Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 01

Europa 1886
(Século 19)

Os primeiros raios de sol, brandos como um leve toque, anunciavam um novo dia de uma preguiçosa segunda-feira.
Eu parecia estar grudada na cama de tal forma, que não conseguia ao menos sair e abrir os olhos para encarar a luz. Mesmo assim meu fio de letargia foi sendo corrompido pela algazarra que sobrevinha da sala abaixo. A mesma de quase todos os dias.

Meus pais, Fernando e Blanca, discutiam sabe-se lá por qual motivo. Mesmo que na maioria das vezes eles nem precisavam exatamente de um motivo.
Os xingamentos continuaram a repercutir por toda a enorme casa onde morávamos.

Quem os vê nos bailes, jamais imaginaria o que verdadeiramente acontece na família Candace.

Esfreguei os olhos, e olhei mais uma vez para o teto branco antes de ficar de pé e andar ao banheiro para fazer os meus asseios diários.
Vestida e pronta, desci para participar do café da manhã — amigável — que acontecia na sala de jantar.

— Bons dias — Cheguei tentando uma saudação, mas ambos estavam ranzinzas, em cada ponta da mesa, ignorando qualquer movimento anormal.

Eles não se observavam. Meu pai lia o jornal matinal enquanto minha mãe comia o seu desjejum.

Rolando os olhos, encarei a figura da mulher que entrava tomando posse de um sorriso cortês - Mercedes! — gritei, feliz.

Ela era minha acompanhante, minha ama-de-leite, e para ser mais precisa era a única responsável pela realização de todos os meus caprichos, que nem eram tantos. Aquela mulher fazia o papel de mãe e amiga.

— Como está se sentindo hoje?

A pobre mulher havia adoecido por uma semana inteira, e eu já estava a ficar angustiada com seu estado, e esvanecimento. Era característico da minha família se desfazer dos funcionários doentes.

— Estou bem menina. Fico muito grata por sua preocupação. — Assenti em alívio e ela então se retirou após servir minha xícara de café.

Blanca a essa altura já nos encarava discretamente desaprovando conduta com a serviçal. Ela odiava a minha afinidade com todos os empregados. Então quando pensei que escutaria mais uma vez um dos seus sermões, a voz de meu pai a deteve iniciando um assunto menos agradável ainda.

— Querida, filha. Já está preparada para os seus dezoito anos?

No mesmo instante minha fome desapareceu.
Eu sabia que sua ansiedade não era para o meu aniversário, e sim, o maldito pacto das famílias. Ambas estavam dispostas a agregar suas riquezas e enfrentar juntas a grande crise do século.

Os Galavar eram bem mais ricos que nós, mas o nosso patrimônio não era tão significativamente inferior. Um negócio de família que foi transferido de geração em geração e cada vez mais aprimorada. Meu pai sonhava com um herdeiro homem para dar seguimento a tradição, mas isso não aconteceu.

No entanto, a ambição dos meus pais foi além do compreensível. Com intuito de selar um convênio mais sólido e visível perante a burguesia, os patriarcas resolveram unir as famílias em um matrimônio. A única coisa que uma filha mulher poderia lhes agregar.

— Sinceramente não, meu pai. Não estou ansiosa — respondi com o mesmo tom irônico ao qual recebi a indagação - Ainda falta um mês.

— Pois deveria. Seu noivo lhe aguarda ansiosamente — repeliu espinhoso.

Reprimi o desejo de jogar toda a louça no chão ao lembrar quem era o meu destinado marido. Um jovem, hipócrita, mimado e imprudente que a toda semana se ouviam novas histórias de suas aventuras com inúmeras mulheres — o típico par imperfeito — que nem sequer eu fazia ideia de como eram as suas feições.

Imaginar a probabilidade daquele compromisso me asfixiava, e nem havia começado.

— Com sua licença — Falei, retirando-me da mesa.

Ninguém ali se importava com as minhas vontades, muitos menos com a minha renuncia em relação ao noivado, e além de tudo, aquele assunto já tinha me tirado tudo.

Os jardins da fazenda eram belos e como era outono as folhas caiam cobrindo toda a grama. Aproveitando o cenário fui até o estábulo apanhar o meu cavalo, o selando para passear. Ele era um belo Lipizzan, de pelagem branca como a neve. Eu adorava cavalgar veloz só para ter a sensação do vento golpeando o meu rosto misturado ao ar puro do campo. Era o único momento onde me sentia verdadeiramente livre.

Depois de um tempo apenas percorrendo os arredores da casa, me dei conta de que tinha um compromisso e que era hora de andar pelas áreas mais remotas, quase desertas, da fazenda.

Alfonso já devia estar me aguardando no belo chalé afastado onde nos encontrávamos as escondidas a muito tempo. Precisamente desde que nos tornamos namorados.
Ele era bonito, gentil, alegre e muito respeitoso. Tinha um belo par de olhos verdes e um sorriso largo que me presenteava com covinhas em cada uma das suas bochechas.

Porque não podia ser ele? Porque o meu esposo tinha que ser alguém que eu nem conhecia e que não amava.

Alfonso era quem deveria ser nomeado um perfeito marido, mas o leviano — Era deste modo que eu o intitulava – ia tomar esse lugar. E muito em breve.

Quando cheguei ao nosso ponto de encontro desci do cavalo aos pulos, eufórica, contemplando a imagem que refletia através dos meus olhos enquanto me aproximava cada vez mais dele.
Alfonso encontrava-se recostado no tronco de uma árvore com os braços cruzados me encarando de longe até nossa distância desaparecer.

Saltei sobre ele e enlacei meus braços em volta do seu pescoço roubando um beijo. Nos correspondemos insaciáveis antes de nos separarmos devagar, readquirido a sensatez.

— Estava com muita saudade, meu amor — disse de uma forma doce, acendendo meu íntimo.

— Eu também, — dei uma curta pausa — mas precisamos conversar.

O convidei para dentro do chalé e assim que adentramos pedi que sentássemos no sofá próximo da porta.

— Deixe-me adivinhar. Seus pais? — Deduziu ainda segurando o meu rosto temente.

— Na verdade, foi só o meu pai — corrigi amargurada - Ele voltou a tocar na questão do meu aniversário.

Percebi que assim que ouviu a minha reclamação, Alfonso modificou seu semblante tornando a clima ainda mais tenso. Ele trancou o maxilar e rangeu, bagunçando os cabelos.

— Esse casamento é ridículo. Você me ama! Como ele sendo teu pai te condena a isso?

— O que há de ser feito? Sabe bem que tentei recusar ao máximo, até implorei, mas foi inútil.

— Vamos fugir! Tenho como sustentar nós dois em uma vida de luxo, estruturada, assim como vive. Fuja comigo, Dulce.

Eu já havia cogitado aquela proposta inúmera vezes, mas em todas elas a minha conclusão final sempre era a de que seria impossível. O meu nome e o das famílias envolvidas seriam atirados na lama, e principalmente a segurança de Alfonso que era o que mais me importava correria perigo.
Eu sabia de tudo o que meus pais eram capazes de fazer por um sobrenome limpo.

— Seria suicídio. Meu pai nos encontraria até onde não houvesse chão e mataria você.

Aquela realidade nos acovardava. Ele também reconhecia os riscos. Seria um escândalo depois que toda a cidade comentasse a imprudência da filha única dos Candace, conhecidos por sua imagem incontestavelmente honrosa.

Porém isso ainda não me preocupava tanto quanto a vida do homem que eu amava. Fernando não tinha temor algum em desaparecer com quem atrapalhasse seus planos. Balancei a cabeça negativamente espantando os pensamentos ruins e me apeguei ainda mais a ele. Alfonso tentou persistir com a sua ideia, mas supliquei para que não tocássemos mais no assunto, pelo menos não enquanto devíamos abusar do tempo livre que nos restava.

Ficamos aconchegados trocando alguns beijos, meiguices e reforçando ainda mais o sentimento que abrigávamos no peito. Estarmos juntos era o único que importava.

Algumas horas depois, beirando o fim da tarde, nós nos despedimos e eu regressei para a mansão.

****

Assim que cheguei no território da casa antes de passar pela porta da frente e entregar o meu cavalo ao capataz, percebi que alguém estava à espreita na janela, não muito contente, me observando com o mesmo olhar cruel que tanto me era familiar. Entrei ciente de que seria afrontada.

A recepção de minha mãe não foi das mais calorosas.

— Isso são horas de uma dama retornar a sua casa, Dulce Maria? Já está ficando escuro.

— Fui dar um passeio a cavalo, mamãe — respondi rapidamente — Agora nem isso posso mais?

— Você precisa entender que está nas vésperas do seu casamento, e ao invés de se organizar para isso fica dando passeios demorados e submetidos a deduções maliciosas — Realçou obstinada — Seu noivo pode acabar sabendo de alguma coisa desagradável.

— Sabes bem que não quero me casar — Meu tom de voz alterou — Não me importa o que ele vai pensar, e além disso, a senhora não vê que ele é um cretino? Não é um bom indivíduo!

Supliquei em tentativa de comovê-la com o meu desespero, mas dona Blanca era frívola e seca demais para manifestar qualquer emoção controversa ao de indiferença.

— Ele não precisa ser o melhor marido. Só precisa ser seu marido. Conforme-se de uma vez com esse matrimônio!

Reforçou, dando as costas para mim e subindo as escadas com uma tranquilidade certeira de que nada mais faria aquela realidade mudar. Fui para o meu aposento, aos prantos, inconformada com a obrigação de alguém se casar sem querer.

Todas as fábulas me diziam que o amor era o único alicerce de uma união e o excepcional para fazer um casal feliz. Mas eu jamais seria feliz se casasse por conveniência como estava instituído.

Examinando todos os motivos de tanta repressão refleti no que eu podia ter feito a eles? Meu pai me ignorava e minha mãe era integralmente indiferente. Nunca me faziam carinho ou me tratavam bem, sempre tinham agrado em ver a minha aflição e desgosto estampados no rosto. O casamento deles era um inferno e eu pressagiava a mesma fatalidade para mim.
Além de todo aquele carma o pior seria ter de abandonar Alfonso, o único amor da minha vida, o homem que meu coração escolheu.

Com a cabeça afundada na almofada passei a noite inteira lamentando, tanto que nem sequer senti necessidade de descer para o jantar mesmo depois dos muitos chamados.

****

As semanas seguintes passaram como em um piscar e olhos. A cada dia mais o meu aniversário se aproximava e junto dele o meu completo desespero pelo "belo" presente iria de ganhar. Um marido abominável.

A única coisa que me acalentava eram os encontros com Alfonso, inundados de afeição. Parecíamos nos despedir a cada adeus no fim da tarde, e ele sempre estimulava o assunto da fuga ambicionando que minha audácia tornasse aquilo real, mas ainda era inviável. Eu prezava por sua vivência e tinha cada vez mais certeza de que meu pai tiraria a sua vida sem pensar duas vezes.

Mesmo ele sendo de uma linhagem rica, sua família tive o desprazer de se tornar concorrentes dos Candace, e por circunstância inevitáveis, rivais de negócios. Tudo ia contra uma presumível união. Meu pai nem sequer podia avaliar a possibilidade desse relacionamento, e quando arrisquei falar uma vez sobre isso durante o banquete, ele cuspiu no próprio prato e levantou, abominado aquele sobrenome.

Então os dias foram exatamente como presumi. Uma espera coberta de sofrimento e angústia até o dia do meu aniversário chegar entrelaçado ao casório.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro