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10: Luz e escuridão

Quinze dos dezesseis delinquentes já haviam atravessado o portal, deixando apenas a jovem de cabelos ruivos para trás, que observou suas duas amigas adentrando a segunda fase, com o tormento de nunca mais revê-las. Faith andou para a frente, sendo engolida pelo forte feixe de luz, e se surpreendeu com algo que não esperava: estavam todos juntos, o que, para ela, parecia ser uma grande vantagem.

- Isso não te dá o direito de nada, imbecil! – Kraken, com sua voz disseminadora de ódio, discutiu.

- Eu atravessei primeiro, então posso ficar com o que quiser, imbecil – Lobo retrucou, enquanto segurava, de forma protetora, uma tocha, que se mostrava como sendo a mais forte fonte de luz de onde todos se encontravam.

Havia um brilho fraco iluminando o lado de fora de qualquer que fosse aquele lugar. A voz falara que seria uma floresta, mas, olhando ao redor, o álgido local parecia ser escuro demais para que isso fosse verdade.

Wish se virou, abraçando Faith, como se não a visse há semanas, e falou:

- A Absolvição não nos separou. Isso é bom, né?

- Se eu pudesse sugerir algo, - Hope deu um passo para trás, murmurando para suas colegas. – diria que é melhor sairmos daqui logo. Acho que os grupinhos vão começar a se matar em instantes.

- Não duvido – disse Faith. – Concordo em irmos embora logo.

- Não tem motivo para discutir por uma tocha – Kant tentou acalmar a situação. – É só seguirmos juntos em busca da saída.

- Não, asfalto, nada de boa – reclamou Kraken. – Eu não vou seguir com vocês, vocês que se virem.

- Na verdade é você que tem que se virar, porque eu que tô com a tocha, e não vou dar pra ninguém – Lobo confrontou Kraken, posicionando a tocha perto de seu rosto, propositalmente, para afastá-lo, e ele o fez, devido ao calor, e o medo de se queimar.

Lobo parecia confiante com as atitudes que tomava, porém, internamente, temia que acabasse morto por Ares, que aparentava ter se juntado, de forma definitiva, ao trio que tanto detestava. Ao iluminar a face de Kraken, foi possível notar uma incoerência: seu nariz. Ele não derramava mais sangue, nem se mostrava torto, apesar de ter, sem dúvida alguma, sido quebrado por Primo, com a picareta, na sala de preparação. Mas, esse fato não durou muito na cabeça de quem o percebera, devido a discussão rapidamente retornar.

- Não é justo você ficar com a tocha – Ares se impôs. – Deveríamos fazer um sorteio, ou algo parecido, para escolher quem vai mantê-la.

- Você não tem o direito de falar o que é justo – Primo surgiu, respondendo, quase de imediato, o que Ares dissera.

Toda palavra que saía da boca do robusto delinquente, era rebatida pelo gêmeo, o que o acostumou de que não conseguiria falar nada sem ser cortado ou repelido por Primo.

- E vocês, – Eco dirigiu-se ao trio de amigas. – o que acham disso? Não é justo ele ficar com a tocha, e todo o restante não, né?

Os olhos dos delinquentes se forçaram para enxergar as três garotas. As pupilas de todos estavam dilatadas, buscando se adaptarem àquela escuridão. As rochas cercando os jovens dificultavam uma visão ampla e compreensível do lugar, mas, os mais atentos conseguiam perceber que se encontravam dentro de uma caverna, ou algo muito semelhante à uma. Reparavam também que estava de noite, e a suave luz que iluminava o exterior, provinha de uma grande lua cheia, o que era estranho para alguns, visto que não fazia tanto tempo desde que deixaram o labirinto, e se lembravam bem do caloroso sol os perseguindo lá, que parecia não estar pronto para ir embora, e deixar a lua o substituir, tão cedo.

- Nós não vamos entrar na discussão de vocês – Wish expressou. – Na minha opinião, e provavelmente na de Faith e Hope também, o melhor plano que deveria ser seguido é o de permanecermos todos juntos e procurarmos a saída.

- Ah, sim, com certeza o melhor – ironizou Eco. – E depois, hein? Quando geral chegar no portal, e só tiver espaço pra treze de dezesseis? Vamos dar as mãos e atravessarmos todos juntos? – a fala da delinquente fez Wish parar por um momento, e refletir sobre o assunto.

- Se não queria ouvir nossa opinião, então não deveria ter perguntado – reclamou Hope.

- Perguntei porque pensei que fossem mais inteligentes do que isso – Eco, com seus olhos sombrios, dirigiu à Hope um olhar provocante, e ele se encontrou com uma encarada raivosa, impregnada no rosto da delinquente de cabelos negros, camuflados na escuridão do local.

Três membros do quarteto temido por muitos estavam modestamente perto, com a exceção de um: Orion, que sussurrava, discretamente, em um canto escuro, no ouvido de Lotus. Ela possuía uma expressão de cisma, mas escutava, atentamente, o que lhe era oferecido, pensante sobre a oferta que recebera.

"Essa discussão não vai dar em nada... eu espero. Se o Lobo ficar com a tocha é melhor pra mim, já que pretendo não desgrudar dele, mas tenho medo de um dos quatro ignorantes tentarem algo contra nosso grupo por isso" – Ino pensou, e, no momento que seus olhos desfocaram de onde conseguia enxergar melhor, viu, arduamente, algo que ninguém notara. – Ei – chamou Lobo, o cutucando e puxando sua jaqueta.

- O quê? – Lobo se virou, receoso de Kraken lhe atacar por trás, como já havia tentado, de forma falha, com Primo, e fitou a parede rochosa que Ino quis lhe mostrar. – O que são essas coisas? – questionou, ao se aproximar do que pareciam ser algumas gravuras nas paredes.

- Será que tem algum significado? – Cabrón perguntou, e os delinquentes restantes repararam no que a criança descobriu.

- Estão por todo canto – cochichou Lobo, ao inspecionar os desenhos, com os dedos, interessado no que poderiam representar.

"Podem ser uma dica de como sair daqui, igual os cipós do labirinto. Se realmente são, não sei se é uma boa ideia expor para todos isso. O que a Eco falou é egoísmo, mas a verdade. Não dá para irmos todos juntos em busca da saída, já que é necessário morrer no mínimo três nessa fase. Vou guardar meu pensamento comigo, e quando tiver a chance digo para o L..." o pensamento de Ino foi cortado, e seus planos afundaram quando uma delinquente iniciou sua fala.

- Acho que são uma dica de como sair – Dama explicitou sua teoria. – Igual aquelas plantas guiavam para a saída, no labirinto, pode ser que esses desenhos funcionem da mesma forma aqui.

"Mas que boca frouxa"

- Pode ser... – Lobo falou, lentamente, enquanto procurava algum sentido nas gravuras.

- Ah, claro, – Eco atraiu a atenção de todos. – vamos ouvir a criança de 8 anos mesmo.

- Eu já disse que tenho 13 anos, – Dama confrontou. – e da última vez que você não quis me seguir, eu estava certa, se lembra?

- Não, não me lembro. Só me lembro de você não querer seguir minha ideia de que os cipós indicavam a saída, menininha.

- Como é? – Dama se irritou, por Eco ter conseguido alterar seu temperamento, mais do que antes, com sua história distorcida. – EU que dei a ideia de seguir os cipós, e você não quis me ouvir.

- É mesmo? Quem que pode comprovar isso, pirralha? – Eco questionou Dama, que olhou ao redor e notou a ausência da dupla que estava com ela quando descobriu sobre os cipós. – Pois é, imaginei que não tivesse ninguém.

- Dane-se quem descobriu sobre os cipós – Lobo interferiu. – O que importa é o agora, e desvendar esses desenhos que mais parecem ser enigmas do que um simples mapa mostrando para onde seguir.

- Bom, podem ficar aqui tentando tirar algo desses rabiscos, que nós vamos encontrar a saída daqui – disse Kraken, balançando sua cabeça para Orion, o chamando para se juntar a ele, Eco e Ares.

- É a hora de ir, – Orion sussurrou para Lotus, um pouco mais alto do que antes, e Cabrón o avistou, posicionado atrás de sua antiga dupla, a assombrando como uma sombra. – você vem ou não?

- AÍ – Cabrón gritou, abordando Orion. – Deixa ela em paz, cabrón.

- Que tal você me deixar em paz? – levantou a voz.

- Uou, uou, uou – Kraken se direcionou, rapidamente, para a frente de Cabrón, o parando antes que pudesse chegar em Orion e Lotus, ao colocar uma de suas mãos em seu peito. – O chicano tá brabo?

- Você não me encosta, entendeu? – falou Cabrón, com um tom ameaçador nunca antes visto por ninguém ali, então deu um tapa no braço de Kraken que o segurava, e o encarou, irado.

- Aí, vocês dois – Lotus se pronunciou. – Que tal pararem com essa idiotice?

- Ele que tem que parar – Kraken respondeu, com um sorriso estampado no rosto. – Acho que você contaminou ele com tua braveza. Deve ter alterado os miolinhos do hermanito – completou, ao bater, levemente, o lado da cabeça de Cabrón, com seus dedos.

- EU DISSE PRA NÃO ME ENCOSTAR! – Cabrón agarrou a mão que Kraken usou para lhe tocar, e o empurrou para a frente, o pressionando na parede rochosa, com o antebraço, enquanto ainda segurava sua mão, com o outro braço.

Kraken tentou se soltar, indignado por não conseguir, até que Ares apareceu por trás de Cabrón, o agarrando por ambos os ombros, e o puxou, o jogando no chão, em seguida.

- Pinches idiotas – Cabrón reclamou, e Lobo foi até ele, ajudando-o a se levantar, o que perturbou Ino, por afastar a tocha da parede, impossibilitando-o de continuar enxergando os desenhos com clareza.

- Chega! – Lotus gritou. – Eu não preciso da tua ajuda - direcionou sua fala à Cabrón, que parou de se levantar, por não entender a sua atitude. O jovem mexicano pensava saber bem o que esperar de Lotus, mas se chocou com o ocorrido, por jurar que ela, ao menos, seria grata por sua ação. – Vamos – terminou, confirmando para Orion de que seguiria com seu grupo.

A aliança de Kraken, agora com cinco membros devido a súbita junção de Lotus, abandonou o lugar, e saíram de um buraco em uma comprida parede de pedras, idêntica à que cercava o pátio de preparação, descobrindo a escuridão, não tão intensa, do lado de fora. O quinteto se afastou da caverna, adentrando a floresta que a voz da Absolvição mencionara, sem notar que logo acima de sua entrada, no meio de diferentes pedras, havia um discreto monitor, desligado.

Ino permaneceu, durante todo o tempo que o confronto entre Cabrón e Kraken se desenrolou, analisando as gravuras, com certa dificuldade, por Lobo ter se afastado demais, distanciando a tocha da parede. Porém, o garoto, devido essa adversidade, notou algo que não imaginara ter outra forma de ser descoberto.

- Ei! Dama, Lobo, Cabrón, venham aqui – chamou Ino, e Kant, que pensava ter sido recrutado para seu grupo, se sentiu deslocado. – Olhem isso – indicou uma gravura, que era composta por um largo contorno, e um pequeno quadrado em cima, com o número treze em seu centro, mas não pareceu conseguir fazer seus colegas entenderem de imediato o que queria mostrar.

- Certo, o que deveríamos estar vendo? – Lobo perguntou, e Ino sorriu, como quem estava aguardando aquela pergunta para que pudesse expor sua descoberta.

- Continuem olhando – disse Ino, ao roubar a tocha da mão de Lobo, sem delicadeza, e afastá-la o suficiente para que a parede não ficasse iluminada por completo, mas não fosse consumida pela escuridão. Enquanto todos, incluindo os que não haviam sido chamados por Ino, prestavam atenção nele, um vulto se dirigiu à entrada, impercebível.

- Ainda não vejo nada, menino.

- Ela mudou – explicou Dama, apertando os olhos no que via, para garantir de que não se confundiu, ao apontar para o contorno, que agora se mostrava tendo grades em seu centro, e não havia nenhum número no quadrado superior.

- Cacete, é mesmo! – Lobo se surpreendeu, e ficou claro que aquela gravura se modificava quando iluminada.

- O garoto é inteligente mesmo, né? – Faith, impressionada, murmurou para Wish e Hope, também surpresas, mas de forma diferente, uma da outra.

- Sabe o que eu acho que significa? – Ino começou a falar, perto de seus três aliados, com um tom baixo, impossibilitando que os outros delinquentes ainda presentes ali ouvissem. – Pode ser que a saída só apareça com a luz, e por isso a tocha.

- Até que faz sentido – Lobo concordou com o pensamento de Ino, mas Dama e Cabrón se mantiveram calados.

A jovem menina entendera a lógica de Ino, e acreditava que pudesse estar correta, mas o fato dele querer esconder aquilo dos outros, por ter sussurrado apenas para ela, Lobo e Cabrón, a incomodava, levemente.

Já Cabrón não se expressou por estar com a mente distante dali, ainda pensando na atitude tomada por Lotus, que o intrigava amargamente.

- Amigas, – Wish se virou para Faith e Hope. – a gente precisa sair daqui logo. Vai que aqueles cinco encontram a saída por acaso. Se formos com esse grupo aqui, tenho medo de quererem sacrificar nós três para passarem.

- É, concordo, só vamos dar o fora – Hope consentiu, e Faith balançou a cabeça, também aderindo o plano.

As três se direcionaram para a saída, sendo notadas por Dama, e, por mais que ela soubesse que sua bondade acabaria custando algo caro, não se controlou.

- Eu não recomendaria que vocês fossem sozinhas – Dama aconselhou, e o trio parou, esperando entender o motivo daquela orientação. – Acho que desvendamos um desses desenhos, e parece dizer que a saída só se mostra com a luz da tocha.

"Certo, ela tem algum problema" – Ino, descrente, reclamou, com medo de acabar soltando seu pensamento em voz alta, como, vez ou outra, acontecia.

- Obrigada, garota, – Faith agradeceu. – mas não sei se é uma boa ideia ficarmos com vocês.

- Por quê?

- Bom... – hesitou. A jovem ruiva viu um olhar de inocência na criança em sua frente que batia com o de Wish, e não desejava quebrá-lo.

- Acontece que não temos como confiar em vocês – Hope se pronunciou. – Três de nós não vão poder passar para a próxima fase, e se tiverem que decidir quem são... acredito que não vai acabar bom pra gente.

- Não somos que nem aqueles outros – Lobo se defendeu. – Se não quiserem ficar conosco, ótimo, podem ir, mas nós avisamos.

"A Dama avisou, na verdade"

- Só se lembrem de que a saída só vai aparecer com a tocha, que está comigo – finalizou.

- Não necessariamente – uma voz desencorpada, que não parecia sair de algo físico, apenas entrava na mente, foi ouvida, vinda da escuridão, de um canto que aparentava estar vazio, e V surgiu, assustando alguns com sua presença. – Pode ser que a luz se refira ao sol, e não exclusivamente à tocha.

- Como é?

- Não sei se todos notaram, mas é noite – V explanou, e os que ainda não haviam contemplado tal fato, o perceberam. – Então, para mim, faz sentido que nos jogaram aqui para sobrevivermos até o amanhecer, quando a saída será revelada.

Lobo fitou V, por mais tempo que o normal, analisando-o, e sua cabeça se encheu de pensamentos sobre o delinquente, insistindo que ele não era alguém confiável, devido um pressentimento que o corroeu profundamente.

- Bom, então vamos acreditar que é o sol que revela a saída – falou Hope, pegando na mão de Wish, a puxando para saírem dali, e acabou acompanhada por Faith.

O trio partiu, e apenas sete delinquentes permaneceram na caverna. Júpiter, que se sentia completamente sozinha naquele cenário, se dirigiu à Lobo, abordando-o:

- Olha, se o que aquele ali – referiu-se à V. – falou é verdade, então temos algum tempo para observar bem todas essas gravuras, e tentarmos decifrá-las – sugeriu.

- Eu não tenho tanta certeza se ele está certo, mas pode ser que esteja. Vamos tentar entender o máximo que conseguimos, e então partirmos atrás da saída.

- Certo – Júpiter se afastou, parcamente, indo investigar uma das gravuras visíveis, que parecia ser um tipo de cemitério, enquanto Lobo trazia Cabrón de volta ao mundo normal, estalando seus dedos na frente do rosto do jovem mexicano.

- O que foi? – Cabrón perguntou, rudemente.

- Ei, relaxa – buscou acalmar seu colega, que notou como aquelas palavras serviam apenas para o contrário. – Sei que a Lotus partiu teu coração, mas precisa manter o foco no que realmente importa.

- É, eu sei, é só que... ela não tá segura com aquela galera. Kraken matou o Roma, Ares matou o Caz... vai que ela vira a próxima vítima de um deles.

- Se quer saber o que eu acho, é que quem precisa se cuidar são eles. Pelo o que tu me comentou, ela não é nenhuma idiota. Vai saber caso esteja em perigo.

- Espero... valeu, ajudou um pouco a minha paranoia. Certo, o que você estava falando mesmo?

- Então, – começou, conduzindo Cabrón para um canto afastado, após olhar ao redor e verificar quem estava próximo de ouvir. – é sobre aquilo que as três garotas falaram.

- Que três garotas?

- Caralho, Cabrón, você não tava aqui mesmo, né? Enfim, elas comentaram sobre caso a gente chegue na saída por último, e todos já tenham passado.

- Aham... – sussurrou, apreensivo de onde Lobo estava tentando chegar com aquela conversa.

- Se isso acontece, significa que precisaremos deixar três pessoas para trás, para passarmos.

- Merda, güey, eu não quero falar sobre isso – tentou fugir, mas foi impedido.

- Precisamos, Cabrón. Eu confio em ti, e só em ti até o momento. Alguém precisa cuidar do Ino e da Dama, e sinto que apenas nós dois estamos dispostos a isso. Aquele V não me cheira bem, Kant tem um olhar covarde, e a Júpiter... bom... não tenho nada contra, mas nada a favor também – Lobo expressou, e os olhos de Cabrón se arregalaram, indiscretamente, sob uma figura atrás dele, ao mesmo tempo que deu uma pesada e forte suspirada, nervoso.

- Bom saber – uma voz feminina, doce, confrontou, com um tom hostil e frustrado, e Lobo, sabendo o que havia ocorrido, fechou os olhos, numa tentativa de tentar ignorar a discussão que se seguiria. – Não sei por quê eu ainda acho que alguém aqui não vai me decepcionar.

- Júpiter, calma – se virou, abrindo os olhos, para enfrentar a situação que havia criado.

- Não, Lobo, tudo bem, eu entendo. Mas não vou ficar com quem está disposto a me sacrificar pelo próprio bem. Você disse para as garotas de que não era como o Kraken, ou o Ares, ou quem seja, mas para mim não parece ser tão diferente. Pelas gravuras que eu vi, não há nenhuma outra que se altera com a luz, além da do portão, então espero ter sido útil de alguma forma – terminou, se virando, e seguindo para a saída da caverna, sem ouvir mais nenhuma palavra de ninguém, o que a fez perceber o quão só estava, até que...

- Ei, espera! – a pequena menina correu na direção da delinquente. – Sair aí fora sozinha é suicídio!

- Talvez seja, menina, mas, para mim, ficar com vocês pode acabar dando na mesma. Já para você, não. Aqueles ali estão dispostos a proteger você e o menino, então não desgruda deles, entendeu?

- Eu sei me cuidar, não preciso de babás.

- Provavelmente, – sorriu. – então que tal você bancar a babá, e protegê-los?

- Sim, é o que eu vou fazer – brincou, também sorrindo, e preocupação nublou o rosto de Júpiter.

- Se cuida – despediu-se, adentrando a obscura floresta, em seguida, sem olhar para trás, pois sabia que se o fizesse, temeria ainda mais o que aconteceria com aquela criança.

Dama tornou para o mais fundo da caverna, não muito distante de onde a entrada era, e Ino a abordou.

- Oi.

- Oi.

-Então... eu sei que a gente não é próximo nem nada, mas... pensei que por sermos as únicas crianças aqui, podíamos conversar.

- Conversar sobre...?

- Talvez sobre o motivo de você querer ajudar todo mundo? – Ino sugeriu, interessado no assunto, que torcera ser escolhido por Dama. – "Eu tô buscando entender o que se passa na cabeça dessa menina, tipo, age como se quisesse o bem de todos, e até entendo alguém querer isso, mas... aqui? Aqui isso não funciona, e se eu não conseguir mudar a cabeça dela, vai acabar me levando para a cova junto"

- Eu não quero ajudar todo mundo. É só que... – olhou para o lado, e sua mente se transportou para um momento de sua vida, onde estava em um hospital, ao lado de sua mãe. – Eu prometi... para uma pessoa... de que seria a melhor versão de mim mesma aqui. Ela sempre disse que eu era uma dama, uma menina gentil e repleta de bondade, e aqui seria o lugar que precisaria mostrar isso.

- Olha, eu entendo, mas, sinto que não vai ser dessa forma que vamos conseguir chegar no final.

- Vamos conseguir? Nós não estamos grudados, garoto. Se acha que o que eu faço te coloca em risco, é só se afastar, ou melhor, eu me afasto, não devia ter escolhido me juntar a você mesmo.

- Calma! Eu só... eu me preocupo, tá? Como eu já disse, vivi os últimos momentos da minha vida sozinho, sem ninguém para conversar, viver, me divertir, e... eu não quero que isso aconteça novamente. Quando eu sair daqui, inocentado, preciso de pessoas lá fora. E eu quero que você seja uma dessas pessoas. Realmente não somos próximos, e só conversamos uma vez, mas, eu me enxergo em você. De alguma forma.

- Desculpa estragar seus planos... mas, eu não vou poder brincar com você do lado de fora. Eu tô sendo julgada por um negócio... que eu fiz... eu tive que fazer. E pelo o que sei, a Absolvição não pega leve quando estão julgando um homicídio.

- Você... matou uma pessoa?

- É, bom, é isso que homicídio significa, né?

- Sim... – confirmou, abaixando a voz, e a cabeça.

- O quê? Vai ter medo de mim agora?

- Não... é só que... não sei como alguém pode ser capaz de tirar a vida de outra pessoa.

- Você não sabe o que eu fiz, nem o porquê de eu ter feito, então não julgue.

- Meu irmão foi morto por uma pessoa – Ino soltou, e Dama se calou, notando que o garoto precisava desabafar. – Ele... tava voltando de uma festa, e... alguém o atropelou. Falaram para eu e meu pai de que Kevin sobreviveu quando foi atingido, mas, por ninguém o ter ajudado... ele não resistiu... – seus olhos ameaçaram chorar, porém, nenhuma lágrima foi derramada.

- Eu sinto muito. Sei como é perder alguém da família... eu... eu matei minha mãe – Dama revelou, no calor do momento, e Ino levantou a cabeça, a fitando, após suas sobrancelhas pularem, tentando entender se ouviu certo. – Ela me pediu... tinha alguma doença fatal... uma dessas novas que foram criadas para diminuir a população do mundo. O médico dela pedia muito dinheiro pra realizar uma eutanásia, então o único jeito que viu de encerrar seu sofrimento, foi... comigo.

"Merda... toquei num assunto muito delicado, e antes ainda a julguei por ter cometido um homicídio. Mas que idiota! "

- Você não vai falar nada? – desviou o olhar, envergonhada, ao mesmo tempo que soltou uma risada, sem jeito, incrédula de ter contado o que fez para Ino.

- Eu também perdi minha mãe, mas... nunca nem a conheci. Ela morreu no meu parto, e... por isso... eu nunca recebi o amor materno, nem o paterno. Meus avós sempre foram legais comigo, mas raramente os via. Meu irmão era tudo pra mim, ele era meu mundo.

- Sentia a mesma coisa pela minha mãe.

- Por que será que as melhores pessoas sempre vão primeiro?

- Não sei. O mundo é uma merda.

- Sim, é mesmo.

As duas crianças se olharam, notando o laço que haviam criado, após aquele compartilhamento, inesperado, de seus passados, e, quietos, assim como a noite estava, voltaram a analisar as gravuras. Lobo, Cabrón e V faziam o mesmo, enquanto Kant permanecia isolado, refletindo sobre suas atitudes.

Os delinquentes inspecionaram os diversos desenhos espalhados pelas paredes da pequena caverna, verificando que o que Júpiter dissera parecia ser verdade. Nenhuma outra gravura se alterava com a luz, além da do portão, com a exceção de uma, perdida de vista por todos, por se localizar, discretamente, no teto, que, quando iluminada, revelava a morte.

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