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27: Estande de tiro

Com o sumiço repetindo de Wanessa, os planos de Laura atormentar ela foram por água abaixo. Então focamos em nós dois, aproveitam do modo correto a nossa lua de mel. Foram uma semana e meia, nos curtindo e nos amando, mas com a vida não é um mar de rosas, eu estou no celular com o desgraçado que fodeu a minha vida e a da minha mãe.

‐ Como você tem a audácia de ligar para mim, seu merda – dei um tapa na mesa, atraindo vários olhares.

‐ Você é meu filho.

‐ Seu filho é um caralho – levantei a mão, pedindo outro Negroni – Você devia ter pensado nessa palavra a muitos anos atrás.

‐ Henri, é assim que os seus amigos te chamam, né? – ele está sóbrio, mas não sei por quanto tempo.

‐ Como você disse, meus amigos e você não é um! – bebi um pouco do meu Negroni.

— Eu sei que não fui um bom pai…

‐ Você só pode estar brincando, Andrews. Você não foi um P—A—I, seu desgraçado de merda – tomei todo o meu drink em um gole longo.

‐ Henrique, eu sinto muito e quero ter uma chance com você.

Uma crise de riso me consumiu e eu deixei tudo em cima da mesa e segui para a praia, longe dos olhares. Controlei a minha risada  e dei um beijo na bochecha de Laura, que estava conversando com uma modelo que estava no resort para fazer um comercial de apresentação. Me sentei na areia quente, sentindo todo o meu corpo pesar.

‐ Quanto que você precisa, Andrews? Me dê a quantia, que eu transfiro para você.

‐ Henrique não é isso! – eu escutei um barulho de cartão raspando uma superfície de madeira.

‐ Quanto que você quer? Me dê o número agora e nunca mais ligue para mim – o ar quente sai dos meus pulmões com dificuldade.

‐ Quinhentos e sessenta mil dólares.

‐ Não me liga nunca mais.

Encarei a ligação e arremessei meu celular no mar. Pressione  as pernas contra o meu peito. Gritei alto, deixando todo o ar que eu estava prendendo sair dos meus pulmões. Como ele era capaz de me pedir mais de meio milhão de dólares como se fosse nada.

‐ O que aconteceu, meu amor? 

Laura se sentou ao meu lado, me envolvendo em seus braços. As lágrimas que aquele ordinário não merecia, começaram a escorrer pelo meu rosto.

‐ Eu não acredito que ele ligou para pedir dinheiro para comprar drogas. Que filha da puta de merda.

‐ Que quem você está falando meu amor? – suas mãos acariciavam meus bíceps.

‐ Meu pai, Laura. Meu pai – eu não conseguia gritar perto da minha esposa e eu precisava gritar – Laura, eu preciso gritar e não vou conseguir com você perto de mim.

‐ Conheço um ótimo lugar para você extravasar. 

Ela se levantou e eu me levantei junto com Laura. Minha esposa colocou o meu celular dentro da sua bolsa. De mãos dadas, fomos andando pelas propriedades. Paramos em frente a um galpão fechado, mesmo não tendo janelas, consegui ouvir alguns sons abafados.

‐ Só não me imaginava no alvo.

Ela me deu um beijo suave e apertou o interfone. Quando o homem abriu a porta, os som ficaram mais altos. Estávamos em um estande de tiro. Ele entregou um fone anti—ruido para mim e para Laura. 

Entregamos no galpão e fomos guiados em meio às cabines de tiro. Laura ficou na cabine ao meu lado. Olhei para a arma na minha frente e engoli em seco. Nunca tinha pegado em uma arma. Ela é pesada e gelada. Olho para o lado e Laura recarregou a arma e mirou no papel desenho. Ela segurava a arma com precisão, acertando o alvo na cabeça.

— Vai em frente. Vai se sentir bem melhor depois – disse o loiro ao meu lado.

Ele me ensinou a carregar e depois como segurar a arma. Olhei para o desenho no papel e dei o primeiro tiro, acertando o ombro da imagem.

‐ Imagina que é a pessoa que você mais odeia.

Fechei os meus olhos com força e o abri, a imagem do papel foi substituída pela imagem do meu pai. O seu rosto estava embaçado, mas aos poucos a imagem do seu rosto ficou nítida e como eu me lembrava. 

O loiro tirou a pistola da minha mão e colocou uma metralhadora na minha mão. Olhei para o alvo e meu pai ainda estava ali, com seus sorrisos cínicos e os dentes podres. Fechei os meus olhos me lembrando dos meio milhão e que ele nunca quis tentar ser meu pai.

Quando abri o meu olho, apertei o gatilho. A cada bala que sai pela boca da arma, ela dava um coice para trás. Quando a imagem do meu pai sumiu, olhei para frente e o rosto da figura não existia mais.

‐ Pode me entregar isso, é melhor deixar longe da sua mão – o homem saiu carregando a metralhadora.

‐ Como está se sentindo agora? – ele secou o suor que escorria na minha testa, com o dorso do seu dedo.

‐ Nunca me senti tão leve.

O loiro me entregou o papel com o desenho de uma pessoa, com o rosto furado. Nos despedimos e Laura uniu nossas mãos. Quando chegamos no resort, seguimos direto para o nosso quarto.

‐ Eu te amo, minha pimentinha – Comecei a alisar sua coxa, subindo a sua saia de tênis – Toda essa merda estragou meus planos.

‐ Também te amo, raio de sol – meus dedos deslizaram para dentro dela arrancando um gemido de nós dois.

Fui empurrando seu pequeno corpo até a cama, a fazendo cair no colchão. Respirei a minha esposa rapidamente. Laura segurou a minha nuca e uniu nossos lábios em um beijo intenso. Suas mãos abaixam a minha cueca, me encaixando dentro dela. Seus olhos estão brilhando e sua pele está avermelhada, não tinha como minha esposa estar mais linda.

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