aqua pearl
esse eh talvez o capítulo mais doloroso da fanfic. desde já peço perdão
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Junmyeon estava sentado no sofá, encarando o chão com uma lata gelada de café na mão. Da cozinha ele conseguia ouvir os barulhos de louça de vidro e panelas, mas não tinha nenhuma pista do que Yixing estava fazendo.
Ele só chegou dizendo que faria uma refeição para o mais velho, e Jun não conseguiu negar, mesmo que realmente não tivesse apetite. O clima estava estranho, o coreano se recusava a olhá-lo, porém não tirava da cabeça que poderia estar sendo mal-educado em não ajudar, já que ele estava fazendo aquilo para ele.
— Há quanto tempo você não limpa aqui? – O Zhang falou, fazendo Jun estremecer e levantar, meio sem jeito, para caminhar até a cozinha. Se encostou na parede e admirou as costas forte do outro enquanto ele andava para lá e para cá entre a pia e o fogão. Parecia estar fazendo risoto.
— Tem um tempo... – Respondeu baixo, com um pouco de vergonha. Será que seu apartamento estava fedendo?
— Certo. Onde ficam os produtos para limpeza?
— Por que você está fazendo tudo isso? – Preferiu ser direto, tomando um pico de coragem.
Yixing virou para olhá-lo. Tinha um pouco de suor na sua testa por causa do calor do fogão, e sua face tinha um sorriso comum, como se ele estivesse sorrindo sem perceber.
— Você lembra quando eu disse que gostava muito, muito de você? Logo depois de fazermos amor. – Jun sentiu seu rosto esquentar pela lembrança, mas lembrava bem. Aquelas palavras haviam mexido com o seu coração de um jeito inexplicável para ele.
E lembrava de responder que o gostava na mesma proporção.
— Naquela hora, quando eu disse aquilo, eu quis dizer...
O telefone começou a tocar. Yixing se calou e virou de volta para o fogão, mexendo a colher de pau de uma forma quase profissional. Myeon continuou parado, o olhando atônito, tentando raciocinar qual era o final da frase e esperando que ele o dissesse.
— Você deveria atender.
— Eu não quero... – O Zhang arregalou os olhos. Não era normal de Jun ter coragem para rebater ou dizer esse tipo de coisa. Ele costumava ser tão reservado e preso em seu mundo que se queixar de algo era incomum.
O telefone continuou tocando, preenchendo todo o silêncio do cômodo. Jun nem fazia ideia do porquê não queria atendê-lo. Sentia que, se fizesse, estaria fugindo mais uma vez. Já bastava ter fugido de seus sonhos, fugido de Minseok, era o suficiente. Ele não queria mais fugir e por isso estava deixando aquele maldito e irritante telefone tocar até que a mensagem da caixa postal fosse ouvida.
— Acho que não era importante. – Yixing falou, quando o telefone desligou sem qualquer tipo de retorno. Jun concordou com um resmungo. — Eu acabei.
Ele colocou o risoto em uma bandeja, pondo sobre a mesa. Jun pegou dois pratos no armário e pôs em cima da toalha, algo que foi inesperado para o chinês.
— Eu não pretendia comer...
— Você cozinhou, então... – Sentou, servindo-se.
Assim que colocou a primeira garfada na sua boca, garantiu quão bom cozinheiro era Yixing. Todo o sabor estava balanceado e leve, com certeza ele havia feito aquilo para que Jun não vomitasse ou se sentisse muito cheio rapidamente. O chinês encarava ele comer em silêncio, com medo de que não gostasse, mas quando Jun olhou para ele e sorriu de uma forma genuína, quase infantil, ele sentiu seu coração pular.
É como se cada pequeno detalhe do Kim fizesse ele se apaixonar de novo. E de novo, e de novo, e de novo...
— Eu amo você. – Disse, rápido, sem pensar. Como se sua boca fosse um órgão vivo que ele não sabia comandar. Seu coração havia o dado a ordem de dizer, e o cérebro não soube filtrar. Jun largou o garfo e o olhou assustado, se levantando da mesa. Yixing também levantou.
O coreano começou a encarar o chão, tentando fugir dos olhos negros penetrantes, sem saber dizer o que estava sentindo. Seu coração subitamente estava pulando forte.
— Eu nunca pensei que pudesse amar algo além da água... Ou que pudesse amar alguém além do meu pai... – Continuou, abandonando o racional. Pela primeira vez em sua vista, não pensaria antes de dizer. — Mas eu me apaixonei pela sua presença porque eu estou terrivelmente, perdidamente apaixonado por você, Kim Junmyeon.
— Professor Zhang...
— Naquela noite, Junmyeon... – ele engoliu o seco e, junto, as lágrimas — você me chamou de amor. Quando você me chamou de amor, eu percebi quão perdido eu estava.
— Eu não sou bom o bastante pra você, nem pra ninguém... Eu sou uma casca inútil na sociedade. Yixing, por favor...
— Posso melhorar por você, e você pode melhorar por mim. Quando há amor, o esforço é mútuo. – Jun se calou, se afastando mais um pouco, quebrando a proximidade que o Zhang colocou. Como poderia responder aos sentimentos dele, quando não conseguia sequer entender o que sentia? Ele também o amava? Era difícil entender.
Alguém só está vivo quando ele ama, porque é isso que nos faz respirar. Saber que existe alguém ou algo lá para nós, que nossa existência não é vazia e sem significado, ninguém estaria vivo sem isso. Quando deixou de amar qualquer coisa ou pessoa que passou pela sua vida, Kim achou que estava morto. Impossibilitado de ressuscitar, de achar a vida, como um barco que havia afundado subitamente. Sentir qualquer vestígio de amor em alguém, qualquer traço que indicasse que alguém além dele regia a sua vida... Era impossível. Ele só não conseguia, não podia imaginar.
Em seu estado imóvel e sem qualquer brilho nos olhos, Yixing o abraçou. Abraçou e apoiou a cabeça em seu ombro, soluçando pelo choro que prendia tanto a ponto da sua cabeça doer. Abraçou Junmyeon como se sua vida dependesse disso, como se ele fosse um pedaço de cristal que ele não queria que se quebrasse.
— Junmyeon... Eu só preciso que você me diga... Você me ama ou não?
Era uma pergunta cruel. Tão cruel quanto traiçoeira. As mãos grandes de Yixing agarrando a camisa de Jun entre os dedos, o puxando para si e não o deixando ir embora. O som da sua garganta se prendendo como se ele pudesse afogar com as próprias lágrimas que Myeon podia ouvir em seu ouvido direito, o arrepiando. Os cabelos negros de Yixing caindo pelo seu ombro, tão cheirosos quanto macios, enchendo o nariz do Kim com o cheiro do chinês, aquela fragrância que só pertencia a ele, aquele cheiro de praia, que havia aprendido a amar na noite em que se entregou.
Zhang era bonito demais para ele. Ele tinha esperança, sonhos, era cheio de amor. Não tinha vergonha de dizer o que sentia, não tinha vergonha de dizer que o amava, e era forte o suficiente pra transformar a dor da perda em algo que ajudaria os outros. Yixing era bonito, cada curva do seu corpo e músculo pareciam esculpidos, ele não tinha sequer um defeito. Junmyeon não o merecia e nunca iria merecer.
Ele era imperfeito demais. Imperfeito para ser a galáxia de alguém. O pedaço do seu coração que ele podia entregar para Yixing era tão pequeno que, comparado ao que ele lhe dava, parecia um cisco. Ele não podia fazer isso com o Zhang. Era impossível para ele fazê-lo feliz.
Me desculpe, Yixing...
— Eu não te amo como você gostaria.
Disse depois de um longo momento de silêncio, sem expressão, como se fosse um robô. Yixing urrou por um momento de dor e caiu de joelhos, abraçando as pernas de Jun e chorando como um bebê. Libertando toda a dor que sentia, todo o amor que guardou nos meses em que eles estiveram distantes. Era doloroso.
Em cada dia desse momento de distância, ele cultivou mais e mais seu amor por Jun, esperando o dia em que o coreano aparecesse novamente em sua vida. Por todos os dias, lembrou exatamente o calor e a suavidade da pele dele, que ele tocou e beijou o máximo que podia, cada pedaço, quando Jun finalmente aceitou ser seu e só seu. Então por que, por que mesmo depois de ter se entregado, o coreano ainda não podia lhe retribuir?
Sabia que era injusto, mas não queria deixar esse sentimento ir. Não queria abandonar o amor que sentia por Junmyeon, não queria abandoná-lo porque nunca havia amado ninguém daquela maneira. Sempre viveu de amores passageiros, de coisas que poderiam afundar a qualquer momento e ele sequer se importaria ou perceberia. Mas, Deus, ele amava tanto aquele garoto. Aquele pequeno garoto que odiava tanto a si mesmo, Yixing o amou desse o primeiro que o viu, mesmo sem antes o conhecer. Quando o olhava, era como se tivessem se conhecido em outra vida, e eram as peças que encaixavam um no outro.
— Você estava comigo pelo jeito que eu fazia você se sentir, foi o que me disseram... – Yixing falou, quase gemendo, tentando ser forte para as palavras saírem sem serem incapazes de serem entendidas. — Por favor, mesmo que você não me ame, Jun... Continue comigo. Por favor... Só mais uma vez, e eu vou te provar que você sempre vai ser feliz do meu lado. Eu estou implorando.
As mãos de Jun se moveram para os cabelos dele, tentando fazê-lo levantar. Yixing se recusou, abraçando as suas pernas com mais força, quase as fazendo ceder.
— Eu não sei o que você quer que eu faça, Yixing... – Afagou os fios levemente cacheados e bagunçados, claramente que havia sido secado recentemente pela sua textura. As mãos magras de Jun acalmavam o choro do Zhang, mesmo que seu sentimento não fosse passar. Ele ainda assim tinha perdido ele.
Mas pelo menos uma coisa poderia salvar.
— Você pode não gostar de mim, Jun, mas... Pelo Jongdae, pelo Minseok... – Engoliu o seco, afrouxando seu abraço. — Por favor, ganhe a competição. Realize o sonho de Jongdae.
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