Tenham uma boa leitura!

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Taehyun:

Desculpe senhora, mas eu não faço programa.

Foi o que Taehyun escreveu a outra, que demorou apenas alguns minutos para visualizar e responder a mensagem.

Desconhecida: 

O que?

Não!

Você me interpretou errado! Não era o que eu queria dizer.

Taehyun:

Então que proposta seria essa?

Desconhecida: 

Acho melhor marca para conversar pessoalmente sobre isso.

Mas no geral é um simples trabalho de uma semana e eu estou disposta a pagar bem.

Taehyun:

Isso ainda me parece estranho. Mas se foi senhor Jung que me indicou eu vou confiar.

Taehyun havia conhecido Hoseok nessa última empresa em que trabalhou. Ele é um gentil designer de interiores muito sorridente e simpático. Diferente de todos daquele ambiente, cujo procuravam se mostrarem superiores, Hoseok foi o único a ser legal com Taehyun. Às vezes sentavam juntos na hora do almoço, onde riam e se divertiam na pouca hora de intervalo.

E em um desses dias, compartilhando o mesmo espaço durante a refeição, que Taehyun se sentiu confortável o suficiente para lhe contar a condição difícil que vivia. Aliás Hoseok sempre foi muito aberto consigo, contando de sua infância até suas discussões com o namorado.

O designer foi o único que o ajudou no momento em que ele era atacado pelo patrão, minutos após ser flagrado. E mesmo tendo o risco de ser demitido, Jung correu em sua direção e segurou seu chefe o impedindo de continuar agredindo Kang.

Jung era alguém verdadeiramente legal consigo, logo Kang acredita que ele não iria o expor a qualquer um.

Taehyun:

Onde podemos nos encontrar?

Desconhecida: 

Você escolhe.

Taehyun:

Você pode ir ao restaurante Flavorroom?

O motivo de ter escolhido este restaurante é bem simples. É nele onde Taehyung trabalha, ou seja, se a tal Kim for uma doida e tentar qualquer coisa com ele, poderia gritar que logo Taehyung o ajudariam sem hesitar.

Desconhecida: 

Okay. Nos encontramos às sete, pode ser?

Taehyun:

Tudo bem.

Então Min-Ji não o respondeu mais. Taehyun, por sua vez, largou o celular sobre a mesinha de centro, passando os dedos entre as mechas longas as jogando para trás. Ele não sabia o que pensar sobre aquilo. Não sabia se ficava feliz pela pequena proposta de trabalho. Ou se alimentava sua desconfiança pelo fato da Kim não ter dito sobre o que se trata o serviço.

Mas Taehyun preferiu ignorar sua desconfiança e se apegar no alívio de uma nova possibilidade de voltar ao trabalhar, mesmo que por sete dias. Aliás ele poderia mostrar a Kim o quão bom ele pode ser; e quem sabe conseguir um emprego fixo?

Com isso voltou a prestar atenção na série exibida na televisão e no seu simples e nada nutritivo almoço, um pouco mais empolgado.

Às cinco da tarde logo chega, o horário que geralmente voltava para casa quando trabalhava. Então Kang se apressa em lavar a louça que usou, arrumar a sala e enfim partir da casa do amigo, que ainda trabalha por estar fazendo hora extra, como sempre faz aos sábados.

ㅡ Pai! ㅡ Ele grita ao chegar em casa e encontrar a sala onde o seu velho costuma está a aquela hora, atento a um programa americano bobo, vazia.

ㅡ Tae! ㅡ A voz do mais velho soa abafada lá do quarto.

A casa onde moram não é muito grande ou luxuosa, mas é espaçosa o suficiente se comparada com o preço do aluguel que pagam. Aliás, até mesmo uma mansão num bairro como aquele, seria tão barato quanto um picolé.

ㅡ Oi appa. ㅡ Ele sorri para o mais velho quando abre a porta do quarto vendo o nu sobre a cama
ㅡ Quer ajuda?

ㅡ Acho que consigo sozinho. ㅡ Diz puxando uma das pernas finas, por conta da atrofia muscular, para passar a cueca.

ㅡ Tem certeza?

ㅡ Tenho sim. ㅡ O pai diz fazendo o mesmo processo com a outra perna.

ㅡ Então eu vou comer alguma coisa, se precisar de algo é só me chamar.

ㅡ Tudo bem filho. ㅡ Afirma o outro e em seguida Kang fecha a porta do quarto, se retirando.

Taehyun segue diretamente a geladeira, de onde tira uma pequena tangerina. Enquanto descasca a fruta cítrica, fazendo seu cheiro se espalhar por todo o ambiente, seu pai aparece um tempo depois no cômodo deslizando sua cadeira de rodas.

ㅡ Como foi no trabalho?

ㅡ Normal. Um pouco cansativo, mas nada de diferente.ㅡ Taehyun se sentia tão mal em mentir para ele, mas tinha certeza que se sentiria pior em revelar que havia sido demitido.ㅡ E o senhor? Como se sente? Já tomou seus remédios?

ㅡ Estou bem, e sim tomei meus remédios na hora certa.

ㅡ Acho bom senhor Kang, pois você e sua mania de tomar os medicamentos na hora que bem entende, me preocupa.

O pai ri.

ㅡ Você seria um enfermeiro insuportável. ㅡ Brinca vendo o filho jogar a casca da fruta na lixeira abaixo da pia.

ㅡ Você não ia comer? Digo, comer algo com mais sustância?

ㅡ Ia, mas lembrei que tenho um compromisso daqui a pouco. ㅡ Explica, levando o gominho da fruta a boca.

ㅡ Um compromisso? É com uma garota? ㅡ O mais velho indaga risonho.

ㅡ Não, não é com uma garota. Não é o tipo de compromisso que o senhor está pensando. ㅡ Fala ao contorcer sua face em uma leve careta com a acidez da tangerina.

ㅡ Pois deveria. Você tem que se divertir como um jovem da sua idade.

E como se divertiria tendo uma montanha de dívidas para pagar?

ㅡ Não tenho tempo para essas coisas pai. ㅡ Mastiga mais um gomo azedo.

A vida arrancou a juventude de Taehyun e em seu lugar colocou a responsabilidade de provedor diante do acidente de seu pai. Então eram raras às vezes em que saia como um jovem da idade dele "normal". E não é pelo fato de que não goste de ir para baladas e festas para se divertir, pelo contrário, adora, mas o que o impede é está sempre cansado de mais ou com dinheiro de menos.

ㅡ Eu me preocupo com você Taehyun. Você se ocupou tanto em cuidar de mim, que se esqueceu de você mesmo.

Kang abaixa a cabeça encarando suas meias brancas. Uma mania que se repete quando o jovem quer fugir de algum assunto, ele sempre olha para seus pés.

ㅡ Olhe para você. A quanto tempo não sai com seus amigos? Não se cuida? Não quero que seja infeliz por minha causa.

ㅡ Não diga bobeiras senhor Kang. ㅡ Encara o pai com firmeza. ㅡ Eu sou feliz apesar de tudo.

ㅡ Para você o sinônimo de felicidade é virar noites com uma calculadora em uma mão, contas na outra e limpando a bunda de um velho? É isso? ㅡ Ironiza com um sorriso pequeno.

Taehyun ri sem humor balançando a cabeça negativamente para a última fala do pai.

ㅡ Eu não limpo a sua bunda, o senhor já consegue fazer isso sozinho a muito tempo. ㅡ Diz para dissipar o clima estranho que aquela conversa trouxe, arrancando risos de ambos. ㅡ Bom, eu vou tomar um banho. ㅡ Fala o mais novo, assim que as risadas acabam, caminhando para fora do cômodo.

Kang entra no banheiro, pensando no que seu pai havia lhe dito. Pois para muitos a felicidade era interpretada como não ter dívidas, ser rico, famoso ou ter uma família perfeita.

Bom, Kang não tem nenhum desses, pois dívidas tem que sobra. A falta do dinheiro é algo tão comum quanto respirar. Famoso? Ele só tem quatrocentos seguidores no Instagram! Uma família perfeita poderia ser até um ponto a se considerar, isso se sua mãe não tivesse simplesmente ido embora. Ou como Taehyun prefere, ter ido comprar cigarro e nunca mais voltado.

Mas sobre todos esses pontos, Kang no fundo de seu coração sente a felicidade. Mas não é fácil mantê-la ali, viva, diante de sua realidade conturbada e exaustiva, mas ele sempre dá um jeitinho.

Os pensamos são interrompidos junto ao fluxo da água quando o chuveiro é desligado. Em seu quarto, vestiu-se com um simples jeans preto comprado a uns três anos e uma jaqueta de couro falso que ganhou de Taehyung em seu último aniversário. Suas argolas não foram esquecidas e um perfume barato borrifado sobre seu corpo.

Cheirosinho e devidamente arrumado, ele deixa seu quarto.

ㅡ Estou indo Velhinho. ㅡ Fala pegando sua mochila deixada sobre o sofá anteriormente.

ㅡ Se cuida Janelinha. ㅡ O pai usou o apelido de infância, que Kang tanto odiava. Apelido esse responsável pelos inúmeros berreiros do pequeno na época, pela falta dos dentes da frente.

ㅡ Não se fazem pais como os de antigamente. ㅡ Ri calçando os pés com seus coturnos lustrados, estes que só eram usado em ocasiões especiais.

Ao se despedir de vez do mais velho, segue em direção ao ponto de ônibus próximo a sua casinha. Ouvindo a mesma música que ouviu durante toda a semana. Kang costuma fazer isso, sempre que acha uma música legal a ouve até enjoar por completo. E no momento não tinha música melhor do que I'm a loser.

E para combinar ainda mais com a letra cantada animadamente pelos Beatles, um de seus fones decidiu simplesmente parar de funcionar no meio da viagem de ônibus. E ele quase chorou por isso.

Ao chegar em seu destino, desce da condução e enquanto caminha para o restaurante, seu celular vibra em sua calça com uma mensagem. Seu coração logo dá um leve solavanco de ansiedade.

Desconhecida: 

Já estou no restaurante, na mesa treze.

Taehyun:

Estou chegando...

Após uma caminhada considerável, ele enfim adentra o restaurante bonito e de decoração moderna. Passeia entre as mesas ocupadas por pessoas endinheiradas, até a chegar a mesa indicada.

Kang conhecia muito bem aquele lugar. Pois às vezes, em dias como natal ou datas onde o restaurante exigia mais garçons, Tae sempre conseguia algum bico para o amigo.

Ao se aproximar da mesa, Kang quase paralisou ao ver a mulher ali, concentrada em seu celular. Os cabelos castanho escuro perfeitamente alinhados, um blazer feminino aparente caro cobrindo uma camisa branca. O rosto era delicado. O nariz pequeno que chega a ser adorável, entra em contraste com os lábios delicados, junto ao maxilar delineado, tirando todo ar de graça e a deixando sexy.

A beleza de Kim era inegável e extremamente intimidadora. E Kang ao ver o quão bonita, elegante e bem vestida que ela é, se sentiu coagido.

Min-Ji logo percebe o olhar silencioso sobre sobre si, erguendo seus olhos felinos do celular, passando a fitá-lo com curiosidade.

ㅡ Taehyun? ㅡ A voz dela era delicada e suave.

ㅡ Kim Min-Ji? ㅡ Kang pronuncia um tempo depois todo atrapalhado.