gostaria de passar as mãos nele. – não terei os olhos dele, e ele não desviou dessa vez.
— Você pode passar, se quiser. – ele disse, estávamos conversando tranquilamente, como se estivéssemos falando do tempo.
Como ele permitiu, levantei do sofá e com uns passos eu parei na frente dele, que ergueu a cabeça e me fitou. Passo uma uma das mãos nos cabelos macios dele, jogando eles para trás, ele abaixou a cabeça, ficando com os olhos na altura na minha barriga. Contineu mexendo em seu cabelo e ele ficou parado, ergui a outra mão e passei no rosto dele, acariciando sua bochecha e seu maxilar. Puxo o rosto dele pra cima, que permitiu sem dizer uma palavra, quando seus olhos se fixaram no meu, abaixo a cabeça e beijo seus lábios, ele fechou os olhos e retribuiu o beijo, com a mesma calma que eu estava.
Senti seus dedos no meu joelho, que estava encostado na perna dele. Aquele beijo lento e calmo, me fez querer guardar esse momento em um bote para sempre. Quando me afastei, seus olhos me fitavam dolorosamente tristes, foi a minha vez de beijar a sua testa. Ele estava lutando contra isso, contra o que sentia por mim. Peguei minha bolsa e saí da casa, George não demorou muito a chegar, se desculpando por ter demorado, e eu só o agradeço mentalmente por isso.
*
Eu estava nos bastidores, super nervosa porque a próxima a se apresentar era eu. Meus pais e a Sra. Dickinson estariam na segunda fileira, bem perto do palco, eu queria muito que Augusto estivesse também, mas não tinha sobrado ingresso para ele de qualquer forma. Queria muito que ele visse a apresentação. Ele não me mandou mensagem e nem eu mandei para ele depois do beijo de ontem, eu deixaria rolar, o próximo passo agora teria que vir dele. Logo que a menina que tocou violoncelo saiu, foi anunciado o meu nome como convidada especial e mais nova pianista do ano.
A menina acenou para mim, me dando coragem, eu sorri agradecida e subi no palco, uma violinista estavam em um canto, para me acompanhar. Meu cabelo estava preso a metade com uma presilha atrás, enquanto eu andava ele balançava nas minhas costas, o piano estava no meio do palco, me sentei ereta e sem cerimônia comecei a dançar os dedos pelas teclas, não olhei na direção da plateia com medo de errar alguma nota, meu coração estava muito acelerada, eu fechei os olhos para me concentrar totalmente na música.
Me imaginei em um palco sozinha, sem ninguém na platei, eu tocava para mim mesma, dizendo que eu tinha conseguido chegar até alí, depois de muito treino. Então eu abri os olhos, agora eu estava nesse sonho, mas era o sonho que tinha virado realidade, olhei rápido para a plateia e vi que estava cheia, todos os olhares em cima de mim, apreciando o som daquelas teclas que formavam uma melodia de arrepiar, me senti radiante. Então eu terminei e me levantei, me curvando enquanto era aplaudida, com um sorriso no rosto, apontei para a menina, para lhe dar o devido espaço importante que ela teve.
Olhei para a segunda fileira e minha boca se abriu, meu príncipe encantado estava alí, Augusto estava sentado ao lado da Sra. Dickinson, impecavelmente lindo vestido de smoking, a gravata borboleta caiu bem nele. Ele estava com um grande sorriso e batia palmas, então ele parou e, sentado mesmo, fez um sinal de reverência pra mim. Vi quando meu pai se inclinou pra frente para ver onde eu estava olhando e essa foi minha deixa para sair do palco. Encontrei todos me esperando próximo a saída ao final do conserto. Augusto também estava.
— Você foi simplesmente fantástica, minha filha. – meu pai disse e me deu um abraço, só lhe retribuí com um pequeno sorriso de agradecimento. Minha mãe também me abraçou e disse palavras bonitas, a Sra. Dickinson me deu os parabéns e disse que esse era o primeiro de muitos consertos, depois sabiamente enganchou a mão no outro braço de meu pai.
— Posso me apoiar em você? — ela disse, com seu sorriso inocente.
— É claro! – ele respondeu caindo no papo dela, minha mãe estava do outro lado com a mão no braço dele também. Então Augusto veio e me estendeu o seu, eu coloquei minha mão e o apertei de leve.
— Parece que você fica mais linda a cada dia. – ele falou baixo, euqunato caminhávamos atrás deles. Derreti igual manteiga com suas palavras.
— Hoje o elogio pode ficar só para você, não sabia que tinha como você ficar mais lindo até o ver hoje.
— Essa roupa foi feita sob medida, acredita? Alguém foi lá em casa, passou uma fita em volta de mim e eu não entendi nada. – eu ri suavemente para ele, era fofo vê-lo sendo tão sincero. — Mas não olhe muito para mim, a estrela da noite é você. Você foi maravilhosa e eu só queria que você não parasse de tocar nunca aquela música, você parecia um anjo naquele palco.
— Obrigada. – eu disse tímida, o que ele disse aumentou a minha confiança mil porcento nessa noite. Aos olhos dele, eu era um anjo no palco, então resolvi acreditar nele e meu coração se encheu de alegria.
Seguimos de limousine até a mansão Dickinson para confraternizar. Ela convidou algumas pessoas que estavam no conserto hoje. Jantamos em uma mesa enorme ao ar livre, eu nunca tinha ido naquele espaço, então reparei tudo em volta, tinha um jardim lindo e uma piscina não tão grande, mas tinha várias luzes no chão em volta dela, iluminando a água.
A mão de Augusto pousou em minha perna por um minuto, ele estava querendo chamar minha atenção sentado ao meu lado. Olhei para seu rosto e ele sorriu sem mostrar os dentes, como se dissesse que fui pega e apontou com o queixo para que eu comesse. Meus pais não estavam perto, então podíamos ficar um pouco mais a vontade, nos olhamos algumas vezes com uma cumplicidade que me dava a sensação de sentir borboletas no estômago. Todos da mesa conversavam baixo, mas como eram muitas pessoas, ninguém iria perceber se eu conversasse com Augusto, e eu estava pouco me importando hoje se atraíssemos algum olhar curioso.
— O que está achando do jantar? – eu perguntei.
— Não deveria ser eu a perguntar, considerando que você está na minha casa? — ele ergueu as sobrancelhas, sorrindo. Ele estava falando cada dia melhor, sem gírias, que eu já percebi que ele soltava as vezes. Mas eu não ligava por ele falar algumas gírias, o tornava único.
— Mas você não está acostumado, por isso eu perguntei, se quiser podemos sair daqui. — eu estava ansiosa para ficar sozinha com ele, estava todo atencioso comigo, puxou a cadeira para eu sentar, me serviu alguns aperitivos.
— Eu estou bem, você é a única que retém toda a minha atenção. – essa era a hora nos filmes antigos em que a mocinha desmaiava. Mas como não estávamos em um filme, peguei sua mão em baixo da mesa e apertei. Se esse garoto estivesse brincando comigo, dessa vez eu faria questão de entrar para as forças armadas só para aprender a atirar.
— Vamos sair daqui, quero poder abraçar você. — eu falei em seu ouvido, ele riu e se afastou, estendendo a mão.
— Ao invés disso, vamos dançar. Quero que alguém veja que as aulas de valsa deram certo.
— Sério?– eu pensei no meu pai por um minuto, o medo de que ele fizesse algo para me levar embora durou apenas um segundo, peguei a mão que Augusto estendia e fomos até uma área onde tinha mais dois outros casais dançado.
— Seus pais estão olhando. – ele disse ao me tomar nos braços.
— Não quero olhar. Vou fingir que estamos sozinhos. – eu sorri para ele e começamos a dançar, parecíamos um casal, a roupa combinando, Augusto me conduzia muito bem, sem tirar os olhos do meu. Uma mão estava em minha cintura e a outra segurava minha mão.
— E aí, está dando certo?
— Não, estou sentindo que todos os olhares estão sobre a gente. – falei, eramos os mais jovens do recinto, e se pensar bem, Augusto era um dos anfitrião da casa, ele que herdaria tudo isso aqui. Com certeza deviam ter muitas pessoas curiosas sobre ele e sua vida.
— Se concentra em min, sou o único que importa. – eu falou para se gabar, mas no momento ele era mesmo o único que me importava. Quando a música acabou e não conseguimos nos soltar, prontos para mais uma música, alguém deu um tapinho no ombro de Augusto e ele olhou pra trás.
— Posso ter a vez? – meu pai perguntou, só por educação, e já me pegou nos braços. Augusto fingiu um sorriso e saiu.
— Ele é alguém importante pra mim, é só isso que o senhor precisa saber. – levantei o rosto e tentei me manter firme.
— Alguém importante? – meu pai sabia fingir serenidade quando estava em público, mas eu sabia que ele queria bufar igual um touro.
— Sim. Ele é uma pessoa bondosa e inteligente.
— Então vocês passam muito tempo juntos? Você o conhece tanto assim?
— Ele assiste minhas aulas de piano as vezes. E conversa comigo enquanto eu espero o carro. – estava meio longe da verdade, mas já tinha acontecido. Percebi que meu pai queria saber onde a gente se via tanto além dessa casa. E eu não duvidava de que ele pudesse cancelar as aulas de piano.
— Você disse que ele é inteligente... ele estuda ainda?
— Ele estudou no orfanato, o senhor sabe.
— Ele não tem faculdade, nunca trabalhou, vai receber uma herança que nem vai saber como gastar. E ele tem o que, mais de 20 anos, não é? – ele estava me falando que Augusto não era uma opção para mim, era isso que ele estava querendo me dizer, que não o aceitaria como alguém especial na minha vida.
— O senhor devia conversar com ele, não o julgue se não o conhece. Isso é muito feio. – eu estava quase pisando com o salto no pé dele de propósito, para fazê-lo sentir dor.
— Conversamos quando ele foi lá em casa, não entende nada de finanças, por exemplo.
— Eu não entendo nada de finanças, milhares de pessoas no mundo não entendem nada de finanças, então deixa ser sem escrúpulos, pai. — minha voz estava alterada, e já tínhamos parado a dança, as pessoas estavam olhando pra gente e eu saí daquele jardim, passando pelo corredor grande e saindo na casa da Sra. Dickinson, Augusto estava sentado no sofá conversando com um senhor. Ele me chamou quando me viu passar feito um furacão em direção a porta.
— Ei ei ei, anjinha, o que tirou sua paz? – me alcançou quando já estava do lado de fora e fechou a porta atrás de si.
— Você sabe quem. – falei grosseiramente, meu peito subia e descia rápido, eu estava com muita raiva e só queria sumir por um tempo.
— Ei, calma, respira fundo. Estou assustado, parece que você vai cair dura a qualquer momento. – ele segurava meus braços e tentava fazer com que eu olhasse para ele, mas eu não queria, seus olhos me fariam ceder e eu queria quebrar alguma coisa. Um copo de vidro já serviria.
— Queria quebrar um copo. – eu disse, achando que ele iria rir da minha cara e tentar me acalmar de novo.
— Tudo bem, não saia daqui e continua respirando. – ele entrou de novo e voltou com um copo. Deu na minha mão e apontou para uma coluna de cimento, que sustentava aquela pequena área na minha frente. Joguei o copo e ele se espalhou em caquinhos pelo chão.
— Alguém pode se machucar, é melhor eu catar. – eu me mexi pensando que eu era a maior idiota do ano.
— Calma, eu cato, sente aqui. – ele me sentou em um balanço de madeira que tinha ao lado, voltou com uma vassoura e uma pá e catou os cacos de vidro. Depois voltou e se sentou ao meu lado. — Agora melhorou? Quer me dizer o que seu pai fez?
— Não. – olhei para minhas mãos juntos no colo.
— Ele não quer você comigo, não é? – eu não consegui dizer nada, nem precisava. Augusto também ficou quieto, enquanto ele balançava o banco com o pé no chão para frente e para trás. — Não é como se isso fosse alguma novidade, Joaninha.
— Não me importo com ele mais, Augusto. Assim que fizer 18 anos, que está perto, vou sair daquela casa.
— Não vai, Anjinha, tem muito a perder se sair. – ele pegou minha mão.
— Não quero saber do dinheiro dele.
— Você não está pensando com clareza, você não pode abrir mão de algo que é seu. E você viveu a vida inteira dessa maneira, não sabe o que é viver do outro lado da moeda.
— Eu tenho que aprender, Augusto, não vou morar com eles pra sempre mesmo, eu tenho que aprender a trabalhar, eu quero viver da música.
— E eu apoio isso, pode ter certeza. Mas espera você fazer 18 anos, não para sair de casa, mas para ver como as coisas vão mudar com ele. Ele vai ceder mais, ele sabe que você não é mais uma criança.
— Ele me trata como se eu fosse, a única que tem me entendido ultimamente é minha mãe. Ela viveu isso que tô vivendo, sempre presa, sem voz. Ela me apoio pelo que eu tô lutando.
— Então continue lutando! Continue mostrando que você amadureceu, não faça rebeldias, só mostre a ele do que você é capaz. E não se esqueça de que eu tô aqui, sempre vou estar te apoiando. – sem conseguir me segurar mais, joguei os braços em volta do pescoço dele e o abracei. Ele disse que sempre estaria comigo, ele estava dizendo que queria compartilhar a vida comigo, que me queria por perto.
— E eu sempre vou estar aqui para você. – eu disse o apertando. Eu queria dizer mais a ele, que ele nunca ficará sozinho, que eu jamais o abandonaria como seus pais fizeram. Mas deixei para uma outra oportunidade, teriam muitas, agora estamos finalmente juntos.
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