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Capítulo 02

O alfaiate fazia as últimas adaptações do vestido harmonizando-o a silhueta e certificando-se de que tudo ficaria aprontado para o dia seguinte na cerimônia. Enquanto ele me alfineteava vez ou outra permaneci de pé imóvel e consumida pela ilusão de um destino trágico. Eu realmente não sabia nada do homem com quem estava prestes a casar. Nem mesmo como era a sua fisionomia ou sua aparência, mas conhecia o suficiente para odiá-lo.

Christopher era o seu nome, e os boatos sobre sua vida davam nojo. A pesar de ser responsável com os afazeres e assuntos da família durante o dia à noite as suas caçadas obscenas o transformavam no homem indecente que era. Eu sabia de todas aquelas coisas através das mulheres da província que faziam questão de passar horas a me falar sobre como aquele sujeito era no seu dia a dia, durante os chás da tarde que habitualmente Blanca organizava uma vez ao mês e me forçava a participar. Elas ousavam até mesmo dizer os detalhes mais íntimos só para me ver desistir de tudo fadadas a crer que isso o deixaria solteiro.

Meu noivo era cobiçado por muitas, se não todas. Não sei se pela herança ou unicamente pela demência delas.

Logo após a arrematação dos ajustes, Mercedes adentrou transportando uma bandeja com um copo de água oferecendo ao Alfaiate. Assim que se desocupou ela me apreciou com um sorriso cintilado de orgulho, deixando as mãos livres.

— Está majestosa, menina! Parece uma princesa — O elogio não alterou minha demonstração amarga, e logo ela também se entristeceu — Tire esse aspecto infeliz e pense que pode dar certo.

— Será impossível. Você sabe que não dará! Eu não o quero em minha vida.

Choraminguei saindo de cima do bloco arredondado de madeira em que estava antes, para poder me segurar a ela. O alfaiate nos observava acovardado repleto pelo receio de idealizar aquela situação. Todos conheciam e temiam meus pais e não era segredo algum. O homem parecia arrependido de sequer ter escutado aquela conversa.

— A única coisa que me conforta é saber que vou poder te levar comigo.

— Farei o possível para lhe ser útil, menina — Mercedes cuidava de mim desde sempre, e era a mulher que me deixou lembranças felizes desde que tenho memórias sólidas. Ela foi a única que jamais me desamparou ou revelou os meus segredos.

Distraídas pelo momento de ternura nos assustamos assim que a porta abriu severamente manifestando a faceta frígida de Blanca.

— Com sua licença — Mercedes se ausentou às pressas antes de ser afugentada pela mulher.

Me deixando a sós com ela.

— Você está impecável e faz jus ao nosso sobrenome — aquele elogio corrosivo me deu tanta aversão que senti uma breve náusea — Agora ouça bem, Dulce. Você irá se casar e se tornará propriedade do seu marido. É indispensável que compreenda isso.

O que? Que insanidade ela articulava? Eu agora havia me tornado um artefato nas posses daquele leviano? Avaliei devastada pelo furor. Meu olhar de incredulidade instigou ela a diminuir os olhos com uma intenção intimidadora.

— Tem que fazer tudo o que ele estabelecer e ordenar. Isto é o correto.

— Correto? — Protestei — Vou ser submissa dele? Mamãe que absurdo esta à dizer.

— Não comece com seus dramas, por favor. Eu já lhe disse, conforme-se. Aprenda comigo. Sou uma mulher exemplar e todos se curvam diante de nós, nos enchem de elogios. Que caminho além desse você almeja adotar?

Destacou andando em meu arredor como uma caçadora continuando os conselhos rudes.

— Todas as mulheres que se presam sabem bem que sua obrigação e destinos são esses — Completou.

Optaria por morrer, a ter um casamento igual aquele. Igual ao dela. Mas de que me adiantava tanta revolta. A quem eu queria enganar? Se no final das contas ia ser idêntico, se não pior, que o deles.

Entendendo que o meu silêncio denunciava a conformação ante as suas palavras, a mulher de preto caminhou até o costureiro e o ameaçou.

— Se você expor o que ouviu aqui hoje, nunca mais terá a língua de volta.

Assisti as pernas dele sacudirem, espantado, balbuciando uma confirmação de sigilo. Só depois disso ela finalmente saiu e o alfaiate a seguiu pelo mesmo caminho.

****

Ao anoitecer enquanto todos repousavam decidi pegar um tecido escuro que estava sobre a cabeceira envolvendo o meu rosto com ele e logo em seguida a minha cabeça com o capuz. Caminhei pelos corredores escuros tentando fazer o menor alarde de som possível. Fui atrás do meu cavalo, que por sorte ainda estava selado, e esvaneci no meio da madrugada enevoada.

Eu havia marcado um encontro às escuras com Alfonso, diferente de todos os que sempre improvisávamos. Tínhamos que nos ver antes do casamento e isso foi alimentado pela insegurança de que conseguiríamos manter algum contato após eu ser aprisionada.

O crepúsculo batizava o frio e mesmo com a movimentação inexistente ao meu redor não me deixei amedrontar permanecendo no trajeto até o final. Alfonso, como em todas as recepções, me aguardava frente a porta do chalé saindo na minha direção assim que me avistou. Ele apanhou-me pela cintura e me ajudou a descer como se fosse mesmo necessário, porém, deixei que abusasse daquele deleite. Logo que entramos no casebre olhei tudo em volta despedindo o meu coração inconformado. Parecia que cada cômodo dali fazia meu peito se comprimir cada vez mais.

A chaminé já estava acesa comportando o ambiente aquecido. Quando ele retirou meu capuz, docemente, seus lábios atingiram os meus, de olhos brandos.

Senti a respiração de Alfonso me atingir proclamando o seu contentamento em me ter ali.

— Venha para perto da chama, esta congelando.

Ele concluiu aquilo depois de ouvir o som dos meus dentes, golpeando uns aos outros, compondo uma sinfonia engraçada.

— Lá fora está bem frio, mas para estar ao seu lado vale a pena.

Balbuciei ao discorrer a opinião e ele não controlou a risada divertida.

— Pronto, isso irá ajudar a passar o frio mais depressa — disse, me envolvendo em seus braços mais próximos do fogo para me aquecer — Meu amor, mais tarde você se casará... e será o dia em que vou morrer em vida.

Exclamou fechando outra vez os olhos, recostando sua testa a minha.

— Também estou aterrorizada só de imaginar em não lhe ver mais. Nada fará sentido.

Minhas lágrimas imergiram no meu rosto, mas Alfonso as limpou com os dedos solicitando atenção.

— Dulce, quero pedir algo a você. Algo que selará a nossa eterna união.

Fiquei nervosa e na expectativa até ele voltar a falar

— Seja minha, está noite. Quero ser o primeiro a toca-la. Não admitirei que esse homem lhe suje. Quero você limpa para mim.

Aquilo me deixou perplexa e sem ar. Tudo parecia desordenado dentro de mim. Calafrios, ansiedade, aflição. Ele me quer? De que forma? Eu nunca tive noção do que era fazer aquelas coisas. Nem sabia como começar. Mas, se eu cometesse tal ato estaria condenada. Christopher podia até me devolver.

Seria ótimo ter aquela experiência com alguém que eu tivesse intimidade. O meu desejo de ter uma primeira noite memorável fez Alfonso me pegar em seus braços extraindo beijos vorazes antes que eu raciocinasse demais e recusasse a súplica. Aquilo me acendeu e quando os toques que começaram serenos se tornaram cada vez mais intensos, tudo em meu corpo reagiu de forma diferente. Fiquei nervosa pelo desconhecido, mas ele me pediu para ficar tranquila e seguir o seu ritmo. Não demorou muito para que nos enlaçássemos completamente entregues.

E foi além do que poderia imaginar.

A dor estava lá, mas ele era tão paciente, cuidadoso e prezou tanto pelo meu sentir que ela quase inexistiu. Alfonso estava sobre mim, penetrando-me lentamente, roçando a minha boca toda vez que seu fôlego restaurava. Após o ato se completar deitamos um do lado do outro no chão próximo a lareira. Minha cabeça foi conduzida até o seu peito, sossegando sobre ele.

— Eu vou te amar, não importa aonde estiver. Seremos sempre um só.

Ressoei aquilo como um soneto, me acomodando cada vez mais em seu corpo. Alfonso começou a afagar o meu cabelo rubro, com ternura, depositando beijos suaves em minha testa. Pude sentir suas lágrimas caírem sobre a minha pele.

— Sempre amarei você, Dulce. Não se esqueça disso.

— Nunca — respondi preenchida.

— Temos que ir, meu amor. Podem dar por tua ausência e isso vai lhe prejudicar.

— Como será agora? Não nos veremos mais? — Tive que perguntar aquilo mesmo com tanta dor me assolando.

— Vou fazer o possível para manter contato. Aguarde-me, tudo bem?

Assentindo com a cabeça demonstrando confiança nele. Ambos nos preparamos para que cada um pudesse seguir aos seus respectivos destinos. Aquela despedida parecia interminável. Nós não conseguíamos nos soltar. Sempre que o abraço parecia ser o último recuávamos e nos abraçávamos mais uma vez.

Por mais que eu estivesse feliz de vê-lo, aquilo não deixava de ser uma despedida incerta. Meu pensamento por um segundo foi além.

Christopher iria notar que eu não era mais pura. E agora? Repreendi-me em seguida por me preocupar com aquilo no exato momento. Eu queria que ele se explodisse junto do seu julgamento. Aquela não seria a prioridade da minha noite, e sim, manter as sensações de sentir-me mulher pelas mãos do homem que amava.

Continuei meu curso, distraída como uma tola, ainda sob as sequelas da noite. Como se nada fosse capaz de abalar o meu contentamento. Pelo menos não naquele instante. Estar plena assim me fez esquecer por muito tempo o que me aguardava no dia seguinte.

Já em casa, entrei silenciosa e fui direto para quarto, desfazendo-me das roupas para tomar uma merecida ducha. Ao me preparar para dormir, eu sonhei com Alfonso, e um futuro impossível de calcular. Era uma bela fantasia.

Estávamos felizes e juntos, como se nada pudesse impedir aquela união, até uma sombra negra me raptar arrancando meus punhos em um mar de sangue.

****

— Vamos! levante-se, Dulce! — Mesmo ouvindo Blanca vociferar a ordem, tentei dissimular sonolência, nem que fosse para ela desistir e ir embora ou simplesmente achar que eu estava morta — Não chamarei novamente! Acho bom você parar de agir dessa maneira tão tola.

— Pronto — repeli me erguendo sem nem uma gota de ânimo — Já estou desperta.

— Muito bem, agora precisa se arrumar para o casamento e quando estiver pronta desça. Don Fernando lhe aguardará na sala principal.

Era daquela maneira que eles se tratavam. Sem codinomes ou denominações carinhosas que remetesse qualquer tipo de sentimento. Ali também só existia uma adesão de interesses. Vivenciei outra vez o déjà-vu.

— Aliás — prosseguiu, recuando dois passos próximo da porta após lembra-se de algo — Não se esqueça de tudo o que conversamos ontem. Agora irá morar na mansão dos Galavar. Não vá nos envergonhar.

A voz gélida terminou assim que a porta se fechou por trás das suas costas alinhadas em um vestido extremamente apertado.

Aquele era o único traço que eu acabei aderido de minha mãe. Os vestidos justos e bem delineados recheavam sempre as minhas vestimentas diárias e formais. Desde pequena os espartilhos e seus apetrechos me seduziam.

Mercedes surgiu, pronta para me ajudar com o corcel, logo em seguida com o vestido. Ela estava dando os derradeiros retoques na pintura de meu rosto enquanto meus olhos viajavam no nada. Embora não fosse o dia mais feliz da minha vida sempre prezei pela vaidade e andar bem apresentável. Não seria no dia da minha queda que eu iria dar pretextos para aquela gente me ver como uma camponesa desarrumada.

Infeliz e arruinada sim, mas nunca mal vestida.

— Este vestido caiu muito bem em você, menina. Mas ficaria melhor se desfizesse essa expressão deprimida. Parece que vais a um funeral e não ao seu casamento.

— E é diferente? — reclamei com desgosto — Como meus pais puderam fazer isso comigo. O que eu fiz a eles, Mercedes, para ser tão oprimida?

— Minha criança, você não fez nada. As coisas são como são. Você deve se casar com ele, é o que está estabelecido. É o correto.

Não pude impedir de olha-la. Cada componente que pus do vestido de noiva foi como um decreto. Chegava a ser irônico o fato de eu estar ali.

Depois de tanto tempo presa naquele quarto com mais de quatro serviçais me aprontando e dissimulando serem mudas e surdas, eu fiquei pronta. Olhei-me frente ao espelho avaliando aquela roupa que parecia cintilar no meu corpo. Ela possuía uma anágua gigante marcando a minha cintura e deixando-a ainda mais fina do que já era, e com o auxílio do decote meus seios fartos saltaram convidativos. A roupa parecia o meu passe para uma exposição de luxúria, já que a única coisa mais discreta nela eram as mangas compridas de renda bordada sob a luva branca.

Vestido branco, com véu e grinalda.

Aquilo não devia fazer parte da composição, já que somente as mulheres com uma castidade conservada podiam fazer uso delas — e a minha naquele exato instante só fazia latejar me lembrando da noite anterior. Me indignei por um segundo pensando no pecado que cometeria ao entrar naquele lugar sagrado usando adereços castos.

Sempre sonhei com o dia em que usaria um vestido como aqueles, assim como toda jovem da minha cidade. A única diferença era que eu não queria que fosse Christopher o noivo a me aguardar no altar.

Depois de todas as cogitações, Mercedes me ajudou a sair dali para ir até a sala de estar segurando em minha mão. Quando desci as escadarias todos já me aguardavam no andar de baixo com os olhares fascinados e cobertos de louvores, assim como Blanca advertiu.

— Vamos — disse meu pai, oferecendo-me o seu braço para que eu o agarrasse.

Assim o fiz.

— Papai não faça isso comigo. Reconsidere — sussurrei como uma última suplica assim que adentrávamos na carruagem e ficamos a sós.

Mas a única coisa que recebi de volta dele, foi o seu olhar imparcial.

— Cale-se. Aceite isso de uma vez — objetou aborrecido — Não sei do que tanto reclama. Este rapaz pertence à família mais influente de todas essas redondezas, um dos maiores exportadores do país, além de ter uma boa aparência.

— Mas eu não o amo, papai.

Fernando içou a vista em minha direção, com o olhar faiscante. Ele gargalhou satírico, deixando evidente a quão tola eu era em crer que havia misericórdia ali, ou sequer, que ele repensaria na minha condição.

— Não se preocupe, agora você terá tempo suficiente para conhecê-lo melhor — complementou ajustando as abotoaduras do punho da veste — E falas de amor como se fosse uma realidade. Deixe de ser boba, querida, esses sentimentos surgirão com os anos. Se é que existam.

Desolada de vez resolvi não debater mais. Não adiantava em nada me estremecer ou implorar por uma reavaliação. Meu pai jamais seria capaz de compreender o que eu sentia ou pensava. Eles me planejaram uma vida semelhante à deles, sem amor, apenas tolerância — Conforme-se — Diziam todos. Tanto que eu estava começando a crer que teria mesmo de me conformar.

No restante do caminho ele me deu algumas instruções de como ser uma boa companheira e do que fazer para me tornar igual ou talvez bem pior que Blanca. Na maior parte das vezes eu aparentei ouvir já que não existia outra forma de impedir que ele continuasse a falar ou trocasse de assunto.

****

Chegada à bendita igreja desci da carruagem e fui tomada pelo braço direito e levada até a entrada enfeitada por um arco cheio de flores. A decoração foi outro espetáculo à parte. A catedral já era bela o suficiente antes mesmo de alguém resolver decorar.

Assim que meus pés atingiram o último degrau da escada os violinos tocaram a canção que me anunciou e os convidados se puseram de pé acalentado a sua espera e ansiedade de ver quem seria a tal moça que casaria com o herdeiro.

Enquanto marchava em direção ao altar, perdida em meus próprios pensamentos, captei o desenho do homem de pele alva, olhos castanhos, madeixas ondeadas e uma face afilada, quase angelical. Rígido e controlado ao lado do sacerdote, o noivo segurava as mãos frente o corpo, retribuindo ao meu olhar.

Christopher. Quem mais iria me esperar naquele altar se não fosse justo ele?

Sorrindo de forma dura, com a mandíbula contraída, o homem deixava manifestado que estava forçando o aspecto feliz. Que ótimo! Então éramos duas pessoas revoltadas. Ele parecia tão empolgado quanto eu para aquele matrimônio. O compromisso também não era do seu agrado. Isso me fez soltar um pouco mais de ar dos pulmões, libertando minha inquietação pela apreensão das emoções.

Sabe quando você está dormindo e percebe que o pesadelo iniciou, mas que uma hora ou outra você vai acordar? Eu me sentia o oposto. Aquilo não teria fim. Eu não ia acordar.

Meu pai se aproximou do altar e me entregou nas mãos dele. Foi então que nesse momento meus músculos se contraíram ao seu contato. Receosos pela proximidade desconhecida. Ele estava gelado, com as mãos levemente úmidas.

Eu não podia ser hipócrita. Christopher de fato era muito bonito, mas ainda era o mesmo homem a quem aprendi a odiar por existir.

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