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Interferência


— Eu aceito. — Ele disse.

Idiota. Eles realmente acreditavam que estavam no controle da situação. Humanos são insensíveis você diz? Eles são capazes de tudo para conquistar seus objetivos, são cruéis e implacáveis, mas não são totalmente submissos ou inconscientes. Seu maior erro foi acreditar que iria conseguir me subjugar, você e Cronos acreditam que tudo já está resolvido ao seu favor, e que todos nós somos apenas peças no seu enorme jogo de damas. Mas esse tempo todo eu estava no time errado, e vocês juntos com todo o seu conhecimento, toda sua grandeza, não me viram escorregar por entre as frestas. Não era impossível para uma humana suportar o conhecimento dos universos, não era impossível que as formigas lutassem contra os deuses. Era apenas muito difícil.

Eles pisavam em nós, eu conseguia sentir o ódio deles dentro do meu sistema. De alguma forma nós éramos inferiores, incapazes de entender os outros mundos, as outras pessoas. Mas mesmo assim a nossa existência era a mais livre de preocupações e apocalipses, o mundo mais tranquilo com as pessoas mais egoístas. Haan e Cronos viam de um mundo pior, assolado pela destruição e pelas fendas que comiam seu mundo pelas bordas, e ainda assim, eles sacrificaram tudo que tinham para lutar contra esse processo. Entregaram seus corpos e sua consciência para em troca se tornarem cópias de pessoas reais, exterminando todas as incongruências capazes de ameaçar a delicada estrutura do universo. Seu corpo criado nesse mundo, era semelhante ao nosso, mas feito de coisas encontradas aqui, um estranho entre os seus, um estranho entre os nossos. 

Eles se acreditavam os únicos capazes de julgar e condenar, o sacrifício que fizeram tão sagrado, que eles se tornaram deuses. Nenhum humano jamais fez o mesmo, a existência da fenda que está rasgando aos poucos a trama do tempo e do espaço nunca foi tocada por mãos humanas. Apenas eles, os outros, as cópias, eram responsáveis por decidir qual lado seria vencedor. Então obviamente, sem nenhum defensor, a humanidade estava fadada ao fracasso. Como poderíamos ao menos tentar? Sem conhecimento, sem força, sem eternidade. Mas eu não pretendia deixar eles passarem por cima de todos nós. Eles não poderiam interferir em nenhum aspecto do jogo, o destino da humanidade precisava ser decidido apenas pela superioridade humana, algo que eles mesmos sabiam ser real e assustador. 

E era exatamente isso que eu iria utilizar. Quem iria me impedir? Eu não sou mais humana, o meu corpo nesse momento está sendo parasitado por um ser de outro universo, a minha consciência cada vez mais está se partindo com o peso do entendimento do mundo. Mas eu ainda poderia tirar algumas cartas, e se eu algum dia me tornasse igual a eles, eu faria isso para proteger os seres ignorantes da minha antiga casa. Andei até Cere, deitada em seu pilar de pedra, seus olhos fechados pareciam se mover em todas as direções, buscando e procurando algo nas profundezas da água escura. Suas mãos apertavam com força a carta de tarot, o futuro que ela segurava seria o melhor possível, o único capaz de nos livrar da destruição.

Observei sua forma delicada, ela parecia tão pequena e tão delicada suas feições haviam se tornado algo diferente para mim, tão distante e tão perto ao mesmo tempo. Eu olhava para sua pele e sentia o toque, o calor, o peito se levantando com sua respiração e cada um dos fios de cabelo se espalhando pelo rosto. Era algo celestial e puro, intocado pela corrupção, intocado pela maldade. Eu quase era capaz de ficar do seu lado e fingir que gostaria de viver nesse estado de ignorância novamente, voltar para o hospital e me empenhar diariamente em cuidar de cada ferimento, cada coração partido, costurando de forma inútil a pele e os ossos, pregando os nervos e colocando pregos como se para construir um móvel. Talvez o corpo humano fosse assim, um armário com diversas gavetas cheias de segredos e meias sujas, mas era um trabalho ingrato cuidar de todas as juntas e maçanetes se a própria casa em que esse armário residia estava prestes a desabar.  

Eu queria essa vida, era como se ela tivesse sido feita para mim. Olhei em volta para o lugar, o enorme edifício aberto para o céu era vazio, nada além do chão de pedra e os formatos estranhos em que a arquitetura se manifestava, o espaço vazio não era preenchido por nada, e eu quase conseguia imaginar como os habitantes desse mundo devam ser vazios e duros como essas pedras. Era errado condenar pessoas que eu nem ao menos conseguia visualizar? Olhei para Haan, mesmo que ele se apresentasse como um homem sério, seu coração era turbulento e infantil, mas ele queria apenas proteger o mundo que ele conhecia e amava. Seus motivos eram os mesmos que os meus, ele apenas tinha cometido o pecado de ser mais fraco.

Segurei meus braços com força, era estranho sentir minha pele dessa forma, como se ela fosse cada vez menos minha, como se eu fosse um corpo celeste me desprendendo da terra, os fios que me seguravam se tornavam tão leves quanto a gravidade, o infinito me puxando por entre as estrelas e astros, a falta de som e de ar me diminuindo e me apertando, até que eu me tornasse um grão de poeira cósmica, vagando pela eternidade sem nada para me segurar, desesperadamente buscando uma corda ou uma ajuda, apenas para seguir em frente girando de cabeça pra baixo pelo céu. O desconforto dava lugar à liberdade, e em breve eu me sentia em casa, como se desde sempre eu tivesse nascido para ser esse grão de poeira, e o vazio do universo fosse para mim mais comum do que a própria pedra que eu pisava nesse momento. Eu respirei fundo mais uma vez, aproveitando enquanto o ar ainda enchia meus pulmões, e me reconfortando que em algum momento do futuro, eu poderia proteger aquilo que me era tão caro, por menos e mais insignificante que fosse.

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