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31

Finalmente descobri para onde estávamos indo. O carro estacionou diante de um helicóptero. Meu queixo caiu ao saber que eu entraria em uma coisa como aquela. Eu nunca tinha voado em um!

Sebastian Johnson saiu do carro e fiz o mesmo, sem esperar que alguém abrisse a porta — sendo ele ou o motorista.

— Nós vamos para aonde? — perguntei, ainda estupefata.

Eu não sabia como definir a aparência daquela aeronave, a não ser a cor cinza predominante e talvez um pouco menor que a maioria dos helicópteros, entretanto, mais luxuoso.

— Para Manhattan, claro — disse com obviedade.

— Por que não vamos de carro? — indaguei mais para mim mesma. Eu não tinha medo de altura, mas a viagem de Filadélfia para Manhattan era relativamente curta. Aparentemente ele estava com pressa.

Não tive muitas opções a não ser segui-lo para dentro da aeronave. Piloto e copiloto se posicionaram em seus devidos lugares, fazendo checagens, testando as coisas — as quais eu não fazia ideia do que se tratavam. Sebastian Johnson colocou o cinto com facilidade, assim como os fones.

Tentei bancar a sabe tudo e fingi conhecimento sobre como fechar o maldito cinto; todavia, era mais complexo do que tinha imaginado. Um par de mãos impacientes veio ao meu auxílio e com agilidade o fechou e regulou. Fiquei desconfortável por nossa proximidade, mas agradeci baixinho — tentando não parecer uma mal educada — pela ajuda.

Não tinha sido um gesto carinhoso, relembrei, sabendo que Sebastian Johnson não perdia tempo com isso. Talvez ele só não quisesse que alguém morresse em sua aeronave — que deveria ser dele — e lhe causasse mais prejuízos.

A viagem se iniciou e não consegui despregar os olhos da distância em que estávamos em poucos segundos do solo. A visão era maravilhosa e ficou mais ainda enquanto nos afastávamos da cidade e íamos para partes com mais campos e florestas. O céu límpido e claro só melhorou a paisagem, fazendo com que um sorriso brotasse em meu rosto. Ignorei a voz de Sebastian Johnson nos fones que eu usava, mas ele continuou persistindo.

— É a sua primeira vez voando em um helicóptero? — Ele soava com diversão, provavelmente me achando uma tola por ficar maravilhada com tudo. Apenas assenti em resposta. — Nem parece...

Revirei os olhos, sabendo que não poderia me ver, já que estava com o rosto virado para a janela. Não podia negar que o passeio foi emocionante, mas comecei a entristecer cada vez que nos aproximávamos de Manhattan, notando a encrenca que tinha me metido.

Decidi que permaneceria de cabeça erguida. Eu faria conforme Sebastian Johnson desejava, fingiria ser sua namorada. Em hipótese alguma me enfeitiçaria por ele e sairia daquela enrascada com sucesso. Eu faria isso pelo bem estar de Lilly, e pelo meu. Esperava que nossa amizade não acabasse por isso, mesmo que eu tivesse que manter a mentira com ela. Diria, se fosse necessário, que me apaixonei pelo seu chefe — o que obviamente não aconteceu e jamais aconteceria — e por isso decidimos iniciar um relacionamento. Ela certamente ficaria magoada, mas era melhor do que saber a verdade. Lilly não gostava que os outros lutassem suas lutas. Mas eu era o tipo de pessoa que lutava a minha e a dos outros. Sempre tinha sido assim.

Poucos minutos depois o helicóptero descia novamente sobre um heliporto acima de um arranha-céu. Dessa vez não precisei da ajuda de Sebastian Johnson e desfivelei o cinto e retirei os fones. As hélices foram parando aos poucos e assim tomei coragem para sair. Me atrapalhei um pouco no desembarque ao saltar do helicóptero, tropeçando e quase caindo de cara no chão. Minha sorte — ou azar — foi que alguém me segurou a tempo.

— Novamente eu tendo que impedi-la de cair, Melissa — brincou Sebastian. Revirei os olhos e ajeitei a postura, afastando suas mãos de minha cintura. Mesmo assim, não consegui afastar seus olhos que me acompanharam até o elevador.

Havia um elevador que nos aguardava no terraço. Adentramos e observei-o selecionando um andar. Desviei os olhos enquanto digitava uma senha. Começamos a descer, mas não demorou muito para que o elevador parasse. Segundos depois as portas se abriram e me deparei com o hall de um apartamento. Eu não poderia chamar aquele lugar de apartamento, mas não conseguia encontrar definições melhores.

O hall de entrada era composto por piso de mármore branco, tão brilhoso e limpo quanto qualquer coisa que eu tinha visto em minha vida. Logo ao sair do elevador, à esquerda, tinha um aparador completamente espelhado. Sobre ele encontrava-se um vaso grande com um buquê de flores robustas. Ao lado do elevador tinha uma porta, o qual supus ser o armário para casacos. Entretanto, logo adiante tinha uma escada que levava a um segundo andar.

Eu ainda estava embasbacada pelo quão iluminado e claro era o recinto — completamente diferente da Johnson Enterprise e sua decoração predominantemente escura — que não notei duas mulheres a alguns metros de distância nos aguardando. A mais velha se prontificou a aproximar e ajudar Sebastian Johnson a tirar a jaqueta, enquanto o mesmo agia com naturalidade e ignorava minha expressão de surpresa.

— Seja bem-vinda a minha casa — disse ele, todo pomposo.

Jamais desejaria ser bem-vinda ali, pensei, na casa de um cara tão tóxico. Contudo, não podia negar que era um apartamento muito lindo.

— Essa é a minha governanta Rose — prosseguiu, indicando a mulher mais velha que surgiu ao meu lado se voluntariando para tirar meu casaco. Eu mesma tirei e a entreguei. — E a minha chef de cozinha Evelyn.

— É um prazer conhecê-la — cumprimentou a mulher mais jovem. Ela tinha uma aparência delicada, com rosto redondo, maças do rosto altas, lábios carnudos e sobrancelhas finas. O que mais chamava atenção em si eram seus olhos verdes brilhantes e o cabelo loiro bem claro. Aceitei seu aperto de mão com simpatia.

— Bem, como já fiz as apresentações, agora preciso subir e cuidar dos meus negócios — anunciou Sebastian Johnson, começando a se afastar e ir em direção a escada, mas antes deu meia volta e disse: — Rose irá te apresentar o resto da casa e te informar sobre as coisas necessárias. Retornarei durante o almoço, e espero que esteja informada sobre tudo até lá.

Ele desapareceu para o andar de cima sem delongas. Senti certo alívio ao não o ter mais por ali, então não controlei o suspiro.

— Irei me retirar para a cozinha, com licença — avisou a chef Evelyn, desaparecendo para uma porta a direita.

Inevitavelmente fiquei a sós com a governanta Rose. Comecei a me balançar nas pontas dos pés, sentindo o desconforto de não saber o que dizer. Eu mal a conhecia, como poderia iniciar uma conversa?

— Fico satisfeita em finalmente conhecê-la, senhorita Fontoura. Minha função vai ser norteá-la sobre seu papel e como deve agir de agora a diante. Sei que não é fácil receber ordens de alguém, mas quero facilitar ao máximo isso. O senhor Johnson não gostaria de ouvir-me dizendo isso, mas quero ser o mais próximo de uma amiga. — A governanta soltou tais palavras com uma rapidez absurda, e notei que também tinha um sotaque sobrecarregado como o de Sebastian Johnson. — Por isso, peço que me siga, por favor.

Fiz o que foi pedido e a segui escada acima. Não tive tempo de observar o primeiro andar, mas o segundo era tão deslumbrante quanto. Deparei com um corredor extenso, completamente branco, sem detalhes alguns. Senti certo desconforto pelas paredes vazias, sem quadros. A governanta Rose me guiou para uma das várias portas espalhadas pelo mesmo. Quando abriu, percebi que se tratava de um quarto.

Com curiosidade meus olhos vagaram com rapidez pelo aposento. A primeira coisa que notei foi à cama de casal encostada à parede, coberta por uma manta rosa, vários travesseiros e almofadas. Contudo, o que mais chamava a atenção era a vista privilegiada. As janelas de vidro iam do teto ao chão, assim como as cortinas cor de bege. Havia uma escrivaninha bem diante de uma das janelas, como também um pequeno sofá e uma poltrona. Também se encontrava um aparador ao lado da porta, mas sem nada sobre sua superfície. E o chão era todo coberto por um grande tapete.

O que mais chamava minha atenção era a vista. Ou melhor dizendo, o Central Park em toda sua gloria e beleza – talvez nem tanto, por ainda estarmos no inverno — logo em frente do prédio. Não pude controlar meu queixo caído e ainda mais o pensamento que rondava minha mente. Eu sentia como se estivesse em um filme — provavelmente não o mais romântico — ao poder ter a oportunidade de acordar vendo o parque mais famoso de toda Nova Iorque e ainda no Upper East Side! Era o que sempre tinha sonhado em toda minha vida, mas infelizmente eu não tinha imaginado alguém como Sebastian Johnson que estragava todo o roteiro perfeito criado em minha mente.

A governanta Rose pigarreou, fazendo com que eu retornasse à consciência. Ela indicou uma porta ao canto e me guiou até lá. O outro recinto se tratava de um closet, com espaço para centenas de roupas — coisa que eu não tinha —, além de ter uma penteadeira no canto. Era dividido por um vidro, e no outro lado estava o banheiro. Este era equipado como o típico banheiro de rico. Duas pias e torneiras — provavelmente para um casal — banheira gigantesca ao lado da janela, um box com chuveiro ao canto e a privada escondida em um cômodo particular. Tentei imaginar como seria tomar banho e trocar de roupa naquele ambiente todo envidraçado, permitindo que pessoas dos outros prédios visualizassem o que acontecia por ali. Imaginei que fossem espelhadas, impedindo que tal fato acontecesse.

Eu ainda estava maravilhada, mas sabia que estar ali tinha um preço. Eu dormiria e usaria aqueles cômodos luxuosos somente se cumprisse o trato com Sebastian Johnson. Eu deveria fingir ser sua falsa namorada, apenas para limpar sua imagem e manter Lilly empregada e segura. Era minha obrigação fazer aquele sacrifício, mas eu faria; todavia, com certeza aproveitaria da situação, pensei.

— Você deseja dar uma olhada nos vestidos que selecionei como opções para usar no baile beneficente? — indagou a governanta Rose. A palavra vestidos chamou minha atenção e a segui até o armário do closet.

Ela abriu suas portas, expondo cinco peças de vestidos completamente glamurosas e que certamente custavam uma fortuna.

— Escolhi os quais considerei que se adequavam a sua personalidade, aparência e estilo — explicou ela. Juntei as sobrancelhas, confusa. Ela mal me conhecia, como poderia fazer isso? — O sr. Johnson conseguiu informações ao seu respeito, e delas tirei minhas conclusões. Espero que tenha acertado no seu gosto.

— Espera só um momento! Você está dizendo que o senhor Johnson... — ironizei o nome dele e continuei: — Mandou alguém stalkear sobre minha vida e descobrir tudo ao meu respeito?

— É um meio do senhor Johnson se precaver a respeito de alguém — respondeu.

— Eu considero isso um crime, descobrir tudo sobre a vida de alguém sem permissão — retruquei, obsoleta, cruzando os braços.

— Compreendo sua indignação — afirmou a governanta. — E infelizmente não posso fazer nada a respeito.

Quis soltar um xingamento pela frustração que sentia. Era injusto ter minha vida descoberta por alguém desconhecido. Já bastava estar em dívida com ele, agora devia saber coisas que eu desejava não revelar.

Para não arranjar confusão decidi observar os vestidos, cada um mais belo que o outro. Mas eles não se encaixavam em meu padrão de vestimenta — na verdade, eu jamais tinha usado algo como aquilo para decidir se era ou não meu estilo. Todos expunham demais a pele, cintilavam como pedras preciosas e pareciam desconfortáveis. O único que se adequou ao meu estilo e interesse foi o último vestido, sem detalhes excessivos ou a possibilidade de pele descoberta. Segurei-o e senti seu peso, a maciez do tecido e a sensação contra minha pele.

— Eu gostei desse — falei. A governanta abriu um sorriso gentil e assentiu.

— Eu imaginei. É realmente muito bonito — concordou ela. — A senhorita não trouxe nenhum pertence?

Me afastei do closet enquanto negava com a cabeça para sua pergunta.

— Não tive tempo de pegar minhas coisas — menti.

— Certo. Se não se importa, então irei buscar roupas para a senhorita usar enquanto estiver aqui...

— Não vai ser necessário, não vou ficar aqui por muito tempo — a interrompi, me negando a aceitar usar qualquer roupa que tivesse o dinheiro de Sebastian Johnson envolvido.

— O senhor Johnson pediu que eu o fizesse, pois deseja que a senhorita esteja apropriadamente arrumada em sua presença. — Fiquei de queixo caído ao ouvi-la dizer aquilo. Não contrapus, percebendo que seria mais uma coisa que deveria aceitar.

Dei de ombros, aceitando tais condições por não ter opções.

— Deseja algo específico?

— Apenas que sejam confortáveis — murmurei.

A mulher mais velha assentiu e se retirou do recinto, provavelmente indo fazer o serviço sujo que seu chefe mandou.

Após a saída da governanta Rose, decidi retornar para o quarto. Sentei sobre a cama e fiquei observando a bela vista que tinha do Central Park naquela bela manhã, já que não havia nada para fazer. Depois de alguns minutos percebi que devia entrar em contato com Elizabeth, pois tinha feito a promessa de informá-la sobre como eu estava. Obviamente eu iria mentir, pois ela não poderia saber do meu atual paradeiro. Peguei o celular e enviei a seguinte mensagem:

''Só passando pra avisar que estou perfeitamente bem. ''

Para a minha surpresa Elizabeth respondeu poucos segundos depois.

''Fico feliz em saber. Eu e Will estamos bem e sentindo muito sua falta, mas estamos aliviados que você irá retornar ainda hoje. Não conseguimos viver sem você por muito tempo!''

Revirei os olhos pelo exagero de sua resposta, mas feliz em saber que sentiam minha falta assim como eu sentia a deles.

''Infelizmente tenho a péssima notícia de que não irei retornar hoje. '' Enviei.

''Por quê?????'' Recebi de Lilly, em conjunto de vários emoticons com lágrimas nos olhos.

Como eu não tinha alternativa, e não desejava causar mais problemas, decidi mentir.

''Os pais de Alex insistiram para que nós dois os acompanhassem em uma peça de teatro essa noite. Aparentemente pra eles é importante, e realmente gostei dos dois, então não quero fazer essa desfeita. Por isso adiamos a viagem, mas amanhã bem cedo já estarei em casa. Não sinta muito minha falta! ''

Lilly respondeu novamente em questão de segundos.

''Não me restam opções além de aceitar. Continue avisando como está. Aproveite a peça de teatro. Beijos!''

Fiquei surpresa por ela não ter feito mais questionamentos. Mas também esperava que ela não tivesse supondo que fosse uma mentira — mesmo sendo. Eu não queria decair na visão de minha melhor amiga, mas tudo que eu estava fazendo era para nossa segurança.

Enquanto estava ali, admirando a paisagem de Manhattan — percebendo que eu jamais conquistaria algo como toda aquela riqueza —, notei que ainda havia coisas a resolver. Eu esperava que após o fim de semana com a família de Alex as coisas se aquietassem. Minha vida estava um turbilhão de emoções e confusões. Mas eu tinha certeza que com a intervenção de Sebastian Johnson as coisas só piorariam. No momento em que eu estava tendo a oportunidade de conhecer alguém bom como Alex, que estava considerando tentar um relacionamento, o senhor sabe tudo retornou para a minha vida. Se meu vizinho supusesse que eu estava em um relacionamento com aquele CEO, certamente não iria querer mais olhar para minha cara.

Eu achei que tinha me livrado da enrascada com Tom Flanagan, mas aparentemente ainda existia alguém pior que ele — e eu achava isso impossível. Agora eu continuava a viver em um dilema, onde não tinha resolução dos meus problemas, mas sim a adição de novos.

Aproveitei o tempo livre para deitar sobre a cama e aproveitar de seu conforto. Minha mente me levou para a noite dormindo ao lado de Alex, do nosso beijo, do desentendimento até o momento de nos resolvermos. E até o infeliz encontro com Sebastian Johnson. Ele era uma incógnita em minha vida, a qual não sabia como lidar e por quanto tempo ficaria.

Não poderia negar que à primeira vista era um homem de tirar o fôlego, com sua aparência perfeita, sotaque sobrecarregado e sexy, olhar atento e mãos fortes, aos quais me apartaram quando precisei. Eu realmente tinha ficado atraída pelo chefe de Elizabeth à primeira vista, mas após ver com meus próprios olhos o estado que ele levou minha amiga a chegar, minha impressão mudou completamente. Sabia que tínhamos uma relação de amor e ódio — mais ódio —, em que eu às vezes ficava encantada por sua aparência, mas subitamente lembrava de sua personalidade ruim e atitudes indesejáveis. Tinha certeza que Sebastian Johnson seria perfeito se não abrisse a boca, a não ser para beijar, pensei. Ou fazer outras coisas com ela...

Argh, odiava quando meus pensamentos me guiavam para a parte maliciosa. Homens bonitos sempre tinham um efeito poderoso sobre mim. Homens bonitos e ricos tinham um efeito triplamente maior. Mas claro que eu jamais me interessaria por alguém somente pela aparência e poder aquisitivo. As pessoas eram mais do que essas duas características. Se tratando de romance, eu ainda sonhava em viver um amor como dos vários livros que li e filmes que assisti. Entretanto, a vida era dura e eu já estava desacreditando nisso — ainda mais após fazer sete pedidos de aniversários e nenhum ter se realizado!

Mas eu não deixava de sonhar em encontrar o cara perfeito, bem educado — um perfeito cavalheiro —, sempre usando de uma boa ironia, mas com o típico sorriso sedutor e malicioso. Além, claro, de me considerar uma parte importante em sua vida. Eu não desejava ser o centro, mas sonhava em ser essencial. Gostaria que ele fizesse sacrifícios para me conquistar, usasse todos os seus encantos, e nunca me subjugasse. Porém, todas essas expectativas que criei foram derivadas de anos, uma adolescência e parte da vida adulta apenas consumindo conteúdos com histórias de homens perfeitos. Homens os quais não existiam na realidade. E se existiam, eram raríssimos.

Não vi o tempo passar. Fiquei deitada a cama, observando a luminosidade do ambiente e refletindo sobre minha atual situação. Às vezes eu criava uma história em minha mente, apenas mais uma sobre a qual não escreveria. Quando alguém bateu na porta, quase não notei, mas o ambiente estava silencioso demais para não perceber. Não permiti sua entrada, mas após alguns segundos a porta foi aberta. Não fiz esforço para levantar e ver quem era o convidado indesejável. Eu sabia que era ele.

— Está dormindo? — Seu questionamento foi baixo, um pouco inseguro.

— Não — respondi na mesma intensidade.

— Vim chamá-la para descer. O almoço está pronto — informou Sebastian Johnson, soando educado.

— Não estou com fome — resmunguei, decidida a não o fazer companhia.

— Compreendo que esteja com raiva de mim e não queira ficar na minha presença, mas pelo o que sei você não é o tipo de pessoa que recusa comida. — Fiquei com mais raiva ao ouvi-lo falar com tanta propriedade de algo sobre mim. Ele mal me conhecia, como poderia saber se eu não recusava comida?

Levantei da cama e virei-me para encará-lo.

— Como pode saber disso se eu nunca te disse?!

Ele soltou um riso fraco e deu alguns passos pelo quarto, indo em direção ao aparador e passando os dedos por sua superfície lustrosa.

— É bem mais fácil do que você imagina conseguir essas informações — comentou, bem-humorado. — Ainda mais sobre alguém como você, que tem uma vida tão fácil de ser descoberta.

— Ah, claro! Então, agora você sabe tudo sobre mim? Só por que mandou alguém me perseguir?

— Eu não fiz isso. Na verdade, meu investigador entrou em contato com pessoas próximas de você e, por um bom valor, eles contaram tudo que eu precisava.

— Meus amigos jamais fariam isso! — reclamei, ofendida. Lilly e Will jamais contariam sobre minha vida pessoal para qualquer pessoa por dinheiro. Pelo menos eu esperava que não.

— Não precisei que seus amigos Elizabeth e William contassem alguma coisa. Seus colegas de trabalho foram o suficiente. — Ele continuou sorrindo enquanto estava escorado no aparador com os braços cruzados.

— Meus colegas de trabalho sabem pouquíssimas coisas sobre mim! — falei, soltando um riso de diversão. — Se contaram algo, certamente é mentira.

— Tem certeza? Porque não estou me referindo somente aos seus colegas de trabalho do restaurante, mas sim de outros lugares que você já trabalhou. — Subitamente engoli em seco, percebendo que ele realmente tinha ido em busca de informações sobre mim. — Aliás, Melissa, também sei que está desempregada. É uma pena saber que o seu querido chefe Tom Flanagan não a deseja mais no restaurante.

— Primeiramente, fui eu quem me demiti — informei, erguendo o dedo para dar mais ênfase. — E, segundo, em breve vou conseguir um novo emprego!

Sebastian Johnson saiu de sua posição anterior e veio em minha direção. Desejei me afastar mais dele, mas me mantive forte e inabalável.

— Eu tenho uma proposta para você — disse. Indesejavelmente fiquei atenta, em expectativa. — O que acha de vir trabalhar para mim?

— Rá! — Comecei a rir, claramente me divertindo pela sua proposta.

— Qual é a graça? — rosnou ele, ficando facilmente mal-humorado.

— Você realmente acha que eu vou aceitar trabalhar para você? — Ele continuou me observando com atenção, seus olhos verdes fixos em meu rosto. — Se quer uma resposta, então é não!

— Você não sabe o que está perdendo...

— Meu tempo, certamente, irei perder. E ele é muito sagrado para que eu faça isso. — Virei, afastando-me de Sebastian Johnson, indo em direção à janela.

— Bom, é melhor eu não correr o risco de contratá-la mesmo. Eu deveria supor que propor isso seria um absurdo. E você não tem os requisitos adequados para fazer parte da minha empresa. — Eu quase quis xingá-lo ao ouvir tal comentário, mas me mantive sob controle.

O ouvi se afastando, indo embora do quarto, mas antes de partir disse:

— Se não vai descer para o almoço, já saiba que mais tarde alguém vai vir vê-la. — Voltei-me para ele, imaginando que estivesse mentindo. — Essa pessoa irá ajudá-la a ficar apropriadamente arrumada para o evento, ou ao menos tentar. Evite se atrasar. Partimos às 19:00 horas!

Aparentemente eu consegui deixar Sebastian Johnson aborrecido, pois com rapidez desapareceu, fechando a porta com força atrás de si.

Eu jamais aceitaria a proposta de ser sua funcionária. Pelas histórias de Lilly já sabia o quão ruim era. Preferiria tentar um emprego honesto, mesmo recebendo pouco. Estava indignada pelo seu comentário ao dizer que teria alguém para tentar me deixar arrumada. Eu tinha uma noção de cabelo e maquiagem, então poderia cuidar de mim mesma sozinha!

Sem opções, permaneci deitada na cama, me martirizando por não o ter acompanhado. Agora estava com fome e arrependida. Mas para a minha sorte, alguns minutos depois, outro convidado surgiu — este não tão indesejado. Com gentileza a porta foi aberta e a chef de cozinha adentrou, segurando uma bandeja com um prato de comida. Levantei da cama em um salto e abri um sorriso largo para ela.

— Fiquei chateada ao saber que você não desceria para provar do prato que preparei — comentou a chef Evelyn enquanto depositava a bandeja sobre a escrivaninha.

— E eu estou feliz que você tenha trazido para mim. Muito obrigada! — agradeci, entusiasmada. — Estou surpresa que o senhor Johnson tenha deixado trazer algo para mim.

A chef de cozinha soltou um riso baixo quando notou minha euforia ao começar a comer. Eu realmente estava faminta!

— Na verdade, foi o senhor Johnson quem me pediu para lhe trazer algo — informou ela, para o meu choque.

Parei com o garfo no ar, percebendo que mesmo revoltado comigo ele não tinha feito a desfeita de me deixar com fome. Em parte — mesmo eu não gostando de admitir —, ele estava correto sobre eu não recusar comida. Sempre que eu tinha oportunidade estava comendo.

— Bem... — Pigarreei, ainda desconcertada. — Diga a ele que agradeço pela consideração.

— Claro! Agora, se me der licença, vou me retirar. Aproveite a comida! — Ela manteve o sorriso gentil enquanto se retirava.

Saiba que fiquei chocada, mas ainda estava magoada com ele por pensar que poderia investigar toda minha vida. E ainda fazer uma proposta esperando que eu aceitasse! Eu queria me relacionar o mínimo possível com Sebastian Johnson. E esperava que ele cumprisse com o que havia dito, ou seja, não tivesse a obrigatoriedade de estar constantemente em minha vida, e eu na dele, já que não éramos nada um para o outro.

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