Prólogo
- Chapeuzinho ver...ver...
- Vermelho querida - Sua mãe rainha Catarina, penteia seus cabelos dourados enquanto a pequena Eleanor tentava ler em sua cama. Como sempre faziam antes de dormir.
- Mamãe por que eu tenho que aprender a ler e escrever? Minhas amigas da corte não fazem isso... - Ouvindo a duvida de sua filha, Catarina para de pentear seus cabelos e coloca a escova na penteadeira ao lado.
- Ora Eleanor, para ficar inteligente - A jovem fecha o livro já ficando cansada, e sua mãe o pega colocando-o sobre a penteadeira ao lado da escova.
- Papai me disse que só é preciso aprender a agir como uma dama e ser uma esposa eficaz para casar. Se não nunca serei cortejada.
- E eu lhe digo que um casamento vai além de serviços domésticos e um rostinho angelical - Diz segurando seu rosto e acariciando as pequenas bochechas dela - É sentir um frio na barriga perto dele, é desejar telo por perto, sentir calor em pleno inverno, é amar... compreende?
Seus olhos brilhavam ao falar, era quase como mágica para a pequena Eleanor.
- Como a senhora e o papai? - Disse animada. Catarina não soube o que responder.
O olhar da rainha ficou distante por um momento, mas logo em seguida ela se endireita e beija sua testa.
- Como eu e você, de um modo diferente, mas um grande amor - Catarina arruma a coberta para sua filha ficar bem quentinha, seu rosto a luz de velas estava pálido e cansado - Durma bem minha princesa, estarei sempre contigo ouviu? Na alegria ou no perigo.
Ela se levanta apaga as velas no candelabro e fecha as grandes portas do quarto tentando fazer o minimo de silêncio.
- Luiza... - A Rainha Catarina coloca a mão na testa e se apoia na porta. Faz algum tempo que se sentia tonta e enjoada, mas não podia transparecer para Eleanor.
Luiza, sua dama de companhia, mal prestou uma reverência ao ver Catarina. Segurou seu braço a guiando para a poltrona mais próxima.
- Como está se sentindo majestade? - Luiza diz agachada ao seu lado abanando a mesma.
- Estou um pouco tonta Luiza, tonta e enjoada...
Catarina coloca as mãos na boca tendo uma crise de tosse, sente um gosto amargo na boca e desvia o olhar para suas mãos.
- Majestade, suas mãos..! - Luiza encarava petrificada os pingos de sangue - Providenciarei um médico imediatamente!
Luiza diz já se levantando, porém é detida pela rainha que segura seu braço.
- Obrigada Luiza, mas quero ver meu marido antes de qualquer outra coisa.
Catarina se levanta com a ajuda de Luiza e seguem para a porta onde a mesma encarava. Seus aposentos.
- Majestade não seria melhor chamar por um médico? - Luiza pergunta preocupada, mas mesmo assim permanece ao lado da rainha aguardando ordens.
A rainha se dirige para uma poltrona perto da lareira e se senta.
- O rei...peça-o para vir ao meu encontro Luiza - Catarina pede ofegante.
- O rei Ricardo não retornou ao castelo ainda minha senhora...
- Mande preparar um chá para mim Luiza, aguardarei o retorno do meu marido...
- Minha senhora suplico deixe-me providenciar um médico, a senhora está pálida - A jovem Luiza de apenas 15 anos diz tornando ainda mais aparente sua preocupação e consideração pela rainha, que sorri fraco e apenas acena com a cabeça para ela se retirar.
Luiza presta uma reverencia e se retira impotente.
O quarto estava quente, o chá morno, e Catarina tremendo de frio. A cada 10 segundos Gaspar aparecia com um pano úmido e colocava em sua testa. Gaspar é seu mordomo desde os 15 anos, e nunca a vira nesse estado decadente.
- Catarina enviarei mensageiros atrás do Rei - Disse.
- Não Gaspar, está tudo bem, vê? - Ela sorri fraco procurando mostrar melhoras, mas sua aparência a entregava - Daqui a pouco ele irá chegar...
- Mas se passaram quase 1 hora Rina! - Gaspar diz saindo de sua posição de mordomo real para amigo preocupado, Catarina era como uma filha para o mesmo.
- Ricardo chegará em breve...eu sei disso.
- Rei Ricardo, vossa majestade rainha Catarina lhe espera nos seus aposentos, minha senhora não passa bem - Luiza e sua irmãzinha Melissa, de 8 anos, prestam reverencia e o acompanham.
- Minha rainha... - Ele se curva e as meninas se retiram fechando as portas.
- Poupe-me das formalidades Ricardo, sou sua esposa lembra? - Catarina se levanta com certa dificuldade - Onde esteve?
- Resolvendo assuntos urgentes com o Grã-Duque.
Catarina se aproxima devagar se apoiando nos móveis, chega perto do mesmo analisando sua camisa com atenção. O Rei suspira pesadamente.
- Não sabia que o Grã-Duque apreciava tanto batom a ponto de ele mesmo o usar - Diz segurando sua camisa com marca de batom perto do pescoço.
Catarina larga sua camisa e segura seu rosto para poder encarar seu marido nos olhos. Seus olhos se enchendo de lágrimas lentamente.
- Quem é ela? Quem é ela Ricar...
O rei em um golpe rápido acerta a mão no rosto de Catarina.
- Silencio! Pode ter a coroa mas eu ainda sou o homem do castelo! Isso não são modos de se dirigir ao seu marido!
- Desde quando...desde quando não o satisfaço? Desde quando sou insuficiente...? - A rainha diz chorando e tremendo.
- Eu suponho que vossa majestade não se recorda que na verdade é casada com seu povo e não comigo. Desde o falecimento do miserável Rei George!
Em meio a soluços e lágrimas, a Rainha se ajoelha no chão tossindo freneticamente, tanto que começa a vomitar. Vomitar sangue.
- Catarina! Socorro! A Rainha está passando mal! Acudam, acudam! Minha esposa está passando mal! A Rainha está passando mal!!!
E foi a partir desse dia que as coisas ficaram diferentes no castelo. Em vez de sua mãe vir até a cama, Eleanor ia até a dela. Havia dias que ela agia normalmente, e por um momento Eleanor sentia que as coisas voltariam ao normal.
E havia dias que nem podia vê-la.
- Mamãe sou eu.. Você esta melhor..? - Melissa e Luiza a acompanhavam.
- Eleanor...Minha pequena...Eleanor - A criança se arrepia ao ouvir o som da sua voz depois de dias.
- E-eu..eu aprendi mãe, aprendi a ler chapeuzinho... - Olhou para Luiza pedindo permissão, e ela afirmou com a cabeça.
Para ficar mais fácil para continuar lendo mesmo com sua mãe nessa situação, Luiza se prontificou de deixar o livro dentro da primeira gaveta destrancada da cômoda. Assim Eleanor não teria dificuldades para carregar o livro um tanto pesado para ela até o quarto de sua mãe.
- "E-era uma vez uma d-doce garotinha chamada..." - Ela para de ler ao sentir a escova macia em seus cabelos, mil coisas se passaram pela sua cabeça com aquele simples ato de afeto que tanto sentiu falta. Se virando para sua mãe e encarando seus olhos estreitos, percebeu o quanto estava com medo -"Cha...chapeuzinho v-vermelho...
Como mãe, Catarina reconheceu o tom de choro na voz da sua filha, parou de escovar seus cabelos e segurou seu pequeno rosto com as mãos trêmulas.
- Ei, vai ficar tudo bem... - Disse ela num tom suave e calmo, sabendo que não estava apenas consolando sua filha, e sim consolando também Melissa, Luiza, seus súditos...e ela mesma.
- Mas... você está doente mamãe.
- Mesmo assim. Estarei sempre contigo.
Eleanor fecha seus olhos absorvendo essas palavras. Era estranho como essas simples palavras ditas por sua mãe sempre lhe dava forças. Já era algo delas, que compartilhavam desde que a mesma tinha medo de ficar sozinha no escuro e sua mãe quis lhe dar coragem. Um sorriso brota em seus lábios com a lembrança.
- Na alegria ou no perigo... - Após completar a frase que já havia se tornado um dilema entre as duas, abriu os olhos. Nada fora do comum. Melissa, Luiza...
E sua mãe que aparentemente caiu em um sono repentino.
- Majestade? Majestade! - Gritou Luiza indo até a cama.
Tudo aconteceu muito rápido, e assim terminou aquele mês turbulento.
- A rainha Catarina foi uma excelente rainha e com certeza uma ótima mãe e esposa - Seu pai rei Ricardo dizia abatido, ao lado do caixão - Uma pessoa incrível realmente, que deixará saudades e lembranças felizes para todos nós. A Lady Lívia, irmã da rainha Catarina, gostaria de proferir algumas palavras.
- Obrigada Ricardo - Sua tia lhe direcionou um sorriso abatido de pesar.
Ela subiu ao altar. Estava toda de preto e um batom vermelho gritante que dava destaque ao seu cabelo ruivo fogo.
- Ao saber da morte da minha amada irmã, Rainha Catarina...
- Rainha Catarina, que descanse em paz - Todos os presentes dizem juntos em respeito a falecida rainha.
- ...Chorei por intermináveis horas. Só de pensar na minha jovem e linda irmã, fora de seu trono sorridente como sempre, me da uma angustia e um imenso vazio. Vá em paz irmãzinha, e longa vida a herdeira, princesa Eleanor!
- Longa vida a herdeira, princesa Eleanor! Longa vida a herdeira, princesa Eleanor! Longa vida a herdeira, princesa Eleanor!!!
Essas palavras proferidas se repetiam na cabeça da herdeira ao trono, princesa Eleanor.
Esse foi o prólogo para vocês, fiquem atentos e acompanhem a trajetória da princesa Eleanor nos próximos capítulos. Gostou? Vote e comente é muito importante.
Obrigada por lerem, byebye
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro