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O Antiquário

Um antiquário, Cere pensou, de todas as coisas que ela poderia ter dito, um antiquário era a última que esperava. Ela tinha atravessado a cidade inteira para chegar nesse lugar, uma rua movimentada, cheia de pessoas correndo, carros coloridos e barulho. Era uma rua normal, tão normal como qualquer outra, o asfalto era preto, como de todas as ruas, mas o asfalto daqui poderia ser um pouco cinza, se você apertasse bem os olhos. E o chão era de pedra, como qualquer outro chão, mas o poste que iluminava a rua era um pouco mais para a direita, como se estivesse caindo aos poucos debaixo do calor do sol. E certamente, isso ela podia sentir, o pedaço de chão entre a faixa de pedestres e o bueiro era um pouco mais alto que o normal, fazendo aquele lugar perfeito para você tropeçar e derrubar o que estiver segurando. Principalmente moedas, Cere concluiu, e o que acontece quando você derruba algo que está segurando? Se for um papel de pouca importância, ele poderia facilmente ser levado pelo vento, talvez até se esconder nas profundezas do bueiro, para vir à tona durante uma chuva forte. Se fosse um celular, a pessoa certamente olharia para o celular para verificar se ele quebrou na queda. Mas se fossem moedas, ela respirou fundo, se fossem moedas, a pessoa se daria ao trabalho de pegar as moedas com as pontas dos dedos (olhe como o chão é sujo, as pessoas pisam nele o dia inteiro) e sem muita importância guardar as moedas no bolso, onde elas farão o barulho que as moedas fazem quando se batem com força, e a pessoa olharia para frente. Exatamente nesse momento, enquanto ela iria contemplar que coisa corriqueira é, derrubar algo no chão, ela seria atingida por um sentimento, um sentimento que Cere conhecia muito bem, ela veria o Antiquário.

O Antiquário, Cere riu, que engraçado chamar isso de um antiquário. A pessoa que derrubou as moedas iria perceber, que ela nunca tinha visto esse Antiquário aqui antes, (E como é possível? Eu passo tanto por aqui) e que ele era algo fora desse mundo. Ela iria perceber que o vidro era limpo, mas ainda assim dava a impressão que ao tocar nele ele estaria empoeirado, os garfos e colheres de prata estavam brilhando no sol, dispostos sobre tecidos extravagantes em um mar de seda e veludo, e nenhum deles, nem mesmo um, parecia combinar com o outro. Cada um dos garfos era único, e nenhuma faca parecia ter fio, (E quem compraria garfos sem par e facas sem fio?) mas ainda assim ela chegaria perto para olhar o interior, os relógios de corda quebrados, os livros velhos faltando páginas, os vasos rachados e os pratos com a tinta lascada. Uma verdadeira sinfonia de objetos, cuja história parecia estar escrita neles em cada buraco e rasgo, cada um dos instrumentos tocando desafinado, sem partitura, sem música, sem nada, somente as notas, dispostas em uma fileira monótona sem emitir nenhum som. Era um cemitério de coisas, alguém iria pensar, da mesma forma que nós ficamos velhos e sem valor, e somos jogados de lado para repetir o nosso passado como um monólogo triste, falando de parentes já falecidos, viagens já feitas e amores já esfriados, da mesma forma todos esses objetos esperavam seu momento final sem nunca poder morrer de verdade (Quem enterra garfos e relógios?)

 Cere se aproximou da loja para se esconder do sol, todas as vezes que alguém derrubasse uma moeda, ela iria poder olhar para esses vidros, refletir sobre a fragilidade da existência humana, e depois de alguns minutos, ir embora de volta para o mundo real. Acontece, que poucas pessoas jamais entravam aqui, em grande parte porque elas precisavam ser chamadas, afinal, isso nunca foi um antiquário. Ela tinha tantas memórias boas, tantas lembranças de tentar ler livros comidos de traças, experimentar roupas de décadas atrás e desfilar para uma plateia de enormes vasos de plantas e relógios de parede. Mas a sua tia, ela havia morrido, e agora ela era a pessoa, para tomar conta de todas essas coisas mortas. O testamento de sua tia pesava em sua mão, como se aquele papel impresso com letras pequenas fosse na verdade uma folha de aço ou titânio (E por um acaso aço ou titânio pesam? Eu nunca entendi de metais) e a cada momento ela chegava mais perto do chão, e sua vontade de se jogar nele e rolar nos tapetes empoeirados, gritando e pedindo ajuda, porque sua tia havia morrido. 

Mas ela não podia fazer nada disso, sua tia havia morrido, ela repetiu na sua mente pela décima vez, e ela era a herdeira da loja, ou pelo menos era isso que parecia, quando sua tia sofreu a morte mais enigmática do último século depois de passar semanas desaparecida. Cere descobriu quando o advogado bateu na sua porta com os papéis, eles não diziam muito, mas o homem de terno com o rosto rosado lhe disse que sua tia havia lhe deixado uma enorme fortuna, e que ela fez questão de detalhar em seu testamento que ninguém tocaria no dinheiro além dela. O papel que ele lhe deu pesava em sua mão, ele detalhava posses, contas no banco e objetos de valor inestimável trancados em cofres de bancos. Mas então porque a loja? Cere martelava na sua cabeça, porque sua tia havia dito que ela precisava cuidar da loja? O que havia demais dentro desse cubículo? Ela não sabia, e ela queria entender, ela precisava entender, porque, ela repetiu, sua tia havia morrido, e ela era uma mulher muito especial.

A porta de madeira se abriu sem esforço, ela nem parecia ter uma tranca, e ainda assim Cere sabia que tinha uma chave. Mas se a chave não abria a porta, então para que ela servia? Tinha que haver uma caixa então, sua tia adorava caixas, mistérios, enganações, nada era exato com ela. Ela fechou a porta atrás de si e foi até o balcão, esperando encontrar algo que indicasse o que sua tia estava fazendo antes de desaparecer, alguma desordem ou problema, mas tudo que ela encontrou foi uma pequena caixa de madeira com um buraco na frente. Eu tenho uma chave, ela pensou, (Mas algo está fácil demais nisso tudo) e tirou a chave do bolso. Ela era do tamanho certo e parecia que ia caber facilmente, mas porque sua tia faria algo assim? Simples e despreocupado, colocar a chave e abrir a caixa, mas Cere estava paralisada de medo, sua tia não gostava de coisas simples. Clic, a chave entrou no buraco, clic clic, ela girou até o fim e a tampa da caixa se abriu para trás.

Era um livro. Mas é óbvio que era um livro, porque não seria um livro? Ela abriu a capa e descobriu que se tratava de um caderno, escrito à mão por alguém, as páginas preenchidas do começo ao fim pareciam ter sido escritas furiosamente com uma caneta como se a pessoa não tivesse tempo, ou precisa dizer algo antes de ir. Mas era essa a letra da minha tia? (E afinal, qual era a letra dela?) E o que estava escrito, que precisava desesperadamente ser lido? Cere se sentou em uma poltrona velha e se concentrou em decifrar esse caderno, esse mistério que sua tia havia lhe deixado, porque ela precisava saber, porque sua tia havia morrido, e então, ela voltou para a primeira página e começou a ler.

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