Logo mais amanhã já vem
Um presságio, eu vi também
Arrastou o céu numa conjuração
Corpos ébrios, em confusão
A sustentação é que a manhã já vem
Logo mais amanhã já vem
O acaso empurra a quem
Se agarra à borda, preso em negação
Solitário na multidão
(...)
Chega dessa pele, é hora de trocar
Por baixo ainda é serpente
E devora a cauda
Pra recomeçar
(Serpente - Pitty)
Dois meses se passaram e mesmo relutantes, Wade, Marc, Shang, Daisy e Robbie aceitaram que Wanda ficasse para morar com eles no Sanctum Sanctorum, o novo lugar que agora chamavam de lar. Todos enxergaram a redenção da mesma e Ane testemunhou a favor dela, contando sobre sua bravura para enfrentar o Doutor Estranho corrompido pelo Darkhold. Shang-Chi, inclusive, foi curado pelos poderes da asgardiana, que também lhe devolveu os dez anéis.
Os heróis chegaram ao consenso de que o Sanctum necessitava ter um novo mago supremo, ou no caso, uma maga. Sem hesitações nomearam Ane Njordottir, tendo em vista que já tinha experiência em liderar e coordenar Asgard e uma família em seu universo, cuidar dali, não seria difícil.
Na sala iluminada do Sanctum Sanctorum, os heróis reuniram-se, compartilhando risadas e histórias após os eventos intensos dos meses antecedentes, com o local finalmente organizado. O ambiente agora ressoava com a energia descontraída dos amigos que se tornaram uma espécie de família peculiar.
Wade Wilson, o Deadpool, não podia deixar de ser o provocador naquela reunião. Levantou-se de onde estava, erguendo um copo imaginário.
— Galera, uma salva de palmas para a nossa nova Maga Suprema! — Exclamou, fazendo uma reverência teatral em direção a Ane Njordottir.
Os outros seguiram o exemplo, entre risos e aplausos. Steven Grant era a personalidade dominante do corpo de Marc Spector naquele momento. Inclinou-se para a asgardiana.
— Agora, precisamos de um nome digno para a nossa protetora mágica. Algo que exale "poder" e "elegância". — Propôs com um sorriso brincalhão.
Shang-Chi, sempre com sua aura de sabedoria, ponderou:
— Algo que represente a fusão da magia de Asgard com a força terrena. — Olhou para Ane. — O que acha de "Asgardaia"?
Daisy Johnson, a Tremor, fez uma careta.
— Uau, isso ficou horroroso! Acho que deveria ter um toque de mistério. Que tal "Guardiã Púrpura"?
Wade, como era de se esperar, não podia perder a oportunidade de dar sua contribuição.
— Eu gosto de "Encantara". Tem aquele ar de magia, sabe? — Disse com um sorriso travesso.
Robbie Reyes, o Motorista Fantasma, sugeriu com uma voz grave:
— "Protetora Púrpura". Acho que tem um bom equilíbrio entre força e magia.
Por fim, Shang-Chi, exibindo um sorriso malicioso, propôs:
— "Luminara". Porque, afinal, você é a luz que nos guia, Maga Suprema.
Ane, enquanto ouvia as sugestões, não pôde conter a gargalhada diante da criatividade dos amigos. Antes que pudesse escolher ou responder, a campainha do Sanctum Sanctorum soou, interrompendo o divertido debate.
— Quem será que é? — indagou Daisy, com curiosidade.
Wade, sempre o mais impulsivo, correu em direção à porta.
— Só há uma maneira de descobrirmos! — Exclamou, abrindo-a com um gesto teatral.
E assim, o Sanctum recebia mais uma visita inesperada.
— Oi! — Cumprimentou uma voz grave, adentrando em seguida ao local. — Preciso falar com o Doutor Estranho!
Njordottir sentada na sala, encarou a silhueta do visitante e o desconcerto da mesma foi palpável ao reconhecer quem era.
— O Doutor Estranho foi demitido, cachinhos dourados. — alertou Wilson com seu deboche corriqueiro. — Mas temos a nossa nova maga...
Foi interrompido sem notar que Ane passou por ele como um vulto, levitando com seus poderes e estacionando diante da visita.
— Thor! — Exclamou Ane com alegria genuína. — É tão bom te ver!
— Ane?! — Retrucou o deus, confuso. — Uau, você está tão diferente!
Aquele comentário foi como um punhal no coração da ruiva que até aquele segundo havia se esquecido que naquele universo, o filho de Odin e ela não eram mais do que conhecidos.
— É... — A expressão dela oscilou por um breve momento, uma dor passageira que Thor não percebeu. Tentou disfarçar, apertando os lábios e ofereceu um sorriso forçado. — Acho que preciso esclarecer que não sou a mesma Ane que conhece. — O asgardiano franziu a testa, confuso com a afirmação, porém, antes que pudesse questionar mais, a feiticeira mudou o curso da conversa. — Sente-se com a gente! Wade vai nos preparar um chá.
Encaminharam-se para a sala que outrora ela estava sentada,ignorando os protestos teatrais de Wilson sobre ter que fazer chá.
— Eu? Por que eu tenho que fazer chá? Eu já lavei a louça do almoço! — Reclamou o tagarela, todavia, sua tentativa de resistência era mais cômica do que efetiva.
Ane guiou Thor até a sala principal, onde o restante do grupo estava reunido. O deus do trovão olhou em volta com uma mistura de surpresa e curiosidade, observando o peculiar grupo de heróis que agora chamava o Sanctum Sanctorum de lar.
— Oi! — Cumprimentou o deus com entusiasmo, recebendo cumprimentos variados dos presentes.
Njordottir voltou a flutuar para seu lugar, olhando para Thor com uma mistura de alegria e melancolia. O grupo, mesmo diante da visita surpresa, estava determinado a manter o ambiente leve e descontraído.
— Wade, não seja mesquinho. Prepare esse chá, sim? — Shang-Chi instigou, provocando risadas entre os presentes.
Enquanto Wilson murmurava palavras inaudíveis e se dirigia à cozinha, Ane lançou um olhar amigável para Thor.
— Então, o que traz você ao nosso humilde Sanctum, além da busca pelo Doutor Estranho?
Ele ainda absorvendo a nova dinâmica do grupo, sorriu e começou a compartilhar as razões de sua visita:
— A minha filha, Torunn, está com problemas para lidar com os poderes e pensei que...
— Torunn? — Exclamou Ane, interrompendo-o abruptamente. — Ela está viva?
Thor, um tanto perplexo, confirmou com um aceno hesitante.
— Sim... E-Eu estou confuso...
Diante desta revelação, as lágrimas começaram a brotar nos olhos de Ane, incapaz de conter a emoção.
— Você se casou? — Perguntou entre soluços, deixando escapar um traço de ciúmes.
Odinson, ainda tentando entender a situação, gaguejou uma resposta.
— Não... E-E-Ela...
A confusão pairava no ar, e Maximoff, sentindo a necessidade de esclarecimentos, estendeu a mão ao ex-colega vingador.
— Venha comigo, preciso te explicar o que aconteceu enquanto esteve fora. E você também deve algumas explicações para a gente.
Thor seguiu-a até um local mais privativo, onde ela começou a compartilhar os eventos complexos dos últimos tempos, envolvendo a colisão de múltiplos universos e as consequências desse choque cósmico. Enquanto narrava, Thor ouvia atentamente, absorvendo cada detalhe desse intrincado enredo interdimensional.
Em seguida, foi a vez dele fornecer suas próprias explicações. Compartilhou sobre o retorno de Jane Foster como A Poderosa Thor, sua morte, os eventos envolvendo Gorr, o Deus Carniceiro e o pedido dele à Eternidade que deu origem à pequena Torunn.
Wanda diante de todas as revelações, mostrou-se empática, afinal eram os vingadores que mais haviam perdido, oferecendo apoio em meio a essas reviravoltas no tecido da realidade. A troca de informações tornou-se uma experiência catártica para ambos.
Enquanto isso, no restante do Sanctum Sanctorum, o grupo aguardava ansiosamente o retorno deles com Wade Wilson fazendo piadas sarcásticas sobre os dilemas interdimensionais.
— Aposto que eles estão discutindo sobre qual é o melhor molho para acompanhar as aventuras multiversais. — Brincou Wade, arrancando risos dos demais.
Daisy Johnson revirou os olhos, enquanto Shang-Chi tentava manter uma expressão séria, mas não conseguiu conter um sorriso.
— Só espero que, enquanto discutem, tenhamos a chance de experimentar esses molhos. — Comentou, provocando risadas ainda mais intensas.
Faziam aquilo a fim de animar a asgardiana que ainda tentava processar tudo que estava acontecendo.
Finalmente, depois de um tempo que parecia demorado para Ane, eles retornaram com a Feiticeira Escarlate entregando um ultimato:
— A partir de amanhã, Thor e Torunn vão passar uns dias aqui com a gente.
— Eu não vou ceder meu quarto pra ninguém! — Zombou Wade.
— Não será necessário. O Sanctum se adapta à sua quantidade de moradores. — Wanda retribuiu no mesmo tom. — Vamos Thor, vou te levar até a porta para que possa fazer as malas e voltar aqui. — Instruiu, guiando-o até a porta.
— Até amanhã, amigos multiversais! — Despediu-se ele, saindo dali em seguida.
Ao ver Maximoff retornar, Njordottir a encarou com uma expressão séria:
— Tem certeza que é uma boa ideia?
— É claro! — Respondeu convicta. — O multiverso está te dando uma nova chance. — Deu mais uma piscadela.
Não foi necessário que ela dissesse mais nada, pois a última frase bastou para que todos entendessem o recado.
— Operação cupido... — Disse, estendendo a mão para Robbie em um gesto de "toca aqui".
— Ativar! — Completou ele, compreendendo instantaneamente a missão que se desenrolaria nos próximos dias.
Música do capítulo:
https://youtu.be/GQMBzNfj7mc
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