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57

Meu dia mal havia começado e eu já tinha muitas coisas para fazer. Ok, eu estava em um quarto de hospital, portanto, o que tinha de tão importante para fazer? Ora, exames!

A enfermeira surgiu, acompanhada de outra profissional, e ambas se prontificaram a tirar meu sangue, como a me preparar para novos exames. Eu faria uma ressonância magnética, pelo o que haviam me informado. Informaram sobre todos os detalhes do exame e avisaram a Lilly que ela não poderia me acompanhar. Minha amiga ficou chateada e ao mesmo tempo preocupada, porém teve que concordar com os termos.

Fui colocada em uma cadeira de rodas e guiada pelo corredor, sendo levada para outra parte do hospital, onde seria feito o exame. Assim que entrei no ambiente, acabei me deparando com o doutor Charles. Eu esperava encontrá-lo, claro, mas gostaria de ter tido tempo de pentear o cabelo. Ele me passou as últimas orientações enquanto ambas enfermeiras terminavam de me preparar.

— Você deve evitar se mexer durante o exame. Também não fique preocupada, pois é algo realmente tranquilo. Você já fez esse exame antes, mas estava desacordada, dessa vez a intenção é justamente saber como está a sua lesão. Assim que sair os resultados, irei informá-la imediatamente. Tudo certo? — explicou o médico, se dirigindo por último as enfermeiras. Elas concordaram e um rapaz surgiu, me levando em direção à sala onde estava o equipamento.

Fui deitada e minutos depois comecei a ser movida pelo equipamento em direção ao interior do tubo longo e estreito, com suas extremidades abertas. Eu não sabia se deveria ficar com os olhos abertos ou fechados, mas preferi manter as pálpebras fechadas fracamente, sem fazer força. Segui as orientações de Vincent, mantendo ao máximo a calma e rezando para que o tempo passasse logo. Não me sentia confortável naquela situação.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, deitada, mas pra mim foi um longo tempo tendo que ouvir as batidas que eram emitidas pelo equipamento de ressonância magnética. Todavia, logo o exame foi terminado e fui retirada do interior do tubo. Retornei para a cadeira de rodas e fui guiada para o lado de fora da sala. Encontrei novamente com o médico, que tinha seu fatídico sorriso gentil em seu rosto.

— Bem, srta. Fontoura, o exame correu bem. Logo irei em seu quarto para informar sobre os resultados — avisou ele. Sorri agradecida e fui retirada dali.

A enfermeira me levou de volta para o quarto, onde Elizabeth me aguardava. Minha amiga veio com uma enxurrada de questionamentos, os quais respondi brevemente, informando que me sentia um pouco cansada por ter ficado muito tempo deitada dentro daquele tubo. Ela compreendeu, mas não me deixou descansar sem tomar o café da manhã, que não hesitei em aceitar. Eu estava faminta e com certeza recuperaria minha energia.

Após estar alimentada, limpa e com as energias restauradas, fiquei acompanhando os programas de televisão que estavam sendo exibidos. Lilly, assim como eu, encontrava-se ansiosa e inquieta, passando canal por canal com o controle remoto, sem encontrar nada que a agradava. Agora eu tinha que lidar com o nervosismo para saber sobre os resultados e se receberia alta no dia.

Eu me sentia bem melhor. As dores no corpo tinham desaparecido por completo, somente surgindo vez ou outra quando eu fazia certo esforço para me movimentar — que era raro. As dores de cabeça já eram bem leves e suportáveis. Eu conseguia lidar com elas, mas ficava completamente melhor quando tomava os medicamentos. Talvez só estivesse me sentindo assim por causa dos remédios, mas eu realmente esperava que tivesse relação com o meu estado físico melhorando.

Porém, meu achismo não serviria de nada, pois eu dependia do médico para receber alta. Portanto, os resultados dos exames influenciariam completamente na decisão de Vincent, e a única coisa que poderia fazer era ter fé que seriam bons.

O tempo passou vagarosamente. Eu e Lilly não falamos sobre a causa de nossa ansiedade, mas era perceptível o motivo. Minha amiga, depois de algum tempo, começou a dar voltas dentro do quarto. Isso só me deixou mais inquieta. Fingi estar distraída com algo no celular para não precisar ficar vendo suas voltas, mas também não havia nada de interessante nas redes sociais. E eu preferia nem pesquisar o meu nome na internet para saber o que os sites de fofoca falavam sobre a namorada de Sebastian Johnson.

Falando nele, nem mesmo recebi uma falsa mensagem de bom dia do meu falso namorado. Bem, como eu havia suposto, aquele bilhete e as flores não passavam de uma atuação. Louis Turner, por outro lado, fez questão de querer saber informações sobre minha saúde, que tratei de informá-lo. Sobre a mensagem de Alex na noite passada, fiquei sem saber como responder, mas ela me deixou muito mais otimista sobre o nosso futuro — se fosse existir algum, claro. Se tratando de Tom Flanagan, sabia que ele não era o tipo que trocava mensagens, mas ainda não tinha tirado seu bilhete declaratório da mente.

Porém, não fiquei pensando por muito mais tempo se receberia ou não alguma mensagem dos meus clichês — Will, no entanto, enviou várias mensagens querendo saber como eu estava —, pois o médico surgiu no quarto acompanhado de uma enfermeira. Fiquei tensa instantaneamente, mais do que estava anteriormente. Lilly surgiu ao meu lado e pegou minha mão, segurando-a de forma apreensiva.

— Bom dia, senhoritas — cumprimentou o doutor Charles. Os recém-chegados fecharam a porta atrás de si e se aproximaram.

A enfermeira tratou de asserir minha pressão, observar minha temperatura e fazer algumas verificações — que eu esperava por serem as últimas.

— Doutor Charles, você já tem os resultados dos exames? — perguntei, afoita. O médico percebeu minha ansiedade e sorriu, tranquilizando-me. Caramba, que sorriso, pensei.

— Sim, srta. Fontoura, e por isso estou aqui. — Inconscientemente me inclinei em sua direção, aguardando por suas próximas palavras. — E tenho boas notícias.

Eu e Lilly trocamos olhares animados e voltamos a encarar o médico.

— Avaliei seus exames e observei que você não corre mais riscos de vida... — começou ele. Lilly soltou um gritinho animado, mal se contendo de felicidade pela notícia. — Sua lesão é menos grave do que eu havia observado e você tem se recuperado mais rápido do que eu esperava. Portanto, seu tratamento pode continuar em casa.

— Isso é ótimo! — ofeguei, percebendo que havia prendido a respiração desde o momento que o médico tinha adentrado o recinto. Lilly passou os braços em torno dos meus ombros, me amassando em um abraço. Até mesmo pude ouvi-la fungando fracamente, emocionada.

O doutor Charles pareceu contente por nossa reação, mas aparentemente não tinha terminado sua remessa de avisos.

— Porém, ainda será necessário se manter tomando os medicamentos que prescrevi para você, assim como o descanso. Você não deve fazer esforços desnecessários, se alimentar mal ou ficar sem dormir pelos próximos dias, no mínimo uma semana. Depois disso o recomendado é retornar para fazer novos exames para ter certeza de que houve uma melhora definitiva. Certo? — A cada frase dita pelo médico eu balançava a cabeça em concordância, aceitando seu termos impostos a mim. Claro que eu não era obrigada a segui-los, mas se quisesse viver por um bom tempo, deveria aceitá-los. — Creio que posso confiar na senhorita para manter a srta. Fontoura na linha, certo? Da última vez que a atendi ela não seguiu as regras adequadamente.

Dessa vez ele se dirigiu a Lilly, que também confirmou com um aceno de cabeça. Abri um sorriso envergonhado pelo comentário sem escrúpulos do médico, se recordando da minha irresponsabilidade quando machuquei meu pulso. Bem, agora eu havia machucado a cabeça, portanto teria mais responsabilidade para cuidar da minha saúde. Sem contar que a situação era bem mais grave.

O doutor Charles entregou uma pasta de papel para Elizabeth, onde tinha todos os receituários de medicamentos, com as indicações necessárias que deveria seguir pelos próximos dias, assim como os resultados dos exames.

— Bem, agora eu preciso continuar com as minhas visitas aos outros pacientes — informou Vincent, com as mãos enfiadas nos bolsos do jaleco. Por um momento percebi que ele parecia sem jeito sobre como se despedir. Fixei meus olhos nos seus, aguardando suas seguintes palavras. — E não quero ver você, srta. Fontoura, aqui novamente tão cedo, a não ser para fazer um check up da sua saúde, entendido? Enfim, desejo melhoras e que se cuide.

O médico se despediu, abrindo um sorriso encantador, mas cansado. Meu coração se apertou mais um pouco ao vê-lo partindo. Eu estava aliviada por finalmente ir embora, mas triste por saber que a situação de doutor Charles estava passando — qualquer que fosse — não havia tido uma melhora. Sabia que seu olhar exausto e as olheiras não eram somente por causa das noites insones no trabalho, mas sim em conjunto de outras coisas. Tais coisas que eu nem sabia o que eram.

— Muito obrigada, doutor Charles, pelo seu excelente atendimento — agradeci, tentando de alguma maneira trazer um sorriso genuíno em seu rosto.

— Fiz apenas o meu trabalho! — Vincent deu aceno de cabeça e se retirou com a enfermeira, fechando a porta atrás de si.

Trocamos olhares pela última vez e ele partiu. Bem, eu imaginava que fosse a última vez. Se o doutor Charles fizesse parte dos meus sete pedidos de aniversário, de alguma forma, certamente, eu voltaria a encontrá-lo. Agora como isso viria a acontecer, eu não sabia.

— Eu guardei isso pra mim até agora, mas devo confessar que ele é um gato! — comentou Elizabeth, após ficarmos a sós. Tive que soltar uma risada pelas suas palavras. Realmente, eu já tinha percebido isso há tempos, mas deveria concordar. Ela completou: — Se ele for um dos seus seis pedidos de aniversário, eu não hesitaria em dar em cima dele. Ainda acho que você deve seguir o meu plano... E, claro, terminar com Sebastian!

Revirei os olhos para o último comentário de minha melhor amiga. Eu pretendia seguir o plano dela — maluco, de certa forma —, mas não saberia como colocar em prática. Principalmente com alguém como Vincent Charles, que não tinha contato nenhum comigo, somente o atendimento médico. Já os outros clichês — até que chamá-los assim não era tão ruim —, eu tinha algum contato mais constante e frequente, e até um convívio de anos. Como o sr. Flanagan, por ser meu chefe, Alex, por ser meu vizinho, Louis, por ser meu mais novo amigo. Além de Will — nós éramos amigos a mais de 10 anos! —, Sebastian — meu estúpido falso namorado, infelizmente —, e Jacob, meu ex-aluno e amigo. Todos eles já estavam em minha há algum tempo e, mesmo que por pouco tempo, nossa relação já tinha certo andamento e encontros constantes, mesmo que alguns desagradáveis — estou me referindo a Sebastian Johnson, caso não tenha percebido. Porém, Vincent e eu não passaríamos de médico e paciente. E a não ser que eu me machucasse ou adoecesse mais vezes, somente assim poderia voltar a vê-lo. E talvez eu nem teria a sorte de ser atendida por ele, já que em um hospital como aquele havia dezenas de médicos. Portanto, deveria confiar no destino, já que ele era o responsável por essa loucura em minha vida. Ou talvez eu realmente fosse à única culpada, mas preferia não acreditar nisso.

— Vou fingir que não ouvi seu último comentário, mas devo concordar que o doutor Charles é muito atraente! — retruquei, contendo um sorriso. Lilly deu uma risadinha enquanto dava de ombros.

— Quem vai perder é você! Porque se fosse eu, já teria passado meu número de telefone pra ele há tempos! — Minha amiga pegou a minha mala dentro do armário no quarto e trouxe até mim.

— Então por que não faz isso? — caçoei, aguardando a reação de Elizabeth. Ela fingiu estar pensativa enquanto vasculhava o interior da mala.

— Porque não sou fura olho! — Ela deu mais uma risadinha e retirou uma muda de roupas da bolsa. — Que tal se vestir? Eu te ajudo!

Obviamente aceitei prontamente a ajuda de Lilly. Vesti uma calça jeans e uma camiseta — isso era bem melhor do que as roupas do hospital — e calcei um tênis. Minhas vestes eram bem simples para o ambiente — como era possível até mesmo um hospital ser chique? Caramba, pensei. Tentei não imaginar no aglomerado de paparazzi que se encontravam do lado de fora aguardando minha saída. Elizabeth terminou de arrumar as coisas, deixando minha mala e sua mochila sobre a poltrona e se virou para mim:

— Vou sair pra assinar suas papeladas de alta e aproveitar para ligar pra Will vir nos buscar, tudo bem? Não saía do quarto e não faça nenhum esforço! Retorno logo! — avisou Lilly, para logo se retirar do quarto.

Fiquei sozinha no recinto, somente na companhia dos meus pensamentos. O que eu faria depois que saísse dali? Eu deveria ficar em descanso, como indicado pelo médico, mas o que eu faria em relação aos meus sete pedidos de aniversário? Como encararia Tom, Sebastian, Alex, Louis, Jacob, Will e Vincent a partir de agora? Como eu lidaria com esses sentimentos em conflito? Qual seria a decisão mais correta a tomar? Por esse plano em prática seria adequado? E se eu partisse o coração deles? E se eu partisse meu coração a ponto de nunca mais encontrar um amor? E se, no final das contas, nenhum deles estivesse destinado a ficar comigo? E se o efeito dos sete pedidos de aniversários passasse e seus sentimentos por mim acabassem? E se eu fosse incapaz de tomar uma decisão? Havia tantas perguntas que rondavam minha mente, deixando-me inquieta. Até senti uma leve dor de cabeça em minhas têmporas.

Levei as mãos para massageá-las, desejando que o desconforto passasse. Minha inquietude me impediu de ficar sentada sobre a cama do hospital e fui em direção à janela do quarto. Afastei a cortina levemente e observei a rua, a vários andares abaixo. Na entrada do hospital era visível uma quantidade significativa de pessoas. Do outro lado da rua também, aparentemente a espera de algo. Será que a mídia já havia ficado sabendo sobre minha alta? Será que aguardavam a minha saída?

Preferi me afastar daquela imagem, optando por não pensar em como eu conseguiria ir para casa. Meus amigos encontrariam uma maneira de resolver isso, pensei. Contudo, certamente os paparazzi descobririam onde eu morava e ficariam à espreita por lá. E eu perderia toda a minha liberdade.

Eu não esperava que manter aquele falso relacionamento com Sebastian Johnson seria tão difícil, a ponto de perder minha própria privacidade. Antes eu era só uma mulher misteriosa acompanhando um CEO em um baile beneficente. Agora eu era sua namorada que tinha quase morrido em um acidente fatal, que possivelmente era de causa criminosa. Com certeza os jornais e sites de fofocas iriam acompanhar essa história, esperando saber dos próximos capítulos. O que aconteceria com Melissa Fontoura? Por quanto tempo ela suportaria essa vida em um relacionamento inseguro com o CEO? Ela seria descartada logo pelo empresário? Ela seria apenas uma interesseira? Ela continuaria correndo risco de vida? Qual seria a próxima manchete a ser anunciada ao meu respeito? Bem, eu temia por mim, mas sem alternativa alguma eu poderia mudar minha situação atual. Quatro meses passariam rapidamente, assim eu esperava. E quando a mídia percebesse que nada de interessante iria acontecer, certamente desistiriam de me perseguir e encontrariam algo mais interessante para noticiar. Todavia, eu não poderia negar que a minha vida a partir de agora seria completamente diferente.

Observei as rosas sobre o criado mudo ao lado da cama, com as flores jasmins misturadas no buquê. Toquei as pétalas e senti o cheiro doce das flores. Porém, o que chamava mais minha atenção era os dois bilhetes ao lado. Um de Sebastian Johnson e outro de Tom Flanagan. E seus conteúdos completamente diferentes, com palavras diferentes, mas que eu tinha a leve impressão que continham o mesmo propósito. Talvez, mesmo que Sebastian Johnson fingisse com maestria, eu poderia supor que suas palavras tinham um traço de seriedade. Agora, o quanto seria esse traço, eu não fazia ideia. Mas não precisei pensar muito sobre isso, porque sempre, de alguma maneira, ele arranjaria um jeito de surgir.

Ouvi uma leve batida na porta, mas o visitante não esperou minha permissão para entrar. Virei-me e encontrei o CEO adentrando o quarto. Ele estava acompanhado de dois homens vestindo ternos, com as expressões sérias e centradas. Estranhei sua presença por ali, ainda mais de suas companhias.

— O que está fazendo aqui? — perguntei, curiosa. Mas não precisei pensar muito para saber qual era o motivo.

— Ora, eu vim buscá-la para levá-la em casa... Acho que você se esqueceu de avisar que tinha recebido alta, mas sorte a minha ter meus meios de descobrir as coisas — respondeu o CEO, abrindo um meio sorriso provocador, demonstrando mais uma vez a capacidade de seu poder e influência.


Evitei revirar os olhos pelo seu comentário despretensioso. Eu não esperava tão cedo revê-lo, mas deveria ter imaginado que naquela circunstância ele não perderia a oportunidade em se exibir saindo com a sua namorada do hospital. Seria exatamente o que os paparazzi iriam querer fotografar e expor em todos os sites e revistas possíveis, fazendo os comentários negativos envolvendo seu nome diminuírem.

— Ah, jura? Eu imaginei que estivesse ocupado com o trabalho — caçoei, provocando-o.

Tentei não recordar da última vez que nos vimos e da nossa discussão. Principalmente da causa dela, que envolvia um beijo — que tinha significado nada para mim, obviamente.

— Eu sempre tento arranjar um tempo livre em meu dia quando se trata de você, Melissa — retrucou ele, dando o troco na mesma moeda. Fui pega desprevenida. Virei-me de costas pra ele e recolhi os bilhetes que estavam sobre o criado mudo, enfiando-os na mochila e aproveitando para esconder as minhas bochechas coradas pelo seu comentário provocador.

— Não precisava ter feito isso, pois meus amigos já se comprometeram para essa função. Aliás, William deve estar a caminho — informei, tomando coragem novamente para olhá-lo.

Dessa vez ele se dirigiu aos dois homens ao seu lado e disse:

— Podem pegar as coisas da srta. Fontoura e levá-las para o carro. Nós iremos logo em seguida, mas preciso conversar a sós com ela por um momento — pediu o CEO. Os dois seguranças não hesitaram em obedecer às ordens do outro homem e recolheram os meus pertences. Desde as duas bolsas sobre a poltrona e o vaso com os buquês.

Sebastian notou as flores jasmins manchando a perfeita imagem das rosas que havia me enviado, aparentemente desgostando. Fomos deixados a sós no quarto fechado, com nossa total privacidade zelada.

— Acho que o motivo de eu ter vindo buscá-la é óbvio. Precisamos continuar com o nosso contrato... Você sabe muito bem que as notícias que estão circulando ao nosso respeito não são positivas e nem um pouco benéficas para minha imagem. Portanto, quando sairmos desse quarto de hospital, devemos aparentar ser o casal mais apaixonado do mundo... E você deve dizer para os jornalistas que o ocorrido não passou de um acidente, mas que você se encontra bem. — Durante todo o discurso ele se manteve sério, a expressão impassível. Contudo, dizer aquilo o incomodava, porque não passaria de uma farsa. Nós não éramos um casal apaixonado e supostamente o ocorrido não tinha sido de fato um acidente. Eu poderia supor que Sebastian estivesse mentindo, mas como poderia fazê-lo admitir a verdade? Ou eu poderia estar me enganando e também estar sendo convencida pela mídia? Porém, era perceptível que aquele falso namoro o incomodava também, mas não exatamente da mesma forma que me incomodava, percebi.

— Ao nosso respeito? Você quer dizer ao seu respeito, certo? Porque eu não tenho nada a perder com as notícias que estão sendo feitas envolvendo meu nome — contradisse, apenas para não ficar calada após seu comando.

— Eu acho que você tem algo a perder, srta. Fontoura, caso tenha se esquecido disso. — Evitei fazer uma careta. Claro, não poderia me esquecer de Lilly e seu emprego. Era por esse motivo que eu estava presa a isso. Presa a esse CEO mandão e irritante.

— Certo, esqueci que não tenho alternativa, mas eu tenho o direito de saber a verdade... — Caminhei corajosamente até alguns centímetros de distância do meu falso namorado. Cruzei meus braços para manter a aparência e perguntei: — Meu acidente realmente teve algum envolvimento criminoso? O que aconteceu comigo foi...

Ele não me deixou terminar a pergunta, pois interrompeu-me, dizendo:

— Não, Melissa. Isso tudo não passa de rumores que as pessoas estão criando para afetar minha imagem... Claro que um homem como eu tem inimigos, mas somente no meu espaço de trabalho, onde brigamos por nossos negócios e ações. E você não tem relação alguma com isso, e por causa disso que escolhi você para fingir ser minha namorada, já que não entende desses assuntos e não precisa se envolver, sem correr o risco de ser afetada. Portanto, não é algo que deve se preocupar. — Suas palavras eram convincentes, mas não tanto quanto as seguintes: — E a polícia já investigou o seu acidente, identificaram o sujeito que dirigia aquele carro... E adivinha? Ele estava alcoolizado, por isso deve ter acelerado o automóvel enquanto você atravessava a rua. Claro que aquilo foi um crime, mas não proposital por você ser minha namorada, e sim porque aquele cara era um maluco e poderia ter feito isso com qualquer pessoa que estivesse no seu lugar, naquele exato momento.

Isso espantou minhas dúvidas e me trouxe alívio. Mas ainda houve um questionamento meu que desejava ser explicitado.

— E por que eu não vi ou escutei nada a respeito disso sendo noticiado na mídia ou na televisão? — Sebastian também tinha a resposta na ponta da língua, aparentemente esperando por essa nova pergunta.

— Porque pedi a polícia que mantivesse esse caso em segredo e os resultados dele. Pra mim já basta o quanto meu nome tem circulado por aí, e imagino que para você também. — Dei de ombros, sem saber como responder.

Gostaria de ter alguma carta na manga e colocá-lo contra a parede, mas suas palavras faziam sentido. Eu tinha me deixado acreditar facilmente no que havia visto na televisão e nas palavras raivosas de Tom Flanagan contra Sebastian Johnson. Claro que ambos — Tom e a mídia — arranjariam algum meio de manchar o nome do CEO, já que não gostavam dele ou a desgraça dele seria o seu sucesso.

Agora eu me encontrava de mãos vazias, tendo que me contentar com esses novos fatos e buscar recuperar minha saúde. E, claro, continuar com aquela atuação de boa namorada de Sebastian Johnson.

— Tudo bem, vou fazer como você quiser, já que não tenho alternativa — concordei, me afastando dele.

— Obrigado — agradeceu ele, me surpreendendo mais uma vez. Controlei a expressão de espanto após ouvi-lo dizendo aquilo. Sebastian Johnson nunca agradecia, pensei. Porém, ele parecia honesto, observei.

A porta foi aberta um segundo depois. A minha sorte era que o assunto sobre fingir diante dos paparazzi já tinha acabado, pois Elizabeth havia retornado na companhia de Will.

— Desculpe a demora... — iniciou minha amiga, mas parou ao notar a presença de outra pessoa no quarto. — Ah! Sr. Johnson, não sabia que estava aqui.

Lilly, apesar de explicitar seu ódio gratuito pelo chefe, sempre se portava de outra maneira em sua frente. Sempre respeitosa, mas distante e contida. Provavelmente ela se controlava ao limite para não pular sobre o pescoço dele e estrangulá-lo.

— Bom dia, srta. Price. Vim buscar Melissa para levá-la em casa... Achei que seria apropriado fazer isso, dado às circunstâncias, e creio que precisamos de um momento a sós, se vocês não se importarem — informou Sebastian, soando cortês.

— Mas nós combinamos de levá-la em casa — argumentou William, se manifestando na conversa, parecendo desconfortável com ideia. Decidi intervir.

— Você não se importa dele me levar até em casa, certo? — Me aproximei do meu amigo, abrindo um sorriso condescendente. — Eu me esqueci que marquei dele vir me buscar quando recebesse alta, mas prometo que não irei demorar...

Esperava que William aceitasse minhas palavras. Ele ainda parecia hesitante em relação a Sebastian, desde que o nosso namoro foi anunciado. Quem respondeu foi Lilly.

— Tudo bem, sem problema. Eu já assinei suas papeladas de alta, então podemos ir. — Ela indicou a porta, se afastando para que nós passássemos.

— Onde estão suas coisas? — questionou Will, olhando o quarto e não encontrando nossa bolsa e mala.

— Eu já pedi que meus seguranças as levassem para meu carro... Espero que não tenha sido um problema. — Sebastian não se importava com isso, de fato. Porém, Will sim.

Sabia que meu amigo se sentia culpado por estar distante de mim — e de Lilly — quando sofri o acidente. E ele sempre se fez necessário em nossa vida. Elizabeth e eu sempre precisávamos dele, pedindo ajuda, conselhos, e agora ele se sentia mal por estar perdendo uma parte de seu espaço para meu suposto namorado. Eu não queria que ele se sentisse daquela maneira, mas era compreensível. E, claro, nós sempre precisaríamos dele.

— Não é problema algum – interrompeu Lily, novamente. — Mas já sabe como vai sair daqui sem os paparazzi perseguirem vocês? Bem, eles conhecem seu rosto, sr. Johnson, e Melissa está muito frágil para fugir deles ou coisa do tipo.

— Não se preocupe, trouxe meus seguranças justamente por isso — argumentou ele. Lilly assentiu e seguimos pelo corredor, em direção ao elevador que nos levaria para o térreo do hospital.

William manteve as mãos enfiadas no bolso, olhando pelo canto de olho vez ou outra o CEO. Sebastian, para manter o fingimento, tomou minha mão livre e a envolveu com a sua. Lilly controlou o olhar desgostoso ao ver a ação, fixando os olhos nos números de cada andar.

As portas do elevador se abriram no térreo, dando no local da recepção. Era um ambiente amplamente aberto e espaçoso, com piso de mármore claro e aparência higienizada. Passamos por duas mulheres na recepção e seguimos para a porta de entrada.

— Acho que é melhor irmos antes — disse Lilly, vindo até mim e depositando um beijo em meu rosto. — Te encontro em casa, ok?

Assenti, confirmando suas palavras, e acenei para Will enquanto acompanhava Lilly para fora do prédio. Meu amigo ainda parecia desgostoso em me deixar sozinha com o CEO, mas aceitou a alternativa. Os dois passaram pela porta de entrada, onde por um momento pude ver a calçada preenchida de várias pessoas que provavelmente aguardavam minha saída.

Virei-me para encarar Sebastian, completamente confusa sobre o que fazer.

— Não fique nervosa, apenas responda as perguntas de forma breve, aparentando estar bem, entendido? — Acenei positivamente para sua ordem. Ele manteve a mão unida a minha e me guiou para o mundo externo.

A primeira coisa que percebi foi à luminosidade intensa do dia. Por causa da concussão determinadas coisas me incomodavam mais do que normalmente, como a luz e sons altos. Mas o problema não foi à luz do dia, mas sim os flashes de câmeras fotográficas que vieram contra mim e Sebastian. Assim como vozes elevadas chamando meu nome e do meu namorado.

Não consegui me encontrar no momento, eu nem sabia onde estava. Olhei ao redor e notei uma quantidade significativa de pessoas, algumas com câmeras fotográficas, outras com câmeras de filmagem e algumas com microfones. Todos eles viraram em nossa direção e tentaram se aproximar, mas para nossa sorte — ou Sebastian Johnson já previa isso — os seguranças impediram a aproximação daquelas pessoas. Na verdade, tinha mais do que os dois seguranças que haviam acompanhado o CEO até meu quarto. Não contei quantos, mas todos eles estavam ali com o propósito de nos proteger.

— Melissa Fontoura! Melissa Fontoura! Pode nos dizer se você está melhor? Como está se sentindo em relação ao acidente que sofreu? — perguntou uma repórter, estendo seu microfone em direção ao meu rosto. Sebastian apertou minha mão, e interpretei o gesto como me incitando para responder.

— Estou me sentindo muito bem — falei, a voz soando um pouco mais baixa do que o esperado. Pigarreei, tomando mais força para dizer: — Foi algo que eu não esperava, claro, mas me sinto melhor, somente precisando de um bom descanso.

Abri o melhor sorriso que eu tinha, esperando que fosse convincente o suficiente.

— Sr. Johnson, como você ficou ao saber do acidente de sua namorada? Imagino que bastante preocupado! — insistiu, dessa vez, um outro repórter. Sebastian não hesitou em abrir um sorriso, um pouco conservado, para responder.

— Fiquei aterrorizado e não hesitei em vir até ela para saber como estava... E fiquei muito aliviado ao ouvir o médico dizendo que ela ficaria bem, só precisaria de um tempo para se recuperar. — Caramba, pensei, ele tinha maestria para responder as perguntas dos jornalistas. Conseguia até mesmo hesitar no momento certo, ficar com a voz embargada e mudar sua expressão em segundos. — Esse sentimento eu não desejo a ninguém, é desesperador.

Algumas pessoas pareceram comovidas, mas continuaram insistentemente com as perguntas. Dessa vez, porém, Sebastian Johnson segurou minha mão com firmeza, me afastando do aglomerado de pessoas. Eu sabia o motivo, pois a pergunta que o incomodava veio à tona.

— Vocês acreditam que o acidente é de causa criminosa?! Que foi uma tentativa de ferir sua namorada para atingi-lo, sr. Johnson?! — gritou a repórter, em uma tentativa falha de obter respostas.

O sr. Johnson, no entanto, não tinha mais intenção de responder os questionamentos. Ele abriu a porta do carro para mim e deixou-me que adentrasse primeiro, para entrar em seguida. A porta se fechou, abafando as vozes dos jornalistas e paparazzi do lado de fora, e o carro partiu, deixando-os para trás.

O ambiente parecia tranquilo, no silêncio do carro, mas eu ainda estava nervosa. Não tinha percebido o quanto meu coração estava acelerado e minha cabeça zunia, intensificando as dores nas têmporas. Fechei os olhos, tentando trazer alívio naquele momento, desejando que a dor não se tornasse insuportável.

Senti o toque da mão de Sebastian ainda na minha. Pensei em se afastar, mas me surpreendi ao sentir seu polegar acariciando com leveza a superfície da minha mão. Aquela atitude delicada, parecendo despretensiosa, me causou uma sensação estranha. Meu coração começou a se acalmar, mas só estabilizou quando ouviu as palavras suaves do CEO ao meu lado.

— Respire fundo... Primeiro inspire, depois expire... — Segui suas orientações, acalmando aos poucos meu coração acelerado.

Seu toque mudou repentinamente e senti seus dedos acariciando meu rosto. Isso foi o limite pra mim, até perceber que estávamos quebrando as cláusulas do contrato — e as cláusulas impostas por mim sobre manter distância daquele homem para o bem de minha sanidade.

— O que você está fazendo? — indaguei, soando ultrajada. Desfiz o enlace de nossas mãos e me distanciei dele.

Sebastian arregalou os olhos e os desviou, encarando a paisagem da janela. Ele pigarreou antes de responder:

— Tinha uma coisa no seu rosto — justificou.

— Então deixasse essa coisa lá — reclamei. Ele me encarou, insatisfeito por me ter o retrucando novamente.

— Só estava tentando ajudar — grunhiu, cruzando os braços como um garoto mimado.

Bem, ele era um garoto mimado, recordei. Seth, seu irmão — que eu não pensava já há algum tempo —, havia dito que apesar das dificuldades que Sebastian passou na infância, ele teve tudo que sempre pedia para a avó. E, obviamente por ser um empresário rico, também poderia fazer o que quisesse. Ou seja, um mimado de marca maior, pensei.

— Não preciso de sua ajuda. — Foi a minha vez de cruzar os braços e encarar as pessoas que passavam nas calçadas durante o caminho. — Aliás, quero ir para casa.

— Estamos justamente indo pra lá.

— Ok... — Me mantive séria, voltando a ser a Melissa de sempre na companhia do CEO. Porém, voltei-me para ele e perguntei: — Deixei-o satisfeito com minhas respostas para os jornalistas?

— Não completamente, mas acho que vai funcionar — respondeu.

Claro, pensei, eu jamais o agradaria completamente. Dei de ombros, fingindo não ter sido afetada. Bom, para mim, eu tinha saído excepcionalmente bem.

Durante grande parte do percurso permanecemos em silêncio. Eu e ele jamais seriamos capazes de ter uma conversa saudável e normal, pensei. Ora, era impossível fazer qualquer coisa saudável envolvendo Sebastian Johnson, e ele muito menos era normal, então deveria esperar por isso. Por outro lado, eu sabia que tínhamos assuntos a discutir, mas não queria ser a pessoa a iniciá-los.

Uma parte minha deveria ficar feliz em saber que finalmente estava indo pra casa, mas a outra sabia que deveria voltar a lidar com as responsabilidades, me resolver com as pessoas que havia magoado. E, principalmente, colocar aquele plano maluco em prática. Que obviamente Sebastian Johnson não faria parte, pensei.

Assim que eu chegasse em casa me prontificaria a descasar, e assim que me encontra-se melhor iria tomar minhas próximas decisões. Precisaria discutir minha relação com Alex — nossa, eu nunca tinha usado essas palavras antes, observei —, me reaproximar de Will como amiga — não poderia permanecer com aquele clima estranho entre nós. Talvez fosse necessário até explicitar ao meu melhor amigo que jamais passaríamos de bons amigos. Também deveria tomar coragem e finalmente encarar meus sentimentos confusos sobre Tom Flanagan, como também pensar sobre quais seriam os próximos passos a serem dados em relação a Louis Turner. Já Jacob García tinha se tornado uma incógnita em minha vida. No momento eu me sentia incapaz de ir atrás dele, por isso aguardaria minha recuperação completa para tomar uma decisão que o envolvesse. E Sebastian Johnson continuaria sendo meu falso namorado em que eu deveria suportar pelos próximos três meses e três semanas — não que eu estivesse contando — e ponto final.

Portanto, as coisas dependeriam muito das minhas próximas atitudes. Eu não sabia se seriam corretas, poderiam até soar erradas para algumas pessoas, mas após quase ter morrido — eu quase morri! — eu deveria encarar a vida de outro modo. E a vida — ou o destino — tinha de algum modo tornado meus pedidos de aniversários reais, sendo assim, só dependia de mim para saber o que fazer em relação a eles.

Contudo, infelizmente — ou felizmente, isso depende de cada pessoa —, eu deveria ter previsto que mais uma vez as coisas não sairiam como eu havia planejado. Que a minha vida, que já estava de cabeça para baixo, ficaria mais bagunçada e eu ficaria completamente envolvida por sete clichês em minha vida.

Caramba, agora realmente parecia que eu estava vivendo em uma comédia romântica!

Quando estávamos perto de chegar até o prédio do meu apartamento, Sebastian decidiu quebrar o silêncio. Continuei a evitar em olhá-lo, pois se não perderia a paciência. Já bastava ter que ouvi-lo falando.

— Depois de toda essa situação, acredito que precisamos ter mais uma conversa sobre o nosso relacionamento, principalmente sobre como será os próximos meses — iniciou ele, em tom sério. Esse não era meu assunto favorito, e aparentemente nem o dele. Porém, havia sido ele quem tinha metido nós dois nisso. — Melissa, por favor, preciso que faça parte dessa conversa. Eu não posso ser o único falando.

Eu não queria me virar para ele. Queria permanecer de braços cruzados e fazendo birra, mas não queria dar o gostinho dele me achar infantil ou coisa do tipo. Virei meu rosto em sua direção e encarei as feições do homem ao lado.

— Certo. O que você quer discutir? — indaguei, controlando qualquer traço de ironia em minha voz. Eu não desejava discutir a relação com Sebastian Johnson. Somente a ideia parecia absurda.

— Primeiro, devemos explanar a infeliz situação que aconteceu em meu escritório...

— Pensei que esse assunto tivesse acabado! — retruquei, desejando ao máximo não recordar do que havia acontecido em seu escritório... Ok, eu não queria me lembrar do beijo.

— Não completamente, já que a nossa conversa acabou tomando outras proporções e você não aceitou meu pedido de desculpas — informou o CEO.

— E você não aceitou o meu, e eu deixei explícito que faria isso somente se você aceitasse o meu pedido de desculpas... — proclamei. Escutei um suspiro vindo por parte do homem ao meu lado. Arqueei as sobrancelhas, incapaz de acreditar em sua ousadia. Ele estava cansado de mim? Ora, não tanto quanto eu estava dele!

— Tudo bem, pedido de desculpa aceito. E quanto ao meu?

— Aceito também — murmurei em resposta, desviando o olhar só por alguns segundos.

— Certo, continuando... Segundo, vamos manter com o nosso namoro falso... — continuou ele. Olhei imediatamente para o motorista, esperando alguma reação dele, mas deveria saber que ele provavelmente já teria uma noção desse assunto, pois se manteve inexpressivo e nos ignorando. —... Com as mesmas cláusulas impostas no contrato. Portanto, nada vai mudar, e muito menos o infeliz ocorrido vai se repetir.

Bom saber que ele considerava o nosso beijo infeliz, pensei, assim como eu achava.

— Terceiro... — prosseguiu Sebastian, mas tive que intervir.

— Sério que você vai enumerar cada tópico que vamos ter em nossa conversa? — perguntei, desacreditada. Parecia até mesmo uma piada.

— É mais fácil para discutirmos cada assunto.

- E você pensou sobre cada assunto que temos que discutir, como se estivéssemos em uma reunião falando sobre negócios? — supus, deixando a ironia se evidenciar em minhas palavras. O sr. Johnson não hesitou em me responder em sua tradicional seriedade.

— Isso pra mim são negócios, srta. Fontoura, caso tenha se esquecido. Nós assinamos um contrato, conversamos sobre ele, mas quebramos algumas das cláusulas... Agora posso continuar? — indagou ao notar meus olhos se revirando após sua resposta. — Por isso, em terceiro, decidi que você irá seguir uma das cláusulas, que eu não havia considerado importante até então. — Esse novo tópico da conversa chamou minha atenção, fazendo-me virar novamente para ele. — Após o seu acidente e a perseguição dos jornalistas, decidi que o mais conveniente no momento é você andar acompanhada.

— Acompanhada? — Queria fazer mais perguntas, mas não sabia como formá-las.

— Sim, acompanhada. A partir de agora dois seguranças meus irão acompanhá-la para qualquer lugar que vá — anunciou Sebastian, como se fosse algo normal. Achei aquilo um absurdo, obviamente.

— Espera aí! Você não tem o direito de fazer isso! — exclamei, aborrecida.

— Sim, eu posso fazer isso, srta. Fontoura, e saber por quê? — Fixei meus olhos em seu rosto, aguardando que respondesse sua própria pergunta. — Porque essa é uma das cláusulas do contrato, em que diz explicitamente que, para o bem de sua segurança, você deve ter a companhia de homens da minha confiança. Nesse caso, meus seguranças. É claro que você saberia disso se tivesse lido o contrato, obviamente.

Porcaria de contrato, pensei, eu deveria ter lido ele antes de ter assinado.

Senti um bolo se formando em minha garganta, me impossibilitando de soltar qualquer grito de raiva. Porcaria! Eu estava presa a aquele maldito e deveria aceitar qualquer ordem que ele fizesse. Agora eu teria que transitar para qualquer lugar na companhia de dois homens gigantes e usando terno. Imagine ir ao trabalho acompanhada deles? Seria terrível e certamente o sr. Flanagan desgostaria de tal situação.

Porém, eu ainda não entendia o motivo de precisar da companhia dos seguranças. Controlei a intensidade da raiva em minha voz e perguntei:

— E por qual motivo vou precisar ser acompanhada por seus seguranças?

Sebastian Johnson retirou o cinto, que estranhei tal atitude até perceber que o carro havia estacionado diante do familiar prédio de tijolos vermelhos.

— Ora, você viu a quantidade de paparazzi e jornalistas diante do hospital, certo? — Assenti, aguardando que a explicação completa viesse. — E isso não vai parar até que a poeira se abaixe completamente. Nossos nomes continuam circulando por vários sites, jornais e revistas, portanto, eles vão continuar nos perseguindo. E como você insiste em trabalhar naquele restaurante, andando de metrô e a pé, o melhor é você estar protegida para evitar que o pior aconteça. E os paparazzi não estão preocupados com seu bem-estar. Se algo ruim acontecer com você, vai ser manchete de alguma revista no dia seguinte e será eles quem sairão no lucro.

— E você não quer seu nome sendo usado por aí, manchado a imagem da sua empresa — completei, cheia de cinismo. Sebastian ignorou meu tom e concordou.

Retirei meu cinto também, feliz por saber que finalmente voltaria para um ambiente familiar. Levei minha mão para abrir a porta do carro, mas o CEO segurou meu pulso, impedindo que o fizesse.

— Então, você irá aceitar a companhia dos meus seguranças?

— Eu não tenho muita alternativa, certo? Posso recusar?

— Não — sentenciou ele.

Foi a minha vez de suspirar dramaticamente, demonstrando o quão farta estava do assunto.

— Agora eu posso ir? — pedi, querendo me livrar de Sebastian Johnson.

— Irei acompanhá-la. — Não!, eu quis gritar, mas ele saiu do carro e deu a volta rapidamente para abrir a porta para mim.

O CEO estendeu a mão para me ajudar a sair, no qual aceitei, e para minha infelicidade fiquei relativamente perto dele. E ele permaneceu com nossas mãos unidas, guiando-me até a porta de entrada. O motorista depositou a bolsa de Lilly e a minha mala no chão ao nosso lado, assim como o vaso de flores, e se afastou.

Percebi, porém, que não estávamos sozinhos. Virei-me para apertar o botão do meu apartamento, para que Lilly surgisse e me ajudasse a entrar em casa. E, claro, espantasse o CEO para longe dali. Além de nós dois, havia dois carros grandes e escuros estacionados diante do prédio. As pessoas haviam saído de seu interior e tratavam-se exatamente dos seguranças de Sebastian Johnson. Nunca o tinha visto rodeado por tantos seguranças antes, observei. Aparentemente meu acidente e a perseguição dos paparazzi havia causado desconforto a ele, imaginei.

— Em breve entrarei em contato com você para um evento em que precisaremos comparecer. Até lá você deve se cuidar e buscar se recuperar logo — avisou o homem.

— Entendido, senhor — resmunguei, desejando que Lilly chegasse logo. Porém, minha resposta desaforada o deixou desgostoso. Notei a expressão de aborrecimento cruzar seu rosto por um segundo, mas desapareceu quanto a porta foi aberta.

— Melissa! — Escutei o meu nome sendo chamado por minha amiga, fazendo-me virar para ela. Lilly, que estava sorrindo ao perceber que se tratava de mim, desfez a expressão de felicidade ao notar o CEO ao meu lado. — Sr. Johnson, olá, novamente. Fico feliz em saber que trouxe Meli em segurança para casa.

— Meli? — questionou ele, confuso.

— Esse é o meu apelido. Meus amigos me chamam assim — respondi, rapidamente.

— Ah, claro, eu deveria ter imaginado — comentou, abrindo um sorriso sem jeito. Ele se virou para dirigir-se a Lilly. — Srta. Price, eu sou imensamente grato por ter cuidado de Melissa durante os dias que passou no hospital. Sei da amizade de vocês, e que você não fez isso por mim, mas tenho um sentimento de gratidão enorme a seu respeito. Além disso, caso queira ficar cuidando dela por mais alguns dias, não precisa se preocupar em voltar ao trabalho logo. Eu não me importarei com isso, pois sei que se trata de um assunto importante e justificável para falta.

Caramba, pensei, nem eu esperava um agradecimento vindo de Sebastian Johnson, e muito menos Lilly. A expressão de choque era perceptível no rosto de minha melhor amiga, que encontrava-se boquiaberta e com as sobrancelhas levantadas.

— M-muito ob-brigada, sr. Johnson, e-eu vou continuar cuidando de Melissa até que ela fique melhor — gaguejou Elizabeth, ficando confusa sobre o que responder.

— Excelente! Agora eu preciso ir, m-meu amor — falou Sebastian, somente para me chocar mais. O quê? Ele tinha me chamado de amor? Aquilo só poderia ser uma grande piada. Lilly ficou mais embasbacada, contudo, para fugir do momento decidiu se abaixar para pegar nossos pertences e desaparecer para o interior do prédio.

Tentei controlar a expressão de repulsa em meu rosto, mas o sr. Johnson ousou se aproximar para depositar um beijo em minha bochecha. Seus lábios tocaram minha face com suavidade, quase de modo imperceptível. Mas eu senti, assim como havia sentido a carícia de seus dedos em meu rosto. Ele finalmente se afastou e acabei por encarar seus olhos verdes. Como ele ousava fazer isso? Eu precisei recordar que suas atitudes não passavam de uma atuação convincente para Lilly e qualquer outra pessoa presente e ao nosso redor — nesse caso, os paparazzi.

— Adeus — murmurei, deixando-o ir. Bem, eu queria que ele fosse logo, e fiquei satisfeita quando o fez.

Sebastian Johnson se afastou, indo em direção ao carro e se virando por um segundo antes de adentrá-lo. Ele acenou, com um meio sorriso de lado e lançou uma piscadela. Apenas para me provocar, pensei. Também abri um sorriso, controlando toda a ironia existente em meu corpo e acenei de volta. Ele entrou no carro e partiu. Eu queria que fosse para sempre, mas infelizmente eu sabia que em breve o veria.

Não me demorei do lado de fora e entrei para o interior do prédio. Lilly me aguardava nos degraus da escada, provavelmente ainda processando a cena que tinha acabado de assistir.

— Vamos? — chamou ela, que não hesitei em seguir.

Subimos os dois lances de escadas sem dizer nada, constrangidas pela cena ocorrida no exterior de nosso prédio. Meu amor? Fala sério, pensei. Ele poderia ter me chamado de algo melhor. Por que não pelo nome? Ora, não poderia usar amor para mim quando seu sentimento — e o meu — era completamente inverso. Só sentíamos repulsa e raiva um pelo outro.

Chegamos até a porta do nosso apartamento, entretanto, Lilly não adentrou imediatamente. Antes ela se virou e abriu um pequeno sorriso para mim.

— A ideia não foi minha e eu sei que você odeia essas coisas, mas achamos que seria bom, diante das circunstâncias — avisou minha amiga. Olhei-a sem compreender, mas não precisei ficar confusa por muito tempo, pois ela abriu a porta e me empurrou para dentro.

No instante seguinte me deparei com rostos familiares que se encontravam em meu apartamento. E alguns desses rostos eu preferia não lidar no momento, pensei. Porém, todos os presentes gritaram ao mesmo tempo:

— Surpresa!

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