Capítulo 21
Consegui ouvir a canção dos pássaros e o vento refrescante que saia da janela ainda iluminando o ambiente pelo pôr do sol. Minha cabeça descansava sobre as pernas de meu esposo. Seus dedos penteavam os meus cabelos com cuidado, em repleto silêncio. Christopher não me questionou de imediato. Permitiu que todas as lágrimas fossem secas e esquecidas. Confesso que me perdi por longos minutos em meio as suas carícias.
– Ela é de fato, um monstro – enfim me permiti falar.
– Meu anjo, o que aconteceu? De quem exatamente estas a falar?
–Infelizmente, falo de minha mãe, Blanca. – Senti o gosto amargo em minha boca ao pronunciar aquele nome – Ela me disse tantas coisas horríveis e inimagináveis. Não devia ter ido lá.
– Acalma-se, tudo já passou – ele se levantou buscando um copo com água, me entregando assim que retornou para o meu lado.
– Algo divino te colocou em meu caminho para me salvar de lá... Daquela casa e família.
Minha voz ainda estava trêmula.
– Deseja falar sobre o que aconteceu? – sua pergunta carregava certo tom de preocupação.
Meu coração era aquecido todas às vezes que consegui perceber o cuidado e interesse de Christopher em cuidar daquela situação.
– Ela apenas explicou o que tanto me atormentava – sussurrei – Deixou claro todas as minhas suspeitas sobre o fato de ser indesejada. Isso é tudo o que importa.
– Não se atormente com isso. Blanca não conhece verdadeiramente a filha que tem – pontuou encostando a testa sobre a minha – Você é a mulher mais forte, autêntica e gentil que tive o prazer de conhecer, e o simples fato daquele lugar não a ter contaminado durante tantos anos lhe faz única.
O vapor que saia de sua boca enquanto recitava aqueles elogios me tiraram um sorriso deprimido. Eu o amava ainda mais.
– Queria ver essa mulher de quem fala.
– Ela está aqui, frente a mim. Belíssima e esplendorosa.
Não consegui evitar o riso descontraído e envergonhado. Eu não sabia muito bem lidar com elogios. Não era algo comum para mim. Mas era satisfatório ser admirada por aquele homem belo e vigoroso.
– Estou ficando surpresa com sua declaração, Senhor. Não estou sendo vítima de segundas intensões? – brinquei.
– Não creio. Estou ficando sem repertório, minha esposa. Foi tão obvio assim?
Seu ar descontraído amenizou aos poucos o clima antes triste, para dar espaço quase que de forma emergente a uma tensão sensual familiar.
Nossos olhares transitaram de forma rítmica, analisando lentamente o que estava prestes a acontecer. Não esperei ser tocada. Estava disposta e intencionada a tocá-lo, e assim o fiz. Me aproximei apressadamente, pousando meus lábios já úmidos sobre os dele. Christopher enfiou uma das mãos em minha nuca, levantando meus cabelos e com a outra desfez o laço do enfeite no busto de meu vestido. O mesmo que à alguns minutos eu havia refeito. Aquele beijo se intensificou conforme caminhávamos em direção a mesa. Ele me jogou sobre ela, deixando ir ao chão todos os papéis que ali havia.
Sorrimos com o som dos objetos caindo, sem nos afastar.
– Senhor? Está tudo bem? – Atras da porta, umas das funcionárias pareceu assustada e preocupada.
Ele mordiscou meu pescoço antes de gritar:
– Está tudo perfeito! Mas avise que não vou receber mais ninguém!
Ela confirmou aliviada e o ruído dos seus sapatos foram desaparecendo conforme a mulher se afastou.
– Não quero atrapalhar seus negócios.
– Dulce, isto aqui é bem mais importante – justificou arrancando de vez o espartilho e afundando a face em meus seios – Eu amo você... desesperadamente
Meu coração pareceu errar as batidas quando enfim ouvi aquela palavra. AMOR. Eu achava que conhecia o amor antes de me envolver com aquele homem. Mas nada se comparava ao que estava sentindo. Era um sentimento fervoroso e palpável. Partilhávamos dele.
– Eu também te amo – senti a necessidade de expôr.
Ele pareceu satisfeito com a minha fala. Seu sorriso ficou ainda mais evidente e atrevido antes de sussurrar algo que me fez ruborizar.
– Prometo que vou ser cuidadoso com este vestido.
Nem um dos meus muitos pensamentos me levaram a prever que o meu dia iria terminar daquela maneira. Totalmente exposta a ele, sobre uma mesa de escritório. Nunca era algo enfadonho, desde que o conheci. Sempre nossa paixão sobressaía as brigas, medos e inquietações.
Fui estimulada e tocada com cautela e precisão. Ele parecia conhecer cada ponto sensível que havia em meu corpo. Como prometido, não ultrapassou os limites de meu vestido. Apenas o ergueu e se deleitou com minha rendição. Até que a ponta dos seus dedos tocaram discretamente um lugar inexplorado em meu local mais íntimo.
Movimentei-me recuando um pouco, sensibilizada e nervosa com a desconhecida sensação
– Confie em mim, meu anjo. Não vou te machucar. – Sua fala prontamente me tranquilizou.
Eu confiava nele de corpo e alma. Então cerrei os olhos antes de relaxar novamente permitindo a continuidade dos movimentos. Foi algo simples e intenso. Seu toque expandiu a velocidade conforme nosso contato se tornava mais ansioso. Soltei gemidos impulsivos e segurei suas costas como se sentisse medo de todo aquele deleite desenfreado acabar, até que uma onda fervorosa de sensações me invadiu subitamente.
"Foi recompensador para ele assistir os olhos da sua amada perdidos e escurecidos com o que estava proporcionando a ela. Dulce era bela e desejável ao ponto de tirar todas as armaduras que um homem era capaz de vestir. Christopher sentia-se totalmente indefeso e disposto servi-la, como um escravo."
Minha rigidez foi sendo dissipada e me vi desfalecendo em seus braços. Algo em meu ventre ferveu e ficou ainda mais úmido. Meu coração batia desesperado, provocando uma respiração profunda e pesada. Ele aproveitou o ambiente propício para me possuir completamente com seu membro rígido, deslisando com facilidade e vigor para dentro de mim. Não foram mais que alguns movimentos antes dele também desfalecer.
Ao fim de tudo, nos beijamos com ternura, sorrindo aos ventos, saciados sobre o móvel de madeira.
– Como se sente? – questionou acariciando-me
– Por que me pergunta algo assim? – rebati ruborizada.
– Gosto de saber o que satisfaz minha esposa. Algo de errado com isso?
– Não há necessidade. Você tem experiência suficiente para saber como conduzir uma mulher.
Minha alegação não lhe soou de forma agradável, pois ele franziu a testa em desaprovação.
– Nem uma experiência passada se compara ao que estamos vivendo agora, Dulce – alegou com tenacidade – Tudo é tão novo para mim, quanto para você.
Mais uma vez fui surpreendida com suas declarações amorosas. Christopher parecia tenso, mas pontualmente seguro de si.
– Desculpe – Foi a única palavra que consegui proferir.
Ele me beijou novamente, segurando minha face e envolvendo meu corpo para mais perto do seu.
– Eu adoraria passar mais tempo aqui, porém, preciso terminar alguns assuntos pendentes – sua mão apertou minha bochecha de forma alegre – Não estava nos meus planos finalizar o dia despido sobre a minha mesa de trabalho.
– Então acho justo vestir-me e sair o mais breve.
– Que desperdício! Prefiro vê-la despida.
– Contenha-se!
Envergonhada, baixei todo o tecido da saia escondendo meu corpo enquanto ele soltava risadas descontraídas.
Juntos colocamos cada peça de roupa íntima em seu devido lugar sendo acompanhada logo em seguida, atenciosamente, até a carruagem.
– Não me demoro.
– Não se preocupe, vou pedir ao cocheiro para me deixar em alguma loja. Gostaria de comprar presentes para a pequena Perroni.
– Ainda acho esse nome estranho.
Olhei repreensiva e ele apertou um dos olhos, fechando a porta do veículo antes que eu pudesse falar mais alguma coisa. Christopher era sério e contido, mas em alguns momentos conseguia enxergar um garoto travesso entre toda aquela armadura impenetrável.
Acenamos e admirei sua silhueta masculina até que desaparecesse completamente ao fim da avenida. Não consegui conter o discreto sorriso que se formou ao canto da boca só de imaginar o trabalho que ele teria em juntar e separar todos os papéis que haviam sido espalhados pelo cômodo durante nossa aventura. Pensar sobre o ocorrido me levou a tocar um pedaço descoberto de minha pele, buscando os rastros da tarde romântica.
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