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Para a nossa sorte Seth não acertou com a bolinha de ping pong em um dos nossos copos, passando para a nossa vez de jogar. Jacob ofereceu para que eu começasse, no qual aceitei. Como eu não tinha uma boa mira — como a de Alex, lembrei —, a minha bola de ping pong passou bem distante dos copos do outro time, resultando na risada da dupla adversária. Ok, agora eles estavam me desafiando seriamente!

Se eu imaginei que a raiva fosse o combustível correto para me motivar, estava enganada. Não quando a outra dupla era muito melhor do que a nossa. No início Jacob prontificou a se sacrificar por mim, ingerindo cada um dos copos de cervejas acertados por Lilly e Seth. Após ter visto meu amigo e ex-aluno ingerindo dez copos consecutivos de cerveja, comecei a ficar com pena dele. Tentei usar de toda a estratégia no próximo arremesso, mas errei, obviamente, dando vez para Seth jogar. Ele, sem muita dificuldade, conseguiu acertar um dos copos próximos a mim. Quando Jacob ia pegar para beber no meu lugar, eu o interrompi.

— Vamos intercalar entre nós dois. Acho que você já bebeu demais! — propus, levando o copo de plástico até meus lábios. O gosto amargo de cerveja quente causou um arrepio em mim, sentindo uma ânsia familiar me tomar. Mesmo assim me forcei a beber todo o conteúdo do copo. Quando depositei o mesmo de volta sobre a mesa, notei o olhar de preocupação de Lilly sobre mim. A confortei erguendo o dedo polegar pra cima, indicando que estava tudo bem.

Continuamos com o jogo e cada vez mais se tornou fácil beber a cerveja quente. Como proposto por mim, intercalamos os copos entre nós, um sendo Jacob a beber e depois eu o outro. Para não dizer que perdemos feio, eu e meu par conseguimos acertar um copo cada, apenas para deixar Lilly e Seth mais alterados — e flertando mais entre si.

Mesmo me sentindo um pouco embriagada — eu nunca tinha ficado assim antes, mas a sensação de estar flutuando era familiar, além dos risos desnecessários que eu dava a cada vez que perdíamos de acertar um copo — consegui ver Lilly tocando com leveza Seth, lançando sorrisos descarados e até mesmo conversando bem próximo dele, a centímetros de distância!

Eu preferi não intervir nos flertes, que Seth também retribuía — não vi necessidade ao vê-lo colocando o cabelo de minha amiga atrás da orelha —, pois minha intenção ao trazer Lilly até ali fora justamente para fazê-la se distrair e espairecer a mente — e esquecer um pouco do nosso complicado amigo Will.

O jogo já estava terminando, e estávamos perdendo feio. Eu parei de contar quantos copos de cerveja já tinha bebido quanto passou de oito... Ou nove... Com certeza foi mais de dez.

Mesmo eu imaginando que seria impossível o último copo de cerveja ser acertado com a bolinha de ping pong, Seth conseguiu tal feito. Como era a vez de Jacob beber, ele pegou o copo vermelho e terminou com todo o líquido em seu interior.

Lilly e Seth comemoraram do outro lado da mesa, batendo as palmas de suas mãos uma contra a outra. Minha amiga deu pulinho de alegria, enquanto o rapaz jovem olhava-a com profundo interesse... E desejo. Quase considerei em entrar no meio dos dois quando ambos se abraçaram, mas Jacob passou o braço em minha volta, levemente alterado.

— Vamos comemorar também! Somos incríveis por termos bebido essa quantidade absurda de cerveja! — Tive que rir do seu esforço ao falar, mas concordei em comemorar. Eu e Jacob fizemos o nosso próprio tipo de comemoração, batendo as mãos uma contra outra e dando um soquinho, para depois fazermos poses ridículas. Foi algo engraçado no momento, mas não seria tanto se eu estivesse sóbria.

Eu nunca tinha bebido daquela maneira em toda minha vida, mas sempre havia uma primeira vez, certo? E lá estava eu, começando a dançar enlouquecidamente com a música, acompanhada de Jacob. Ignorei Lilly e seu acompanhante Seth, vendo os dois no canto da festa conversando entre si. E para a minha sorte, não encontrei com os amigos de Jacob outra vez. Era mais tolerável beber dez copos de cerveja do que suportar aqueles jovens estranhos.

Jacob me acompanhava enquanto eu dançava, mas subitamente ele desapareceu. Imaginei que tivesse ido ao banheiro ou coisa do tipo, por isso permaneci dançando no meio da pista de dança, balançando os braços loucamente. Algumas pessoas me acompanhavam, achando divertido minha atitude. Todavia, depois de algum tempo, comecei a ficar preocupada com o sumiço do meu ex-aluno. Por isso, fiquei olhando em volta à procura do seu familiar cabelo castanho e ombros largos.

Meus olhos encararam cada respectivo rapaz no recinto, até encontrar os olhos escuros de uma pessoa familiar. Um dos amigos de Jacob, consegui me lembrar. Um sorriso cínico cruzava seu rosto, com puro deboche e divertimento. Cerrei meus punhos, não gostando de ser a piada de um desconhecido como ele.

Tentei recordar seu nome, mas a bebida tinha entorpecido minha mente e me fazendo esquecer de algumas coisas. Com muito esforço recordei o nome do tal garoto... Peter!

Eu teria ficado no meu lugar, continuando a dançar, se não tivesse notado Jacob ao seu lado. Como estava cansada de ficar sozinha — e não desejava interromper Lilly com seus flertes —, atravessei a sala e fui até o canto onde os dois rapazes conversavam.

Jacob estava de costas e não viu minha aproximação, mas continuava conversando e gesticulando. Notei o tal Daniel também na roda de conversa, mais escondido.

— Eu preciso mais do que um mês... Talvez dois... — escutei Jacob dizendo, ainda alterado. – Ela é muito difícil...

— Ei! — gritei, tocando o ombro do meu amigo. Ele se virou, assustado. Quando notou que se tratava de mim, abriu um sorriso de contentamento. — Você sumiu! Por quê?! Você prometeu que iria ficar ao meu lado a noite toda!

Enquanto eu falava, gesticulava na direção de seu rosto de forma acusadora.

Peter, que nada disse, manteve aquele maldito sorrisinho em seu rosto. Mesmo eu estando bêbada, a parte consciente do meu cérebro controlou o impulso de socar o rosto daquele garoto. Daniel, por outro lado, parecia distraído fumando um cigarro.

— Eu já estava voltando para onde você estava! — confessou Jacob. Fiz uma cara de quem não estava acreditando em suas palavras. — Vamos voltar a dançar agora!

Até quis aceitar sua proposta, mas naquele momento senti a necessidade de usar o banheiro. Minha bexiga estava apertada após ter bebido tanta cerveja.

— Primeiro, eu vou ao banheiro! — falei, levantando o dedo indicador. Me virei, puxando, sem perceber, Jacob comigo. Fui em direção a Seth, o responsável pela festa e que provavelmente conhecia todo o apartamento e saberia me indicar onde ficava o banheiro. — Ei, onde fica o banheiro?!

Lilly e o rapaz se assustaram com a minha súbita chegada e a voz alta. Olhei na direção dele, com a mão na cintura e aguardando.

— Imagino que todos os banheiros agora devem estar ocupados ou imundos pra você usar, mas se você seguir até final do corredor... — Seth me apontou enquanto explicava. — Virar à direita e entrar no último quarto, vai encontrar um banheiro mais higienizado pra usar.

— Ótimo, muito obrigada! — agradeci, para depois virar em direção a Lilly. — Podemos conversar um minutinho?

Minha amiga desfez o sorriso no rosto e olhou-me com hesitação, notando que eu queria falar de um assunto sério. Nós duas nos afastamos dos rapazes, indo conversar em um canto.

— O que está rolando entre vocês? — indaguei, sem enrolação, apontando para a direção que viemos.

— Nada — respondeu Lilly, com estranhamento.

— Todos aqueles flertes não me parecem nada... — falei cheia de malícia a última palavra, causando risadas em Elizabeth.

— Certo, talvez esteja rolando algo, mas não tenho certeza do que seja.

Bufei, com as mãos na cintura, chateada pela falta de informação.

— Se for rolar algo, me avise... Não quero esperar você a noite inteira para ficar com esse tal... — Qual era o nome dele mesmo?

— Seth — completou Lilly.

— Isso!

Depois da nossa curta conversa retornamos para onde estavam Jacob e Seth. Deixei Lilly onde estava, com um olhar de aviso, mostrando que estava bem atenta nela.

— Depois que eu retornar do banheiro, vamos pra casa! — anunciei. Meu comentário não deixou Lilly animada, muito menos Seth. Ele lançou um olhar sério para Jacob, como se tentasse dizer algo. Eu não consegui traduzir, mas imaginei que meu ex-aluno sim.

Como eu estava bêbada, não me preocupei muito. Mas se estivesse sóbria, certamente ficaria mais atenta no que estava rolando. Eu queria não ter bebido tanto, talvez eu não tivesse sido tão ingênua novamente. Ou, talvez, eu tivesse me tocado de quem se tratava Seth. Se eu o olhasse com mais atenção, certamente teria descoberto. Entretanto, a cerveja só deixou minha mente mais anuviada e confusa, não importando com as mensagens entre linhas.

Arrastei Jacob comigo em direção ao banheiro, seguindo as orientações do rapaz. Seguimos até o final do corredor e chegamos a tal porta. Quando a abri me deparei com um quarto. Tinha uma cama no centro do ambiente, algumas cômodas e um tapete, nada muito chique. Mas mesmo assim dava para perceber que era de qualidade.

Fiquei decepcionada ao perceber que não se tratava do banheiro, até perceber uma porta do outro lado do quarto.

— Fique aí! — mandei, empurrando Jacob para se sentar na cama e me aguardar. Corri em direção a porta e o alívio percorreu o meu corpo quando notei que realmente se tratava do banheiro.

Fechei a porta atrás de mim e fiz o xixi mais longo da minha vida. Realmente, a quantidade de cerveja que eu bebi tinha sido absurda, pensei.

Não me demorei muito ali, porém, fiquei aterrorizada quando notei minha maquiagem borrada e meu rosto suado. Tratei de lavar minha face, usando um sabonete líquido em cima da pia. Depois de estar satisfeita novamente com a minha aparência, decidi retornar para fora.

Encontrei Jacob sentado na cama, como eu o havia feito ficar.

— Você acha que esse quarto é de alguém? — perguntei, curiosa.

O rapaz virou-se para mim e olhou em volta, também observando o ambiente. Sentei-me ao seu lado, finalmente podendo descansar as pernas após ter ficado muito tempo em pé.

— Acho que ainda não tem dono — respondeu, pensativo.

Também fiquei a observar o cômodo, até eu me tocar de algo.

— Espera ai! Você quer entrar nessa fraternidade, certo? Por isso ficou puxando o saco daquele tal de Seth! — acusei-o, embasbacada, finalmente percebendo os fatos.

— Claro que não! Quero dizer, eu não estava puxando o saco do Seth, mas quero sim fazer parte dessa fraternidade — explicou.

— E por que já não está fazendo parte?

— Porque tem um ritual de passagem. Algo que o novo integrante deve fazer para entrar — justificou Jacob, se sentindo desconfortável em tocar no assunto.

O mistério por trás de suas palavras chamou minha atenção.

— Fazer um pacto com o diabo? — soltei, sem pensar muito bem. Acusei o álcool de estar me fazendo dizer besteiras.

— Claro que não, Meli! — riu Jacob, achando graça.

— Tipo o quê? — perguntei, baixinho, expressando a curiosidade mal contida. Aproximei meu rosto do de Jacob, olhando intensamente para ele, pressionando a me responder.

— Eu não sei, ok? Eles ainda vão fazer uma reunião para decidir o que cada garoto deve fazer para entrar na fraternidade... Então, ainda desconheço o que irei fazer. — Notei que Jacob parecia aborrecido em falar sobre aquilo. Não entendia porque parecia afetado com as minhas perguntas. Se talvez estivesse com medo de não ser aceito ou por insistir em tentar conseguir a aprovação dos colegas da fraternidade.

Ele agora estava quieto, olhando fixamente para frente, perdido em pensamentos. Voltei a me questionar se o problema estivesse além do visível, do que entrar em uma fraternidade.

— Jacob? Está tudo bem? — chamei-o, preocupada. O rapaz levantou os olhos, levando-os a mim, parecendo voltar à consciência.

— Perfeitamente bem! Por quê? — perguntou, fingindo não estar estranho como estava há cinco segundos atrás.

— Fiquei preocupada com você... Parecia triste. As coisas estão indo bem... Em casa? Ou o problema é a faculdade? — Eu estava soando como uma irmã mais velha preocupada com seu irmão. Honestamente, era assim que eu via Jacob, desde o momento que o conheci. Por isso, o comentário de Lilly sobre ele me desagradava tanto... Não conseguia vê-lo de outro modo.

Jacob esboçou um sorriso fraco, sem muito significado.

— As coisas estão indo bem, não precisa se preocupar comigo. Não sou uma criança, Meli — caçoou Jacob, dando um soquinho leve em meu braço.

— Bem, pra mim você é! — retruquei, pulando sobre ele para fazer um golpe de mata leão. Consegui passar meu braço direito em volta de seu pescoço e comecei a apertar com o esquerdo.

Jacob fingiu estar sendo falsamente esganado, enquanto lutava para me retirar de suas costas. Às vezes fazíamos brincadeiras toscas como aquelas, principalmente quando ele se negava a estudar, reclamando que o fim de semana era dia de se divertir. E eu, com a intenção de puni-lo, fazia questão de fazer isso em público. Como também constrangê-lo diante das garotas bonitas de sua escola. Isso, principalmente, o deixava louco.

Claro que ele era bem mais forte do que eu e conseguiria me arrancar com facilidade de suas costas, mas para me sacanear jogou meu corpo sobre a cama e começou a me esmagar contra suas costas. Seu peso, maior que o meu, começou a me sufocar. Retirei meus braços do seu pescoço e os usei para empurrar Jacob para longe de mim.

— Saí! — gritei, rindo histericamente.

Ele obedeceu a meu comando, para minha surpresa, levantou e ficou em pé, virando-se para mim. Consegui recuperar o fôlego e tentei empurrá-lo com os meus pés. Ele segurou meu calcanhar enquanto eu ainda estava deitada na cama, impossibilitando-me de fazer o que eu pretendia. Continuei a espernear, para fazê-lo me soltar, mas foi em vão.

Jacob — ainda se divertindo e participando da brincadeira juvenil — tentou segurar minhas pernas. Contudo, subitamente, empurrou minhas pernas para baixo e subiu na cama, ficando com seu corpo sobre mim. Eu tentei empurrá-lo, mas ele segurou meus pulsos e colocou meus braços acima da minha cabeça, prendendo-me.

Eu poderia facilmente usar minhas pernas para fugir dele, acertando em cheio o que ele tinha nos meio das suas, mas como eu não queria jogar sujo, preferi não fazer isso.

Contudo, talvez eu devesse ter feito tal ato. Seria o mais racional.

Jacob e eu nunca tínhamos ficado tão próximos daquela maneira. Eu parei com a minha luta, me tornando completamente sua refém. Eu senti algo estranho acontecendo comigo, que nunca tinha acontecido em sua presença. Meu coração — já acelerado — ficou batendo fortemente em meu peito, como se o espaço que estava ocupando em meu tórax fosse pequeno demais. Eu quis ignorar meu coração e até consegui, mas não consegui ignorar o rosto do rapaz em minha frente. E o quão bonito ele era.

Eu sabia da beleza de Jacob e da popularidade que tinha por ser consideravelmente encantador. Agora, depois de tanto tempo, enxergar aquela parte sua era completamente diferente. Eu nunca o tinha visto com aqueles olhos, mas ali, a centímetros de distância, foi difícil não enxergar todas as suas características de distinta perfeição.

Talvez eu estivesse exagerando ou fosse o álcool respondendo por meus pensamentos errados. Ele só tinha dezoito anos.... Mas como conseguia ser tão atraente? Meu corpo ficou subitamente quente, exatamente da maneira que tinha ficado quando estive com Alex em nosso encontro. Mas agora era diferente! Eu queria ter ficado assim com Alex. Jacob era meu ex-aluno e bem mais novo do que eu. Tudo indicava que os meus pensamentos impuros — que já sondavam minha mente — eram completamente inadequados!

Não consegui desgrudar os olhos do seu rosto... Dos seus lábios grossos e bem desenhados. Em como o lábio inferior era proporcionalmente maior que o superior. Meu olhar subiu pelo seu rosto, observando, admirada, cada detalhe esculpido provavelmente por deuses. A mandíbula protraída e bem delineada. Tão perfeitamente quadrada, que se eu fosse um tomate certamente seria cortada se a tocasse. Me admirei também com suas bochechas coradas, por causa do álcool.

Contudo, o que me chamou mais atenção foi o seu olhar. Seus olhos semicerrados por trás dos cílios espessos me observavam de maneira profunda. Suas íris de cor castanhas estavam mais escuras que o habitual e por trás daquele olhar só uma palavra veio a minha mente: desejo.

Jacob me desejava e isso era perceptível, e ele nem tentava esconder. Eu queria que ele disfarçasse, caísse na real e se afastasse, mantendo uma distância tolerável e normal entre duas pessoas. Mas eu estaria mentindo se no fundo também não quisesse manter aquela proximidade. Era errado, mas parecia tão certo.

O rapaz se aproximou de mim, mais do que já estava, ainda mantendo minhas mãos presas acima da cabeça. Eu quis soltá-las do seu aperto apenas para... Poder trazê-lo para mais perto, pensei. E continuei desejando por isso.

Como se estivesse lendo minha mente, Jacob aproximou os lábios aos meus, ficando a milímetros de distância. Ele queria e eu também, mas ninguém concluiu o espaço que faltava. Eu tinha receio de estar cometendo o maior erro da minha vida. Se eu terminasse com a proximidade, a minha relação com Jacob mudaria completamente.

Como a tola que sou, sempre cometendo atitudes inadequadas, coloquei a culpa na bebida e acabei com o resto de espaço que havia entre nós.

Eu o beijei, mas também fui beijada. Apesar de eu ter concluído o espaço, Jacob não hesitou em terminar com o que restava dos centímetros entre nossos corpos. Ele soltou meus braços, concedendo suas liberdades de volta, e ocupou suas mãos em segurar minha cintura com força contra seu corpo.

Não consegui não prestar atenção nos detalhes de seu corpo. Minhas mãos como as boas exploradoras que eram, não hesitaram em passear pelo corpo jovem e febril sobre mim. Minhas pernas, mais ousadas do que antes, envolveram o quadril de Jacob com euforia, o recebendo e puxando para mais perto.

Ele manteve um dos braços em torno da minha cintura, fazendo-me elevar meu corpo e colar o tronco contra o seu. Senti através da fina blusa de seda o corpo musculoso em contato com o meu. Não fiquei surpresa com esse fato, pois sabia das idas frequentes a academia de Jacob fazia. Além disso, esse contato dos nossos corpos causou um arrepio em mim, que subiu por minha espinha, excitando meus seios.

Nossas bocas travavam uma luta, mas nossos corpos estavam satisfeitos em permanecerem colados um contra o outro. A língua dele investiu contra minha, explorando com avidez meus lábios. A sensação de beijá-lo era um misto angustiante de puro deleite e euforia. Quando mais nos beijávamos, mais eu queria. Meu coração permaneceu batendo acelerado no peito, como se tivesse vivendo a aventura mais enlouquecedora da sua vida. E isso era o que Jacob estava sendo pra mim naquela semana entediante. Um deslize, um passo em falso, que me surpreenderia e me tiraria do tédio por algum tempo. E eu gostava dessa aventura.

Ela era saborosa, cheirosa, gostosa... Ah! Tão boa, que parecia um delírio. Minhas mãos ousadamente percorreram o corpo do jovem rapaz, chegando até seus ombros largos, que antes eu olhava com um interesse surpreendente. A sensação de tocá-los era completamente diferente de olhá-los. Apertei com força, apenas para ter certeza de que eram reais. E eram!

Aquilo não durou por muito tempo. Talvez se não fôssemos interrompidos, as coisas poderiam ter avançado para direções completamente erradas. Eu deveria agradecer aos céus quando a porta do quarto foi aberta.

— Ah! Não sabia que esse quarto já estava ocupado! Vamos sair daqui! — falou uma voz masculina. Assim que percebi que havíamos sido vistos, empurrei Jacob para longe de mim e encarei os recém-chegados, que se tratavam de um casal. Assim que nos viram, fecharam a porta atrás de si, voltando a nos deixar sozinhos.

Meu coração ficou mais acelerado que antes, finalmente percebendo o terrível erro que tinha cometido. Virei-me para encarar Jacob deitado ao meu lado. Ele estava de olhos fechados, para minha surpresa.

— Jacob! — chamei-o, aborrecida.

Ele abriu os olhos brevemente, apenas para dizer:

— Melissa, eu estava gostando do que estávamos fazendo, mas agora fiquei com sono. Vou dormir. — O quê? Eu não podia acreditar no que ele tinha dito!

Comecei a balançá-lo, tentando insistentemente acordá-lo, mas foi em vão. Como alguém conseguia dormir em poucos segundos? Será que ele estava consciente enquanto nos beijávamos?

Notei que eu, apesar de toda bebida, me encontrava completamente sóbria — ou ao menos um pouco. Levantei da cama e decidi ir em busca da Lilly para irmos pra casa. Eu não poderia ficar ali por mais um minuto. Tinha sido um enorme erro ter aceitado vir a aquela festa!

Saí do quarto e atravessei o corredor, retornando ao ambiente barulhento — no quarto a intensidade do som era menor. Procurei insistentemente pelo rosto familiar de minha melhor amiga por cada canto. Fui na cozinha, vaguei pela pista de dança ainda lotada e procurei pelos banheiros. Aquele apartamento ocupava praticamente todo o andar e eu não conseguia imaginar a quantidade de quartos que tinha.

Decidi usar minha única alternativa e peguei o celular para tentar fazer uma ligação a Lilly. Todavia, eu tinha recebido uma mensagem dela em que dizia:

Como você pediu para eu avisar, estou avisando que eu fui me divertir com Seth! Não se preocupe comigo. Estava realmente precisando espairecer a mente e nada melhor que um gato como ele, certo? Beijos, te amo!

Ah, porcaria, pensei. Lilly tinha me deixado e eu agora estava completamente sozinha. Minha amiga estava se agarrando — ou fazendo coisa pior — com aquele maldito Sath, bem mais novo que ela! Mas quem era eu pra julgar, certo? Eu estava há poucos minutos beijando loucamente um garoto cinco anos mais novo que eu. E que eu sempre considerei como um irmão. Eca! Argh!

Percebendo que eu não tinha alternativas e preferia não correr riscos voltando pra casa naquele horário, decidi retornar para o quarto onde estava Jacob. Chegando lá, notei que o mesmo ainda estava adormecido. Enquanto o observava dormindo adoravelmente — ok, pare com isso, Melissa! —, notei que eu também estava cansada.

Tranquei a porta para evitar a entrada inconveniente de alguém e fui em direção a cama. Empurrei Jacob mais para o quanto, para me dar mais espaço. Deixei meu celular para tocar, caso Lilly decidisse me fazer uma ligação, e o coloquei no aparador ao meu lado. Retirei meu tênis e deitei sobre a cama, puxando a coberta sobre meu corpo.

O que tinha acontecido entre mim e Jacob tinha sido terrivelmente inadequado, mas nada eu poderia fazer no momento. O que me restava seria esperar até a manhã seguinte para ter uma boa conversa e impor um limite entre nós dois, que não cruzaríamos jamais.

Sem alternativa, e sendo a única pessoa além de Lilly que eu confiava naquele apartamento, decidi adormecer ao lado de Jacob. Claro, cada um em seu respectivo lado. E para a minha sorte, a quantidade de álcool em meu organismo me levou rapidamente para o mundo dos sonhos, me impossibilitando de sonhar ou ter pesadelos, e muito menos pensar nos beijos de Jacob García — ah, e que beijos!

Eu queria poder continuar dormindo durante horas, talvez por dias... Ou anos, se eu pudesse. Como eu nunca tinha tido uma experiência de beber tanto a ponto de ficar com ressaca, essa era a primeira vez que eu passava por isso. A primeira coisa que notei foi à dor lancinante de cabeça que eu sentia, em conjunto a dores inexplicáveis no corpo. Parecia que eu tinha dançado loucamente a noite inteira, o que de fato aconteceu, e também como se tivesse batido a cabeça contra a parede dezenas de vezes, mas essa parte eu não recordava. Será que eu tinha feito isso?

Considerei ignorar todos aqueles sintomas estranhos que eu estava sentindo e voltar a dormir, mas não seria tão simples pra mim. As coisas nunca eram. O real motivo para eu ter acordado continuava a me perturbar. Um toque estridente e irritante machucava meus ouvidos, e parecia estar a centímetros de mim.

Eu me lembrava de ter trancado a porta antes de vir dormir, então por que parecia que alguém estava ouvindo música tão perto de mim?

Tentei abrir os olhos e enxergar o sujeito que me perturbava, mas meus olhos doeram instantaneamente no momento em que encontrou com a luminosidade do dia. Fechei as pálpebras, sentindo a dor de cabeça ficando mais intensa por um segundo. Porcaria, quando isso iria passar?

Eu sabia que tudo o que eu estava sentindo era consequência da quantidade absurda de cerveja que ingeri na noite passada, e agora eu estava sofrendo pela decisão de jogar aquele maldito jogo de beerpong. Recordar do jogo, me fez recordar de Jacob. Até eu lembrar subitamente que dividíamos a mesma cama e... E eu estava abraçada a ele!

Abri os olhos de uma vez, suportando a claridade do ambiente e encarando o rapaz adormecido ao meu lado. Eu não tinha reparado, já que me sentia completamente confortável, mas um dos meus braços envolvia o tórax de Jacob, quase que de um modo carinhoso, mantendo-o próximo a mim, enquanto meu rosto estava apoiado em seu braço que rodeava meus ombros, também mantendo nossa proximidade. Eu quis me xingar de todos os nomes possíveis. Algo tinha acontecido na noite passada, mas fomos interrompidos... Então por qual razão tínhamos adormecido abraçados? Ou será que acabamos nos abraçando assim durante a noite enquanto dormíamos? Ou algo aconteceu, que agora eu não conseguia lembrar?

Céus, eu tinha cometido tantos erros na noite passada, sendo um deles ter beijado... Beijado meu ex-aluno! Um garoto bem mais novo do que eu! A Melissa sóbria jamais cometeria tal ato, enquanto a embriagada fez tudo de errado!

Eu não queria permanecer agarrada a ele, por isso, decidi sair do seu abraço e levantar para acabar com a música irritante. Retirei o braço de Jacob dos meus ombros com delicadeza, para não acordá-lo, e me afastei, sentando-me na cama tentando emitir o menor ruído possível. Entretanto, o toque irritante continuava, de modo incessante. Se eu não o parasse, acabaria despertando Jacob e resultando num encontro desconfortável entre nós dois, em que eu não saberia o que dizer sobre o ocorrido da noite passada.

Sabia que deveríamos conversar, mas como não me sentia preparada no momento, a única coisa que me restava era sair de fininho daquele quarto.

Finalmente percebi de onde vinha aquele toque irritante, e se tratava do meu celular. Algum infeliz me perturbava para tentar falar comigo. Peguei o aparelho e olhei a tela, vendo que se tratava de um número desconhecido. Ponderei em não atender, mas como estava sendo insistente, decidi atender por curiosidade.

Aceitei a ligação e coloquei o aparelho celular do lado da orelha.

— Srta. Fontoura? — alguém me chamou do outro lado da linha, se dirigindo a mim pelo sobrenome. Estranhei, mas preferi responder. Talvez eu tivesse ganhado alguma promoção do mercado e estavam me ligando para dar o prêmio.

— Alô? Com quem eu falo? — Decidi ser direta. Minha cabeça não estava boa para enrolação. E para piorar, até mesmo meus ouvidos doíam.

— Bom dia, senhorita, me chamo Beatrice e sou a nova secretária do senhor Sebastian Johnson... — informou a voz feminina do outro lado da ligação.

Ah, não! Não, não, não! Definitivamente não! Eu não merecia aquilo! Eu não merecia ter que suportar Sebastian Johnson em um pleno sábado de manhã! Eu deveria estar pagando pelos meus pecados cometidos na noite anterior, certamente só poderia ser isso, pensei.

—... E ele me pediu para entrar em contato com a senhorita, pois quer que compareça a empresa — completou a tal secretária Beatrice.

— Agora?! Hoje?! — questionei, incapaz de acreditar no que estava acontecendo comigo.

— Sim, de preferência agora durante a manhã. Você pode estar aqui às 8h30min? — perguntou a mulher.

Eu queria simplesmente dizer que não. Que eu preferia beber dez litros de cerveja, passar dias de ressaca, do que suportar aquele CEO maldito. Porém, eu poderia ter passado pouco tempo com Sebastian Johnson, mas já o conhecia bem o suficiente. Ele não estava pedindo que eu comparecesse a empresa, estava ordenando. Ele mesmo poderia estar fazendo aquela ligação, mas seu tempo era tão sagrado que não poderia gastar comigo.

— Claro... Por que não? — perguntei retoricamente, deixando o tédio tomar conta de minha voz. — Diga a ele que irei... Mas por qual razão ele precisa que eu compareça aí mesmo? Hoje não é sábado?

— Sinto muito, senhorita, mas não sei o motivo pelo qual ele quer sua presença aqui. Só estou transmitindo o recado — informou a secretária.

— Ok, sem problema. Tchau. — Desliguei a ligação, sentindo o familiar sentimento frustrante e aborrecido que sentia por Sebastian Johson. Ah, como eu o odiava!

Peguei os meus tênis e fui até a porta, andando nas pontas dos pés. Dei um último olhar sobre os ombros apenas para verificar em como estava Jacob García. Ele ainda permanecia com olhos fechados e dormindo profundamente. Eu estava ferrada no momento, mas quando estivesse me sentindo melhor, conversaria seriamente sobre o que havia acontecido entre nós. Precisaria esclarecer que tal ato não se repetiria... Mas que eu não desejava estragar nossa boa relação de amigos.

Saí do quarto e segui pelo corredor, indo para o ambiente seguinte, que se tratava da cozinha conjugada com a sala. Eu não tinha percebido com muita atenção o tamanho do apartamento, mas agora em que ele estava completamente vazio — ou quase, pois haviam pessoas jogadas no chão ou adormecidas nos sofás — consegui notar que ele era bem decorado. Na parede da sala notei que estava completamente coberta por prateleiras com troféus, porta-retratos de pessoas — que provavelmente haviam pertencido a aquela fraternidade — e medalhas.

Além disso, finalmente notei uma faixa que estava presa à parede — algo que eu não tinha notado na noite passada. O nome Kappa Alpha estava escrito em dourado, com letras gigantes. Só agora eu percebia a magnitude daquela fraternidade, por causa dos seus prêmios e popularidade — afinal, a festa estava lotada ontem. Por isso, um medo me tomou. Eu tinha visto filmes o suficiente sobre o quanto de festas esses tipos de fraternidades faziam. Mas principalmente tinha visto notícias de mortes ocasionadas por cerimônias em que os jovens precisavam passar para fazer parte desse seleto grupo. Sendo assim, o meu receio por Jacob foi instantâneo. Ele havia dito que ainda não sabia o que seria obrigado a fazer... Mas e se fosse algo inumano, que poderia acabar matando-o? Bem, talvez eu devesse conversar com ele sobre isso também.

Me sentei em um dos sofás desocupados para calçar meus tênis. Minha aparência deveria estar horrível, mas após olhar as horas — 7h42min — decidi não perder o tempo e ir enfrentar o CEO. Seria bom desagradá-lo naquela hora da manhã. Eu não poderia perder essa oportunidade.

Enquanto estava distraída e havia terminado de arrumar meus cadarços, ouvi alguém pigarreando. Levantei a cabeça no mesmo instante e procurei pela pessoa acordada no apartamento. Havia alguém além de mim acordada naquele horário?

— Melissa Fontoura... Bom dia — cumprimentou uma voz masculina. Virei meu rosto na direção de sua voz. Eu estava surpresa por ele saber meu nome completo. Que eu saiba, não disse meu sobrenome a ninguém na noite anterior... Ou tinha dito?

Levantei do sofá e fui em direção ao sujeito parado atrás da bancada da cozinha. Ele estava com uma caneca em mãos e bebericava algo.

— Aceita? — me ofereceu Seth, com um sorriso divertido por trás da caneca.

— Não, muito obrigada. Eu não bebo álcool a essa hora da manhã — respondi, grossa.

— Ah, mas não é álcool. É chá! — respondeu com divertimento.

— Eu não gosto de chá — contradisse. Na verdade, eu não queria ingerir nada além de água no momento. Minha boca estava ligeiramente seca. — Você por acaso tem água nessa casa? Estou com muita sede!

— Mas é claro que sim... Senão, como eu teria feito meu chá? — Revirei meus olhos pela sua piadinha. Seth se virou para a geladeira e encheu um copo grande com água. Depois virou-se para pegar algo de dentro da gaveta no armário. — É a sua primeira ressaca?

Ele me estendeu o copo com água e um frasco com remédios.

— Vai aliviar sua dor de cabeça, mas recomendo que beba bastante água durante o dia — avisou o senhor sabe tudo. Aceitei os tais comprimidos e a água.

Eu estava cansada daquele Seth. Não gostava da impressão que me causava. Havia algo nele que me incomodava ligeiramente, mas não conseguia definir exatamente o quê. Na noite anterior eu o tinha achado muito bonito, mas agora ele só me fazia recordar de alguém que eu tinha grande antipatia.

Engoli dois comprimidos com a água, desejando que as dores de cabeça passassem. Assim que bebi todo o líquido, estendi o copo pedindo por mais. Seth riu, achando divertido.

— Onde está a minha amiga? — perguntei a ele enquanto recebia mais um copo d'água.

— Elizabeth? — questionou, fingindo ignorância. Lancei lhe um olhar semicerrado, demonstrando que não estava de brincadeira. Seth deu uma risada rouca, achando divertida minha reação. — A deixei dormindo no meu quarto... Sua amiga é muito divertida... E interessante.

Bufei, não querendo saber do que ele achava sobre Lilly.

— Diga a ela quando acordar que fui obrigada a acordar cedo para me encontrar... — Travei, incapaz de completar a frase. Eu não poderia contar a um desconhecido que iria me encontrar com Sebastian Johnson. — Quer saber? Deixa pra lá! Só fala que eu saí e que pretendo encontrá-la em casa.

— E com quem você vai se encontrar a essa hora da manhã? — indagou Seth, com o olhar atento. Estranhei sua curiosidade invasiva.

Cruzei seus braços e retribui o olhar com a expressão séria.

— Não é da sua conta! — rosnei, indo me virar para ir em direção a porta de entrada do apartamento.

— Com Sebastian Johnson? — Ao mencionar o nome do CEO, Seth prolongou cada sílaba, evidenciando-as com seu sotaque britânico.

Parei de andar, mantendo os pés travados no mesmo lugar. Não, pensei. Porcaria, ele tinha me reconhecido! Por isso havia vindo com toda aquela intimidade. Por isso sabia meu sobrenome. E se ele contasse para mídia? E se ele... Supusesse que meu relacionamento com o CEO fosse falso por estar acompanhada de Jacob na noite anterior? E se Jacob contasse a ele que tínhamos nos beijado? Minha vida estava arruinada. Se isso saísse para a mídia, que noticiaria tais informações, eu e Elizabeth estaríamos acabadas, assim como nossa amizade.

Virei-me para ele, sentindo minhas mãos ficando suadas. Engoli em seco e encarei o rosto jovial do rapaz.

— Como você descobriu? — Eu não poderia negar. Já estava óbvio apenas pela minha reação. No momento eu deveria tentar acobertar as coisas, talvez impedi-lo de contar sobre a minha presença naquela festa para a mídia. Mas se ele havia percebido de quem eu me tratava, por que outra pessoa não? Porcaria!

Seth passou a mão sinuosamente pelo cabelo, tentando arrumar algo sem nenhum defeito. Colocou a caneca de lado e se escorou na bancada, agora com um sorriso maroto brincando em seus lábios. Mantive o olhar de firmeza no seu rosto, tentando não prestar atenção no quão bonito ele era. Nos seus cabelos louros e nos olhos azuis. No formato de seu rosto, nariz e sobrancelhas. Olhando-o desse modo, tive novamente a impressão de tê-lo visto antes da noite anterior. Na verdade, ele se parecia muito com... Ah, não!

— Não foi tão difícil... De onde eu venho às pessoas estão falando bastante sobre você. Sabia que se tornou bastante popular, Fontoura? Mas não é uma popularidade boa. — Ele riu, se recordando de algo. Provavelmente do quanto às pessoas ricas desgostavam da garota pobre namorando o CEO britânico. — E eu não poderia esquecer o rosto de você, que foi estampado em vários jornais e revistas... Na verdade, eu estava ansioso para conhecer a minha cunhada. Mas não esperava que fosse ser desse jeito.

Cunhada? Ele estava de brincadeira comigo?

Entretanto, quanto mais eu o olhava, mais essa palavra absurda fazia sentindo. Mas ao mesmo tempo não fazia. Eu não sabia muito sobre a vida do meu falso namorado, mas o motivo era óbvio. Nós não éramos namorados para sabermos sobre a vida um do outro. Porém, quando olhei para o rosto de Seth, aquilo fez sentido. Eles eram muito parecidos, como a maioria dos irmãos são — como o meu caso e das minhas irmãs, que já tinham nos confundido achando que éramos trigêmeas. Todavia, o caso ali era completamente diferente. Eu nunca tinha ouvido falar, muito menos lido ou suposto que Sebastian Johnson tinha um irmão mais novo. Irmão este que me encarava em puro divertimento pela minha reação.

— Pela sua reação, devo supor que não sabia da minha existência, certo? — Por um instante Seth pareceu magoado, mas cobriu sua expressão com um sorriso cínico. — Eu e meu irmão não nos damos bem, então faz sentido ele não querer falar sobre mim. Na verdade, nós somos meios-irmãos e não crescemos juntos. Só nos encontrávamos durante feriados, como no Natal, e ele me evitava por ser sempre o mais velho. E isso durou até ele ir pra faculdade. Desde então não trocamos mais nenhuma palavra, apenas nos víamos raramente em jantares de família, que ele faz questão de evitar.

O discurso de Seth veio como uma bomba contra mim. Uma jorrada de informações sobre uma pessoa completamente desconhecida até então, que era meu falso namorado. Eu imaginei que Sebastian Johnson tinha segredos, mas manter desconhecida a existência de um irmão mais novo? Certamente se eu pesquisasse mais a fundo sobre a vida do CEO na internet, encontraria mais informações sobre sua família.

Todavia, tive que ficar surpresa. Sebastian e Seth eram irmãos. Eles deveriam ter uma diferença de idade de cinco anos pra mais ou pra menos. Na verdade, eram meios-irmãos. Por parte de mãe ou pai? Supus que de pai, apesar de não ter certeza. Sebastian também não dava certo com a família. Por isso não mantinha uma relação de irmão com Seth. E Seth parecia chateado com isso, mas preferia não esboçar. Bom, tudo isso não passava de suposições minhas em cima das informações que o líder da fraternidade havia me dado. Entretanto, um pensamento incomodo surgiu em minha mente... Lilly havia ficado com o meio-irmão de Sebastian Johnson, uma das pessoas que ela mais odiava e seu chefe! Como ela reagiria se descobrisse isso? Preferi não pensar muito a respeito.

— Ele nunca falou de você — afirmei, ainda boquiaberta. — Sebastian ainda faz muito mistério sobre a família.

— Pode falar a verdade, ele nos odeia. Mas se eu estivesse no lugar dele, também odiaria — confessou Seth, se afastando da bancada e vindo até minha frente. — Mas acho que ele vai odiar mais em saber que a namorada dele passou a noite em uma casa de fraternidade, certo?

Seth tinha motivos o suficiente para me dedurar a Sebastian. Ele odiava o irmão e apenas para causar mais desavença, contaria sobre mim.

— Eu disse a ele onde eu estaria... Não é à toa que marcamos de nos encontrar hoje.

— Não minta para mim, Fontoura. Você acha que sou ingênuo? — Ele ainda permanecia com o sorrisinho no rosto. — Pelo o tanto que conheço Bash, sei que ou ele pouco se importa com você, mas sim com a aparência do relacionamento de vocês.... Ou o que há entre vocês dois não passa de uma farsa. — Além das minhas mãos, minha testa começou a suar. Eu estava completamente encrencada! — Eu sei quem adoraria saber sobre sua presença em uma festa de fraternidade... A mídia.

Seth pegou o celular que estava no bolso de sua calça jeans e desbloqueou a tela. Subitamente tomei o aparelho de sua mão e o olhei desesperada.

— Não, por favor! Se isso acontecer, tudo vai ficar arruinado entre nós dois. E-eu... — Porcaria, eu precisava inventar uma mentira logo. — Eu amo seu irmão, ok?! E só vim até essa festa porque Jacob me convidou, e eu sou muito amiga dele. Não poderia fazer uma desfeita!

O jovem rapaz ficou sério por alguns segundos, até que um outro sorriso surgiu. Dessa vez estava isento de cinismo ou sarcasmo.

— Pode devolver meu celular? Eu não vou contar a mídia sobre sua presença em minha festa. Não sou um idiota, Melissa Fontoura. A não ser que eu queira arranjar o meu pior inimigo. — Devolvi seu telefone, assim como havia pedido. — Conheço Sebastian o suficiente para saber que ele seria capaz de fazer qualquer coisa contra mim se eu tentá-lo atingir. Meu pai cometeu o erro de tentar fazer isso e acabou perdendo a sociedade de uma empresa e milhões de dólares.

Caramba! Eu sabia do poder do CEO, mas não a ponto de ter inimigos dentro da própria família e pessoas tentando derrubá-lo.

— Muito obrigada, Seth. Eu estou confiando em você — murmurei, recuperando o ar que havia perdido durante o breve momento de desespero. — Agora eu preciso ir.

Me virei novamente, decidida a ir embora.

— Você está indo para a casa dele? — perguntou o rapaz. Parei novamente, percebendo que não poderia sair sem dar satisfação a ele. Outra coisa que notei também foi o traço de distinta curiosidade em sua voz.

— Não, ele pediu para me ver na empresa dele — respondi, entediada.

— Eu levo você lá — se ofereceu. Olhei-o sem entender, confusa pela sua oferta. Notando meu olhar de hesitação, disse: — Só quero te acompanhar e, talvez, saber sobre como está o meu irmão. Sem contar que é perigoso a namorada de um empresário como Sebastian Johnson andar sozinha por aí.

Seth pegou uma chave que estava no bolso de sua calça e seguiu para fora do apartamento, em direção ao elevador. O segui, sem outra alternativa.

Minutos depois estávamos pelas ruas de Manhattan, seguindo em direção a Johnson Enterprise. Eu não estava ansiosa pelo momento de encontrar com Sebastian Johnson, mas estava curiosa para saber mais a respeito dele.

O carro de Seth era incrivelmente maravilhoso. Talvez fosse o único automóvel que eu saberia nomear. Um Ford Capri preto e lustroso, vintage, com bancos macios e de couro. O rapaz acelerou entre as ruas, ignorando qualquer placa de pare. Somente fez isso quando o semáforo ficou vermelho no instante em que passávamos na rua. Ele soltou um suspiro aborrecido, aparentemente não gostando de ser impedido.

Como eu estava ainda encabulada e desejando saber mais sobre a vida de Sebastian Johnson, decidi não guardar as perguntas.

— Vocês não se falam desde quando? — iniciei, tentando ser menos invasiva.

Seth tombou a cabeça de lado, fazendo uma expressão pensativa.

— A última vez que falei com ele foi em nosso último Natal em família. Ele me chamou de imbecil, ou algo do tipo. — O rapaz riu sem humor e continuou com os olhos focados no percurso. Porém, subitamente continuou: — Na verdade, a última vez que realmente me dirigi a ele foi em uma das nossas reuniões familiares organizadas pela vovó. Eu acidentalmente esbarrei nele e derrubei um pouco do meu uísque na sua camisa, pedindo por desculpas logo em seguida. Depois ele perguntou se eu já tinha idade para beber, no qual respondi que não, claro, e então me olhou com superioridade e se virou, me deixando sozinho.

A voz de Seth havia mudado. Ele soava vazio, aparentemente cheio de recordações ruins do irmão. Fiquei curiosa para saber o que havia acontecido entre eles.

— Pode continuar me fazendo perguntas se quiser, Fontoura... Aliás, posso chamá-la de Melissa? Acho que seja melhor — comentou, sem se importar muito.

— Pode — afirmei, cruzando minhas mãos. Eu tinha muitas perguntas, mas não sabia por onde começar. — Por que vocês nunca se deram bem? — Dessa vez fui mais invasiva e pela expressão de Seth, aquele não era um assunto bom para ele. Mesmo assim não deixou de me responder.

— Sebastian sempre odiou nosso pai, portanto, inevitavelmente odiou a mim... Você quer saber o motivo? — Ele olhou rapidamente para mim, aguardando minha resposta, que foi um aceno positivo de cabeça. — Somos filhos do mesmo pai e não da mesma mãe... Quando eu nasci, a mãe dele já tinha morrido. Pelo que eu sei, ela morreu quando ele era um bebê. Ou seja, cresceu sem a presença materna. E paterna, claro, pois nosso pai nunca fez questão de ser carinhoso ou ensinar a jogar cricket...

— Cricket? — perguntei, o interrompendo.

Seth parou com sua explicação, me olhando como se eu fosse uma idiota por tê-lo interrompido com uma pergunta tosca.

— Cricket é um esporte parecido com beisebol, porém, mais popular na Inglaterra... É só isso que você precisa saber... Enfim, continuando... Ele cresceu apenas com os cuidados da babá e as visitas de nossa avó. Porém, nossa avó conseguia ser tão ocupada quanto nosso pai, por isso não o pegou para criar, mesmo o considerando seu neto favorito... E você vai entender porque falo que ele sempre foi o neto favorito da velha. Sendo assim, a infância de Bash não foi uma das melhores, mas piorou quando eu nasci e a minha mãe começou a morar na casa dele. — Eu estava absorta na história de Seth... Ou melhor, na história de Sebastian. Queria saber mais! Eu precisava. O rapaz continuou: — Mamãe não é uma das melhores pessoas do mundo, disso eu sei, porque também sofri em suas mãos e sofro até hoje. E Sebastian sendo o primeiro filho do nosso pai, o primogênito que herdaria tudo... — Seth riu da própria piada. — Sofreu mais do que eu. Papai não interferiu nas atitudes de minha mãe, e quando nossa avó descobriu sobre o que Sebastian passava nas mãos dela... Aí sim ela o retirou de casa e mandou para um internato, já que ela o queria manter longe de tudo e todos, mas sendo incapaz de cuidar dele.

Seth parou o carro em mais um semáforo fechado e aguardou até que abrisse.

— Saiba que eu nunca fiz nada contra ele, mas Sebastian nunca fez questão de se aproximar ou manter uma relação formal com a nossa família. A única pessoa que ele se dava bem era com a vovó, e vice versa. Apesar de ele não ter gostado de ficar no internato, afinal, ninguém gosta de ficar preso e sendo obrigado a se portar de determinado jeito, quando ele retornou estava completamente diferente. Até nosso pai teve que admitir... E disse que talvez devesse tê-lo mandado pra lá há muito tempo, assim já teria curado a doença do Bash. — Doença? Eu quis perguntar mais sobre essa tal doença, mas talvez fosse ser mais invasiva do que já estava sendo. — Quando Sebastian ouviu nosso pai dizendo aquilo... Bem, foi à gota d'água para ele. Eles tiveram uma briga feia. Meu irmão acusou meu pai pela morte de sua mãe, sendo que o velho também o acusou de ser um ingrato e todas aquelas baixarias que os pais dizem no momento da raiva. Sebastian então disse que arruinaria o nosso pai e os negócios dele... Eu tinha 11 anos naquela época, mas lembro perfeitamente do riso sarcástico no rosto do nosso pai e de Sebastian com lágrimas nos olhos. E isso é uma coisa rara... Bash nunca chora. — Seth voltou a dar outra risada, ainda com os olhos pregados no percurso que fazíamos. Eu queria que mais sinais vermelhos surgissem e o impedisse de chegar rápido na Johnson Enterprise. — Ou seja, depois disso Sebastian nunca retornou para casa. Preferia passar os feriados e as férias sozinho, fosse na casa da vovó ou em algumas das mansões dela espalhadas pelo mundo. Eu não gostaria de estar na pele dele e passar todos esses anos sozinho, mas ao mesmo tempo eu o invejava pela coragem que tomou ao jogar a verdade contra nosso pai... A última vez que eu o vi foi no velório de nossa avó, na leitura de testamento dela.

Ah, não, que triste! A única pessoa que aparentemente se importava com Sebastian havia morrido, o deixando sozinho para sempre. Inconscientemente me inclinei, desejando que Seth continuasse com a história.

— E como eu disse, Sebastian nunca chora, nem mesmo no velório de nossa avó eu o vi com as mesmas lágrimas nos olhos como ficou quando brigou com nosso pai. Na verdade, não vi lágrima nenhuma. Nessa época ele já estava entre os cem homens mais ricos da Inglaterra... Era bem falado por ter construído uma empresa sozinho, sem apoio do pai e da avó, somente com o dinheiro de herança que havia recebido da mãe. Entretanto, naquele dia, ele saiu desse ranking e foi para outro: os dez homens mais ricos da Inglaterra. Porque, afinal, ele era o neto favorito e herdou tudo que a nossa avó tinha. E, claro, fez questão de arruinar nosso pai e os negócios dele. — Seth se virou para mim, com um pequeno sorriso no rosto, entrando na parte interessante da história. — Sebastian o fez vender suas ações apenas para sair da empresa. Ele não queria nosso pai lá dentro. Meu irmão agiu tão loucamente, que fez questão de fazer a empresa quase falir para o nosso pai pular fora e vender a parte dele. Bash comprou tudo, fazendo nosso pai perder um negócio valioso. Minha mãe ficou furiosa e só me impossibilitou de se aproximar do meu irmão e, a nossa relação que já era ruim, se tornou pior. E, claro, com a mesma facilidade que quase faliu a empresa, fez ela voltar a crescer e se tornar uns dos negócios mais lucrativos de todos. Foi nessa época que percebi o quão persistente ele era... Até mesmo o invejei por isso.

Eu estava admirada com o fato de Seth não guardar nenhum remorso por Sebastian. Ele contava a história com naturalidade, talvez soando mais orgulhoso do que magoado. Na verdade, o problema que ambos tinham não foi por causa de brigas e relação ruim entre irmãos, mas sim por outras pessoas terem interferido nesse contato, os impedindo de se amarem como família.

— E você nunca tentou entrar em contato com ele? — indaguei, sentindo-me triste pela relação ruim entre irmãos.

— Eu não sei o que Sebastian pensa sobre mim. Talvez ele me ache um idiota por aceitar ficar embaixo das asas do nosso pai, aceitando as humilhações. Infelizmente eu não tenho a mesma coragem que ele e, apesar de odiar determinadas atitudes dos meus pais, eles continuam sendo minha família.

— Mas Sebastian também é sua família — afirmei.

Seth ficou calado por alguns instantes antes de responder.

— Eu sei. Mas como eu disse, não tenho coragem, por isso não vou atrás dele.

Finalmente olhei onde estávamos, notando que chegaríamos logo ao prédio da Johnson Enterprise.

— E se... — comecei, em expectativa. Mas não, pensei. Preferi não completar a frase e dar esperanças a Seth. Eu não poderia tentar unir os dois irmãos. Não quando nem mesmo eu e Sebastian tínhamos uma relação íntima de fato para eu me intrometer em sua vida pessoal. — Bem, e por que um britânico decidiu vir para Nova Iorque e estudar aqui?

Decidi mudar de assunto, considerando a melhor ideia. A história de Sebastian estava me afetando ligeiramente. A expressão de Seth mudou, parecendo mais leve sobre o assunto tocado.

— Porque é nos Estados Unidos que tem as melhores festas — brincou ele, lançando uma piscadela para mim. Virei à cara para a janela, sentindo meu rosto esquentar ligeiramente. — E porque eu queria experimentar um ambiente novo...

— Então, você estuda na Universidade de Nova Iorque? — perguntei. Era óbvio a resposta, mas queria tocar no assunto de Jacob. Talvez eu pudesse convencer Seth a aceitá-lo na fraternidade sem passar por alguma cerimônia de aprovação. O rapaz me respondeu com um assentimento. — E como conheceu Jacob?

— Jacob é um bom rapaz e fazemos uma matéria na faculdade juntos. Sem contar que ele quer entrar na nossa fraternidade, portanto, acabamos nos conhecendo assim — respondeu com naturalidade. Certo, era aquela resposta que eu esperava.

— E você acha que ele vai entrar? Quero dizer, ele vai ter que fazer algum tipo de ritual para fazer parte? — Tentei parecer desinteressada no assunto, entretanto, o olhar que recebi de Seth não foi um dos melhores.

— Todos precisam passar por uma cerimônia para entrar. Acredito que Jacob tem a persistência correta para motivá-lo a entrar e a fazer a cerimônia. Entretanto, eu não sei se ele vai ser capaz de concluir a tarefa — confessou, em tom misterioso.

Porcaria! Pra que tanto mistério sobre aquilo? Eu realmente acreditava que ele teria que fazer um pacto com o diabo.

Quando eu percebi, Seth estacionou o carro diante do arranha-céu da Johnson Enterprise. Reconheci a arquitetura completamente escura e imponente do prédio, sem contar o letreiro na entrada.

— Chegamos! — avisou o rapaz. Assenti, mostrando que havia percebido.

Eu não queria sair do carro. Queria permanecer ali e fazer mais perguntas a respeito de Sebastian Johnson, sobre a vida dele... Sobre a tal doença. Certamente Seth saberia muito bem do que se tratava. E se de fato ela havia sido curada.

— Muito obrigada, Seth, pela carona! — agradeci, virando-me para abrir a porta e sair. Entretanto, eu hesitei. Dessa vez eu precisava dizer algo. Voltei a encarar o rapaz, que retribuiu o olhar de íris incrivelmente azuis. Eu poderia dizer que Seth e Sebastian eram muito parecidos, mas eles tinham diferenças. Os olhos e cabelos de ambos eram em tons completamente dessemelhantes, mas a forma de falar, agir e as proporções físicas eram as mesmas. Realmente, eu fui muito cega para não ter notado isso logo ao conhecê-lo. — Contudo, antes eu preciso te pedir algo.

O rapaz uniu as sobrancelhas, demonstrando curiosidade e estranhamento.

— Não conte para Lilly que você é irmão do Sebastian, ok?

— Por quê? — perguntou ele, insatisfeito sobre manter o mistério.

— Elizabeth odeia seu irmão...

— Bem, eu sei que ele não é muito popular entre as pessoas, mas posso saber o motivo?

Esfreguei minhas mãos uma contra a outra, nervosa.

— Porque Elizabeth foi à secretária dele, e você sabe muito bem o quão difícil Sebastian pode ser em alguns momentos... Na verdade, na maior parte do tempo. E se ela souber que dormiu com o meio-irmão do chefe dela, tenho certeza que vai se sentir péssima. — Agora foi a minha vez de surpreender Seth. Ele ficou boquiaberto por um momento e depois riu, possivelmente incapaz de acreditar no que tinha acabado de ouvir.

— Você disse que ela foi secretária dele... Então por que disse que ele ainda é chefe dela?

Ok, essa pergunta eu não queria responder. Vendo que eu estava sem alternativas, esclareci:

— Pode se dizer que ela foi demitida, e eu fui pedir pra ele a recontratá-la... Assim Lilly voltou a trabalhar na empresa, mas em outro setor...

— E você se tornou namorada dele — concluiu Seth, com um olhar divertido e atento sobre mim. — Por que tenho a impressão de que há uma história bem interessante por trás disso?

— Porque realmente há, mas preciso ir agora. Tchau! — Tentei fugir o mais rápido que pude de Seth para evitar possíveis novos questionamentos.

— Melissa! — Parei do lado da porta do passageiro quando me chamou. Me abaixei e o olhei no interior do carro. — Eu não te contei isso tudo pra você sentir pena de Sebastian, ou muito menos pensar que sou um bom irmão, mas incompreendido por ele. Eu não quero mudar nossa relação, e sei que é muito difícil. Contudo, se um dia você for acompanhá-lo em algum evento importante, me mande uma mensagem ou ligue nesse número. Talvez eu devesse realmente tentar me aproximar dele, mas isso é uma missão impossível. Aceita ser minha cúmplice nisso?

Se eu aceitaria tentar unir os dois irmãos? Bem, eu só teria que fazer uma ligação, certo? Não seria esforço algum. Enquanto Seth dizia aquelas palavras, ele me estendeu um cartão de visita, o qual eu peguei.

— Você tem um cartão de visita? — perguntei, estranhando o fato de um universitário ter cartões de visita.

— Muitas garotas pedem o meu número, e acho esse um meio fácil de passar. E também, claro, porque sou rico. Por isso eu posso! — Revirei seus olhos para seu último comentário.

— Claro, o fato de você ser rico é um bom motivo. Tchau! — Nem quis ficar por mais um instante na presença de Seth, não enquanto ele não me contasse mais a respeito de Sebastian.

Escutei sua risada enquanto fechava a porta do carro na sua cara e, após alguns segundos, o automóvel partiu rapidamente pelas ruas de Manhattan.

Virei para a entrada principal do prédio gigantesco e tomei uma grande lufada de ar para tentar controlar meu coração. Depois de uma semana tolerável e feliz eu encontraria o vilão da minha história. Não estava feliz em revê-lo, mas agora eu veria Sebastian Johnson com um olhar completamente diferente.

Esfreguei minhas mãos na calça jeans, secando o resto de suor formado ali, e comecei a caminhar em direção as portas automáticas da empresa.


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