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CAPÍTULO 2


Esse capítulo possui conteúdo adulto

Ani acordou assustada, com o coração descompassado, respiração ofegante e a testa coberta de suor.

- Shiiiiuuu. - Sussurrou Cam colando o corpo às suas costas, o que ajudou a diminuir um pouco a tremedeira que sempre vinha após o pesadelo recorrente que a atormentava há meses. 

Vira e mexe a morte de Ereinion voltava em sonhos para assombrá-la. E o sacrifício de Turon para cobrar sua culpa.

Apesar de não parecer, Ani tinha uma boa saúde emocional e entendia o que estava acontecendo em sua mente, o porquê de seu subconsciente procurar sempre uma forma de fazê-la se sentir mal, de impedí-la de seguir em frente.

"Assassina. Você é uma assassina. Assassina." Era sempre nessa parte que despertava apavorada.

Sabia que precisava de ajuda profissional para superar tudo o que vinha passando, mas tinha a nítida impressão de que enlouqueceria qualquer psicólogo se aparecesse num consultório com suas orelhas pontudas e olhos vermelhos.

"Os heróis das histórias matam os vilões e seguem a vida felizes, alegres e saltitantes. Por que não posso ser assim também?"

Respirou fundo, se mexendo na cama.

"Talvez eu não seja uma heroína, afinal."

Cam beijou sua nuca fazendo sua mente voltar à realidade.

- Estou aqui com você, Mell. Nada vai te fazer mal enquanto estiver ao meu lado.

Aquilo não era verdade, ela mesma estava se fazendo sofrer porque sua consciência estava pesada. E como não havia nada que Cam pudesse fazer para salvá-la de sua própria mente, preferiu se calar para não preocupar o elfo inutilmente.

Cam já havia feito mais do que o suficiente e suportado mais do que qualquer namorado seria capaz.

No momento em que ele e Prateado entraram na Sala Amarela para resgatá-la das mãos de Ereinion, Ani seguiu seus instintos e, com a ajuda deles, soube exatamente o que fazer. 

Então tudo terminou e ela pode ver as consequências dos seus atos.

Surtou enquanto embalava o avô nos braços. Um avô que, mesmo não tendo amado e nem convivido, era um ser vivo que morreu por sua culpa. Porque ela não foi forte o bastante para concluir sua missão sozinha.

Suspirou.

"Quantos níveis de inferno ainda me aguardam nessa maldita vida?" Pensou.

Estava muito nítido em sua cabeça tudo o que passou nos dias que se seguiram à morte dos reis, entranhada naquela caverna nos confins do mundo.

Depois da sua transformação total em uma elfo, seus sentidos ficaram extremamente aguçados e sensíveis ao ponto de tornar qualquer estímulo mínimo dolorosamente insuportável. 

Ani precisou de três dias para conseguir abrir os olhos à noite sem que seu cérebro, sobrecarregado por todos os detalhes que de repente passou a enxergar, parecesse que estivesse sendo picado por um enxame de abelha. 

Doze para suportar a luz do dia, sem sentir que seus glóbulos oculares iriam derreter.

A cacofonia de sons que chegavam aos seus ouvidos  impedia que entendesse o que falavam com ela e dificultava que se situasse no espaço ao seu redor.

Entretanto, o olfato foi o sentido que mais lhe causou dano. Perdeu quase dez quilos nas primeiras semanas por não comer. Apesar de estar faminta, o cheiro de putrefação, imperceptível para os humanos, dos animais recém-abatidos e até mesmo de frutas e vegetais recém colhidos, causava náuseas fortíssimas e Ani não conseguia se alimentar.

O sangue de Cam foi o que a manteve viva.

Cam foi quem a manteve inteira.

A fé que ele tinha nela foi o que a impediu de desistir de tudo.

Ani virou de frente para o seu companheiro. 

Seu peito transbordava de amor sempre que pensava em sua total entrega a ela.

Apesar dos olhos fechados, sabia que ele estava acordado. 

Empurrou levemente seu tórax, fazendo com que ele ficasse deitado de barriga para cima, apoiou-se em um dos cotovelo para poder ter uma visão melhor daquele corpo másculo e, com a ponta dos dedos, traçou seu caminho por todo o abdômen definido.

Precisava ocupar sua mente e aquele macho magnífico era uma deliciosa distração.

- Não comece algo se não sabe como vai terminar.

- Quem disse que eu não sei? - Ela indagou enquanto montava sobre ele e reivindicava a sua boca.

Cam correspondeu ao beijo apaixonadamente.

- Como será então?

Ani amava aquele sorriso torto malicioso que ele estampava na face sempre que alguma ideia imoral passava por sua mente.

- Ah, se tiver sorte, vai terminar com você enterrado profundamente em mim.

- Sorte é o meu nome do meio. - Cam respondeu, tornando a beijá-la.

Ani escorregou para parte baixa do corpo do elfo, marcando seu caminho com a língua.

Ele se contorceu embaixo dela, gemendo quando ela mordeu levemente um de seus mamilos.

Tocando-o apenas com os lábios, desceu ainda mais.

Cam agarrou os lençóis com força a medida que ela se aproximava de sua virilha.

Sem perder tempo, Ani abocanhou de uma única vez o membro semi-ereto dele e o ouviu rosnar.

Adorava a sensação de sentí-lo crescer em sua boca, enquanto se concentrava em sugá-lo, mantendo a pressão certa que sabia que o enlouquecia.

Segurou a base do membro e lambeu toda a sua extensão, fez movimentos circulares com a língua pela cabeça, brincou com a pequena fenda e o tomou todo em sua boca novamente. 

Sentiu o elfo se movimentando embaixo dela, estocando o pênis em movimentos rápidos, fodendo sua boca com força. 

Desceu a mão por seu próprio corpo, estimulando seu clitóris.

Cam puxou levemente seus cabelos, afastando-a. 

Ela reclamou, estava gostando muito do que estava fazendo. Fixou seus olhos repletos de desejo nos do elfo e fez beicinho.

Com movimentos precisos, Cam a virou de quatro, apoiou a mão em sua nuca forçando até que ela encostasse o rosto na cama. Enrolou os cachos bagunçados dela no punho e a penetrou com força.

Muito tempo depois, cansados e satisfeitos, Ani recostou a cabeça no peito do seu companheiro, ouvindo a cadência de seu coração.

- Eu te amo. - Se pegou dizendo.

Braços fortes e suados a envolveram.

- Eu sei que sim, Mell. Eu também te amo.

Ela cruzou os braços sobre tórax dele, apoiando o queixo.

Cam levou os dedos até o ponto entre as sobrancelhas de Ani e pressionou. 

- Tão séria. Tenho até medo, mas vou perguntar mesmo assim: o que se passa por essa cabecinha fértil?

Ela mostrou a língua pra ele.

Ele riu.

- Eu... talvez... você é que vai decidir... eu... estava pensando...

- Para de enrolar e fala logo.

Ani rolou para o lado e se sentou suspirando.

- Acho que é hora de voltarmos.

Cam estreitou os olhos e se sentou também, observando seu semblante.

- Você acha que está pronta?

- Eu preciso estar. Isso tudo é um sonho, ter você só pra mim... esse tempo todo livre só pra gente, mas não podemos nos esconder aqui pra sempre.

O elfo puxou uma respiração profunda e tocou levemente sua mão.

- Você não precisa se forçar a nada que não queira fazer.

- Eu sei, eu sei. É que tudo o que eu podia superar eu superei. O que ainda está ruim não me parece que vai melhorar. Pelo menos não por agora. Não aqui.

- Eu sempre me surpreendo com a sua força.

- Não se iluda, Gwador, posso parecer uma leoa, mas no fundo não passo de uma gatinha.

O mais interessante era como esse tempo a sós serviu para que pudessem consolidar o que sentiam um pelo outro. 

Ela era a sua Mell (amada, companheira). 

Ele era o seu Gwador (amado, companheiro). 

E um era o mundo do outro.

Quando ela finalmente se acostumou com suas novas habilidades, pode explorar o local onde estavam, treinar feitiços, aperfeiçoar seus conhecimentos, aprimorar seu condicionamento físico, desenvolver seus sentidos e namorar.

Como eles namoraram! E como eles queriam sempre mais e mais um do outro.

Ela sabia que sentiria falta da sua bolha de proteção. Do mundinho perfeito que criaram juntos.

Mas Ani já havia passado por coisas o suficiente pra saber que o mundo não pára esperando que você cresça. Na vida, ou se parte para a luta e encara os seus problemas, ou eles irão apenas se acumular esperando por você. 

Era hora de voltar e encarar a realidade.

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