9: Coalizão
Primo se aproximou de onde Ares estava sentado, sem soltar sequer uma palavra, apenas mantendo o foco no assassino de seu irmão. Para ele, não havia mais ninguém naquela sala além de si próprio e o delinquente que planejava matar.
- Ei, que negócio é esse? – Eco perguntou, como forma de reclamação. – Como que esses dois tão sem suas duplas? Isso não deveria ser contra as regras?
Antes que qualquer pessoa pudesse responder, Primo tentou acertar um golpe de picareta em Ares, que desviou se levantando, rapidamente, e o fazendo cravar e prender a ferramenta no sofá.
- Calma – Ares tentou tranquilizar Primo, que apenas lhe olhou notando o sangue de Caz em suas mãos. – Tivemos um desentendimento, não era pra ter acabado como acabou. – Explicou, enquanto andava para trás.
Primo retirou a picareta do sofá, partindo atrás de Ares, e por onde passava, os outros delinquentes se levantavam e se afastavam, mantendo-se fora daquele confronto, que não parecia que terminaria antes que um dos dois estivesse morto.
- MEU IRMÃO! – Primo gritou, com ódio. – VOCÊ MATOU ELE! NÃO EXISTE DESCULPA PRA ISSO, SEU MERDA! – Tentou acertar mais dois golpes horizontais em Ares, que deu pulos para trás, o fazendo errar ambos, até que esbarrou na maquete da primeira fase com seu cóccix, e Primo levantou a picareta no mais alto possível, a impulsionando com força na direção da cabeça dele. Na descida, Ares se moveu para o lado, e o delinquente acertou a maquete, que se manteve intacta, mostrando ser bastante resistente.
Ares contra-atacou Primo, avançando nele, e lhe empurrou com uma investida de braço, acertando sua barriga. O gêmeo cambaleou para trás, conseguindo manter a picareta na mão, e se esforçou para retomar o fôlego.
- ATRÁS! – Uma voz masculina, que pareceu se esforçar para sair com uma entonação alta, de algum delinquente observando a briga, advertiu Primo, e ele se abaixou, ao mesmo tempo que se virou, dando um passo para desviar de um suposto ataque.
Uma picareta correu diante de seus olhos, e Primo percebeu ter escapado da morte, uma segunda vez. O autor do ataque covarde se revelou como sendo a pessoa mais esperada a tomar tal atitude: Kraken.
O delinquente de cabeça raspada riu, acompanhado de um certo medo por ter errado o golpe, e Primo agarrou o cabo de sua picareta com ambas mãos, o impulsionando para a frente, e acertando o centro do rosto de Kraken, com o olho da ferramenta, o que o fez cair para trás.
- Seu merda... – Kraken, caído no chão, falou, enfurecido, enquanto recuava se arrastando, buscando sair da briga que acabara de se meter, e protegia seu nariz, sangrando, muito provavelmente quebrado.
- MERDA É VOCÊ! – Primo tornou a gritar, se aproximando de Kraken, pronto para finalizá-lo, mas ainda olhando Ares, brevemente, para garantir que ele também não lhe atacasse por trás. – Muito fácil tentar acertar pelas costas, não é? – Disse, com um tom sombrio, apertando os olhos no rosto machucado do jovem derrubado.
- Chega – Orion se impôs, demonstrando a picareta de Eco que possuía nas mãos.
- É, chega. Aprendam a não se meter na briga que não é de vocês.
- Não era pra ter acontecido como aconteceu... – Ares retomou sua explicação, sendo encarado por Primo, com um olhar enlouquecido, que apenas enxergava o responsável pela morte de Caz, e uma respiração pesada, fazendo seus ombros se levantarem a cada inspiração. – O plano era esperar por você, e estávamos o seguindo, até que ele... ele não quis sacrificar uma dupla para que pudéssemos continuar te esperando, então eu não tive outra escolha. Era ele ou eu. Tenho certeza que assim que você chegasse no topo iriam me matar e seguir.
- SEU DESGRAÇADO! – Primo ignorou todas as palavras ditas por Ares, apenas ouvindo que ele havia matado seu irmão para se salvar, e correu para cima dele, mas uma mão agarrou seu braço por trás.
Primo puxou seu braço com força, se soltando, e voltou acertando a mandíbula de quem tentara o segurar, com o cotovelo, o empurrando para longe e posicionando sua picareta no alto, com as duas mãos, pronto para finalizá-lo. V se revelou como sendo o delinquente que tinha tentado conter Primo, e o gêmeo, ao desfocar seu olhar do jovem, observou todos os outros espalhados pela sala, que o olhavam, amedrontados, temendo acabarem mortos ou feridos por seu momento de ira.
- Não vale a pena – V murmurou para Primo, e mais ninguém além dele ouviu o que havia sido dito. – Aqui não é o melhor lugar para isso.
Primo reconhecera a voz de V como sendo a mesma de quem o havia avisado do ataque de Kraken. Em um momento de calmaria, abaixou a ferramenta, ainda a segurando com força, e foi para um sofá longe, afastado de Ares, não pensando em outra coisa a não ser como poderia matá-lo.
"Acabou? Ninguém morreu? Certo, isso é meio chocante. Nunca diria que Primo iria parar antes que matasse Ares com as próprias mãos. Pelo o que ouvi, Caz foi morto por ele... não consigo imaginar o que sentiria por quem matou Kevin" – Ino refletiu, analisando Primo.
- ATENÇÃO! – A voz da Absolvição, que não era ouvida há um tempo pelos delinquentes, voltou, no momento que se seguiu ao fim da briga, como se apenas esperasse a sua resolução para falar. – A... primeira fase da... sétima Absolvição do ano de... 2035 teve seu fim – Esclareceu, o que já era evidente para todos. – O número de sobreviventes que concluíram a primeira fase é... dezesseis. Os fracassados que não passaram foram: Alma, Neve, Seis, Libra, Roma, Caz. Aguardem na sala de preparação até novas instruções.
- Fracassados... – Primo sussurrou, para si mesmo, repetindo a palavra usada na gravação, e o rancor que tinha com a Absolvição atingira o mesmo nível do que tinha com Ares. Ambos eram os responsáveis pela morte de Caz.
- Pau no cu da Absolvição – Lobo xingou. – Nem pra citar os nomes verdadeiros do pessoal que morreu... é uma falta de respeito imensa.
- O nome do meu irmão era Ang – Primo comentou, para Lobo, mas todos escutaram. – Era... antes de Ares o matar.
Ares foi encarado pelo gêmeo, mas sua visão acabou contaminada pelo rosto de Kraken, que surgiu em sua frente, com um nariz torto, e sangue escorrendo dele.
- Aí, grandão – iniciou uma conversa. – Um obrigado por ter salvo tua pele ali atrás seria legal.
- Você tomou uma surra dele, não salvou minha pele – Ares falou, e Kraken riu, com ironia, por não lhe agradar ser relembrado do que tinha acabado de acontecer.
- Apanhando ou não, eu salvei tua pele. Se não tivesse intervido você provavelmente estaria morto, porque o olho puxado não teria parado nunca.
- Intervindo.
- Quê?
- Intervido não existe, o certo é intervindo – explicou Ares, e Kraken o observou por alguns segundos, vincando sua testa, por não estar sendo respeitado, nem passar medo, ao delinquente que conversava.
- Intervindo, intervido, foda-se! O assunto não é esse, grandão.
- É, ótimo, e o que você quer? Um obrigado?
- Não, não, nada disso. Uma palavra não compensa eu ter arriscado minha vida por você – afirmou Kraken, e Ares passou a não gostar de onde aquela conversa pudesse chegar. – Mas se a gente formasse uma aliança...
- Aliança?
- Isso, nos unimos para sobrevivermos. É a melhor forma de chegar o mais longe possível aqui. Eu, Eco e Orion já iniciamos esse pacto de proteção, e você seria muito bem-vindo no nosso grupo.
- E por que isso?
- Bom, nós temos inimigos em comum. E é aquele ditado, o inimigo do meu inimigo é meu amigo – citou Kraken, ao dar um forte tapa no braço de Ares, que não o causou nenhum incomodo.
- Eu não tenho inimigos.
- HA! – Kraken gargalhou, com falsidade. – Se você acha isso então é a pessoa mais idiota dessa sala. O amarelinho ali vai fazer o possível pra te matar, e por mais que você seja duas vezes o tamanho dele, pode ser que sozinho não consiga se defender. Se junta ao meu grupo e a gente te protege. Desde que você faça o mesmo. O que diz, amigo? – Concluiu, destacando a palavra que usara para se referir a Ares, que já estava com uma expressão de maior aceitação à sua ideia.
Paralelo aonde Ares e Kraken conversavam, outros delinquentes pensavam na mesma estratégia, e um grupo era formado em um canto da sala.
- Você não acha que ela ficaria conosco? – Lobo questionou Cabrón, se referindo a Lotus.
- Não sei, eu não entendo bem ela. É um pouco complexa. Não sei se é assim normalmente ou tá de TPM, mas se eu estou aqui então é provável que não fique.
- Vocês passaram a primeira fase juntos, não acha que isso possa ter feito ela gostar mais de ti?
- Acho que fez ela ter mais ranço, isso sim.
- Bom, mas ainda precisamos de mais pessoas. A morte do Roma nos prejudicou bastante, já que ele era basicamente os músculos da equipe, e eu sinto que uma hora vamos precisar de alguém tão forte quanto ele caso o Ares realmente se junte ao trio dos imbecis.
- O que vocês acham do Primo? – Ino entrou na conversa, sugerindo chamarem o gêmeo para sua aliança.
- No sé... – Cabrón relutou. – O cara tá meio pirado das ideias agora. E quase acertou o V.
- É, mas... talvez não fosse bom deixá-lo sozinho. Eu sei bem como é a sensação de perder um irmão, e pra piorar ele perdeu o gêmeo dele, então parece ainda pior para mim.
- Só sei que eu que não vou lá falar com ele.
- E esse V? – Lobo se interessou. – O que acham dele?
- Não tenho uma opinião formada sobre ele, apenas que me assusta um pouco. Mas o Ino deve ter, eu vi que os dois conversaram no pátio em um momento.
- É, bom... eu fui agradecer ele por ter me protegido quando o Caz atraiu a atenção de todo mundo pra mim.
- E? – Lobo buscou mais informações. – Ele é gente boa então?
"Sim? Não? Sei lá! Ele demonstrou diversas vezes estar preocupado comigo, por ser uma criança, mas na vez que fui interagir com ele apenas me espantou como se não quisesse estar perto de mim. Além que seu olhar profundo e sombrio ainda me espanta de uma forma estranha... é algo indescritível que nunca havia sentido antes. Eu definitivamente não faço a mínima ideia do tipo de pessoa que ele é"
- E aí, Ino? O que acha dele?
- Não sei – Ino desviou da pergunta, e Lobo notou a sua demora para responder, estranhando.
- Bom, então é melhor manter longe até conseguirmos formar uma opinião sobre ele.
- E aquele ali? – Cabrón indicou, apontando, indiscretamente, Kant, isolado.
- É quem fez dupla com o Kraken...
- Certo, então já tá descartado.
- Apesar que... sei lá, ele não pareceu ter gostado muito disso. O Kraken foi racista com ele, e eu o defendi. Tá com essa cara de assustado desde a morte do Roma.
- Acha que deveríamos ir falar com ele?
- É uma opção.
Lobo e Cabrón foram na direção do sofá que Kant estava, e o jovem os notou antes que chegassem, os olhando de certa forma assustado, com medo de que poderiam fazer algo parecido com o que Kraken fizera com Roma.
Ino se manteve sentado, e enquanto os dois colegas que havia feito naquele lugar buscavam um novo recruta para a aliança, pensou em fazer o mesmo, então se levantou, e foi até a delinquente que havia lhe chamado atenção desde o primeiro momento que a viu, atravessando a sala até o lado onde ela estava.
- Oi, sou o Ino – se apresentou para Dama, sentada em um sofá, ao lado de uma marca de água no estofado feita por si mesma, enquanto chorava, sem chamar atenção.
- Oi – Dama respondeu, ao evitar contato visual, mostrando que não tinha interesse em continuar uma conversa.
- Você gostaria de se juntar ao meu grupo? Nós estamos formando uma equipe pra sobrevivermos – contou Ino, que começou a se contorcer internamente. – "Você gostaria de se juntar ao meu grupo? Sério isso? Se eu tentasse ser mais formal não conseguiria. Ela nunca vai aceitar. Deve ter medo de mim, isso sim. O Kevin deveria ter me ensinado a chegar em garotas. Eu lembro dele ter tido no mínimo umas quatro namoradas na vida, enquanto eu nunca nem beijei ninguém. Não que eu queira... não é algo necessário na vida de uma pessoa. Mas não seria de todo mal também"
- Não, obrigada. Eu tô bem sozinha.
- Certeza? – Perguntou, ao olhar para a marca do choro de Dama no sofá.
- Sim, apenas... saudade de casa. E da vida antes disso aqui.
- É, eu sinto também – mentiu.
- De verdade, eu tô bem sozinha – repetiu, desejando que isso fizesse Ino deixá-la em paz.
- Certo... bom, até mais então – se virou para ir embora, mas parou, e voltou. – Sabe, eu me sentia assim também. Pensava que estaria melhor sozinho... mas não aqui, lá fora. Menti sobre querer que as coisas voltassem como eram antes. Minha vida não era nada legal, nada feliz. A única coisa que tinha nela que me alegrava era meu irmão, mas nem isso tive nesse mês. Quando realmente fiquei sozinho, percebi o quanto estava errado. Eu precisava de alguém, e não tinha. Então, por mais que pense que vai estar melhor sozinha, não acho que aqui é o melhor momento para isso. Precisamos nos ajudar, ou caso contrário vamos ser apenas mais um dos fracassados da Absolvição. E eu não sei você, mas não quero ter meu nome dito por aquela voz sem ser anunciando que saí vitorioso daqui.
Dama se calou, digerindo tudo dito por Ino, que saiu mais como um desabafo, e tomou a coragem necessária para sair do conforto do sofá que estava, e seguir com o garoto de cabelos bagunçados. As duas crianças se juntaram a Lobo, Cabrón e Kant, e foram observadas pelo trio de amigas.
- Parece que tá todo mundo formando grupinhos – Hope comentou. – Não me agrada muito isso.
- Isso não me importa, - Wish declarou – só que estamos todas vivas. Foi por muito pouco que não fomos empurradas por aquele tal de Ares.
- É... eu ouvi ele falando também – Faith se manifestou. – Aquele gêmeo salvou nossa vida. Será que não deveríamos nos juntar a algum grupo também? Vai que tentam nos matar de novo.
- Não – Hope negou. – Ficamos só nos, estamos mais seguras assim. Só podemos confiar umas nas outras.
- Sabe, – Wish começou. – naquele breve momento que eu e Faith corremos na direção do portal, sem saber se conseguiríamos passar, a única coisa que me veio na cabeça foi o Scott.
- Scott, Wish? Tá falando sério?
- Eu simplesmente não consigo entender o motivo dele ter feito o que fez. Sabe, por quê? Nunca tínhamos nos desentendido, e ele fode nós três?
- A polícia devia estar na cola dele, e soube que se fosse pego acabaria executado – Faith tentou explicar, o que ela também não entendia.
- Ele era um babaca, isso sim – afirmou Hope. – Se fez o que fez então é porque nunca te amou de verdade, Wish. Apenas esquece ele.
- Nós temos que sobreviver essas sete fases – anunciou Wish. – Precisamos sair daqui vivas para provarmos nossa inocência e fazer o verdadeiro culpado ser preso.
- Nós vamos – Faith motivou, e Wish sorriu, a abraçando, e puxando Hope junto, que se manteve calada.
- Elas me dão nojo – expressou Eco, observando as três amigas abraçadas. – Não faço a mínima ideia de como ainda estão todas vivas.
- Estão porque minha dupla não quis empurrar duas delas para salvar o próprio irmão – falou Ares, já localizado com o trio.
- Coreanos devem ter o cérebro tão pequeno quanto... – Kraken foi interrompido por Orion, que já imaginava o que sairia de sua boca.
- Certo, vamos rever o plano?
- É, então, vamos nos livrar do lobinho primeiro, que já arranjou confusão com três de nós, e depois cuidamos do xing ling. Caralho! Os maninhos deveriam ter escolhido esse apelido. Um se chamaria xing e o outro ling, seria muito mais foda.
- Por que não o Primo primeiro? – Ares questionou. – Ele está sozinho, diferente do Lobo, que já formou um grupo.
- Um grupo que é composto por duas crianças, o macaco magrelo e o mexicano que tem medo da estressadinha.
- Não muda o fato de ser mais fácil lidar com quem está sozinho primeiro.
- Verdade, e quem garante que você não vai deixar nosso grupo depois que nos livrarmos do japa? Precisa ser uma via de mão dupla: você nos ajuda, para aí nós te ajudarmos – explicou Kraken, enquanto fazia mímica com suas mãos para deixar explícito o que propunha.
- Acontece que o Lobo não me fez mal algum, então por que eu aceitaria isso? Primo também é uma ameaça para você, então nada mais justo do que acabarmos apenas com ele.
- É sério isso? – Kraken olhou para Eco e Orion, garantindo que ambos também não estavam concordando com Ares. – Por que você aceitaria matar o Lobo? – Perguntou, retoricamente. – Bom, que tal porque ele é um dos concorrentes aqui? Que tal porque se você não matar ele agora, mais tarde ele vai te matar pra salvar o molequinho? Eu reconheço aquele olhar dele, já vi em muita gente, e sei que ele significa que mataria alguém ou faria algo pior para atingir seus objetivos.
- Então é basicamente como olhar em um espelho para você? – Ironizou Ares, e Kraken voltou a rir, com a mesma ironia de antes. O adolescente de cabeça raspada passava a desgostar cada vez mais do que acabara de adotar em seu grupo, mas sabia que precisava o manter por perto, por ser um forte concorrente. Ares imaginava o que Kraken sentia a respeito dele, e sabia que quando não fosse mais útil, acabaria esfaqueado pelas costas, por isso, precisava sempre se manter um passo à frente.
- É o seguinte, ou você ajuda a gente a se livrar do au-au antes, ou se vire sozinho com o xing. Se acabarem se matando mesmo, nós ficamos no lucro.
Ares olhou Lobo, que conversava com Ino e Dama, alegre, e fitou o chão, aceitando a oferta de Kraken, com a cabeça, mas não gostando nem um pouco dela.
- Ótimo, então, o lobinho não passa dessa próxima fase.
- E falando na estressadinha, – Orion retornou para o que Kraken havia falado anteriormente. – ela não parece ter se juntado a nenhum grupo.
- O que é que tem? – Eco perguntou, não querendo ouvir o que imaginava que Orion iria sugerir.
- Talvez pudesse se encaixar aqui. Já vimos que o mexicano não se dá bem com ela, então provavelmente não se juntaria ao grupo de Lobo. Além que está de vermelho, o que a faz se encaixar com a gente.
- Bom, você tem um ponto – disse Kraken. – Nosso grupo realmente precisa ser os piores dos piores, então não vejo nenhum problema em chamar ela. Até porque vai que ajuda a gente a se livrar do mexicano também.
- É, com certeza é uma ótima ideia – Eco ironizou. – Que tal se chamássemos a duplinha do Orion também?
- É diferente, Eco. A tal de Júpiter nunca concordaria com o que estamos dispostos a fazer para sobreviver. Qual o seu problema? Tá com ciúmes?
- Ciúmes nenhum, apenas não confio naquelazinha.
Distante de todos, Primo permanecia no mesmo sofá que havia sentado, se culpando por Ares permanecer vivo, e observando a sala, procurando algum lugar que pudesse se limpar do sangue das duas pessoas que morreram por sua causa, mas notando que não existia nada. O gêmeo percebeu alguém se aproximando dele, pelo canto do olho, e suas mãos agarraram o cabo da picareta, fortemente, pronto para matar qualquer um que lhe tentasse fazer algo.
- Ei – V chamou Primo, que lhe olhou, não entendendo o motivo daquele jovem estar tão presente em seus últimos momentos.
- O quê? O que você quer?
- Só vim dizer que sinto muito pelo seu irmão. Ele parecia ser gente boa, e são sempre esses que morrem primeiro. Se em algum momento precisar de ajuda pra vinga-lo, é só me chamar.
A fala de V chocou Primo, que esperava por tudo, menos aquilo. O delinquente de olhar vazio ainda não tinha expressado nada, mesmo demonstrando querer ajudar o gêmeo, e isso o agoniou mais ainda. V foi embora, sem sequer dar tempo para Primo processar o que ouvira e responder algo.
Orion deixou o quarteto, indo na direção de Lotus, após Ares também concordar em chamá-la, e Eco se manter discordante da ideia, porém, não conseguiu alcançá-la a tempo, pois sua caminhada foi interrompida pelo retorno da voz da Absolvição.
- ATENÇÃO! A... segunda fase da... sétima Absolvição do ano de... 2035 terá início em... 3 minutos. Abandonem todo e qualquer material vindo da fase anterior, e se posicionem, em uma fila, ante ao portal de onde vieram.
- Cacete! Mas já? – Cabrón se surpreendeu, e os delinquentes se levantaram, com dificuldade, do conforto do sofá que estavam, e aqueles que ainda possuíam a picareta consigo, as abandonaram.
A fila foi formada, para a entrada da segunda fase, e Lobo, Cabrón, Kant, Ino e Dama tomaram os cinco primeiros lugares, seguidos do quarteto Ares, Kraken, Eco e Orion, Primo, V, Júpiter e Lotus, que não haviam se juntado a nenhum grupo, e o trio Wish, Faith e Hope, por último.
Ares teve uma sensação estranha, como se estivesse sendo observado, e quando virou, levemente, seu pescoço, para olhar para trás, enxergou Primo o encarando, de forma tempestuosa, que não transmitia outra coisa além de um olhar irado, pronto para matá-lo. Se não houvesse os seus novos colegas entre ele e o gêmeo, não duvidaria de que seria agarrado por trás e teria seu pescoço quebrado.
Os três minutos, que muitos torceram para durar horas, passaram, e a voz regressou.
- ATENÇÃO! Todos os delinquentes devem passar o portal, separadamente dos outros, aos poucos, com um intervalo de 5 segundos entre cada travessia – declarou as mesmas instruções, e a forte luz branca apareceu novamente. – O número máximo de delinquentes que será permitido passar para a terceira fase é... treze.
Treze. Apenas treze poderiam concluir a segunda fase. Seria ela mais difícil que a primeira? Essa pergunta já havia passado pela cabeça de todos ali, prontos para o próximo degrau na escada que levaria à liberdade, ou à morte.
Primo foi o único que não deu importância ao número de delinquentes que necessitavam morrer na fase seguinte. Só pensava sobre como fazer o nome de Ares ser dito pela Absolvição, durante o anuncio dos fracassados. Não se importava se também fosse um, apenas que o assassino de seu irmão pagasse pelo o que havia feito
- Agora, com tudo esclarecido... ADENTREM A FLORESTA!
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