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Capítulo 09

           

Saí do banheiro e Christopher não me perguntou nada mais. Ele apenas aguardava do lado de fora para também entrar e se banhar. Não demorou tanto para retornar e deitar-se ao meu lado, silencioso, adormecendo em poucos minutos. Não consegui dormir tão rápido assim, nem mesmo se tentasse. Meu corpo aguentou firme até o último instante antes de finalmente se render ao cansaço.

No dia seguinte quando acordei ele já havia saído. Fazia bastante tempo que não acordávamos juntos. Pensei que ele devia estar chateado pela rejeição da noite anterior. Ainda meditativa me arrumei, peguei um vestido azul claro e vesti devagar alongando o máximo que pude antes de descer para o café.

Preparei meu corpo como se fosse lutar ou guerrear, intercalando a respiração para disfarçar o medo.

Todos estavam sentados à mesa se servindo quando cheguei, menos meu marido. Anahí estava bonita como no dia anterior. Usava um vestido salmão bem delicado, de cabelos soltos e mostrando o quanto eles eram loiros e ondulados. Refleti sobre como aquela situação era desagradável e quase inacreditável. Eu estava vivendo um pesadelo.

Tentei me relembrar e resgatar o gênio frio e implacável de dona Blanca, agindo como ela e sentando-me em meu lugar com a expressão firme e implacável. Seria útil neste momento.

- Oi irmã! - recebi o cumprimento de Maitê, sorrindo não apenas para ela, mas para todos os presentes - Christopher esteve aqui mais cedo, mas teve que sair antes de terminar de comer.

- Entendo. Achei mesmo muito estranho ele não estar ao meu lado quando acordei - respondi pegando os talheres para cortar a fatia de bolo.

- Ele deve estar uma fera comigo! Eu ainda estou aqui! - Reclamou Christian engolindo a refeição de uma só vez - Me desculpem, mas vou ter que me retirar também. Temos muito trabalho a fazer nesta manhã. Vamos, Alfonso?

- Claro, as horas correm - Christian levantou e deu um leve beijo em sua esposa. Alfonso repetiu o agrado e fez o mesmo com Anahí.

A mulher pareceu surpresa com a reação do marido, petrificando os olhos e o encarando confusa. Aquilo foi desconfortável demais. Eu retirei a visão deles quando Alfonso finalizou sua carícia me olhando provocativo antes de partir. Ele agiu como um menino imaturo. Terminamos o restante do café sem conversas longas. Anahí era a única que não conseguia esconder sua falsa admiração. Ela me observava sem modéstia e com um sorriso sagaz o que me deixou bem incomodada.

- Dulce, sabe o que temos hoje, certo? – Maitê parecia ter percebido o clima pesado.

- Acho que não.

- Nosso passeio para esta tarde. Lembra?

- Vou avisar Sebastião no estábulo para separar os cavalos - Confirmei sorridente ao perceber a expressão desapontada dela.

- Vão cavalgar? Posso ir junto? - Fiquei atenta ao pedido eufórico de Anahí.

Ela parecia forçar uma gentileza comigo, mesmo tentando roubar meu marido com apenas um olhar sempre que o via. No fundo eu não entendi porque não conseguia sentir raiva ou ódio por ela.

- Seria muito bom. Precisa mesmo conhecer as novas instalações da fazenda.

Não demorou muito para sairmos dali a caminho dos estábulos.

Anahí parecia uma criança empolgada e saltitante. Ela não tinha as características de uma mulher casada, com maturidade, pelo contrário, via-se o quanto ela era precoce e que com certeza tinha sido pega de surpresa como eu fui. Se fosse mesmo verdade, eu e ela não éramos tão diferentes. Jovens e casando mesmo gostando de outras pessoas.

Andando pelos vales gramados a convidada se deslumbrou com a vegetação e as flores eu enchiam o caminho. Ela me lembrou mais uma vez os meus olhos encantados na primeira vez que vi a mesma paisagem.

- Nossa. Esse lugar mudou tanto. Senti falta daqui.

- Foram feitas muitas mudanças nos jardins e nas flores plantadas. Você conhece bem o meu pai, Anahí. Ele não demorou muito para se cansar da decoração anterior.

Elas riram e concordaram. Me senti levemente excluía a julgar que minha interação com o patriarca não durou mais que alguns minutos silenciosos.

- Faltou lhe mostrar o mais bonito – Minha cunhada se empolgou - Temos um espaço botânico divino, com várias espécies de plantas. Sei que adora plantas.

- Que magnifico. Vamos até lá, agora!

No meio da conversa das duas eu decidi que já tinha extravasado a minha cota de Anahí para aquele dia. Precisava ficar mais um tempo sozinha então resolvi deixa-las.

- Adoraria acompanha-las, mas acho que vou até o riacho descansar. Podem me encontrar lá na volta.

- Tudo bem - Ambas concordaram.

Maitê aproveitou o momento para aproximar seu cavalo do meu sussurrando.

- Assim que eu voltar, conversamos um pouco mais. 

Balancei a cabeça positivamente e elas sumiram no meio do campo. Eu sabia que a sua curiosidade estava voltada a promessa que fiz no baile do dia anterior.

Cavalguei em disparada até o meu tão desejado destino ansiando que ele não demorasse tanto. Ali era o único lugar em toda aquela fazendo que tinha o poder de me tranquilizar me presenteando com um belo ar fresco ao som da correnteza do rio. Assim que cheguei amarrei o cavalo bem depressa e lavei o rosto na margem. Aquela água era tão límpida e gelada que instantaneamente me refrescou. Eu estava de joelhos na beirada, de olhos fechados, repetindo o ato de banhar minha face mais de três vezes antes de voltar a reabri-los.

Assim que fiz isso, tive o sobressalto e desprazer de presenciar o reflexo de Alfonso sobre a água. Fiquei estática antes de me virar furiosa.

- O que faz aqui? - Perguntei aborrecida, levantando às pressas.

- Despistei Christian por alguns minutos e quando cheguei na mansão descobri que vieram cavalgar. Por sorte vi a hora em que você passou sozinha e a segui.

- Saia daqui. Elas podem voltar e te encontrar comigo. Sua esposa pode nos ver juntos e imaginar coisas desagradáveis.

- Eu não me importo com o que Anahí vai pensar.

- Pois deveria, Alfonso - rebati seca - Se você quer fica, ótimo, eu vou sair.

Quando me movi para pegar o rumo oposto ele segurou no meu braço e evitou meus passos

- Solte-me.

- Não antes de saber uma coisa.

Alfonso foi destemido e extremante atrevido quando em uma atitude forçada me pegou pela nuca e aproximou nossos rostos. Tentei me afastar de todas as maneiras, mas ele parecia ter tudo planejado. Encurralando meu corpo contra o tronco de uma árvore meus movimentos foram diminuídos e sua boca se colocou sobre a minha.

Ele me beijou desesperadamente, ansioso. Minha respiração estava difícil e cada vez mais era pressionada evitando qualquer tentativa de fuga. Cansada e sem forças, vi minhas memorias retornarem. Iniciou-se então um jogo contra a minha consciência. Comecei a relembrar do nosso relacionamento, dos nossos beijos, das fugas e de como era bom amá-lo. Seu toque carinhoso e sempre reconfortante.

Estar ao lado dele nas épocas difíceis da minha vida foi o que me manteve de pé mesmo morando em um lugar tão assustador como a mansão em que meus pais me criaram.

A solidão é traiçoeira, e foi ela que me fez ceder ao atentado de Alfonso. Agora era tarde demais. Meus braços não lutavam contra e muito menos o afastaram. Acabei me deixando levar pelo calor do momento e pela confusão de sentimentos que aconteciam dentro de mim. Quando ele me soltou, eu ainda estava de olhos fechados. Envergonhada.

A minha razão não demorou mais que alguns segundos para retornar.

- Ele vai mata-lo. Se Christopher souber quem você é, ele vai te mata sem remorsos.

- Não tenho medo. Isso não me importa. Nada mais me importa, Dulce – sua voz estava trêmula - Sei que no fundo disso tudo você ainda me ama.

Suas mãos gélidas seguraram meu rosto enquanto encostávamos nossas testas. Alfonso parecia destemido. Ele visivelmente tinha mantido os seus sentimentos intactos, mas havia um problema. Eu não.

- Alfonso, não sei se as coisas são como entes - Ao me ouvir ele mudou seu semblante, ficando um mais rígido.

Foi como se lhe enfiassem um punhal. Minhas palavras se tornaram uma espada de dois gumes.

- Passo-se muito tempo desde que nos afastamos. Você agora é casado e eu sinto que Anahí gosta de você - reprimi o olhar - Ela se sente muito sozinha, abandonada e eu tenho uma boa relação com Christopher. Precisamos aceitar os fatos e ficar ao lado deles agora.

Ele estava a minha frente e não conseguia nem sequer falar nada. Alfonso não estava feliz, mas decidiu não me interromper. Sua decepção foi nítida. Eu mesma nunca imaginaria dizer aquelas mesmas palavras ao homem que tanto jurei amar.

- Me deixe em paz. Vamos viver nossas vidas separados e com respeito. É o melhor para você. Jamais me perdoaria se algo trágico lhe acontecesse.

- Está fazendo isso pela minha vida? Teme por mim?

- Claro que sim.

- Então não tema. Somos capazes de passar por isso. Galavar tem pulso e eu também. Somos dois homens adultos. Saberei cuidar de mim e de você.

Balancei a cabeça aturdida, virando de costas e segurando os cabelos. Era injusto os dois me confundirem daquela maneira. Eu também tinha o poder de decidir por mim mesma. Entre eles não consegui me sentir mais do que um troféu disputado.

- Alfonso, você não entende - segurei a fala e supliquei por forças - Eu acho que amo o Christopher.

O olhar afetuoso dele enfim se desfez. Decidi que não valeira a pena discutir aquele assunto por mais tempo. Direcionei-me ao cavalo e subi, retornando para a mansão sem olhar para trás. Eu o deixei lá, sozinho e sem palavras.

****

Desde o ocorrido nas margens do rio a culpa do beijo não me deixou tocar em Galavar ou sequer deitar com ele. Nós apenas dormíamos juntos, um do lado do outro como um casal, mas nada além disso. O que mais me intrigou foi o fato dele não insistir ou pedir qualquer coisa. Christopher apenas manteve o mesmo jogo por um longo tempo. A frieza começou a fazer parte de nós outra vez, mas desta a culpa era unicamente minha. Todos os dias eu fugia de Maitê e de Alfonso, o máximo. Me atrasava para as refeições propositalmente e sempre optava por ficar dentro do quarto lendo ou apenas aproveitando a solidão.

Como em mais um dos meus dias, após o banho sentei-me na beira da penteadeira e comecei a desembaraçar os cabelos, vagarosamente, tentando fazer o tempo ser cada vez mais curto quando Christopher entrou visivelmente exausto desfazendo suas vestis.

Decidi que não dava mais para manter aquela situação. Larguei a escova de cabelos e virei a visão para ele.

- Posso ter um minuto do seu tempo?

- Sim – Sua resposta foi seca enquanto pendurava a camisa.

- Porque está frio comigo? -  Perguntei me aproximando dele, já de pé.

Ele se virou para mim e me encarou por um tempo antes de segurar meus ombros com uma expressão tranquila. Aquele toque era meu divisor de águas.

- Você ficou estranha de repente, e como havia lhe prometido, tomei a decisão de não forçar mais nada entre nós - sua voz pareceu entristecida, mas ele conseguiu contornar para um tom mais maduro - Não tenho certeza dos seus sentimentos. Acredito que você também não tenha, por isso, eu vou te deixar a vontade para pensar.

- Pensar?

-  Sim. Somos casados e temos dois caminhos - pontuou - Fazer com seja bom ou ruim. Mas os dois caminhos precisam de certezas. Uma delas é o que você sente em relação a mim.

- E o que você sente também.

- Sim, eu também. Mas agora sei muito bem o que quero, Dulce.

Dito isso Galavar me soltou ainda de olhos fixos, voltando a andar e indo para o seu banho. Eu caí em lágrimas assim que não deixei de vê-lo.

O que havia comigo? Minha vida estava tão tranquila e de repente tudo deixou de ser calmo e se tornou obscuro.

****

Aquela semana poderia ter sido bem melhor. As coisas tanto no trabalho com em sua vida pessoal atormentavam os meus dias. Não era um bom negócio chegar em casa e receber a presença distante e distraída da minha esposa.

Dulce conseguia ser calorosa como a chama de uma lareira e ao mesmo tempo uma pedra gelo.

Continuei nervoso e pouco concentrado. Christian e Alfonso eram presenças raras e pouco produtivas. Eles não conseguiam acompanhar o ritmo dos negócios e muito menos o meu ritmo. Eu era fissurado em trabalho e prezava tudo muito bem organizado e rentável. A lerdeza dos parentes me irritou.

Naquele fim de tarde enquanto assinava alguns papeis, sozinho em meu escritório. Percebi que estava escuro do lado fora quando a funcionária da recepção pediu licença e entrou anunciando a recado. Havia um homem e ele precisava conversar urgentemente.

- Agora estou cheio de coisas para fazer. Esta tarde eu avisei que não estou atendendo ninguém.

- Eu sei disso senhor, e eu o avisei, mas ele insistiu que é sua exigência.

Soltando o ar pela frustração, ordenei que o tal homem entrasse. Para a minha surpresa, aquela presença não poderia ser mais perturbadora.

- Olá, senhor Galavar.

A voz confiante do investigador já esquecido me fez recordar bem os motivos da sua presença.

- Confesso que não me lembrava mais de você. Ficou alguma pendencia entre nós?

- Nada além do que me pediu para descobrir.

- Entendo. Então quer mais dinheiro? – insinuei desesperançoso.

Já fazia meses sem alguma novidade do caso.

- Isso não deixa de ser necessário, mas pelo contrário. Venho aqui com notícias.

Disfarçando a surpresa me endireitei na cadeira. Meu coração acelerou inquieto de imediato.

- Conseguiu descobrir alguma coisa?

- Na verdade eu não sei se vai querer saber.

- Estou lhe pagando por informações e não por opiniões. Diga de uma vez.

- Desculpe-me - o homem falava o tempo todo de cabeça baixa sem vontade de me encarar - Uma antiga empregada da família Lopez disse ter visto dona Dulce sair durante a noite algumas vezes.

Minha audição se tornou cada vez mais minuciosa e aflita enquanto ele continuava.

- Um dia ela decidiu segui-la e viu que senhora se encontrava com um homem de uma família muito importante.

- Deixe os rodeios e seja mais claro.

A ordem fez o investigador se intimidar e gaguejar.

- Esse homem é o filho mais novo dos Herrera – O meu corpo tremeu e minha garganta ficou seca na fúria de se controlar perante aquele homem.

- Você tem certeza disso?

-Total. Levei muito tempo para juntar fatos antes de vir avisá-lo. Eu precisava ter certeza.

- Então é o homem que está dentro da minha casa.

Confirmei sentindo a adrenalina invadir todo o meu corpo. Não consegui mais manter a compostura e gritei para o homem sair dali. Assim que ele saiu minha única reação foi a de lançar no chão tudo o que estivesse na minha frente. Meu escritório ficou destruído e bagunçado.

Nunca, em toda a minha vida, fiz o percurso de chegar na mansão de uma forma tão rápida. Malmente deixei meu cavalo pausar, saltando de cima do animal. Logo na entrada Maitê, Anahí, Christian e desgraçado estavam sentados à sala.

Os meus olhos ardentes de tanta fúria não conseguiram focar em mais ninguém.

- Onde está Dulce, Maitê? - Perguntei encarando o oponente e andando em sua direção.

Todos pareciam no fundo saber que algo de ruim ia acontecer, principalmente ele que se levantou prevenido.

- Ela está no quarto se aprontando para o jantar. O que houve... Christopher! - A fala apavorada dela foi interrompida quando me viu golpear Alfonso no rosto.

A força do golpe fez ele cair no chão, mas a minha agilidade o ergueu rapidamente e nos se enlaçamos como dois animais brigando por território.

Não mantive o controle. Eu o golpeei várias vezes e fazendo sangue jorrar do seu nariz e do canto da sua boca.  Ele não conseguia me acompanhar, mas em alguns momentos senti seu punho me acertar.

- Pelo amor de Deus! Christian, separe-os! - Maitê suplicava chorando e sem compreender nada.

Christian, obedecendo a suplica da esposa, se pôs entre nós e me empurrou.

- Parem! O que está havendo, Christopher?

- Seu maldito, infeliz! Eu vou matar você! - Gritei ignorando todos os chamados alheios.

Christian tentava me segurar.

- Se existe algum infeliz aqui, ele é você! - Retrucou ele.

Então minha raiva retornou com todas as forças. Joguei meu cunhado para o lado e voltei a golpear Alfonso iniciando tudo novamente. Ainda era insuficiente para mim. Meu desejo era vê-lo morto e longe de mim.

Como ele se atreveu entrar na minha casa e fazer isso debaixo do meu nariz. Esse pensamento me atormentou e me encorajou a não desistir de dar fim naquela vida.

- Christopher, pare! Por favor, não faça mais isso! - A voz de Anahí se encaixou junto das outras que seguiram insistentes.

- Anahí, leve Alfonso daqui agora!

Christian fez aquele pedido voltando a me segurar. A loira com lágrimas nos olhos encarou o marido com temor. Ele estava coberto de sangue, muito machucado e consequentemente impossibilitado de negar a ida.

Todos estavam assustados com o que havia acontecido, mas apenas nós dois podíamos compreender o real motivo. Dentro da cabeça da minha mente não conseguia deixar de pensar na ousadia de toda aquela situação. Foi aquele homem o responsável pela violação precoce de Dulce. O homem com quem ela pretendia fugir e o motivo que a fez rejeitá-lo de todas as formas por tanto tempo.

- O que está acontecendo aqui? O que foi tudo isso, Christopher? - O loiro também não se conformava o ar ríspido dele foi como um aviso.

- Tenho que resolver outro problema – ignorei, arfante.

Os dois estavam estáticos. Seus olhos ficaram aterrorizados ao perceber que segui meus passos até as escadarias.

- Aonde você vai? - Maitê perguntou levantando-se às pressas.

- Não se meta.

"Deixe Dulce em paz, Christopher - fingi não a ouvir e continuei subindo.

Maitê foi atrás, até que no meio do caminho avistamos Dulce vindo na mesma direção. A mulher parecia perdida, porém, inocentemente calma.

- Que gritaria foi essa? - Aturdida, ela observou a minha expressão carregada - Christopher.

Infelizmente eu a interrompi, pegando-a pelos braços com rigidez e arrastando-a pelo corredor.

- Você – praguejei aumentando a pressão da mão - Venha comigo.

- Largue-a! Chega dessa sua insensatez! - Tentou mais uma vez minha irmã, porém, foi em vão.

Naquela altura eu já estava fora de mim. Carregando o corpo fraco da minha esposa contra tudo, sem piedade.  Eu apenas queria ficar a sós com ela e liberar a segunda dose do ódio que habitava em meu coração.

- Porque está me segurando desta maneira? O que está acontecendo?

Sob o alvoroço dos outros, eu a empurrei para dentro do quarto trancando a porta. O casal do lado de fora, batia e implorava por minha misericórdia.

- Por Deus, o que aconteceu?

- O que aconteceu? Você ainda pergunta? - Ironizei - Sabe muito bem o que aconteceu.

- Escute. Você está alterado e eu não entendo o porquê, então vamos conversar com calma em uma outra hora.

- Não seja tão hipócrita assim. Tudo o que eu fizer ainda é pouco perto do que vocês fizeram comigo. – Minha garganta queimava ao sair aquelas palavras - O casalzinho pensava mesmo que eu nunca ia descobrir o plano de vocês?

- Vocês? Casal? Do que está falando?

- Como pôde ser tão baixa? Como ousou trazê-lo até aqui, na minha casa, na nossa casa? Me diga! Como armaram isso tudo?

Naquele momento Dulce não soube mais camuflar o seu terror. Ela já parecia estar bem ciente dos fatos. Meus dentes rangiam segurando uma ira maior.

- Fale sua vagabunda!

- Você é um doente. Acha que eu o trouxe até aqui de propósito? Isso é um absurdo! Como ousa pensar isso de mim! - Rebateu se levantando e indo na minha direção - Você é um imbecil!

- E você, pelo visto não se diferencia de uma meretriz qualquer.

****

Eu estava dolorida e transpirando incessantemente. Senti a náusea sucatear meu estômago e fazer o vômito chegar próximo da minha boca. Puro nervosismo e decepção. Poderia escutar tudo vindo dele, menos aquilo. Eu o amava. Mas meretriz não podia ser algo que Galavar pudesse dizer. Nada na sua raiva justificava tal comparação. O único erro que cometi foi ser imatura e amar um homem que não pude ter. Ser obrigada a casar com outro e aprender a amar esse outro com o passar dos dias achando que nunca mais seriamos confrontados por aquela situação.

Do que me adiantou tanta dedicação? No fim Christopher descobriu tudo e me acusou daquela maneira tão cruel, sem perguntar antes o que de fato havia acontecido.

Revoltada com tanta injustiça, não controlei minha atitude em resposta a tantas humilhações verbais. Juntei todas as forças possíveis e ergui a mão para esbofetear o rosto dele, sem dó ou piedade. Nem mesmo eu sabia que tinha capacidade para tal atitude. As marcas avermelhadas que contornaram a pele branca do leviano foram brutais para o ego dele.

Segurando o rosto, desacreditado, ele me olhou profundamente nos olhos, em silencio. Nesta eu já não fazia nada além de chorar. Algo prendeu Christopher contra o assoalho e o impediu até mesmo de agir em cima do acontecido. Pensei que ele se rebelaria, mas não o fez. Então foi eu quem delimitou a distância entre nós quando sai de dentro do quarto correndo desesperadamente. Aquilo tudo me sufocava como um veneno.

Christopher decidiu ir atrás renegando a minha rejeição. O casal que estava do lado de fora assistiu e ouvir o nosso debate por todo o caminho.

- Volte aqui. Não terminamos, Dulce!

- Não fale comigo! Não suporto mais ouvir a sua voz! Me deixe em paz!

- Está agindo como uma garota estúpida! Eu não vou deixar isso passar está ouvindo? Pare de correr! - E para o susto dele eu obedeci.

Parei de costas para a escadaria que dava acesso a área inferior da casa. Com convicção, suguei o ar, busquei por coragem, por uma voz dura e disse:

- Vou te fazer um favor. Vamos acabar com tudo. Eu cansei deste casamento, cansei de você. Cansei de tudo!

- E você acha que eu ou mais alguém vai querer alguém como você do lado?

- Vá para o inferno, Christopher!

Eu gritei aquilo até meu último fio de voz escapar, e de uma só vez me virei para descer. Porém, algo deu errado. Pensei por um segundo que estivesse mais distante, pelo menos alguns centímetros a mais. Mas meus cálculos não podiam ser exatos em um momento como aquele. Não existia concentração. Estava agitada, confusa, irritada e magoada. Infelizmente meus pés foram além, pulando dois degraus impensados. Perdi todo o equilíbrio e rolei escada abaixo batendo com a cabeça na maioria dos degraus. A mansão era grande e a escadaria não poderia ser desproporcional.

Sentindo algo escorrer do nariz, e então vi todos caminharem de forma lenta, gritando o meu nome, distante... A sensação de morte foi inevitável. Seria mesmo aquele o final de tudo? Seria aquele o meu fim?

Antes de perder-me na escuridão que se aproximava, olhei exclusivamente para a imagem do homem que acabava de me fazer tanto mal. Ele parecia triste. Seus olhos continham lágrimas.  Eu queria poder segurar em suas mãos e falar que aquilo tudo era mentira e que nunca faria algo para magoá-lo. Que era inocente e que me importava muito com ele. Mas a voz não era audível. Ela não tinha mais forças. Sentia então apenas dor e a dormência.

Finalmente, quando a separação se tornou mínima entre nós, perdi para a escuridão e os meus os sentidos e se foram.

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