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12: Ao amanhecer

Lotus e Eco, que andavam sob o auxílio da luz exalada pelo lampião carregado pela jovem de sardas, seguiam vagando sem um rumo exato pelo interior da floresta, não muito próximas uma da outra, por desconfiança e repugnância vinda de ambas as partes.

Algumas raízes vultosas e grossas, das árvores tortas, se encontravam expostas na superfície, saindo da grama e percorrendo o chão da floresta, por não mais do que um metro.

- Porra! – Eco reclamou, após esbarrar seu pé, pela terceira vez, em uma raiz desenterrada. – Dá pra garota nova andar mais ligeiro? Eu não enxergo nada aqui na frente.

- Não tô muito afim não – Lotus, que se localizava alguns passos atrás de Eco, respondeu. – Vai que a senhora sexta série decide me apunhalar com essa faca aí.

- Não sabia que além de estressadinha você também era paranoica.

- Não sabia que além de irritante você também era insuportável. Consigo usar dezenas de sinônimos de chata pra caralho pra te descrever.

- É o seguinte, – Eco parou, se virando, e seu rosto foi iluminado, discretamente, pelo lampião de Lotus, que também não deu mais nenhum passo, mantendo seu afastamento da delinquente que falara. – como você mesma disse, eu tenho a faca, – disse, ao puxar o cutelo de sua calça. – e você a lanterninha. Se me irritar mais uma vez, eu juro que corto a porra da tua língua. Eu já fiz isso antes. Quer ouvir uma história? Uma mais legal que a do Orion? Então vamo lá: desde que eu era criança, antes mesmo da sexta série, o meu tio me olhava de um jeito diferente. Aquele filho da puta, que eu não considero um homem, era a porra de um pedófilo, e começou a passar a mão em mim quando fiz meus 12 anos. Um dia, no mês passado, o desgraçado chegou em casa, bêbado, numa noite que nem meu pai nem minha mãe estavam, e viu a oportunidade perfeita pra fazer o que sempre quis. Colocou alguma droga num copo de água, me deu, e me levou pro porão, onde... ele... ele passou muito mais do que a merda do limite. Semanas depois, ainda sem ter certeza do que tinha acontecido, e do motivo de eu tá com tanta dor pelo corpo, passei mal, vomitando pra cacete. Fiz um teste de gravidez, que consegui ilegalmente, e descobri que uma parte daquele... daquele merda estava crescendo dentro de mim, e isso me enojava de uma forma indescritível. Eu podia denunciá-lo, e fazer com que fosse executado pelo o que fez, mas ainda assim seria enviada pra essa droga de Absolvição por gravidez sem preparação, então porque não fazer justiça eu mesma? Droguei o miserável, o levei pro porão, e... eu... eu me libertei. Nunca senti tanto prazer na vida. Um prazer que sabia que nunca sentiria com qualquer outra coisa. Quando concluí a minha obra de arte, ele não conseguia nem mais implorar para eu parar, ou para matá-lo de uma vez. Meu pai encontrou nós dois no porão, e me denunciou, sem nem pensar duas vezes. Ele nem ao menos me ouviu, apenas me trancou, correu para o telefone, e a polícia chegou poucos minutos depois. Levaram o que restou do meu tio embora, e eu parei aqui. Ainda assim gostaria de ter visto o rosto dele quando foi executado pelo o que fez.

O desabafo de Eco saiu como uma rajada de tiros, e o alívio que a delinquente sentiu, ao expor o que havia feito, a agradou profundamente de forma prazerosa, mas nem perto do que sentiu durante a tortura de seu tio. Lotus não soltou sequer uma palavra, absorvendo tudo como uma ameaça, mas, ao refletir sobre o que ouvira, se questionou se não teria feito igual, ou parecido. Sabia o quão fácil era tomada pela raiva, por qualquer besteira, então ser vítima de um abuso sexual por um membro da própria família, ou a quebraria por inteiro, ou a faria tomar uma atitude pior da que tomara da última vez que deixou a ira controlar seu corpo.

- Sinto muito – foi a única coisa capaz de ser dita por Lotus.

- Eu não – terminou Eco, dando as costas, e continuando o caminho que seguira.

Lotus olhou para as grossas raízes expostas, as iluminando, e percebeu uma mochila, camuflada na grama, menor que a que seu grupo havia achado anteriormente.

- Ei, espera! – Lotus se dirigiu até a mochila, se ajoelhando e colocando o lampião no chão ao seu lado, então a puxou e começou a verificá-la, com ambas as mãos.

Eco tornou, ainda com o cutelo na mão, e se aproximou de Lotus, que checava a mochila, em busca do que ela escondia em seus bolsos.

- Bom, pelo menos vamos matar nossa sede – disse Lotus, ao encontrar e retirar da mochila uma garrafa com um líquido transparente dentro, sem nenhum rótulo, mas, ao se virar, levemente, para olhar Eco, apenas viu a faca de grande lâmina descendo em seu rumo.

Em um pensamento rápido, Lotus se jogou para o lado direito, esbarrando em uma raiz, e, caída no chão, quebrou a garrafa de vidro na cabeça de Eco, fazendo-a ter seu rosto encharcado do líquido, e cambalear para o outro lado, com o impacto, também para prevenir ser atacada enquanto se recuperava da batida.

- QUE MERDA É ESSA? – Lotus gritou, ao se posicionar de pé, ainda segurando o bico da garrafa quebrada, que se encontrava com pontas pontiagudas, em uma mão.

- Não é nada pessoal, Lotus, – Eco, com sangue escorrendo de sua cabeça, também se levantou, encarando a adolescente que tentara matar. – mas, preciso me livrar de você. Isso aqui só se trata de sobrevivência.

As duas delinquentes, carregadas de raiva, ameaçando uma a outra através de olhares, se encaravam, iluminadas pelo lampião no chão, que testemunhava um conflito iminente que só acabaria quando um dos lados não respirasse mais.

- Você é uma escrota – Lotus xingou. – Contou a merda da sua historinha pra eu amolecer? Agora, você vai ver o que EU sou capaz de fazer com quem me fode, vadia.

- Tô pagando pra ver – Eco atiçou, se mantendo intacta, enquanto fitava Lotus, apenas aguardando o momento que ela avançaria, para que pudesse acabar o que havia começado.

Um barulho de galhos e folhas se mexendo, anormalmente, vindo do topo das árvores, atrás de Lotus, atraiu a sua atenção, a fazendo virar sua cabeça, no reflexo, e perder o foco em Eco, que investiu para frente, levantando a faca para o alto, e tentando acertar sua cabeça com um rápido golpe.

- MERDA! – Lotus se lançou para trás, tendo sua bochecha cortada pela faca, e Eco, devida a velocidade do impulso que deu, andou mais do que queria, se aproximando muito, de forma indefesa, de sua oponente.

Lotus, aproveitando a vulnerabilidade de Eco, enfiou o que remanescia da garrafa em sua barriga, e, enquanto ainda segurava o objeto, o girou com sua mão, em sentido horário, fazendo a delinquente sentir sua pele ser rasgada, após ter sido penetrada pelos resquícios pontiagudos de vidro de diferentes tamanhos.

- AHH! – O grito de dor de Eco foi interrompido quando ela se engasgou com o próprio sangue, que começava a jorrar por sua boca.

Eco cabeceou o nariz de Lotus, a fazendo recuar e soltar a garrafa, então, quando tinha distância o suficiente para alvejá-la, lhe dirigiu, novamente, diversas tentativas de acertar um golpe. Três rápidos movimentos de seu braço, com o cutelo, passaram pela visão de Lotus, e ela viu a arma ser substituída pelos pêndulos do labirinto, então aproveitou o momento seguro entre os balanços, e avançou, empurrando a delinquente de forma torta. Eco, em uma ação ágil, cravou o cutelo no ombro de Lotus, antes de tropeçar numa raiz exposta e cair de barriga na grama, que aprofundou a garrafa de vidro para mais fundo de sua barriga.

Lotus se jogou no chão, sentindo que a lâmina da faca encostava o osso de seu ombro, e agarrou a arma, por seu cabo, a retirando de seu corpo, em uma severa e veloz puxada, enquanto Eco se arrastava para longe, retornando para onde o conflito iniciara.

Eco encostou suas costas em uma das grandes raízes da árvore ao seu lado, e posicionou ambas as mãos no bico da garrafa, que vazava todo o sangue escorrido de seus cortes abertos, então retirou o objeto da barriga, calmamente, e sua visão começou a embaçar. Percebeu Lotus, de pé, se aproximando de onde estava, e o arrependimento de ter iniciado aquela briga entrou por suas feridas e a corroeu internamente, por pensar que, mesmo se saísse vitoriosa, não tinha certeza se, depois, não sangraria até a morte.

- Eu não vou implorar pela minha vida – Eco disse, para si mesma.

Lotus levantou a faca no alto, com seu braço ileso, e a encaminhou, intensamente, para o rosto de Eco, mas foi impedida pela delinquente, que segurou seu pulso com ambos os braços. Eco, sabendo que se soltasse, acabaria morta, usou toda sua energia restante para conter a mão de Lotus, com o cutelo, e quanto mais força usava, mais sangue saía de sua barriga, e encharcava a grama sob elas. Lotus pegou seu braço ferido, o movimentando para a parte lateral da faca, o que já lhe fez sentir imensa dor, e colocou pressão para esfaquear Eco.

- Porra... – Eco murmurou, e posicionou sua mão esquerda na lâmina da faca, então cedeu, fazendo Lotus empurrar o cutelo para frente, e travar em seus dedos, que foram quase completamente arrancados.

Eco, no mesmo momento que teve seus dedos da mão esquerda praticamente decepados, enfiou os da mão direita na ferida do ombro de Lotus, a puxando, e abrindo mais do que já estava.

- AAAH! – Lotus gritou de dor, e foi empurrada para o lado, no tronco da árvore, por Eco, que se colocou de joelhos, pegando o cutelo, com a mão direita.

Lotus olhou para cima, vendo a mochila, entre as raízes, e em sua frente, o lampião, então o agarrou, rapidamente, e quando Eco se virou, com a faca, o quebrou na cabeça dela.

A chama do lampião encontrou o líquido inflamável da garrafa, e ateou fogo em todo o rosto de Eco. A delinquente teve a visão tapada por uma grande e forte luz, e após um breve momento, entendeu estar em chamas. Passou a sentir sua pele pegar fogo, com essa dor sobrepondo a que sentira antes, em sua barriga, e se arrastou para longe, sem a mínima noção do que fazer. Revirou-se na grama, batendo no próprio rosto, enquanto gritava, desesperadamente, de uma forma que nunca havia antes.

Lotus escutava os terríveis gritos de Eco, aterrorizada, e a odiou por terem que ter chegado naquele ponto. Teve forças para pegar o cutelo de volta, e se levantou, caminhando na direção da jovem, ainda viva, no chão, morrendo, lentamente, então preparou-se para encerrar seu sofrimento, quando, diante de seus olhos, um cipó surgiu, descendo de cima das árvores, e a agarrou, por seu pescoço. Lotus paralisou, ao ver aquela cena inesperada, e observou Eco ser puxada para cima, sem ter certeza se ela morrera antes ou depois de desaparecer no sombrio topo da floresta.

Lotus apanhou a mochila, por ainda pensar conter algo importante, do chão, e se afastou do local, em passos rápidos, temendo ser puxada para o vazio pelos cipós vivos.

Distante de onde suas aliadas lutaram até a morte, Ares tentava acender uma fogueira, com os fósforos que possuía, em um aglomerado de gravetos na grama. Kraken e Orion haviam ido procurar, ao redor, alguma outra mochila, então quando ouviu passos se aproximando, pelas suas costas, e viu, de relance, uma silhueta, deduziu ser um dos dois.

- E aí, achou algo? – Questionou, enquanto corria a extremidade superior do palito de fósforo na lixa da caixa, acendendo-o e o posicionando no centro dos gravetos, esperando que ateasse fogo em todo aquele material, para se esquentar.

A figura continuou se aproximando, e antes que pudesse alcançar seu destino, sentiu algo metálico e gelado encostar sua nuca.

- Não se mexe – Orion advertiu, e Ares se virou, olhando para trás e notando que seu colega estava com Primo na mira. – Nem pensa em tentar alguma gracinha, eu não vou hesitar em explodir teus miolos.

O coração de Primo acelerou, e ele pôs suas mãos para cima, na altura da cabeça, demonstrando rendimento.

- Era óbvio que o japinha ia tentar algo, né – Kraken retornou, de mãos vazias, mas já dirigindo seu ataque ao delinquente rendido. – Tá esperando o que, Orion? Mostra pro que cê veio e atira nele logo.

- Não! – Primo manifestou-se, temendo o fim da própria vida.

- Não? Ah, claro, desculpa, pode ir embora, a gente finge que nem te viu – disse, com ironia.

- Calma – Orion falou. – Vamo pensar o que fazer.

- Pensar? Não tem o que pensar, Orion! Ele veio tentar matar o Ares! Como o combinado, vamo se livrar dele de uma vez. Foi pra isso que formamos nossa aliança.

Orion olhou para Ares, calado, apenas observando-o, e moveu seu dedo indicador para o gatilho, se preparando, emocionalmente, para puxá-lo. Se convencia, internamente, de que tinha motivos para matar Primo, já que se não o fizesse, os papeis poderiam se inverter, e ele estar com a arma apontada para sua cabeça, em um próximo momento.

Um galho se quebrou às costas de uma árvore grossa, ao lado direito de Orion, e, de trás dela, V apareceu, com uma pedra bicuda, a dirigindo para a cabeça do delinquente armado, que o olhou, só a tempo de ver a rocha rasgar seu olho direito.

Primo virou-se, no mesmo instante, agarrando e roubando a pistola da mão de Orion, que cambaleou para o lado, mas não teve tempo de fazer nada, por ser pego por Ares, que avançou em sua direção, segurando seu braço com a arma de fogo. Primo acabou disparando duas vezes seguidas, numa tentativa de acertar seu atacante, mas apenas feriu a grama.

A explosão da pólvora, com os disparos, iluminou o local, brevemente, e o que vivia em cima das árvores se atraiu para o conflito.

Kraken investiu em V, acertando um soco fraco em seu queixo, e ele lhe prendeu por seu ombro, com uma mão, desferindo diversos socos, em seu estômago, com a outra. Tentou recuar e se libertar do delinquente, mas não obteve sucesso, sendo acertado mais e mais, até chegar o momento que não possuía mais fôlego para ficar em pé, e cedeu, caindo de joelhos no chão, onde V o nocauteou com um forte e pesado murro, ao lado da cabeça. Orion, com seu olho direito sangrando e danificando sua visão, correu até V, o empurrando, de forma atrapalhada.

Primo resistia, dificultosamente, para manter a pistola consigo. Foi empurrado por Ares em uma árvore, sendo pressionado contra ela, por um braço dele, enquanto o outro tentava fazê-lo soltar a arma. Disparou, acidentalmente, mais uma vez, e Ares pretendeu torcer seu braço, ao segurar seu pulso, e girá-lo.

- EU SINTO MUITO PELA PORRA DO SEU IRMÃO, MAS ELE ERA FRACO, NÃO IRIA DURAR MUITO MAIS TEMPO MESMO – Ares afirmou, e Primo, que sentia mais ódio dele, a cada palavra dita por sua boca, se agoniou por não ter a mínima chance de se soltar, mesmo que usasse toda sua força, então acabou largando a pistola da mão.

Um cipó desceu do topo das árvores, vindo pelas costas de Ares, antes que ele pudesse contorcer o braço de Primo, e o agarrou pelo ombro esquerdo, o puxando e o fazendo soltar o gêmeo. O forte delinquente, confuso com o que estava acontecendo, conseguiu se manter no chão, enquanto era arrastado para distante de Primo, e tentava fixar e prender o pé na grama, para não ser puxado para cima.

Primo se abaixou, retomando a pistola, mas Orion agiu rapidamente, ao empurrá-lo na árvore, e o fazer bater a cabeça no tronco, assim soltando a arma, e fazendo o delinquente com machucado no olho pegá-la. Primo movimentou-se para detrás da árvore grossa, e se afastou do lugar.

Kraken retomou consciência, vendo V se pôr de pé, e correr, com Primo, e se levantou em seguida, o seguindo, rapidamente, irritado.

- ORION! – Ares o chamou, e ele mirou, sem brusquidão, a pistola no cipó que segurava seu colega, então, quando viu o alvo levemente estático, puxou o gatilho, e o projétil saiu do cano, acertando, certeiramente, a corda, que foi estourada, libertando Ares.

O restante da planta tornou para cima, e Ares desatou a sua parte morta de seu ombro, soltando-a na grama.

- Porra... obrigado – Ares, exaurido, agradeceu.

- Acho que isso ajudou – Orion falou, ao apontar para seu olho direito machucado, não lhe fornecendo nenhuma visão. – Tá muito feio? – perguntou, e Ares analisou o buraco raso e nojento, expelindo sangue, que descia por sua bochecha.

- Não... – mentiu, escondendo sua expressão de repulsa. – Deve sarar logo, agora vamo dar o fora daqui. Vai que essas coisas reaparecem.

- É.

Ares e Orion seguiram juntos, após conferirem ainda ter mais duas balas na pistola, e foram para o caminho não tomado por Kraken, ainda perseguindo V, que perdera Primo de vista.

A noite começava a ir embora, conforme o sol se aproximava, lentamente, para tomar o lugar da lua. Ainda estava escuro, mas o céu passava a ter uma cor azulada, no lugar do preto, e o frio logo seria expulso pelos raios calorentos do astro do dia.

Na entrada da única caverna existente da floresta, duas das três duplas do grupo que ficara para observar as gravuras, se reencontraram.

- Acharam algo? – Dama perguntou, diretamente.

- Não, nada, apenas mais e mais parede, – Ino contou. – e vocês?

- Se a gente perguntou é porque não achamos, né – respondeu Dama, de forma grossa, propositalmente, mas sem maldade.

- Tô dizendo que essa chava precisa ser educada novamente – disse Cabrón. – Não achamos a saída, só isso – concluiu, ao mostrar a comprida mochila que carregava consigo, pela alça atravessada em sua barriga, diagonalmente.

- O que tem aí? – Ino, curioso, perguntou.

- Então... – Cabrón iniciou sua fala, mas parou quando ouviu, juntamente de seus três colegas, barulhos de passos, acelerados, vindos da floresta.

- São eles? – Kant questionou, preocupado que pudesse ser alguma ameaça à sua vida.

A luz da tocha de Lobo passou a ser visível, ao mesmo tempo que ele, correndo, desesperadamente, se revelou entre as grandes árvores. O delinquente esbarrou seu pé em uma raiz exposta, e caiu de cara no chão, atraindo seus colegas até onde tropeçara.

- Nã... – Lobo tentou prevenir que chegassem perto de onde estava, mas sua falta de ar o impediu.

- Lobo! – Cabrón o chamou, preocupado, ao passo que o ajudou a se levantar, acompanhado de Ino, Dama e Kant.

- Tem... algo... – Lobo, ofegante, começou a falar, apontando para cima, onde era possível ver os galhos e folhas aglomerados da floresta coberta se mexerem de forma excêntrica, movimentando-se em direção aonde os delinquentes estavam reunidos.

- Corram! – Cabrón ordenou, e antes que qualquer um pudesse se distanciar, em um ataque rápido e de surpresa, um cipó lançou-se em Dama, se enrolando ao redor de sua barriga.

- CABRÓN! – Dama berrou o primeiro nome que viera em sua cabeça, ao sentir algo lhe apertar e pressionar, pronto para puxá-la para cima.

Lobo, já sabendo o que iria acontecer, conseguiu agarrar a menina a tempo, abraçando-a e evitando que fosse levada. Ino e Cabrón o ajudaram a segurar Dama, que começou a sentir a planta lhe apertar mais fortemente.

- KANT! – Lobo gritou para o jovem, paralisado. – A TOCHA! PEGA A TOCHA! – instruiu, porém Kant deu dois passos para trás, e se virou, correndo para a caverna. - PORRA! – reclamou, inconformado, usando toda sua força para se manter fixo no chão.

- SEGUREM ELA! – Cabrón mandou, ao soltar Dama, fazendo Lobo e Ino terem mais esforço em contê-la, e abriu, aceleradamente, a mochila que carregava, retirando o facão que possuía.

Cabrón, com ambas as mãos segurando, vigorosamente, o cabo do facão, levantou-o e cortou o cipó, libertando Dama, que foi puxada e caiu para trás, juntamente de Ino e Lobo. Sem nenhum instante para segundos pensamentos, todos se puseram de pé, e correram em passos largos, abandonando a floresta, e reentrando na caverna, onde Kant se encontrava, em um canto, assustado, torcendo para que passasse despercebido.

- Seu imbecil! – Lobo xingou, caminhando, colérico, na direção de Kant, apenas notável por sua camisa branca, e os detalhes vermelhos de sua roupa, visto que sua pele, calça e jaqueta, de cores escuras, se camuflavam na sombra da caverna, perfeitamente. – Ela podia ter morrido!

- Mas não morri – Dama, com imensa dor ao redor de sua barriga e costas, se intrometeu, buscando acalmar a situação.

- A questão não é essa, menina. A questão é que ele não vai mais ficar com a gente.

- Eu... eu sinto muito... – Kant, com uma voz frágil, começou a lacrimejar, abaixando sua cabeça, e apertando as pálpebras nos olhos, como forma de conter as lágrimas. – eu entrei em choque... não sabia o que fazer...

- Era só pegar a merda da tocha, como eu havia dito.

- Me desculpa... me desculpa...

- Pede desculpas a ela – Lobo indicou Dama, que olhava para Kant, com pena.

- Ele não precisa fazer nada, apenas para com isso – a garota solicitou, e se afastou do grupo.

- Ela é bonzinha demais, – começou a sussurrar, perto de Kant. – mas eu não, então fica longe da gente.

Naquele momento sombrio, uma luz no fundo da caverna, não tão distante de onde os cinco delinquentes se encontravam, brilhou, iluminando-os. Do lado de fora, o sol passara a dar as caras, clareando o topo da floresta, e fazendo as brechas entre os galhos e folhas serem penetradas por seus raios, que desciam até o fundo, acertando a grama, e dando vida àquele lugar que antes parecia ser tenebroso. Ao olhar para a origem da luz, de dentro da caverna, notava-se ser idêntica aos feixes do portal usado, anteriormente, para transportá-los. O monitor, despercebido por todos, na entrada do lugar, cercado por algumas pedras, foi aceso, e o número 13 apareceu em sua tela.

- O que é isso? – Lobo questionou, confuso com que estava observando.

- A saída... – Dama murmurou. – está aqui...

- Bastava esperarmos amanhecer? E ela ia reaparecer? É sério?

- É o que parece – Cabrón falou.

- O que estamos esperando? – Kant perguntou, já se dirigindo para o portal, e o atravessou, com pressa.

- Ei, calma, – Ino segurou Lobo. – e o V? Cadê ele?

O delinquente de cabelos compridos passou alguns segundos olhando para o garoto até resolver falar.

- Não sei, Ino. Estávamos juntos quando aqueles cipós me atacaram pela primeira vez. Quando corremos, me perdi dele, e... não o vi mais. Talvez foi puxado por um deles.

A notícia não agradara o menino. Não tinha a certeza sobre o que pensar a respeito de V, mas sentia que, por mais assustador que fosse, em algum lugar, bem no fundo, o delinquente se importava com seu estado.

- Vamos, Ino – Lobo chamou, e o garoto, cabisbaixo, foi o segundo a adentrar o portal.

Dama e Lobo cruzaram os feixes logo em seguida, e Cabrón, depois de dar uma olhada para trás, preocupado com a situação de Lotus, também concluiu a fase, temeroso, deixando o monitor com o número 8 em sua tela.

Ao amanhecer, muito mais rápido que qualquer um já visto, a luz do sol, refletida na água do rio, atingiu os olhos de Wish, que acordou.

- Merda, merda, merda, – a adolescente de cabelos loiros se preocupou, ao notar a claridade. – já amanheceu! – gritou, acordando Faith e Hope.

- Porra, Hope, - Faith reclamou. – porque não acordou a gente?

- Eu cochilei! – Hope tentou se defender, irritada, mas também aflita.

- Precisamos correr, não podemos ser as últimas a chegar no portal.

Ares e Orion, com a pistola na mão, emergiram, saindo da floresta, e se dirigiram às três, as abordando.

- Vocês passaram a noite dormindo? – Ares perguntou, descrente. – Sério isso?

- Não ia adiantar procurarmos a saída mesmo – Wish contou, olhando, indiscretamente, para a ferida do olho de Orion.

- Por que não? – Orion questionou, incomodado pela longa encarada que recebeu, mas não obteve resposta, com as amigas apenas se olhando, como quem não iriam revelar a informação que tinham.

- Vamo, porra, falem! – Ares ordenou, e, de repente, a sua expectativa de que não haveria mais nenhum conflito foi destruída com o surgimento de Primo, ainda o seguindo, que avançou, correndo, em Orion, e o empurrou para o rio, onde ele caiu de costas em uma parte rasa da água.

Ares se assustou com o ataque, e o gêmeo pegou a parte de cima do cabelo de Orion, a puxando e empurrando sua cabeça contra uma pedra logo abaixo, o que o desmaiou e o deixou submerso. O sangue do olho de Orion, e o que começara a escorrer de sua cabeça, mesclou-se levemente com a água daquela beirada e passou a ser levado pela correnteza. Ares correu até Primo, chutando seu queixo com a ponta de seu sapato, o que o fez cair para o lado, e agarrou Orion, pela jaqueta, o retirando de debaixo da água, para não se afogar.

Primo notou que o delinquente nocauteado largou a pistola, e tomou a arma, retirando-a da água, e apontando para Ares, que, ao largar seu colega, virou-se, e viu estar sob a mira do delinquente.

- E agora? – Primo confrontou. – O que você falou do meu irmão mesmo? Que ele era fraco? Vai, diz mais uma vez pra ver se eu não estouro a porra dos seus miolos.

- Não importa o que eu falar, você vai disparar de toda forma – Ares, mantendo uma face séria, com a cabeça inclinada ao alto, encarando Primo, descrevera o que ele estava realmente disposto a fazer.

- Eu quero ouvir você implorar.

Primo, com uma expressão de satisfação, mantinha a pistola apontada para o rosto de Ares, distante dele, com seu dedo no gatilho, pronto para puxá-lo, e vingar seu irmão, por mais que soubesse, internamente, que não era aquilo que Caz desejaria.

Wish, Faith e Hope, paradas, de modo decoroso, na beira do rio, se olharam, e deram passos para trás, sem atrair a mínima atenção de nenhum dos dois delinquentes, então partiram para a floresta, se distanciando daquele conflito.

- Faça o que tem que fazer – Ares falou, e Primo fechou a cara, irritado, então, em um pisque, relembrou a imagem de seu irmão morto, quando alcançou o topo da parede de escalada.

Puxou o gatilho. Duas vezes seguidas. Uma logo atrás da outra. De forma perfeita para esvaziar a munição, mas nenhuma bala saiu. A arma travara por estar encharcada de água, e Ares e Primo expressaram choque e surpresa, de diferentes formas.

O forte delinquente correu até o gêmeo, o agarrando, com um abraço, pela barriga, e o levantou e jogou no rio, de modo violento. Primo sentiu o impacto, ao colidir de cara com as pedras, e Ares se colocou sobre ele, pressionando suas costas com seu joelho, e travando uma mão em sua nunca, e a outra em um de seus braços, o mantendo imóvel.

O desespero bateu no jovem submerso, tendo apenas um braço livre, que movimentava de forma agitada, para qualquer direção, buscando alguma saída, que ele sabia não existir. Não havia nenhuma pedra solta para agarrar, não conseguia encostar em Ares, e não alcançava a pistola. A única coisa que podia fazer era adiar sua morte, ao resistir e prender a respiração até o último momento. E esse momento chegara. Não havia mais nenhum oxigênio em seus pulmões, e a água começava a penetrar seu corpo por sua boca. Seus olhos apenas enxergavam o azul, e se lembrou quando Caz, juntamente de seu pai, tentara o fazer aprender a nadar, com 7 anos.

Em um momento de estresse, por não conseguir lhe convencer a entrar na água, seu pai o puxou para a piscina, dando apenas tempo de gritar, o que atraiu a atenção de sua mãe, que não gostou da atitude do marido, e prender a respiração, antes de cair e afundar. Balançou os braços verticalmente, igual um pássaro batendo as asas para voar, como já havia visto que as pessoas faziam, tentando subir, mas não conseguiu, até que sentiu uma mão o agarrar no braço, e foi puxado para cima. Quando abriu os olhos, na superfície, apoiado na margem da piscina, viu Caz, nervoso, o segurando, com seu pai de fundo, rindo.

- Você tá bem? – O jovem Caz, com sua voz fina, perguntou.

- Eu... tô – Primo, inocente e criança, respondeu, com o coração acelerado. – EU QUASE ME AFOGUEI! – gritou para seu pai.

- Eu não ia deixar.

- É... valeu.

- Eu que banquei o irmão mais velho, hein – afirmou, estampando um sorriso, de orelha a orelha, no rosto, que Primo notou, sem falar nada, apenas deixando a piscina, e indo se enrolar em uma toalha, ao lado da mãe.

Foi salvo por seu irmão, e nunca o agradeceu por isso, nem conseguiu retribuir a ação. O deixou morrer. Era sua culpa, e iria partir sabendo disso. Ao menos o reencontraria, do outro lado, sem as mãos sujas. Talvez fosse melhor assim.

Estava tudo preto, até que abriu os olhos, e então, uma forte luz branca, provinda do sol, acertou sua visão. Cuspiu água da boca, entalado, sentindo estar sentado em grama, e viu Ares desmaiado, boiando na beira do rio, com sangue ao seu redor, que flutuava juntamente da água. Não tinha forças para nada. Sabia que quase havia morrido, e se questionava se realmente ainda estava vivo. Foi levantado, ao ter os braços colocados ao redor do pescoço de duas pessoas, e se deixou levar, ouvindo, de forma abafada, vozes femininas, discutirem.

Ares foi puxado para fora do rio, como retribuição, por Orion, e acordou com ele prestes a lhe fazer respiração boca a boca.

- Eu tô... vivo – disse Ares, tossindo, ao passar a mão em uma área nas costas de sua cabeça, e sentir seus dedos se sujarem de sangue.

- O que aconteceu?

- Sei lá... alguém me acertou pelas costas.

- Pegar desprevenido é fácil demais, né? Bando de covardes.

- Só vamos logo, precisamos acabar essa merda.

Ares e Orion se colocaram de pé, não enxergando as pessoas que salvaram Primo, e retornaram, apoiados um no outro, à floresta, que estava completamente iluminada. O seu topo, onde os galhos e folhas se acumulavam, estava tranquilo. A ventania leve e fraca não fazia grande efeito, e parecia que aquela forte luminosidade havia colocado as ameaças escondidas para dormir. Os dois seguiram por longos minutos, perseguidos pela dor de seus machucados, até regressarem para a caverna onde a fase havia começado, notando um forte brilho saindo dela, e os feixes do portal, em seu fundo, esperando a travessia do próximo delinquente.

- Finalmente, porra! – Orion comemorou. – Que sacanagem que a saída é ali.

Ares parou, olhando para cima, e Orion o acompanhou, mas tentou o forçar para ir para frente, o motivando a seguir, e concluírem a fase logo.

- O que foi, cara? Tá esperando o quê? Vamos!

- Ali – Ares, com uma voz cansada e descontente, indicou, jogando a cabeça, o monitor que mostrava as vagas ainda disponíveis em cima da entrada da caverna.

Orion forçou a visão de seu único olho funcionando para enxergar o que Ares queria que visse, e observou a tela, com o número 1. O fato de só haver mais um lugar o atingiu como uma pedrada, e ele temeu que precisasse enfrentar seu colega para passar, mas a fala seguinte dele expulsou esse seu medo.

- Pode ir – soltou, entristecido, ao se desapoiar de Orion, e encostar em uma árvore, cabisbaixo.

- Como é?

- Eu não teria chegado aqui se não fosse você. Tu me salvou duas vezes hoje, então te devo essa.

- Tá falando sério, cara?

- Claro, vai logo antes que eu mude de ideia.

- Obrigado, mano, é muito corajoso isso. Eu não vou te esquecer.

Orion colocou a mão no ombro de Ares, balançando a cabeça, com um sorriso, grato, e ele retribuiu com uma abaixada de cabeça, então se virou, fitando a entrada da caverna, porém, ao dar o primeiro passo, foi agarrado por trás, por quem pensara ter se sacrificado para o salvar, e após apenas um segundo de resistência, teve o pescoço quebrado.

Ares soltou o cadáver de Orion na grama, com a cabeça torta para o lado, e os olhos arregalados, expressando grande medo e confusão.

- Eu também não vou te esquecer, mas preciso sobreviver – sussurrou, e seguiu em frente, atravessando o portal e pegando a última vaga disponível.

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