Essa é só minha defesa
Quatro meses se passaram desde o retorno à nova realidade, mas o Sanctum Sanctorum ainda pulsava com a energia das dimensões cruzadas. Durante esse tempo, Ane e seus companheiros de jornada buscaram equilíbrio e aprimoramento de suas habilidades místicas ou não.
Enquanto treinavam e protegiam os planos mágicos, uma dinâmica sutil se desenrolava entre Ane e Stephen. Ele, que antes perdera uma Ane, agora via-se deslizando nos matizes de uma paixão não correspondida. Ela, por sua vez, mantinha uma barreira invisível, seu coração ainda enraizado no amor e na dor de Thor e Torunn.
A melancolia de Strange ecoava pelos corredores do Sanctum Sanctorum, e, nas noites silenciosas, ele encontrava refúgio em seus fones de ouvido nas notas de uma música que encapsulava seu tormento:
"Eu queria ser como você
Que sofre só um pouco, na medidaEu queria ser igual vocêQue já se alinhou, seguiu com a vidaMas eu sou ele, eu sou daquelesQue se desfaz com todos os finaisMas eu sou ele, eu sou daquelesQue chora e cai quando 'cê não quer mais"
A cada acorde, a imagem da asgardiana surgia em sua mente. Desejava ser como ela, firme diante dos desafios, capaz de seguir em frente. Contudo, as cicatrizes invisíveis que ela carregava eram um abismo entre eles.
"Sempre me disseram que eu ia enlouquecer
Se eu continuasse me espelhando em vocêMe entrego demais, você arrisca não quererPor favor, me ensina a ser assim como você"
Strange tentava, de todas as formas, se aproximar. Conversas amigáveis, gestos de carinho, mas Njordottir mantinha uma distância segura, resguardando-se. O Doutor Estranho, imerso em um ciúme que corroía suas certezas, esforçava-se para superar as barreiras que ela erguia.
"Eu podia ser como você
Com todo o seu carisma que cativaEu podia ser igual vocêMas a minha latência é tão nociva"
A relação deles, por mais próxima que fosse, permanecia na esfera da amizade. A ruiva não permitia que fosse além disso e o mago cada vez mais obcecado, mergulhava nas notas da música como um lamento mágico.
"O ciúme corrói todas minhas certezas
Eu me excluo por não ter sua beleza
A obsessão me dói, faz com que eu me exceda
Você é uma pessoa boa, essa é só minha defesa"
Enquanto as palavras ecoavam, marcando os dias no Sanctum Sanctorum, o amor não correspondido tornava-se uma presença tangível entre eles. As cicatrizes invisíveis do passado guiavam as escolhas de Ane, e Stephen, apesar de todo seu poder místico, encontrava-se indefeso diante do desafio de curar o coração dela.
No entanto, em meio a esse turbilhão de emoções, novas conexões também se formavam entre os companheiros. Daisy e Robbie, envoltos na atmosfera carregada de magia, descobriram uma afinidade mais profunda. Marc e Steven (sua outra personalidade) emergiram como companheiros de alma da asgardiana, o alicerce de uma amizade outrora improvável.
Daisy e Robbie por acaso ou destino, treinavam juntos em uma sala adjacente, quando ela comentou acidamente
— Você viu o que o Strange está tentando fazer, né?"
— É difícil não notar. O cara está caidinho por ela, mas ela não quer se permitir, parece. — Respondeu no mesmo tom.
— Pelo menos ela e o Marc ou Steven, é difícil dizer... Parecem inseparáveis!
Verdade. Não é todo dia que vemos alguém se dar bem com duas personalidades tão diferentes. — Ele soltou um riso nasal. — Mas olha, falando nisso, você e eu... Nós poderíamos tentar."
Daisy sorriu.
— Quem diria, Robbie Reyes, o Motorista Fantasma, tentando uma aproximação? Acho que não seria uma má ideia.
Enquanto isso, Marc deixando Steven tomar conta de seu corpo, no entanto, dando orientações dentro de sua mente, praticavam movimentos coordenados, um reflexo da sincronia que desenvolveram. No entanto, Steven não pôde deixar de lançar uma observação leve:
Ane é realmente incrível, não é? Ela nos trouxe para cá e nos uniu de uma maneira única. — Comentou com sua outra personalidade.
— Se não fosse por ela, eu nunca deixaria você tanto tempo no controle, Steven. — Respondeu a voz em sua cabeça. — Agora calado e foca no treino!
Na sala ao lado, Ane estava imersa na leitura de um livro explicando sobre magia asgardiana, a fim de entender sobre si mesma e sua ascendência, quando Stephen adentrou ao local trajando roupas casuais.
— E aí! — Stephen cumprimentou, tentando parecer descontraído. Ele se aproximou do lugar onde estava sentada, observando as páginas repletas de runas e símbolos mágicos.
Levantou os olhos do livro, um misto de curiosidade e surpresa colorindo seus olhos azuis.
— Olá, Stephen. Alguma novidade na dimensão mística? — perguntou ela, guardando o marcador de páginas e fechando o livro.
— Bem, nada que se compare à complexidade da magia asgardiana, com certeza. — respondeu Stephen, sorrindo. — Posso me sentar?
Assentiu, indicando o lugar ao seu lado. Strange ocupou a cadeira, mantendo uma distância respeitosa.
— Interessante escolha de leitura. Está em busca de respostas sobre suas origens? — indagou ele, seus olhos verde-azulados curiosos.
Ela suspirou, deixando o livro na mesa de centro.
— Algo assim. Sinto que há lacunas na minha compreensão sobre quem eu sou, de onde venho. Thor, meus pais e até a Sif me contaram muito, mas ainda há mistérios.
Ele assentiu compreensivamente.
— Compreendo. É um processo complexo. A magia asgardiana tem suas próprias nuances. Talvez eu possa ajudar. Tenho alguns tomos que poderiam oferecer uma perspectiva diferente.
Ela ergueu uma sobrancelha, um leve sorriso desenhando seus lábios.
— Você tem mais livros sobre magia asgardiana? Eu pensei que seu foco fosse mais nas artes místicas terrestres.
Stephen sorriu, um brilho de fascínio em seus olhos.
— Digamos que o multiverso me proporcionou uma educação mágica diversificada. Sempre achei que a melhor forma de compreender a magia é abraçar todas as suas formas.
Njordottir considerou suas palavras por um momento antes de sorrir de volta.
— Parece uma abordagem sensata. Adoraria dar uma olhada nesses tomos.
O mago assentiu e se levantou, trazendo a si seu manto que o envolveu o levou levitante até uma estante próxima repleta de livros antigos e pergaminhos. Ele escolheu cuidadosamente alguns volumes e voltou para junto de Ane.
— Aqui estão. São um pouco complexos, mas acredito que vão te proporcionar uma nova perspectiva sobre a magia asgardiana.
A ruiva pegou os livros, folheando as páginas e analisando os conteúdos.
— Isso é incrível, Stephen. Muito obrigada por compartilhar seu conhecimento comigo.
— Sempre é um prazer trocar conhecimentos com alguém tão dedicada à magia quanto você. — Sorriu, genuinamente apreciativo.
Devolveu o sorriso, sentindo uma conexão mágica de entendimento entre eles.
— Talvez, depois de explorar esses tomos, possamos discutir algumas das descobertas. Afinal, duas mentes mágicas podem ser mais eficazes do que uma.
Strange concordou, percebendo que essa poderia ser uma oportunidade de se aproximar dela de uma maneira mais profunda.
— Seria um prazer. A magia, afinal, é um vasto universo de possibilidades, e cada perspectiva adiciona uma nova camada ao entendimento.
E assim, entre tomos e runas, começou a se desenhar uma nova interação entre Ane e Stephen, onde o conhecimento compartilhado era a ponte que poderia conduzir a uma proximidade mais significativa.
O Sanctum Sanctorum testemunhava não apenas a magia em suas paredes, mas também a magia que se desenrolava entre os praticantes dedicados.
[X]
Já era tarde da noite. A asgardiana sentia-se cansada, após horas de conversa mística com o Doutor Estranho. Tomou um banho, vestiu seu baby doll e se jogou na cama, ligando a TV para assistir à série que passava. Não havia passado nem meia hora que decidira descansar, quando ouviu batidas em sua porta. Reconheceu quem era, simplesmente pela forma de bater, soltando um sonoro "Pode entrar!"
Shang-Chi, Wade Wilson e Marc Spector se aproximaram com sorrisos travessos.
— O que estão querendo aprontar? — Ane perguntou, desconfiada, enquanto observava a garrafa de cerveja que Marc entregava.
— É sexta-feira e você tá querendo ficar enfurnada nesse quarto? — provocou Marc, abrindo a garrafa de cerveja com um movimento suave e oferecendo para a ruiva.
Antes que ela pudesse rebater, Wade manifestou:
— É hora de chimichangas, bebê!
— O que querem dizer com isso? — Ane ergueu uma sobrancelha, esboçando um leve sorriso.
Shang-Chi foi quem falou desta vez:
— A gente tem essa mansão mal-assombrada inteira pra explorar enquanto o mago velho dorme. Não vai dizer que não sente curiosidade de visitar partes não exploradas?
A expressão de Ane suavizou diante da proposta inusitada. Ela se levantou da cama, aceitando a cerveja de Marc com um aceno de cabeça.
— Bem, não posso dizer que não estou curiosa. Mas o que vocês têm em mente?
Wade fez uma careta exagerada de pensamento profundo.
— Hmm, acho que o Marc ouviu falar de um portal secreto que leva direto à cozinha. Chimichangas, lembra?
Marc riu, dando um tapinha nas costas de Wade.
— É claro que sim. E eu também ouvi dizer que Shang-Chi tem uma técnica ninja incrível para abrir as portas secretas.
Shang-Chi sorriu de forma enigmática.
— E se precisarmos de uma distração, temos o mestre da piada aqui. — Ele apontou para Wade.
Ane não pôde evitar rir diante do clima descontraído do trio.
— Está bem, estou dentro. Mas depois, preciso voltar para minha série.
Wade deu um salto triunfante.
— É isso aí, garota! A noite é jovem e cheia de mistérios... e chimichangas!
O grupo seguiu pelas passagens do Sanctum Sanctorum, explorando corredores pouco iluminados e salas misteriosas. Wade fazia piadas sobre fantasmas e Shang-Chi explicava em detalhes as técnicas ninja para abrir portas secretas. Marc, sempre calado, aproveitava para apreciar a cerveja gelada enquanto observava o trio animado.
A noite se desenrolava entre risadas, histórias improváveis e um sentimento de camaradagem que parecia transcender as dimensões místicas.
— Alguém mais está vendo isso ou é efeito do meu "tarja preta"? — brincou Wade, tentando afastar o polvo com movimentos desajeitados.
Ane, com sua destreza asgardiana, invocou uma adaga mística e avançou para ajudar. O polvo era diferente de qualquer criatura que já tivessem visto, seus tentáculos brilhavam com uma energia estranha.
— Cuidado, é algo místico! — alertou, desviando de um tentáculo enquanto cortava outro com sua adaga.
Shang-Chi e Marc Spector também entraram na briga, cada um usando suas habilidades únicas. Shang-Chi realizava movimentos ágeis, desviando dos tentáculos e lançando golpes precisos. Marc, em sua forma de Cavaleiro da Lua, empunhava suas lâminas místicas com maestria, cortando tentáculos que ousavam se aproximar.
Wade, entre risadas e piadas, empunhava espadas místicas que Ane colocou em suas mãos enquanto tentava se livrar dos tentáculos persistentes do polvo místico.
— Será que ele é amigável? — brincou Wade, recebendo um olhar irritado de Ane.
A batalha prosseguiu, com o grupo trabalhando em conjunto para enfrentar a criatura mística. A combinação das habilidades místicas de Ane, a destreza de Shang-Chi, a ferocidade de Marc Spector e a imprevisibilidade de Wade Wilson mostraram-se eficazes.
Com um golpe final coordenado, Ane e Shang-Chi desativaram a energia mística do polvo, fazendo com que ele se dissolvesse em faíscas.
— Isso foi... Inesperado — admitiu Wade, olhando para os restos dissipados da criatura.
Ane desfez as adagas místicas, respirando fundo.
— Parece que o Sanctum Sanctorum ainda tem alguns segredos místicos. Vamos ficar de olho.
O grupo riu, compartilhando um sentimento de camaradagem reforçado pela experiência peculiar. A noite continuou com mais explorações, levando-os a um porão completamente escuro.
Njordottir tentou trazer luz ao ambiente usando seus poderes, concentrando sua energia nas mãos. Entretanto, para surpresa de todos, as sombras resistiam a se dissipar. Ela continuou se forçando, criando uma cena quase cômica, enquanto Wilson tirava um esqueiro do bolso com seu típico deboche.
— Que haja luz! — proferiu ele, provocando risos.
Ane bufou, revirando os olhos, mas antes que pudesse responder à piada do colega, algo chamou a atenção. Runas místicas brilhavam nas paredes do porão, revelando uma aura antiga e poderosa.
— Mas o quê...? — Indagou Ane, perplexa.
— Ei, vem ver isso! — Gritou Shang-Chi, apontando para um livro todo preto que pairava no ar, soltando leves faíscas mágicas.
O fascínio dos presentes foi interrompido repentinamente quando a voz grave do Doutor Estranho ecoou por trás deles:
— As coisas saíram do controle!
Música do capítulo:
https://youtu.be/uVB9CAn5Np0
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro