Capítulo 17
Christopher estava distante. Por um momento me recordou o homem com quem casei. O ser humano frívolo. O que eu podia reclamar? Já se passaram muitos dias desde a sua partida, e eu havia sido a única culpada por isso. Vê-lo com tanta intimidade após meses foi como uma fagulha. Me senti incendiada e atordoada. Admitir minha fragilidade era constrangedor.
Eu o havia tratado com indiferença sem ser madura o suficiente para enfrentar o problema e agora ele estava bem ali, perante a mim, deitado na cama confortavelmente. Notava-se o seu cansaço só de olhar como se mexia de um lado ao outro com respirações longas e profundas.
Agora era eu quem estava sentada à poltrona observando o seu sono com cuidado. Aquele homem era tão suave enquanto repousava, que se assemelhava a uma criança. Seu rosto era tão delicado ao mesmo tempo com tantos traços fortes, semelhantes a alguém bem mais novo do que realmente era. De tanto admirá-lo, acabei ficando sonolenta.
Maitê subiu até o quarto, preocupada com a demora do irmão para comer com todos que o aguardavam na sala de jantar. A mulher foi surpreendida com a cena a qual se deparou. Christopher dormia na cama enquanto Dulce, também adormecida, reclinava seu corpo sobre a poltrona ao lado. Ela deu um sorriso abatido ao imaginar o tanto que aquele casal já havia sofrido. Decidida a deixa-los descansar, andou para trás vagarosamente, discreta, fechando a porta por trás de si.
Meu corpo estava pesado, arfante após sonhar com o que teria acontecido em outras épocas se visse meu esposo sem roupas como naquela manhã. Eu conseguia sentir ele tocar meu corpo, me acariciar, beijar-me com força. Era um bom sonho até ser desperta pelo toque em meu rosto e a voz sussurrante dizendo: - Você não merecia a dor que te causei...
Abri os olhos depressa, engolindo em seco após vislumbrar o objeto dos meus sonhos a minha frente. Era como se fosse uma continuação da fantasia. Christopher recuou alguns centímetros assim que percebeu minha retomada de consciência.
- Está acordado há muito tempo? - indaguei
- Não. Acordei-me agora – respondeu contido - Porque dormiu aqui?
- Não sei. Sentei-me e acabei caindo no sono.
Christopher me fitou fixamente, e foi quando entendi que aquele seria o momento em que ele iria conversar comigo como havia mencionado. Eu não sabia se queria ouvir o que pretendia me dizer, mas era necessário.
- Acho que podemos conversar agora – suspirei profundo com a confirmação - Tenho que esclarecer umas coisas com você - Continuou e eu assenti.
Nos sentamos frente um ao outro. Permaneci na poltrona enquanto ele se posicionava na beira da cama. Cruzando os dedos e de cabeça baixa, o homem parecia pensar no que realmente pretendia falar. Sua mandíbula se contraiu e eu decidi encoraja-lo.
- Estou disposta a ouvi-lo.
Voltando os olhos para mim, endireitou-se e começou:
- Tudo o que aconteceu entre nós naqueles dias não será apagado ou esquecido, e eu lhe entendo completamente. Por isso, tomei uma decisão enquanto estive longe - suas pupilas dilataram - Vou morar definitivamente com meu pai em Madri.
Meu coração sentiu o impacto daquelas palavras. Tentei manter a constância, ser forte e não transparecer o medo.
- Então você decidiu desfazer nosso casamento - retruquei áspera - E meu nome? E o nome de minha família? O que pensa fazer a respeito disso?
Eu mesma sabia o quão insignificantes eram aquelas perguntas para mim. Meu nome ou títulos nunca foram preocupações que me levariam ao desespero, mas sim o fato de perdê-lo para sempre.
- Não se preocupe, Dulce. Não vai ser nada exposto. Eu não vou manchar seu nome com uma separação formal. Jamais faria isso com você.
Levantei-me imediatamente em silêncio, pronta para sair, mas ele me interrompeu.
- Onde vai?
- Você já tomou sua decisão, não foi isso? O que mais eu devo fazer aqui?
- Creio que seja o melhor para você.
- Óbvio. Não pretende expor nada, continuarei presa a você enquanto permanece com sua vida em outro país, livre e solteiro - rebati irônica - Está tudo muito bem decidido, Christopher. Não há mais o que tratar.
Quando enfim sai daquele quarto, consegui manter a firmeza dos meus passos até o final do corredor, porém minhas pernas ficavam cada vez mais desorientadas. Caminhei depressa passando por todos em minha volta. Maitê e Anahí conversavam na sala de espera, com seus bordados em mãos. Eu as cumprimentei rapidamente, buscando ar como se ele me faltasse. Todo aquele trajeto involuntário me levou até os estábulos. Eu ia montar de imediato em meu cavalo, mas o peso na garganta foi insuportável junto do medo e o trauma. As lágrimas caíram sem aviso apossando-se do meu rosto. Muitas questões me assombraram, principalmente o porquê de tudo aquilo. Selei o animal, mas não consegui monta-lo. Não tinha força em minhas pernas. Elas me fizeram sentar no chão sujo de feno daquela baia, e encolher-me.
A vida parecia ser muito injusta comigo.
Fiquei lá por alguns minutos até ouvir passos se aproximarem do local. "ninguém pode me ver assim" refleti nervosa. Me escondi atrás de algumas selas penduradas e ouvi aquela voz aborrecida, mais uma vez, dando ordens.
- Sebastião, apronte o meu cavalo - Christopher parecia inquieto - Preciso sair.
Era fim de tarde, o sol já estava alaranjado dando início ao anoitecer. Ele subiu no animal e saiu em disparado por um caminho conhecido a mim. Só poderia ter ido a um lugar.
Olhei para Ucker e o animal parecia se preparar para minha montaria. Limpei o rosto e toquei nele me questionando: - Será se consigo?
O cavalo baixou a cabeça para ser acariciado e foi aí que aproveitei para tentar monta-lo bem devagar, temerosa. Com as pernas trêmulas subi, respirando devagar, até sentir uma mão calejada me tocar.
- Senhora, precisa de ajuda?
Sebastião me olhava com preocupação e zelo. Ele era um bom homem e sabia do meu medo naquele momento. Confirmei com a cabeça, ainda sem conseguir falar e ele me ajudou a subir corretamente. Apertando toda a sela, me entregou o cabresto e deu um sorriso de incentivo.
Com o coração saltitante, dei as ordens e o animal começou a caminhar devagar até atingirmos o ar livre. Quando senti a brisa no rosto e toda a sensação que a montaria me proporcionava desde a infância, foi como um muro sendo quebrado. Jaulas se abrindo. Meu corpo retomou o controle natural e foi quando decidi que ia seguir meu marido. Acelerei os galopes e percorremos todo o trajeto atrás dele.
Aproximando-me do riacho, confirmei minha suspeita. Ele estava sentado na beirada com uma das pernas flexionadas, jogando pedras na água como um garoto.
Aproximei-me trotando e Christopher percebeu o movimento anormal virando-se para checar. Quando me avistou ele largou as pedras da mão e foi se levantando com o olhar estável. Seus olhos me atraíram de tal forma que fiquei ali, detida, em cima do cavalo apenas retribuindo o olhar.
O que eu estava fazendo? Questionei-me pela atitude impensada. Depois de uma conversa esclarecedora, pontos finais, o que mais eu esperava dele? Porque sempre acabava indo atrás daquele homem ininterruptamente. Desci, amarrando Ucker na árvore mais próxima. Me aproximei dele com passos vagarosos, segurando uma parte do vestido bege. Suas bordas estavam sujas e escuras pela minha caminhada no lugar. O chão era um pouco úmido, assim como o clima parecia esfriar.
- O que veio fazer aqui? - investiguei intrigada, sentindo direito de saber mais daquela atitude.
- Espairecer. Você sabe que gosto de vir a este lugar quando preciso pensar – ele foi explicito, mas franziu o cenho ao dizer - E você?
Nem eu mesma sabia porque estava ali, quem dirá ele.
- Fazer o mesmo – rebati, sorrindo suave na tentativa de esconder o nervosismo - Faz bastante tempo que não venho aqui, e nem montava a cavalo.
- Maitê me disse em uma das cartas sobre a sua nova aversão a cavalos. Fiquei surpreso em vê-la agora tão natural como sempre foi.
- Sim, eu estou muito feliz de estar montando novamente depois de tanto tempo.
- Posso saber a sua motivação de hoje, tendo em vista que um trauma não é tão simples de ser superado?
Minha saliva não foi suficiente para irrigar os lábios que ficaram secos com a respiração descontrolada que começava a tomar espaço. Ele tinha razão. Traumas não eram superados tão facilmente. Indiretamente, sem perceber, a motivação da minha superação era ele. Única e exclusivamente.
- Então a pesar de tudo hoje é um bom dia – continuou perante a minha ausência de reposta – O dia de recordar coisas valorosas.
- Acho que sim - disse por fim - Recordar é viver. Não é isso que dizem?
- Sim. Por isso vou me retirar. Não quero estragar seu passeio especial - Assisti Christopher percorrendo o caminho de volta para perto do seu cavalo.
Mas assim que passou ao meu lado, algo decidiu sair dos meus lábios sem que eu pudesse contê-lo.
- Eu soube da poltrona – lancei, baixando a expressão antes de voltar minha vista para ele.
Ele parecia confuso. Estávamos lado a lado e sua postura ficou ainda mais rígida.
- Poltrona?
- Porque não me disse que dormia lá todas as noites enquanto eu estava inconsciente?
Ele me olhou atônito, como se não esperasse por aquelas palavras, mas logo recuou retomando o semblante ríspido.
- Quem lhe disse isso?
- Não importa - contestei - Porque não me falou nada?
- Que diferença ia fazer? Não queria que sentisse compaixão ou coisa do tipo. Não fiz aquilo para pedir sua clemência em troca.
Meu último fio de razão se perdeu quando ouvi ele proferir tantas justificativas falhas de alguém inseguro. Meu emocional fragilizado queria confronta-lo.
- Perdão pelo quê? - repeli - Por ter sentido ciúmes? Por eu ser uma desastrada? Pelo acidente que ninguém podia evitar?
Pausando as expressões do rosto, o leviano me olhou tão profundamente que parecia visualizar a minha dor toda dentro do coração. Eu falei sem pausa e com exaltação.
- Não precisa fazer isso, Dulce.
- Fazer o quê, Christopher? - berrei indignada - Eu sou uma tola que teve um choque e falou coisas pavorosas, mas que não pode se imaginar sem você nem um só dia sequer.
Eu estava em prantos, com as mãos trêmulas. Não me importei em me abrir totalmente, deixando o orgulho de lado ou qualquer sentimento contrário naquele instante. Ele se moveu para a minha frente pegando-me pela face com as duas mãos. Minha reação foi pôr as minhas mãos sobre as dele, dividindo o toque. Seus dedos tentavam enxugar minhas lágrimas, mas elas eram muitas e incessantes.
- Eu te amo... - murmurei - Amo você, Christopher.
Ele jogou seus lábios contra os meus, com força. Me puxando pela cintura para mais perto do seu corpo. Não havia mais espaço entre nós. Joguei meus braços na sua nuca me enlaçando a ele com aflição. Estávamos eufóricos, com saudade e alívio por nos tocar novamente. Christopher pausou o beijo, ofegante, e suas mãos então voltaram para o meu rosto.
- Meu anjo... Te quero tanto - clamou ainda com os lábios sobre os meus.
- Eu sou sua! Você já me tem a muito tempo - respondi antes de voltarmos a no beijar com fervor.
Christopher me colocou em seus braços levando-me para o lado onde a grama era mais seca e macia, deitando-me sobre ela, para se colocar acima de mim. Senti a pressão da sua excitação sobre minhas pernas. Minha pele recebeu luz e logo arrepiei inteiramente de satisfação.
Como aquele toque podia me dar tanta vida?
Ele me pressionava contra o chão, com perseverança, e meus sentidos começaram a ser estimulados pelo seu contato. Estávamos sendo acobertados pelo crepúsculo. Suas mãos me percorreram, agarrando meus seios por cima da roupa.
Enquanto nos tocávamos, soltei um gemido abafado pela sua boca, em resposta, isso o fez ser mais agressivo. Pegando os fios que prendiam a frente do meu vestido, os puxando com furor, fazendo com que se rasgassem me expondo. Dei um sorriso pela sua agonia, mas eu estava igual. Apreensiva pelos toques mais intensos. Lembrei que sua excitação sempre dava fim as minhas vestes. Tínhamos sede um pelo outro.
Sua boca abocanhou um dos meus mamilos, que logo ficaram protusos. Neste momento nos ajudamos a despir-nos. Eu arranquei sua calça e ele levantou o meu vestido.
Contorci-me de prazer, assim que Christopher retirou seu membro totalmente ereto e me adentrou devagar. Com as minhas unhas segurei suas costas, para senti-lo mais firme. Ele era viril, experiente. Sabia se movimentar da forma mais deleitosa e plausível.
Minha mente vez ou outra me fazia refletir: Como eu precisava daquilo. Como precisava dele.
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