Capítulo 6
Olhando para as nuvens de chuva se formando no céu, Eleanor pensa se realmente deve enviar Pib para entregar esse único convite. As semanas passam rapidamente e a pressão do seu casamento só aumenta. Nem a Madame Delaney tem atormentado sua vida como de costume, apenas falando sobre seu casamento e os arranjos da festa de noivado. Se sentia um mero peão em um tabuleiro de xadrez sendo controlado pelo rei, seu pai.
- Eleanor os convites estão sendo entregues aos mensageiros da corte para serem enviados, realmente não quer entregar esse único convite pelo mensageiro? - Gaspar pergunta pela segunda vez naquele dia, ficando sem tempo sendo que em breve os mensageiros sairiam.
- Tenho certeza. Os mensageiros tem o destino por escrito no envelope para entregar a todos, menos à esse. Se não for entregue a tempo ficarei arrasada. Pib é nossa melhor opção neste caso, fora treinado pela guarda e por ele.
Andando pelos corredores do castelo a princesa via a correria rotineira dos criados e guardas. Fazendo o máximo para manter tudo em ordem, seguro e confortável para a realeza. O trabalho duro deles que mantinha Bravença de pé aos olhos da princesa. Como seria no futuro? O que seu pai e o rei de Annikra tinham em mente se o casamento realmente fosse efetuado? Se mudaria para o castelo de Annikra? O príncipe se mudaria para Bravença? Criariam um novo castelo? Bom, se tudo der certo nos seus planos - e tem que dar certo, na hora do "aceita esse homem como seu legítimo esposo" gritará um forte e decisivo NÃO.
Eleanor sacode a cabeça tentando não pensar muito no desastre e nas consequências que isso levaria, voltando para o problema atual.
- Princesa - Cumprimentam os guardas que rondavam os arredores do castelo.
- Rapazes - Diz de volta se dirigindo ao seu destino.
Produzida quando era criança, o pombal ficava no jardim lateral do castelo próximo as estátuas esculpidas nas moitas. O método era apenas usado em casos raros por ter que contar com a memória das aves, o clima, a distância e a vitalidade do animal. Mas ainda assim era muito útil. Havia um pombal de pouso em cada província e reino contando com um pombo em cada, podendo entrar com facilidade e sair apenas quando a trave de segurança for retirada.
- Tenho uma missão para você Pib, pode fazer esse favor? - Eleanor se aproxima da entrada de comida e coloca um pouco das sementes na palma da mão, atraindo assim a atenção da pomba branca.
Tirando delicadamente o papel fino para não se despedaçar, ela o enrola e coloca na bolsa pequena e cilíndrica prendendo assim na perna do pombo com uma fita vermelha, cor usada para mensagens ao Félix.
- Entregue ao Félix por mim Pib - Eleanor solta a trave de proteção e o pombo voa para fora levando a mensagem consigo.
- Se as nuvens continuarem com esse aspecto Pib enfrentará uma tempestade princesa - Avisa Gaspar.
- Pib foi treinado pelo Félix junto do general, ele sabe o que fazer - Eleanor coloca a mão sobre seu bracelete com o pingente com a pomba que Félix lhe deu. Desde o dia que encontraram Pib o pombo esteve presente no cotidiano das crianças.
- Eleanor a dama Lillian está te requisitando no salão principal para ver se a decoração está do seu agrado - Melissa diz se aproximando apressada.
Logo esse pesadelo teria fim, era só conhecer o príncipe, conviver com ele até o casamento e rejeita-lo no altar no grande dia. Suspira profundamente antes de seguir Melissa até o salão principal, era tudo tão simples quando eram pequenos...
Eleanor corria pelo jardim procurando Melissa e Félix que haviam se escondido enquanto a rainha escrevia em um livro debaixo da sombra de uma árvore, ao lado de Gaspar.
- Mamãe mamãe, viu o Félix e a Melissa? Não consigo encontra-los - Catarina fecha o livro olhando sua filha reclamar como sempre fazia nesta brincadeira.
- Mas se eu lhe contar estragaria a brincadeira. Sei que vai conseguir encontrar eles Eleanor - A pequena cruza os braços emburrada.
- Mas mamãe eles sumiram! Não encontro eles em lugar algum!
Catarina arranca uma flor de dente de leão e prende atrás da orelha da princesa.
- Seria injusto eu contar para você que eles correram na direção da cripta - Diz a rainha com ar inocente fazendo Eleanor sorrir travessa. Sua mãe pisca para ela e coloca o dedo em frente a boca em sinal de silencio, e a jovem princesa imita antes de correr em direção a cripta.
- Minha pequena sempre tem mais dificuldade nessas brincadeiras - Comenta Catarina reabrindo seu livro e Gaspar solta uma risadinha fraca - O que houve Gaspar?
- E a senhora sempre acaba ajudando-a mesmo sabendo que é injusto - Catarina sorri de lado pensando nisso e depois encara Gaspar com as sobrancelhas erguidas.
- O senhor por um acaso vem contando? Que coisa feia de se fazer Gaspar - Gaspar a encara de soslaio sabendo que ela estava desviando a culpa dela como sempre e sorri.
Eleanor corria em direção aos arredores da cripta procurando por eles sem nenhum sucesso aparente, não tinha permissão para entrar na cripta e muito menos gostaria de entrar naquele lugar assustador. Onde poderiam ter ido?
- Tadinho - Ouviu baixo o que parecia ser a voz doce da pequena Melissa - Cuidado.
Caminhando na direção que pensa ter ouvido Melissa, ela ouve um barulho estranho que parecia ser um animal.
- Achei vocês! - Grita ao encontrar Félix agachado perto de uma árvore e Melissa em pé ao seu lado.
Uma pomba branca que aparentava ainda ser filhote começou a se agitar e Félix tenta acalmar ela.
- Elê está assustando ela - Eleanor se agacha ao seu lado para ver melhor, a asa da pomba estava machucada.
- Dodói viu? - Melissa aponta e Félix concorda.
- Achamos caído , o que devemos fazer com ele? - Indaga Félix.
- Você é o mais velho aqui, o que devemos fazer com ele? - Rebate Eleanor sem saber como ajudar.
- Mas você é a princesa aqui gracinha - Devolve o menino e Eleanor suspira tentando pensar em alguma coisa.
- Mel pode chamar minha mãe? Ela está perto do canteiro de rosas vermelhas.
Melissa assente e corre para chamar a rainha, Eleanor e Félix se sentam lado a lado vigiando o pombo.
- O que será que vão fazer com ele? - Pergunta Eleanor olhando para a pequena ave que já havia se acostumado com a presença das crianças.
- Não sei, mas espero que tratem da asa dele. Tadinho.
- Ele deveria ter um nome - Comenta de repente a princesa e Félix a olha.
- Um nome? Que tipo de nome?
- Humm...Piupiu! - Diz sorridente.
Félix cai na gargalhada e Eleanor fica envergonhada.
- Ache um nome melhor então! - Desafia.
Félix encara o pombo branco a sua frente e acaricia delicadamente suas plumas.
- E que tal Pib?
- Pib? - Ela encara o pombo de vários ângulos diferentes.
Melissa chega segurando a mão da rainha e Eleanor rapidamente se levanta.
- Ali ali - Repetia a criança de 5 anos levando a rainha para ver o pombo.
- Mãe, Félix e Melissa encontraram esse pombo machucado - Informa a princesa. Félix segura com cuidado ele e o leva até a rainha.
- Majestade, ele precisa de cuidados - Fala.
- Vamos cuidar dele Félix, para que possa voltar para a natureza em breve - Catarina sinaliza para Gaspar que pega a ave ferida.
- Quero ficar com ele mãe, quero ficar com o Pib - Eleanor pede e Catarina a olha pensando no que falar.
- Pib? Amor não podemos ficar com o pombo, sinto muito. A natureza é o lugar dele.
- Pombo correio - Félix diz apressadamente - Ele poderia virar um pombo correio.
- Não tenho certeza disso Félix, os pombos correios que temos são de um porte maior que este, teria que ter mais treinamento para ser como os outros e não seria prudente desviar algum guarda para sair de seu posto e se dedicar a uma pomba - Explica.
- Eu...Eu posso treinar ele! - Insiste o jovem - Por favor me deixe treinar ele majestade.
Catarina já com o coração amolecido diante daquelas três carinhas suplicantes, cede ao pedido deles e as crianças comemoram.
- Devo avisar ao general que teremos um novo pombo correio madame? - Comenta Gaspar diante da situação.
- Avise-o Gaspar, Tales arranjou um novo ajudante no ramo de pombos correios - Ri se retirando.
- Se continuarmos nesse ritmo não vamos conseguir despistar a tempestade antes de chegarmos no quartel de Zapheri.
- Me soltem aqui e eu dobro seja qual for o valor oferecido pelo marques - Disse o sujeito amarrado em um dos cavalos.
- Não tem nem onde cair morto e tenta nos subornar? - Riem.
- Sinto muito amigo, quem sabe na próxima vez - Félix diz amarrando a boca do homem para ficar quieto o resto do caminho.
- Depois de pegarmos a recompensa que tal irmos em alguma taverna? Por minha conta essa noite rapazes - Os homens comemoram animados com o anuncio de Felipe e Félix nega com a cabeça.
- Vão sem mim, estou sem disposição para beber hoje - Comenta e todos o encaram.
- Tem compromissos melhores para essa noite então? - Insinua Felipe e Félix revira os olhos.
- Diferente de vocês que os compromissos se resumem a bebidas e mulheres eu estou cansado. Fizemos uma viajem longa para Bravença em pouco tempo, e logo fomos requisitados pelo marques, estou exausto.
- Não foi nossa ideia vir para Bravença, mas o grande Lorde Félix Cullbert não consegue rejeitar um convite da sua princesinha.
Os homens riem e Félix permanece quieto.
- Não é de se admirar, a idade está fazendo dela uma mulher.
- Eleanor é apenas uma criança seus marmanjos maliciosos, como podem enxergar ela dessa forma depravada? Melhor ficarem quietos o restante do caminho, já passaram dos limites - Félix coloca um ponto final naquele assunto e arruma sua farda vermelha amarrada em seu braço direito.
Do alto do céu uma mensagem se aproximava em sua direção.
- Félix não é o pombo de Bravença?
Félix olha para cima e vê Pib se aproximando em sua direção, ele estende o braço para ele poder pousar com mais facilidade.
- Pib quanto tempo - Félix alisa suas penas e desamarra a bolsa de sua perna - O que trouxe para mim hoje?
Retirando a mensagem de dentro delicadamente e desenrolando, ele lê o conteúdo com atenção.
- Eleanor vai se casar??? - Repete abismado.
Na imagem: Félix e seus homens, ele é o do meio
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