Descobrindo meu Destino
Hoje é meu aniversário de 21 anos e até hoje não descobri a que ser servirei. Normalmente os amos vem nos buscar quando fazemos 18 anos, foi assim com minhas amigas que agora não vejo mais, a única que sobrou foi Ambar, minha irmã gêmea.
Minha família, pertencentes a nobreza humana, se preocupa com nosso futuro, pois sem amos não merecemos a posição social que temos e logo começarão a especular e a querer que sejamos jogadas nas castas humanas mais baixas. Ao mesmo tempo que, se meu amo vier ele pode nunca me deixar voltar.
- Bobagem irmã, sabemos que nossa linhagem é sempre destinada aos mesmos seres, eles devem estar resolvendo pendências para virem nos buscar. Você sabe que está acontecendo uma guerra entre anjos e demônios, estão todos ocupados. - Ela se senta na minha cama e sorri para mim.
- Está sempre havendo uma guerra Ambar.
- Verdade, mas hoje é nosso aniversário. Não queria você chateada por não termos sido entregues ainda.
- Apenas estou com receio. - Estou deitada na minha cama em nosso quarto e me sento rapidamente. - Se ele não vier hoje ele que estará perdendo mais um ano do lado da minha magnificência.
- É claro, doce donzela.
- Tirana donzela combina mais comigo
- Conosco.
Os humanos são criados cheios de mimos e treinamentos para saberem servir um amo corretamente, mas os nobres costumam ter ensinamentos a mais por termos que governar o reino humano algum dia, e eu e minha irmã somos herdeiras de uma linhagem poderosa de humanos, que sempre tem amos elfos.
Como ter amos anjos e demônios é extremamente raro, elfos são o topo da cadeia alimentar para nós. Eles não querem servos submissos simplesmente, querem guerreiros e treinam seus servos para serem fortes e resistentes, além disso eles não se importam que voltemos sempre para a dimensão humana e que nunca mais voltemos caso nós tornemos líderes de estado. Eles enxergam isso como uma glória própria, por ter treinado quando servo um rei, por exemplo.
Minha família tendo em conta a linhagem que temos já nos treina um pouco para que não chegamos as terras elficas sem resistência para os treinos, muitos servos que se preparam apenas nas escolas sociais ao terem um amo elfo morrem durante o primeiro ano de servidão. Segundo minha mãe isso não é de todo ruim, controla a população.
Mas a melhor parte disso, onde me sinto mais sortuda, é que com um amo elfo poderei me casar por amor. Eles não se importam com quem estamos, se servimos a eles corretamente uma imensidão de possibilidades abre para nós, eles são muito benevolentes nesse sentido.
Diferentemente das ninfas que vivem na mesma dimensão deles. Apesar de serem seres de uma sociedade pacifista e que prega o amor, elas ficam extremamente possessivas com seus servos chegando a se casarem com eles e obrigarem os submissos a procriarem e serem maridos e esposas perfeitos. No fundo o pacifismo e o amor é só para a espécie deles.
Hoje, assim como nos últimos 3 anos, estarei me arrumando na intenção de receber meu amo, é para isso que servem nossos aniversários. A idade não importa para nós já que quando aceitamos a nossa servidão ganhamos a imortalidade, um preço que cobramos e consideramos justo, mas que não significa que não podemos nos machucar até a morte ou de doença, serve apenas para velhice.
Minha mãe deixa um vestido branco em cima da minha cama e outro igual em cima da cama da minha irmã. Nosso quarto é digno de princesas, com espaço suficiente para uma família de 4 pessoas morar aqui. Mas é apenas nós duas, nossas roupas e camas king doze. Um exagero que apreciamos.
- Não vai usar essa merda. - Uma voz grossa soa em meu ouvido fazendo com que meu corpo trema por inteiro e que eu me encolha.
- Ouviu isso irmã? - Não é possível que esteja ficando maluca.
- O que? - Ela se vira para mim usando um corpete branco rendado e uma calcinha que não serve para tapar nada por causa do tecido transparente, igual ao que estou usando. Pareço olhar em um espelho.
Assim como eu ela tem a pele branca como a neve, o reino humano é gelado e não tem muito sol na parte em que vivemos e comandamos, o que faz com que a gente não tenha melanina como outros reinos. Seu cabelo é preto e liso até a cintura, seus olhos são azuis, nossa única diferença pois os meus são verdes. Somos altas para servas, com 1,70 de altura, medida permitida para homens, as mulheres não deveriam passar dos 1,65. Ser servo também significa ser menor que o amo, apenas homens podem ser maiores e mesmo assim as mulheres que os comandam acabam os fazendo andar de 4 por todo o dia para não se sentirem inferiores na altura.
- Ouvi uma voz masculina no meu ouvido, não conheço essa voz. - Ainda estou paralisada olhando para ela enquanto falo. - Elfos não podem se comunicar por mente.
- Deve ser coisa da sua cabeça, mas por via das dúvidas, obedeça a voz. - Ela dá de ombros e volta a se arrumar, eu decido seguir seu concelho.
- Vai até seu closet e pega sua armadura de guerra, aquela que sua mãe deu para quando você retornar ao reino humano para governar. - A voz de antes volta a falar comigo e eu vou até o closet e me visto como ele pediu. - Amarre seu cabelo em uma trança e não use acessórios, eles só ofuscam sua beleza.
Depois de pronta como pedido eu me viro para Ambar que está sorrindo de uma maneira preocupante.
- Será que seu amo não é um elfo? - Ela veio até mim e me rodiou. - Eles gostam de mulheres que pareçam delicadas para as quebrarem depois, não me parece nada delicada irmã.
- Talvez um elfo diferente? - A voz em minha cabeça gargalha com o que falo. - Um que já queira uma mulher forte e não para treinamento.
- Difícil, mas está linda. - Ela segura minha mão e sorri para mim. Já está quase na hora do sol raiar, devemos descer ao salão principal e esperar nossos amos.
- Será que esse ano eles vêm?
- Acho que o seu sim. - Ela riu me puxando para o corredor.
Nosso quarto fica no andar de cima do palácio em que vivemos e o salão principal fica localizado assim que as escadas acabam quando descemos.
Dá para ouvir o burburinho das pessoas. Normalmente quando são de classes mais baixas de humanos não existe uma festa, os amos apenas chegam e levam seus servos embora. Mas os nobres precisam fazer de tudo um motivo para se banquetear e beber um bom vinho.
Quando descemos as escadas começa uma comoção geral, ninguém esperava que eu estivesse diferente da minha irmã, ainda mais parecendo uma guerreira. Minha mãe rapidamente corre até mim com o rosto desesperado. Ela é uma mulher de estatura baixa, com seus 1,55 de altura, sua pele é branca mas está bronzeada da sua última viagem a outros reinos e seu cabelo é loiro e ondulado, mas hoje está preso em um coque.
- O que pensa que está fazendo. - Ela pega na minha mão com força me machucando, provavelmente ficará roxo no local. Um rosnado chega até mim pela conversa telepática, quem quer que seja meu amo, não está gostando da situação.
- Revide. - A voz com raiva fala em meu ouvido. Normalmente eu nunca levantaria a mão contra minha mãe, e no fundo do meu peito uma pequena dor surge ao saber que é preciso fazer isso. Ela mesma nos ensinou a obedecer aos amos cegamente.
O estalo é ouvido por todos no salão.
Minha mãe me solta e dá dois passos para trás assustada. O formato das minhas mãos já está se formando no rosto dela e deixando o local vermelho, para em seguida talvez surgirem outras cores de hematoma.
Meu pai corre até ela e segura sua esposa dando apoio a ela e olhando com raiva para mim.
- Você pode ser filha dela mas ela ainda é sua rainha. - Meu pai é um homem alto e musculoso o qual minha mãe muito o amaldiçoou por isso, já que puxamos a ele. Seu cabelo é cortado baixo e ele tem uma barba espeça emoldurando seu rosto. Assim como todos hoje ele está vestido com roupas de festa, mas como eles são da família real estão vestidos com peças mais antigas, fora de moda para todos menos para eles. - Deve receber o castigo adequado por isso.
As famílias humanas são matriarcas, por isso minha mãe ficou extremamente feliz ao dar a luz a duas meninas que poderiam levar adiante seu legado e é por isso que ela é a rainha e nosso pai é o marido da rainha.
Minha mãe saí do apoio de meu pai e volta a ficar ereta e com a cabeça erguida, eu a amo tanto quanto a temo.
- Não abaixe a cabeça para ela. - Essa voz masculina me faz querer curvar diante dela, o que só comprova que do outro lado está meu amo. Então faço como ele manda. - Estou chegando.
Minha postura fica idêntica a da minha mãe, porém como ela é mais baixa eu a olho de cima, com soberba estampada em meu rosto. Ambar estava segurando minha mão e me dando um apoio invisível até agora, mas nesse momento ela se solta e se afasta indo se colocar ao lado de nosso pai. Nos encaremos por tempo suficiente para eu notar uma informação passando pelo seu semblante rapidamente, ela não tem escolha. Não pode ficar ao meu lado agora. E eu sorrio para ela, pois entendo.
- Uma sentença justa para quem dá um tapa na rainha é a morte. - Todos do salão estão em silêncio prestando atenção no que está acontecendo para contar aos seus criados e a fofoca ser espalhada rapidamente no dia seguinte pelo reino. - Mas ela é minha filha e a futura rainha de vocês por ser minha primogênita. Por isso eu declaro que ela deverá receber 5 chicotadas, dadas por mim.
Um dos criados do palácio leva um chicote até a mão de minha mãe. Eu vou até o centro do salão e me ajoelho deixando que meu pai tire a parte de cima da minha armadura. Os nobres fazem um círculo ao nosso redor e eu sinto todos prendendo a respiração junto comigo quando minha mãe levanta a mão para lançar nas minhas costas a primeira chicotada.
Ouço um estrondo do meu lado direito e todos gritam assustados com a poeira levantada do buraco causado no chão. Minha mãe que já estava descendo o chicote não conseguiu parar o movimento mas ele também não bateu em mim.
Me viro para ver um demônio ao meu lado. Ele tem dois metros de altura e sua pele é preta, pura noite estrelada com suas tatuagens brancas. Seu cabelo está com dreads curtos no topo e o restante raspado e seus chifres são enormes e curvados, como um bode. Ele está encarando minha mãe enquanto segura o chicote em sua mão o impedindo de bater em mim.
- Acredito eu que na lei dos humanos, um servo não deve ser castigado por algo que seu amo o mandou fazer. - Aquela voz que preenchia minha cabeça agora está por todo o salão, meu corpo treme só de ouvi-la.
- Quem é você? - Minha mãe o olha com raiva e, novamente, rapidamente meu pai e irmã estão ao lado dela.
- Sou o amo de sua primogênita.
- Mas você é um demônio, não tem servos.
- Nós temos, mas são raros e normalmente morrem rápido. - Ele solta o chicote e pega a parte de cima da minha armadura que está na mão do meu pai, se voltando para mim e me vestindo em seguida.
- Se levante. - Eu faço o que ele mandou e me coloco ao seu lado, não atrás como servos normalmente fazem, sinto que ele não quer esse tipo de servidão de mim. - Vou levar sua filha comigo para o inferno, últimas palavras?
- Ela vai morrer? - Minha mãe perguntou.
- Talvez. - O demônio cujo nome ainda não sei responde enquanto coloca a mão na minha cintura e me puxa para ele.
- Se ela tiver morrendo poderia vir nos visitar antes? - Meu pai pergunta.
- Não, se ela morrer serei egoísta e ficarei com esse momento para mim. - Ele cheira meu cabelo e desse sua mão para minha bunda.
- Vou sentir saudades irmã. - A única que realmente se dirigiu para mim, o que faz com que o demônio se volte para ela e dê um sorriso.
- Não terá tanto tempo para sentir saudades, em breve seu mestre virá.
Asas surgem atrás de nós, vindas dele. São parecidas com a de um morcego, mas suas garras no topo são mais proeminentes e por toda sua extensão ela parece brilhar como metal. Uma arma letal de acordo com meus estudos.
Ele me segura fortemente e nos lança para o céu. Saímos do castelo pelo buraco formado no telhado que ele havia feito e depois vamos para o meio da floresta que tem ao redor do castelo.
Ele pousa perto de uma árvore com tronco grosso, muito antiga e bonita. O demônio permanece segurando minha mão e me puxa para árvore, vejo ele passando a mão e o corpo através dela e deixo que me puxe para o inferno.
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